Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni

Ale pedalava furiosamente para longe da casa de Dulce, desviando por pouco de um corredor na lateral da estrada.

– Cuidado! – gritou ele.

Quando passou por um vizinho, que passeava com dois enormes cães dinamarqueses, Ale tomou uma decisão. Ela precisava ir à casa de Vanessa. Era a única resposta. Talvez Vanessa quisesse dizer aquilo de uma forma legal, como se estivesse apenas devolvendo o bilhete, depois do que Ale havia lhe contado sobre Angelique, na noite anterior. Talvez Vanessa quisesse mencionar a carta naquela ocasião, mas por qualquer que fosse a razão, não o fez. Seria o A na verdade um V?

Além disso, ela e Vanessa tinham toneladas de outras coisas para conversar além do bilhete. Como sobre tudo o que acontecera na festa. Ale fechou os olhos, lembrando. Ela praticamente podia sentir o cheiro do chiclete de banana de Vanessa e os suaves contornos de sua boca. Abrindo os olhos, desviou da curva.

Certo, elas definitivamente precisavam concluir aquilo. Mas o que Ale ia dizer?

Eu amei aquilo.

Não. Claro que ela não diria isso. Ela diria, nós devemos ser apenas amigas. Afinal, voltaria para Jamie. Se ele a quisesse. Ela queria voltar no tempo para ser a Ale que era feliz com sua vida, cujos pais estavam satisfeitos com ela. A Ale que apenas se preocupava com a velocidade do seu nado de peito e com a lição de casa de álgebra.

Ale pedalou além de Myer Park, onde ela e Angel costumavam se balançar por horas. Elas tentavam se impulsionar juntas, compassadas, e quando estavam completamente empatadas, Angel sempre gritava:

– Nós estamos casadas! – então, elas gritavam e pulavam para fora do balanço ao mesmo tempo.

Mas e se Vanessa não tivesse colocado o bilhete em sua bicicleta?

Quando Ale perguntou a Dulce se Angel havia lhe contado o seu segredo, Dulce respondeu:

– O quê, recentemente? – Por que Dulce diria aquilo? A menos... A menos que Dulce soubesse de algo. A menos que Angel estivesse de volta.

Isso era possível?

Ale derrapou pelo cascalho. Não, isso era insano. A mãe dela ainda trocava cartões de Natal com a sra. Boyer; ela teria ouvido se Angel tivesse voltado. Quando Angel desapareceu, aparecia no noticiário vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Os pais de Ale costumavam assistir a CNN, enquanto tomavam o café da manhã. Seria certamente a história do momento novamente.

Ainda assim, era emocionante pensar no assunto. Toda noite, por quase um ano depois do desaparecimento de Angel, Ale tinha perguntado a sua Bola Mágica 8 se Angelique voltaria. Embora ela algumas vezes dissesse, Espere e veja, ela nunca, nunca dissera Não. Ela fazia apostas consigo mesma, também: se duas crianças entrassem no ônibus da escola hoje usando camisas vermelhas, ela sussurraria para si mesma, Angel está bem. Se estiverem servindo pizza no almoço, Angel não está morta. Se o técnico nos fizer praticar idas e voltas, Angel voltará.

Nove vezes em dez, de acordo com as pequenas superstições de Ale, Angel estava prestes a voltar para elas.

Talvez ela estivesse bem o tempo todo.

Ela fez força, pedalando ladeira acima e em volta de uma curva fechada. Por pouco evitou uma pedra, um marco do memorial da batalha da Guerra Revolucionária. Se Angel estivesse de volta, o que isso significaria para a amizade dela com Vanessa? Ela meio que duvidava de que pudesse ter duas melhores amigas... Duas melhores amigas por quem tinha sentimentos tão parecidos. Ela se perguntava o que Angel pensaria de Vanessa.

E se elas se odiassem?

Eu amei aquilo.

Nós devemos ser apenas amigas.

Ela passou rapidamente por lindas casas de fazenda, pousadas com fachadas de pedra, e caminhonetes de jardineiros paradas nos cantos da estrada. Costumava pedalar nesse mesmo caminho para ir à casa de Angel. A última vez, na verdade, tinha sido antes do beijo. Ale não tinha planejado beijar Angel antes de vir; algo acontecera no calor do momento. Ela nunca esqueceria de como os lábios de Angel eram macios, ou do olhar espantado no rosto de Angel quando ela se afastou.

