Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni

O órgão começou de novo com sua música sombria, e o irmão de Angel e os outros parentes saíram em fila da igreja. Maite, meio tontinha depois de uns goles de uísque, notou que suas três velhas amigas haviam se levantado dos bancos que ocupavam e deu-se conta de que deveria fazer o mesmo.

Todo mundo do colégio Rosewood Day se dirigiu para os fundos da igreja, dos garotos da equipe de lacrosse aos geeks obcecados com jogos de computador a quem, com certeza, Angel deveria ter provocado no sétimo ano. O velho sr. Yew, que era encarregado pelos programas de caridade da Rosewood Day, ficou num canto conversando baixinho com o sr. Kaplan, professor de artes. Até mesmo os velhos amigos da equipe júnior de hóquei tinham vindo de suas respectivas faculdades e estavam aconchegados, chorando juntos, perto da porta. Maite observou todos aqueles rostos familiares, lembrando-se de todas as pessoas que ela um dia conhecera, mas que não reconhecia mais. E depois, ela viu um cão, um cão-guia.

Ah, meu Deus.

Maite puxou o braço de Dulce.

– Olha ali, na saída – sussurrou ela.

Dulce deu uma olhada.

– Será que é...

– Megan – sussurrou Anahí.

– E Beau – acrescentou Maite.

Ale empalideceu.

– O que é que eles estão fazendo aqui?

Maite estava passada demais para responder. Eles pareciam os mesmos, embora totalmente diferentes. O cabelo de Beau estava comprido, e ela estava... Linda, com longos cabelos escuros e óculos de sol Gucci.

Beau, o irmão de Megan, flagrou Maite os encarando. Um olhar amargo, de nojo, tomou seu rosto. Maite desviou os olhos rapidamente.

– Não posso acreditar que ele tenha vindo – sussurrou ela, baixo demais para que as outras ouvissem.

Quando as meninas chegaram à pesada porta de madeira que levava aos degraus de pedra meios soltos, Beau e Megan já tinham ido embora. Maite ergueu os olhos para ver o céu azul, perfeito, que brilhava à luz do sol. Era um daqueles dias do começo do outono, sem umidade, nos quais se morre de vontade de matar aula, deitar na grama e não pensar nas responsabilidades. Por que era sempre em dias como aquele que alguma coisa horrível acontecia?

Alguém tocou em seu ombro e Maite deu um pulo. Era um policial louro e forte. Ele fez sinal para que Anahí, Dulce e Ale a acompanhassem.

– Você é Maite Perroni? – perguntou ele.

Ela concordou com a cabeça, em silêncio.

O policial juntou suas duas mãos enormes e disse:

– Sinto muito por sua perda. Você era muito amiga da senhorita Boyer, não era?

– Obrigada. Sim, eu era.

– Eu preciso falar com você – o policial enfiou as mãos nos bolsos. – Este é meu cartão. Como vocês eram amigas, você deve poder nos ajudar. Tudo bem se eu precisar de você por alguns dias?

– Hum, claro – balbuciou Maite. – Tudo que eu puder fazer.

Feito um zumbi, ela foi para junto de suas velhas amigas, que estavam todas juntas, debaixo de um chorão.

– O que ele queria? – perguntou Dulce.

– Eles querem falar comigo também – informou Ale, depressa. – Não é nada demais, né?

– Tenho certeza de que é a mesma lenga-lenga de sempre. – disse Anahí.

– Ele não pode estar imaginando que... – começou Dulce. Ela olhou aflita para a porta de entrada da igreja, onde Beau, Megan e o cão dela haviam estado.

– Não – retrucou Ale, rapidamente. – Nós não poderíamos ter problemas por causa disso, poderíamos?

Elas se entreolharam, preocupadas.

– Claro que não – respondeu Anahí, por fim.

Maite olhou em volta, para todos que conversavam baixinho pelo gramado. Sentiu-se enjoada depois de ver Beau, e não via Megan desde o acidente. Mas era coincidência que o policial tivesse falado com ela logo depois que ela os vira, certo? Mais que depressa, Maite apanhou seus cigarros de emergência e acendeu um. Precisava de alguma coisa para ocupar suas mãos.

Eu vou contar para todo mundo A Coisa que aconteceu com Megan.

Você é tão culpada quanto eu.

Mas ninguém me viu.

Maite soprou a fumaça, nervosa, e depois deu uma boa olhada para a multidão.

Não havia nenhuma prova. Fim de papo. A não ser que...

– Esta foi a pior semana da minha vida – confessou Dulce de repente.

– Da minha também – concordou Anahí.

– Acho que podemos olhar isso tudo pelo lado bom – disse Ale, sua voz aguda, tensa. – Não dá para ficar pior que isso.

Quando seguiam o cortejo para fora do estacionamento de cascalhos, Maite parou. Suas velhas amigas pararam também. Maite queria dizer algo a elas, e não era sobre Angel, A, Megan, Beau ou a polícia. Em vez disso, mais que tudo, queria dizer que sentira falta delas todos aqueles anos.

Mas, antes que pudesse dizer alguma coisa, o telefone de Dulce tocou.

– Peraí – murmurou Dulce, procurando o telefone na bolsa. – Deve ser minha mãe de novo.

Depois disso, o Sidekick de Maite vibrou. E tocou. E apitou. Não apenas o telefone dela, mas os das amigas também. Os sons altos e repentinos pareceram mais estridentes ainda por causa do cortejo sombrio do funeral. Os outros acompanhantes olharam irritados para elas. Dulce pegou seu celular para silenciá-lo; Ale lutava com seu Nokia. Maite tirou seu telefone com violência do bolsinho de sua bolsa.

Anahí leu a tela do seu.

– Tenho uma nova mensagem.

– Eu também – sussurrou Dulce.

– Aqui também – acrescentou Ale.

Maite viu que ela também tinha uma mensagem. Todas apertaram LER. Um momento de silêncio perplexo se passou.

– Ah, meu Deus – sussurrou Dulce.

– É de... – guinchou Anahí.

Dulce murmurou:

– Vocês acham que ela quer dizer que...

Maite engoliu em seco. Em duplas, as meninas leram os recados umas das outras. Todos diziam exatamente a mesma coisa:

Eu ainda estou aqui, suas vacas. E eu sei de tudo. — A.