Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni

Alguém tinha escorado a porta da casa de Pablo, mantendo-a aberta com um grande terrier esculpido em metal. Dulce deu a volta e entrou pelo saguão. Ela bateu na porta de Pablo. Tinha a mesma sensação de quando estava realmente apertada para ir ao banheiro, podia ser uma tortura, mas você sabia que muito em breve, iria se sentir bem melhor.

Pablo escancarou a porta. Assim que ele a viu, tentou fechá-la novamente.

– Espere – Dulce gritou, sua voz ainda cheia de lágrimas. Pablo escapou para a cozinha, as costas viradas para ela. Ela o seguiu.

Pablo virou-se para encará-la. Ele não estava barbeado e parecia exausto.

– O que você está fazendo aqui?

Dulce mordeu o lábio.

– Eu estou aqui para ver você. Eu recebi uma notícia... – O Treo dela estava na mesa lateral. Ela o pegou.

– Obrigada. Você o encontrou.

Pablo deu uma olhada para o Treo.

– Ok, já o tem de volta. Pode ir embora, agora?

– O que está acontecendo? – Ela caminhou na direção dele. – Eu recebi uma notícia. Eu tinha que ver você...

– É, eu recebi uma notícia também – interrompeu ele. Pablo foi para longe dela. – Sério, Dulce, eu não posso... Eu não posso nem mesmo olhar para você.

Lágrimas jorraram dos olhos dela.

– O que houve? – Dulce o encarava, confusa.

Pablo abaixou os olhos.

– Eu descobri o que você disse sobre mim no seu telefone celular.

Dulce franziu suas sobrancelhas.

– Meu telefone celular?

Pablo levantou a cabeça. Seus olhos faiscavam de raiva.

– Você acha que eu sou estúpido? Isso era só um jogo? Um desafio?

– Do que você está...?

Pablo suspirou, bravo.

– Bem, quer saber? Você me pegou. Ok? Eu sou a maior parte da sua grande piada. Você está contente? Agora saia.

– Eu não entendo – disse Dulce alto.

Pablo bateu a mão contra a parede. A força daquilo fez Dulce pular.

– Não banque a idiota. Eu não sou moleque, Dulce!

O corpo inteiro de Dulce começou a tremer.

– Eu juro por Deus que não sei do que você está falando. Você pode me explicar, por favor? Estou desmoronando aqui!

Pablo retirou a mão da parede e começou a caminhar pelo cômodo minúsculo.

– Bem. Depois que você saiu, tentei dormir. Havia essa coisa... Esse bip. Você sabe o que era? – Ele apontou para o Treo. – Essa coisa do seu telefone celular. A única maneira de calá-lo era abrir as suas mensagens de texto.

Dulce enxugou os olhos.

Pablo cruzou os braços sobre o peito.

– Eu preciso mencioná-las para você?

Então, Dulce percebeu. As mensagens de texto.

– Espere! Não! Você não entende!

Pablo tremeu.

– Conferência aluno-professor? Crédito extra? Isso soa familiar?

– Não, Pablo – gaguejou Dulce. – Você não entende.

O mundo estava girando. Dulce agarrou a beirada da mesa da cozinha de Pablo.

– Estou esperando – disse Dulce.

– Essa minha amiga foi assassinada – começou ela. – Acabaram de encontrar o corpo dela. – Dulce abriu a boca para contar mais, mas não conseguia encontrar as palavras. Pablo permaneceu no ponto mais distante do cômodo, longe dela, atrás da banheira. – É tudo tão estúpido – disse Dulce. – Você pode, por favor, vir até aqui? Você pode pelo menos me abraçar?

Pablo cruzou os braços sobre o peito e olhou para baixo. Ele permaneceu daquele jeito pelo que pareceu um longo tempo.

– Eu gostei de você de verdade – disse ele, finalmente, com a voz grossa.

Dulce sufocou um soluço.

– Eu também gosto de você de verdade... – ela caminhou até ele.

Mas Pablo se afastou.

– Não. Você tem que sair daqui.

– Mas... – Pablo a interrompeu, tapando a boca de Dulce com a mão.

– Por favor – pediu ele, um tanto desesperadamente. – Por favor, saia.

Dulce arregalou os olhos e seu coração começou a pular. Os alarmes explodiram em sua cabeça. Isso parecia tão... Errado. Num impulso, ela mordeu a mão de Pablo.

– Que merda é essa? – gritou ele, empurrando-a para trás.

Dulce ficou parada, confusa. Pingava sangue da mão de Pablo no chão.

– Você é louca! – gritou Pablo.

Dulce respirava pesadamente. Ela não conseguiria falar, mesmo que quisesse.

Então, se virou e correu para a porta. Enquanto virava a maçaneta, algo passou zumbindo por ela, bateu na parede, e aterrissou ao lado de seu pé. Era uma cópia de O Ser e o Nada, de Jean-Paul Sartre. Dulce virou-se para Pablo, a boca aberta em choque.

– Saia! – rugiu Pablo.

Dulce bateu a porta atrás de si e atravessou o gramado o mais rapidamente que suas pernas permitiram.