Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni

Capítulo 21: Isso vai ensinar você a não ficar pesquisando nomes no google quando deveria está estudando

Durante seu período livre, na quinta-feira, Maite foi à sala de estudos do Rosewood Day. Com seus arquivos de fichas de livros, que iam até o teto, um globo gigante num pedestal em um canto, e um vitral na parede mais afastada, a sala era seu lugar favorito no campus. Ela ficava no meio da sala vazia, fechava os olhos e inspirava aquele cheiro de livros antigos com capa de couro.

Tudo tinha ido bem naquele dia: o frio pouco habitual para aquela época do ano, que permitira que ela vestisse seu casaco Marc Jacobs de lã azul-clara, novinho; o barista da cafeteria de Rosewood Day fizera um doble skim latte perfeito para ela; havia tirado nota máxima em um exame oral de francês; e naquela noite ela iria se mudar para o celeiro, enquanto Mila teria que dormir em seu velho quarto apertado.

Apesar disso tudo, havia uma nuvem de preocupação sobre ela. Era uma junção entre um certo aborrecimento que sentia quando esquecia de fazer alguma coisa e a sensação de que alguém estava... Bem, a estava observando. Era óbvio por que estava se sentindo tão para baixo: aquele e-mail esquisito sobre “inveja”. A visão do cabelo de Angel na janela do antigo quarto dela. O fato de que só Angel sabia sobre Dylan...

Tentando afastar esses pensamentos, ela se acomodou na frente de um computador, puxou o elástico de sua meias Wolford azul-marinho estampadas e se conectou à internet. Começou a fazer pesquisa para um trabalho de biologia, mas depois de dar uma olhada nos resultados do Google resolveu digitar William Levy na barra de pesquisa.

Ao ver os resultados, ela segurou o riso. Em um site chamado Mill Hill School, Londres, havia uma foto de um William, de cabelos longos, de pé ao lado de um bico de Bunsen e um monte de tubos de ensaio. Outro link levava para o portal dos estudantes do Corpus Christi College e da Universidade de Oxford. Lá havia uma foto de William, muito lindo numa roupa shakespeariana, segurando uma caveira. Ela não sabia que William fazia teatro. Enquanto tentava dar zoom na foto para dar uma olhada melhor nas coxas dele, alguém deu um tapinha em seu ombro.

– Esse é o seu namorado?

Maite deu um pulo, derrubando no chão seu celular Sidekick, incrustado de cristais. Daniel Sharman sorriu, sem jeito, atrás dela.

Ela minimizou a tela rapidinho.

– Claro que não!

Daniel se abaixou para pegar o Sidekick dela no chão, tirando do olho uma mecha do seu cabelo liso e comprido, que ia até o ombro. Maite reparou que ele tinha mesmo uma boa chance de ser bonitinho, se cortasse aquela juba.

– Opa. – Ele estendeu o Sidekick de volta para ela. – Acho que uns cristaizinhos se desprenderam.

Maite pegou o telefone da mão dele.

– Você me assustou.

– Desculpe. – Daniel sorriu. – Então, seu namorado é ator?

– Já disse que ele não é meu namorado!

Daniel recuou.

– Desculpe. Só estava puxando assunto.

Maite olhou para ele, com suspeita.

– De qualquer forma – continuou Daniel, ajeitando sua mochila North Face nos ombros –, eu estive pensando... Você vai à festa do Christopher amanhã? Posso te dar uma carona.

Maite olhou para ele sem expressão e, então, se lembrou: a festa no jardim de Christopher Uckermann. Ela havia ido nos anos anteriores. Os meninos bebiam cerveja em funis, e quase todas as meninas traíam seus namorados. Naquele ano não seria diferente. E, sério? Daniel estava mesmo pensando que ela pegaria uma carona com ele em seu Mini? Será que eles, um dia, seriam compatíveis?

– Duvido muito – disse ela.

O sorriso de Daniel se desfez.

– Tudo bem, acho que você deve estar muito ocupada.

Maite franziu as sobrancelhas.

– O que quer dizer?

Daniel deu de ombros.

– Bem, parece que tem uma porção de coisas acontecendo na sua vida. Sua irmã está em casa, não está?

Maite encostou na cadeira e mordeu o lábio inferior.

– Sim, ela voltou para casa na noite passada. Como é que você sabe que...

Ela parou. Espera aí. Daniel dirigia seu Mini para cima e para baixo na rua dela o tempo todo. Ela o havia visto ontem mesmo, quando estava na frente da caixa de correio pegando os resultados dos testes...

