Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni

Anahí deu um gole em sua vodca com limão e acendeu outro cigarro. Ela não tinha visto Chace desde que eles estacionaram o carro no gramado dos Uckermann, duas horas antes, e até mesmo Oka havia desaparecido. Agora, ela estava presa numa conversa com James Freed, o melhor amigo de Christopher, Zelda Millings, uma bela garota loura, que só usava roupas e sapatos feitos de fibras de cânhamo, e mais um bando de garotas histéricas da panelinha de Doringbell Friends, uma escola quaker superexclusiva da cidade ao lado. As meninas tinham vindo à festa de Christopher no ano anterior e, apesar de Anahí ter falado com elas na ocasião, não conseguia se lembrar de seus nomes.

James apagou um Marlboro na sola de seu Adidas de bico redondoe deu um gole em sua cerveja.

– Ouvi dizer que o irmão de Christopher tem um monte de maconha.

– Aaron? – perguntou Zelda. – E onde é que ele está?

– Na cabine de fotos – respondeu James.

De repente, Chace apareceu, vindo do meio dos pinheiros. Anahí se levantou, arrumou seu vestido leve BCBG que, com sorte, faria com que ela parecesse mais magra, e amarrou as tiras de suas novíssimas sandálias azul-clarinhas Cristian Louboutin em volta dos tornozelos. Conforme ela corria ao encontro dele, seus saltos afundavam na grama úmida. Ela agitou os braços, derrubou sua bebida e, de repente, caiu de bunda no chão.

– E lá vai ela! – gritou James, completamente bêbado. Todas as meninas de Doringbell riram.

Anahí levantou-se rapidamente, beliscando a palma da mão para evitar o choro. Aquela era a grande festa do ano, mas ela se sentiu completamente deslocada: seu vestido parecia apertado em volta do quadril, ela não conseguira fazer Chace dar nenhum sorriso na viagem de carro até a festa, apesar de ele ter conseguido o BMW 760i do pai para ir até lá, de ela estar em sua terceira e super calórica vodca com limão, e ainda eram nove e meia.

Chace pegou a mão dela para ajudá-la a se levantar.

– Tudo bem com você?

Anahí hesitou.

Chace estava vestindo uma camisa branca, que acentuava seu físico largo de jogador de futebol e sua barriga de tanquinho graças aos bons genes; jeans azul-escuro Paper Denim, que deixavam sua bunda incrível e tênis pretos Puma bem velhos. Seu cabelo estava desalinhadamente arrumado, seus olhos pareciam mais profundos que de costume e seus lábios pareciam mais beijáveis que o normal. Na última hora, ela havia visto Chace parar para conversar com todos os caras que podia, evitando-a, cuidadosamente.

– Eu estou bem. – Ela fez o biquinho que era sua marca registrada.

– Qual é o problema?

Ela tentou encontrar equilíbrio em cima dos saltos.

– Nós podemos... Ir a algum lugar mais tranquilo um pouquinho? Talvez o bosque? Para conversar?

Chace deu de ombros.

– Tudo bem.

Beleza!

Anahí levou Chace pela trilha até o Bosque da Masculinidade. Árvores margeavam o caminho e longas sombras cortavam seus corpos. Anahí só havia estado ali uma vez, no sétimo ano, quando suas amigas tiveram um encontro secreto com Christopher Uckermann e James Freed. Angel ficou com Christopher, Maite ficou com James e ela, Ale e Dulce ficaram sentadas em troncos, sentindo-se como lixo, dividindo cigarros e esperando que os casais terminassem. Naquela noite, ela jurou que seria diferente.

Ela se sentou em um trecho gramado do caminho e puxou Chace para se sentar com ela.

– Você está se divertindo? – Ela estendeu sua bebida para ele.

– Sim, está muito legal. – Ele tomou um golinho. – E você?

