Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni

Na terça-feira à tarde, Anahí arrumou a blusa creme e o cardigã soltinho que tinha vestido depois da escola e correu de propósito pelos degraus do consultório de cirurgia plástica William Atlantic e da clínica de reabilitação de queimados. Se você fosse tratar algumas queimaduras sérias, iria à clínica de William Atlantic. Se fosse fazer uma lipo, iria à clínica de Bill Beach.

O prédio havia sido construído na parte de trás no bosque, e apenas um pequeno pedaço podia ser visto através das imponentes árvores. O mundo todo cheirava a flores silvestres. Uma tarde perfeita de outono para ficar de bobeira na piscina do country club e observar os garotos jogando tênis. Era uma tarde perfeita para dar uma corridinha de dez quilômetros a fim de queimar o pacote de cheetos que ela detonara na noite anterior, enlouquecida pela visita surpresa do pai. Aquela podia até mesmo ser uma tarde perfeita para observar um formigueiro ou tomar conta dos gêmeos de seis anos da vizinha. Qualquer coisa seria melhor do que o que ela estava fazendo: sendo voluntária numa clínica para pessoas com queimaduras.

Ser voluntária era quase um xingamento para Anahí. Sua última experiência tinha sido no desfile de caridade do colégio Rosewood. Meninas de Rosewood usando roupas de grife desfilaram pelo palco, o pessoal deu lances pelas roupas exibidas e o dinheiro foi para a caridade. Angel vestiu um Calvin Klein estonteante, bem justo, e um pirralho cheirando a fraldas deu um lance de mil dólares por ele. Anahí, por outro lado, teve de usar uma monstruosidade rodada e cor de néon de Betsey Johnson, que a fazia parecer ainda mais gorda do que era. A única pessoa a dar lances na roupa que ela usava fora seu pai. Uma semana depois, seus pais anunciaram que iriam se divorciar.

E, então, seu pai estava de volta. Ou alguma coisa parecida.

Quando Anahí pensava na visita do pai no dia anterior, sentia-se tonta, ansiosa e brava, tudo ao mesmo tempo. Desde sua transformação, sonhava com o momento em que o encontraria de novo. Ela estava magra, era popular e equilibrada. Em seu sonho, ele sempre reaparecia com Ashley, que ficara gorda e cheia de espinhas, e Anahí parecia muito mais bonita que ela.

– Ôôô! – gritou ela. Alguém saiu pela porta no momento em que ela estava entrando.

– Olhe por onde anda – resmungou a pessoa. Então, Anahí ergueu os olhos. Ela estava diante de portas duplas de vidro, perto de um cinzeiro e de um enorme vaso com prímulas. A pessoa saindo do prédio era... Oka.

O queixo de Anahí caiu. Oka estava com o mesmo olhar surpreso. Elas estudaram uma à outra.

– O que você está fazendo aqui?

– Visitando uma amiga da minha mãe. Plástica de seios. – Oka havia cortado o cabelo acima dos ombros. – E você?

– Hum, a mesma coisa. – Anahí observou Oka com atenção. O radar de mentiras de Anahí apitou dizendo a ela que Oka podia estar mentindo. Mas, então, talvez Oka pudesse sentir a mesmíssima coisa sobre ela.

– Bem, vou embora daqui. – Oka endireitou a bolsa vinho num dos ombros. – Ligo para você mais tarde.

– Tudo bem – grasnou Anahí. Elas seguiram em direções opostas. Anahí se virou e deu uma olhada em Oka, só para constatar que a amiga estava olhando para ela por sobre o ombro.