– Para que você fez isso? – ela havia perguntado.

De repente, uma sirene urrou atrás dela. Ale mal teve tempo de se mover para a beira da estrada novamente, antes de uma ambulância de Rosewood passar zunindo. Uma rajada de vento soprou, jogando pó em seu rosto. Ela esfregou os olhos e viu a ambulância subir até o topo da colina e fazer uma pausa na rua de Angelique.

Agora ela estava entrando na rua de Angel. O medo tomou conta de Ale. A rua de Angelique era... A rua de Vanessa. Ela agarrou as empunhaduras de borracha do guidão da bicicleta.

Com toda a loucura, tinha esquecido o segredo que Vanessa havia lhe contado na noite anterior. O corte. O hospital. Aquela cicatriz irregular. Às vezes, eu apenas sinto que preciso, Vanessa tinha dito.

– Ah, meu Deus – sussurrou Ale.

Ela pedalou furiosamente e derrapou na esquina.

Se a sirene da ambulância parar assim que eu virar a esquina, ela pensou, Vanessa estará bem.

Mas então a ambulância encostou, parando em frente à casa de Vanessa. As sirenes ainda rugiam. Carros de polícia estavam em todo lugar.

– Não – disse Ale baixinho. Médicos de jaleco branco saíram do veículo e correram para a casa. Uma multidão tomava o jardim de Vanessa, algumas pessoas estavam com câmeras. Ale jogou sua bicicleta na calçada e correu desajeitadamente em direção à casa.

– Ale!

Vanessa irrompeu através da multidão. Ale ofegou, então correu para os braços de Vanessa, as lágrimas correndo, desordenadas, por suas faces.

– Você está bem? – soluçou Ale. – Eu estava com medo...

– Eu estou bem – disse Vanessa.

Mas havia algo em sua voz que, claramente, não estava bem. Ale deu um passo para trás. Os olhos de Vanessa estavam vermelhos e úmidos. Sua boca estava repuxada para baixo, nervosamente.

– O que foi? – perguntou Ale. – O que está acontecendo?

Vanessa engoliu em seco.

– Encontraram sua amiga.

– O quê? – Ale encarou, então, a cena no gramado de Vanessa.

Era tudo tão assustadoramente familiar: a ambulância, os carros de polícia, as multidões de pessoas, as câmeras de lentes longas. Um helicóptero de notícias dava voltas acima delas. Aquela era exatamente a mesma cena de três anos atrás, de quando Angel desaparecera.

Ale deu um passo para trás, saindo dos braços de Vanessa, com um riso de incredulidade. Ela estava certa!

Angelique estava de volta para a casa dela, como se nada nunca tivesse acontecido.

– Eu sabia! – murmurou.

Vanessa pegou a mão de Ale.

– Eles estavam cavando para a nossa quadra de tênis. Minha mãe estava lá. Ela... A viu. Eu ouvi o grito dela do meu quarto.

Ale deixou a mão cair.

– Espere. O quê?

– Eu tentei ligar para você – completou Vanessa.

Ale franziu a sobrancelha e encarou Vanessa. Então, olhou a equipe de vinte fortes policiais. Para a sra. Morgan, soluçando no balanço de pneu. Para a fita PERÍMETRO SOB INVESTIGAÇÃO DA POLÍCIA, NÃO ULTRAPASSE, dando voltas em torno do quintal. E então, para a caminhonete estacionada na entrada de carros. Tinha a inscrição NECROTÉRIO DE ROSEWOOD. Ela teve que ler seis vezes até que as palavras fizessem sentido. O coração de Ale disparou e, de repente, ela não conseguia mais respirar.

– Eu não... Entendo – falou Ale, confusa, dando outro passo para trás. – Quem eles encontraram?

Vanessa olhou para ela com pena, os olhos brilhando por causa das lágrimas.

– Sua amiga Angelique – sussurrou ela. – Eles acabaram de encontrar o corpo dela.