Maite engoliu em seco. Agora que pensava sobre isso, achava que podia ter visto o Mini preto por ali no dia em que ela e William estavam na banheira de hidromassagem. Ele devia dirigir por ali um bocado para notar que Mila estava em casa. E se... E se fosse Daniel quem estivesse bisbilhotando a vida dela? E se ele tivesse escrito aquele e-mail aterrorizante sobre inveja? Daniel era tão competitivo que isso parecia possível. Mandar mensagens ameaçadoras era uma ótima forma de tirar alguém do jogo e tornar a reeleição para representante de classe no próximo ano mais fácil, ou... Melhor ainda, de varrê-la da competição para orador da turma! E o cabelo comprido dele! Talvez tivesse sido ele quem Maite vira na antiga janela de Angel.

Inacreditável! Maite olhou para a cara de Daniel, incrédula.

– Tem alguma coisa errada? – perguntou Daniel, parecendo preocupado.

– Preciso ir. – Ela pegou os livros e saiu da sala de estudos.

– Espera um pouco – gritou Daniel.

Maite continuou andando. Mas quando empurrou as portas da biblioteca, se deu conta de que não sentia raiva. Claro, era muito estranho que Daniel estivesse espionando a vida dela, mas se Daniel fosse A, Maite estava salva. Fosse o que fosse que Daniel pensasse que podia usar contra ela, não era nada... Nada... Comparado ao que Angelique sabia.

Ela se dirigiu para a porta que dava para o pátio de escola, chegando lá junto com Ale Muller.

– Oi – disse Ale. Um certo nervosismo passou por seu rosto.

– Oi – respondeu Maite.

Ale ajeitou sua mochila Nike sobre os ombros. Maite tirou a franja do rosto. Quando foi a última vez em que havia falado com Ale?

– Está esfriando, né? – perguntou Ale.

Maite concordou.

– É.

Ale deu um sorriso eu-não-sei-o-que-dizer-a-você. Então, Tracy Reid, outra nadadora, pegou  Ale pelo braço.

– Quando é que temos que trazer o dinheiro para os maiôs? – perguntou.

Enquanto Ale respondia, Maite tirou uma sujeirinha invisível de seu blazer e cogitou se era obrigada a se despedir formalmente ou se podia simplesmente sair dali. Mas, então, algo no pulso de Ale chamou sua atenção. Ale estava usando sua pulseira azul, de fios, do sexto ano. Angelique havia feito essas pulseiras para todas elas, logo depois que o acidente, A Coisa com Megan, acontecera.

Inicialmente, elas só queriam atingir o irmão de Megan, Beau. Era para ser uma travessura. Depois que as cinco planejaram tudo, Angel atravessou a rua para olhar pela janela da casa da árvore de Beau e, quando aconteceu, foi algo... Horrível... Para Megan.

Depois que a ambulância saiu da casa de Megan, Maite descobriu algo sobre o acidente que nenhuma das outras garotas soube: Beau tinha visto Angel, mas Angel tinha visto Beau fazendo algo tão ruim quanto o que ela fizera. Ele não pôde delatá-la, porque senão ela o delataria também.

Pouco depois, Angel fez as pulseiras para todas elas, para que se lembrassem de que eram as melhores amigas umas das outras para sempre e que agora que dividiam um segredo como aquele, tinham que proteger umas às outras para sempre. Maite esperava que Angel contasse às outras que alguém a tinha visto, mas ela nunca contou.

Quando os policiais fizeram perguntas a Maite, depois do desaparecimento de Angel, umas das coisas que quiseram saber foi se Angelique tinha inimigos, qualquer pessoa que a odiasse a ponto de querer machucá-la de verdade. Maite disse que Angel era uma garota popular e que, como qualquer menina popular, sempre havia outras meninas que não gostavam dela, mas era apenas um ciúme bobo.

Isso, é claro, era uma mentira deslavada. Havia, sim, quem odiasse Angel, e Maite sabia que deveria ter contado à polícia o que Angel lhe contara sobre A Coisa com Megan... Aquilo talvez fosse um motivo para que Beau quisesse machucá-la... Mas como ela poderia contar aquilo sem explicar o porquê? Não havia um dia em que Maite não passasse em frente à casa que fora de Beau e Megan em sua rua. Mas eles haviam sido mandados para um colégio interno longe dali e quase nunca vinham para casa, então, ela achava que o segredo estava a salvo. E que elas estavam a salvo de Beau. E ela estava a salvo de algum dia ter que contar para suas amigas o que só ela sabia.

Quando Tracey Reid disse tchau, Ale se virou. Ela pareceu surpresa que Maite ainda estivesse ali.

– Tenho que ir para a aula – explicou – Foi bom ver você.

– Tchau – respondeu Maite, e ela e Ale trocaram um último sorriso sem graça.