Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni

Ale apertou o botão da máquina de chicletes no Fresh Fields. Era uma quarta-feira, depois do treino da natação, e ela estava comprando coisas para o jantar, que a mãe havia pedido. Ela comprava chiclete na máquina toda vez que ia ao Fresh Fields e tinha inventado um jogo: se apanhasse um chiclete amarelo, alguma coisa boa iria acontecer com ela. Ela olhou para o chiclete na palma de sua mão. Era verde.

– Oi. – Alguém havia se aproximado dela.

Ale olhou para cima.

– Dulce. Oi.

Como sempre, Dulce obviamente não tinha receio de se destacar com suas roupas. Ela vestia um colete felpudo azul-néon. E, embora usasse a saia do uniforme da escola, havia levantado a barra bem acima dos joelhos, combinando-a com leggings pretas e sapatilhas de balé azul-celeste. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo alto, do tipo que as líderes de torcida costumam usar. O efeito funcionava, e a maioria dos homens com menos de setenta e cinco anos no estacionamento do Fresh Fields estava olhando para ela.

Dulce chegou mais perto.

– Está tudo bem com você?

– Tudo bem. E você?

Dulce deu de ombros. Ela lançou um olhar discreto para o estacionamento, que estava cheio de funcionários colocando os carrinhos espalhados pelo pátio de volta aos lugares certos.

– Você não recebeu mais nenhuma...

– Não. – Ale evitou os olhos de Dulce. Ela havia apagado a mensagem de texto de A da segunda-feira, aquela sobre seu novo namorado, e era quase como se nada tivesse acontecido. – E você?

– Nada. – Dulce deu de ombros de novo. – Acho que estamos a salvo.

Não, não estamos, Ale quis dizer. Ela mordeu as bochechas por dentro.

– Bem, você pode me ligar a qualquer hora. – Dulce começou a andar em direção às máquinas de refrigerante.

Ale saiu da loja, um suor frio lhe cobria o corpo. Por que ela tinha sido a única pessoa a receber uma mensagem de A? Será que A a havia escolhido?

Ela pôs a sacola de compras na mochila, destrancou a bicicleta e pedalou para fora do estacionamento. Quando virou para uma rua lateral que, na verdade, não tinha nada além de quilômetros de cercas brancas, sentiu uma leve sensação de outono no ar. O outono em Rosewood sempre lembrava a Ale que era o início da temporada de natação. Aquilo normalmente era uma coisa boa, mas, naquele ano, Ale se sentia desconfortável. A técnica Lauren havia feito o anúncio oficial da capitã da equipe no dia anterior, depois que o Rosewood Tank terminara. Todas as garotas haviam corrido para cumprimentar Ale e, quando ela contara aos pais, os olhos da mãe se encheram de lágrimas. Ale sabia que devia se sentir feliz, as coisas estavam voltando ao normal. Só que ela sentia como se ela própria tivesse mudado, de forma definitiva.

– Ale! – gritou alguém, às suas costas.

Ela se virou para ver quem a estava chamando, e a roda dianteira da bicicleta derrapou em algumas folhas molhadas. De repente, se viu no chão.

– Ai, meu Deus, você está bem? – gritou a voz.

Ale abriu os olhos. Parado de pé, à sua frente, estava Beau Mirchoff. O gorro do casaco estava levantado, fazendo seu rosto parecer sombrio.

Ela deu um gritinho. O incidente do dia anterior, no corredor dos armários, continuava a voltar à sua mente. O rosto de Beau, sua expressão frustrada. Como ele tinha simplesmente olhado para Jamie, fazendo-o recuar. E será que fora uma coincidência ele passar pelo corredor naquele momento, ou ele a estava seguindo? Ela pensou na mensagem de A. Apesar de a maioria de nós ter mudado completamente... Bem, no caso de Beau, com certeza.

Beau se abaixou.

– Deixe-me ajudar você.

Ale levantou a bicicleta sozinha, moveu as pernas cuidadosamente e levantou a calça para verificar o longo e fundo arranhão em sua canela.

– Eu estou bem.

– Você deixou isto cair lá atrás. – Beau entregou a Ale sua bolsinha de moedas da sorte. Ela era feita de couro cor-de-rosa e tinha o monograma A na frente. Angel a dera de presente a Ale um mês antes de desaparecer.

– Hum, obrigada. – Ale tomou a bolsinha das mãos dele, sentindo-se desconfortável.

Beau franziu a testa ao ver o arranhão.

– Isso parece ruim. Você quer vir comigo até o carro? Eu acho que tenho alguns Band-Aids...

O coração de Ale acelerou. Primeiro, tinha recebido aquela mensagem de A, depois Beau a resgatara no corredor, e agora isso. Aliás, por que ele estava na Tate? Ele não devia estar no Maine? E ela sempre havia se perguntado se Beau sabia sobre A Coisa com Megan e por que ele havia assumido a culpa.

– É sério. Eu estou bem. – Ela levantou a voz.

– Eu posso pelo menos te dar uma carona pra algum lugar?

– Não! – gritou Ale. Então, percebeu a quantidade de sangue que estava escorrendo de sua perna. Ela odiava ver sangue. