Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni

– Então você vem hoje à noite? – Anahí trocou seu BlackBerry de orelha e esperou pela resposta de Chace.

Era quinta-feira depois da escola. Ela e Oka tinham acabado de tomar um cappuccino no campus, mas Oka teve que ir embora logo para treinar para o torneio de golfe de mães e filhas no qual elas iam competir aquele final de semana. Agora, Anahí estava sentada na varanda da frente de sua casa, falando com Chace e vendo os gêmeos de seis anos do vizinho desenhando com giz, na calçada, garotos pelados que surpreendiam pela correta anatomia.

– Não posso – respondeu Chace. – Eu realmente sinto muito.

– Mas quinta é noite de Nerve, você sabe disso!

Anahí e Chace eram viciados em um reality show chamado Nerve, que mostrava as vidas de quatro casais que se conheciam só pela internet. O episódio dessa noite era importante porque o casal favorito deles, Nate e Fiona, estava quase chegando lá. Anahí pensou que isso, no mínimo, seria um bom começo para conversar a respeito.

– Eu... Eu tenho uma reunião hoje à noite.

– Uma reunião de que?

– Hum... Do Clube V.

O queixo de Anahí caiu. Clube V? Tipo... Clube da Virgindade?

– Você não pode faltar?

Ele ficou mudo por um minuto.

– Não posso.

– Bom, pelo menos você vai à festa do Christopher amanhã?

Outra pausa.

– Não sei.

– Chace! Você tem que ir! – guinchou ela.

– Tudo bem – ele concordou. – Acho que Christopher vai ficar chateado se eu não for.

– Eu vou ficar chateada também – completou Anahí.

– Eu sei. Vejo você amanhã.

– Chace, espera... – pediu Anahí. Mas ele já tinha desligado.

Anahí destrancou a porta da casa. Chace tinha que ir à festa do dia seguinte. Ela tinha bolado um plano romântico e infalível: ela o levaria até o bosque da casa de Christopher, eles declarariam seu amor um pelo outro e depois transariam. O Clube V não podia ter nada contra sexo com amor, podia? Além disso, o bosque dos Uckermann era lendário. Eram conhecidos como O Bosque da Virilidade porque muitos meninos tinham perdido a virgindade ali. A lenda dizia que as árvores sussurravam os segredos do sexo para os novos recrutas.

Ela parou na frente do espelho e levantou a camisa para ver os músculos trabalhados de seu abdome. Ela virou de lado para avaliar seu bumbum pequeno e arredondado. Depois, se aproximou do espelho para examinar a pele. A vermelhidão do dia anterior havia desaparecido. Ela verificou os dentes. Um dos da frente parecia estar encavalado com um canino. Será que ele sempre fora assim?

Ela jogou sua bolsa dourada de couro na mesa da cozinha e abriu o freezer. Sua mãe não comprara sorvete da Ben & Jerry’s, então os sanduíches de sorvete Tofutti Cutie com cinquenta por cento a menos de açúcar iam ter que servir. Ela pegou três e começou a abrir o primeiro, cheia de gula. Quando deu uma mordida, sentiu-se compelida a comer mais, como sempre.

– Ei, Anahí, coma outro profiterole. – Angel havia sussurrado para ela enquanto visitam o pai de Anahi em Annapolis. Então Angel se virou para Ashley, a filha da namorada do pai de Anahí e disse: – Anahí tem tanta sorte! Ela pode comer o que quiser e não engorda nem um grama!

Aquilo não era verdade, lógico. Por isso foi uma frase tão cruel. Anahí já era gordinha e parecia estar aumentando de peso. Ashley riu e Angel, que deveria estar do lado de Anahí, riu também.

– Tenho uma coisa para você.

Anahí pulou. Sua mãe estava sentada à mesinha de telefone, vestindo um top rosa-pink da Champion e calças pretas de ioga.

– Ah – disse Anahí em voz baixa.

A sra. Portilla deu uma boa olhada em Anahí e nos sanduíches de sorvete em volta dela.

– Você precisa mesmo de três?

Anahí baixou os olhos. Ela havia devorado o primeiro sem nem sentir o gosto e já estava desembrulhando o próximo.

Ela esboçou um sorriso para a mãe e enfiou os Cuties que sobraram no freezer de novo. Quando ela se virou, a mãe colocou uma sacolinha azul da Tiffany’s em cima da mesa. Anahí olhou para ela inquisitivamente. O que é isso?

– Abra.