Anahí hesitou. A pele de Chace brilhava à luz da lua. Sua camiseta tinha uma manchinha de barro perto da gola.

– Acho que sim.

Tudo bem, o momento conversinha fiada tinha acabado. Anahí tirou a bebida da mão dele, agarrou seu rosto quadrado e doce e começou a beijá-lo. Ahá. Era bem desagradável o fato de o mundo estar meio que girando e que em vez de sentir o gosto da boca de Chace, ela sentiu o gosto de Mike’s Hard Lemonade, mas e daí?

Depois de uns minutos de beijos, ela sentiu que Chace começava a se afastar dela. Talvez fosse a hora de subir um pouco as apostas. Ela ergueu seu vestido azul, mostrando as pernas e a calcinha minúscula cor de lavanda da Cosabella. O ar do bosque era frio. Um mosquito pousou na parte de cima de sua coxa.

– Anahí – disse Chace, gentilmente, tentando puxar o vestido dela para baixo –, isso não...

Mas ele não foi rápido o suficiente, ela já havia tirado o vestido. Os olhos de Chace percorreram todo o seu corpo. Por incrível que pareça, essa foi apenas a segunda vez em que ele a via com roupa de baixo, a não ser que contasse a semana que eles passaram na casa dos pais dele, em Avalon, na Jersey Shore, quando ela usou biquíni. Mas era completamente diferente.

– Você não quer mesmo parar, quer? – Ela avançou na direção dele, esperando ainda parecer atraente.

– Sim. – Chace parou a mão dela no ar. – Eu quero parar.

Anahí se enfiou em seu vestido o mais rápido que pôde. Ela já devia ter levado umas cem picadas de mosquito. Seus lábios tremiam.

– Mas... Eu não entendo. Você não me ama? – As palavras pareciam pequenas e frágeis saídas de sua boca.

Chace demorou um tempão para responder. Anahí ouviu outro casal da festa dando risadinhas ali perto.

– Eu não sei – respondeu ele.

– Jesus! – Anahí se afastou dele. As vodcas com limão se agitavam em seu estômago. – Você é gay?

– Não! – Chace pareceu magoado.

– Bem, então o que é? Eu não sou bonita o suficiente?

– Claro que você é! – disse Chace, parecendo chocado. Ele pensou por um momento. – Você é uma das meninas mais bonitas que eu conheço, Anahí. Como é que você não sabe disso?

– Do que é que você está falando? – perguntou Anahí, infeliz.

– Eu só... – começou Chace. – Eu só acho que você talvez devesse ter um pouco mais de respeito por si mesma...

– Eu tenho muito respeito por mim! – Anahí gritou para ele. Ela mexeu o traseiro, que estava em cima de uma pinha.

Chace se levantou. Ele parecia desanimado e triste.

– Olhe só para você. – Os olhos de Chace correram dos sapatos dela até o topo de sua cabeça. – Eu só quero ajudar, Anahí, eu me importo com você.

Anahí sentiu lágrimas se formando nos cantos de seus olhos e tentou fazê-las desaparecer. Ela não ia chorar agora.

– Eu me respeito – repetiu. – Eu só queria... Queria.... Mostrar como eu me sinto.

– Eu só estou tentando ser seletivo com essa coisa de sexo. – Ele não foi gentil, mas também não foi cruel. Chace foi apenas... Taxativo. – Eu quero estar no lugar certo com a pessoa certa. E não me parece que essa pessoa seja você. – Chace suspirou e se afastou. – Sinto muito.

Então, ele se enfiou no meio das árvores e desapareceu.

Anahí estava tão envergonhada e brava que não conseguia falar. Ela tentou se levantar para seguir Chace, mas seu salto ficou preso de novo e ela caiu. Ela se amparou com os braços e olhou para as estrelas, pressionando os dedões nos cantos dos olhos para impedir que as lágrimas rolassem.

– Ela parece prestes a vomitar.

Anahí abriu os olhos e viu dois calouros, provavelmente penetras, olhando para ela como se ela fosse uma mulher criada em seus computadores.

– Vão se danar, seus pervertidos – disse ela para os calouros com cara de apaixonados, enquanto ficava em pé. Do outro lado do gramado, conseguia ver Chace correndo atrás de Mason Byers, empunhando um taco amarelo de croquet. Anahí fungava, enquanto dava uma limpada em si mesma e voltava para a festa. Será que ninguém se importava com ela? Anahí pensou na carta que recebera no dia anterior. Nem o papai ama você mais que tudo!

Anahí desejou, de repente, ter o telefone de seu pai. Sua mente voltou ao dia em que ela e Angel encontraram com ele, Charlize e Ashley.

Apesar de ter sido em fevereiro, o tempo em Annapolis estava estranhamente quente e Anahí, Angel e Ashley haviam ido sentar do lado de fora, na varanda, para tentar se bronzear. Angel e Ashley emprestavam uma para a outra suas sombras favoritas da MAC e lixavam as unhas, mas Anahí não estava participando. Ela se sentia pesada e inadequada. Percebera o alívio de Ashley ao vê-la quando ela e Angel saíram do trem, surpresa ao ver como Angel era maravilhosa, mas aliviada quando colocou os olhos em Anahí. Foi como se Ashley tivesse pensado: Bem, com ela eu não preciso me preocupar.

Sem se dar conta, Anahí tinha comido uma tigela inteira de pipoca com queijo que estava em cima da mesa. E mais seis profiteroles. E um pouco do queijo Brie, que era para Charlize e seu pai. Ela segurara o estômago com força, olhara para as barrigas durinhas de Angel e Ashley e gemera alto, sem querer.

– Minha porquinha não está se sentindo bem? – o pai de Anahí perguntara, apertando seu dedo do pé.

Anahí estremeceu com a lembrança e tocou na barriga, agora lisa como uma tábua. A, quem quer que fosse, estava coberto de razão. Nem o pai dela a amava mais que tudo.

– Todo mundo para o lago! – Christopher gritou, arrancando Anahí de seus pensamentos.

Do outro lado do campo, Anahí viu Chace tirar a camiseta e correr na direção da água. Christopher, James, Mason e alguns outros meninos jogaram suas camisas longe, mas Anahí não deu a mínima. Tantas noites para ver os meninos mais bonitos de Rosewood sem camisa...

– Todos eles são tão lindos – murmurou Felicity McDowell, que estava misturando tequila com Fanta Uva perto dela. – Não são?

– Hummm – resmungou ela.

Anahí trincou os dentes. Danem-se seu pai feliz e sua perfeita quase-enteada, e danem-se Chace e suas escolhas. Ela pegou uma garrafa de vodca Ketel One em cima da mesa e bebeu direto do gargalo. Colocou a garrafa de volta na mesa, mas pensando bem, resolveu levar a garrafa consigo para o lago. Chace não ia escapar tão fácil de tê-la desprezado, insultado e depois a ignorado. Sem chance.

Ela parou na frente da pilha de roupas que, sem dúvida nenhuma, eram de Chace, os jeans estavam dobrados direitinho e ele colocara as meias dentro dos tênis Puma, como o garoto certinho que era. Depois de se assegurar de que ninguém estava olhando, ela pegou os jeans e começou a se afastar do lago. O que diriam seus amiguinhos do Clube da Virgindade se ele fosse pego dirigindo para casa só de cuecas?

Enquanto andava na direção das árvores com as calças de Chace nas mãos, algo caiu e bateu em seu pé. Anahí se abaixou para olhar, esperando por um momento até que as coisas parassem de girar.

Era a chave do BMW.

– Legal – sussurrou ela, apertando o botão de alarme. Então, largou os jeans no chão e enfiou as chaves em sua bolsa azul Moschino.

Estava uma noite maravilhosa para um passeio de carro.