Dentro havia uma caixinha azul, e no interior dela estava o conjunto completo, a pulseira com pingentes, os brincos redondos e ainda, o colar. Exatamente os mesmos que ela tivera que devolver para a mulher da Tiffany’s na delegacia. Anahí os ergueu, fazendo com que brilhassem sob a luz.

– Uau!

A sra. Portilla deu de ombros.

– De nada.

Depois, para indicar que a conversa havia acabado, ela se retirou para seu canto, desenrolou seu colchonete roxo e voltou ao seu DVD de Power Yoga.

Lentamente, Anahí guardou os brincos de volta na sacola, confusa. Sua mãe era muito estranha. Foi quando ela reparou em um envelope quadrado cor de creme na mesinha de telefone. O nome e o endereço de Anahí estavam escritos nele. Ela sorriu. Um convite para uma festa bem legal era tudo de que ela precisava para se animar.

Inspire pelo nariz, expire pela boca era o que o tranquilo instrutor de ioga dizia na televisão do escritório. A sra. Portilla permaneceu com seus braços placidamente largados ao longo do corpo. Ela não se mexeu nem quando seu BlackBerry começou a tocar “Flight of the Bumblebee”, que significava que recebera um e-mail. Aquele era um tempo só dela.

Anahí pegou o envelope e subiu as escadas para seu quarto. Sentou em sua cama de dossel, sentiu a maciez de seus lençóis de um bilhão de fios e sorriu ao ver Dot dormindo bem calminho em sua caminha de cachorro.

– Vem cá, Dot – sussurrou. Ele se espreguiçou e subiu no colo dela. Anahí suspirou. Talvez ela só estivesse nervosa ou com TPM e esses sentimentos de desconforto e de ninguém-me-ama-ninguém-me-quer fossem desaparecer em poucos dias.

Ela rasgou o envelope com a unha e franziu a testa.

Não era um convite, e o bilhete não fazia muito sentido.

Anahí,

Nem mesmo papai ama você mais que tudo! — A

O que isso queria dizer? Mas quando ela desdobrou o outro papel que estava dentro do envelope, deu um grito.

Era uma impressão colorida do jornal interno de uma escola particular. Anahí olhou paras as pessoas conhecidas na foto. A legenda dizia: Ashley Theron foi a oradora da Barnbury School no evento de caridade. Fotografada aqui com sua mãe, Chelize Theron e com o noivo de sua mãe, Grant Portilla.

Anahí piscou várias vezes. O pai dela continuava o mesmo desde a última vez em que o vira. E apesar do seu coração ter parado quando ela leu a palavra noivo, quando foi que aquilo aconteceu? , foi a imagem de Ashley que a deixou ansiosa. Ashley parecia ainda mais perfeita. Sua pele brilhava e seu cabelo estava irretocável. Seus braços estavam graciosamente colocados em volta de sua mãe e do sr. Portilla.

Anahí jamais esqueceria o momento em que viu Ashley pela primeira vez. Angel e Anahí tinham acabado de descer do trem em Annapolis, e primeiro Anahí viu apenas o pai encostado em seu carro. Mas a porta do carro se abriu e Ashley pôde ser vista. Seu cabelo comprido, cor de loiro-avermelhado, era liso e brilhante, e ela se movia como alguém que tivera aulas de balé desde os dois anos. O primeiro instinto de Anahí foi se esconder atrás de uma pilastra. Ela olhou para seu jeans justo, sua malha de cashmere e tentou não hiperventilar. Foi por isso que papai foi embora, pensou. Ele queria uma filha que não o matasse de vergonha.

– Ah, meu Deus – sussurrou Anahí, procurando o endereço do remetente no envelope. Nada. E então algo lhe ocorreu. A única pessoa que realmente sabia sobre Ashley era Angelique. Seus olhos procuraram o A do bilhete.

O sanduíche de sorvete da Tofutti Cutie dançou em seu estômago. Ela correu para o banheiro e pegou a escova de dentes extra no copo em cima da pia. Depois, se ajoelhou ao lado da privada e esperou. Havia lágrimas em seus olhos. Não comece com isso de novo, disse ela a si mesma, segurando a escova com força. Você é melhor que isso.

Anahí se levantou e se olhou no espelho. Seu rosto estava vermelho, o cabelo estava grudado em volta do rosto e os olhos, vermelhos e inchados. Devagar, ela colocou a escova de dentes de volta no copo.

– Eu sou Anahí e eu sou fabulosa – disse ela para o reflexo no espelho.

Mas aquilo não soou convincente. Nem um pouco.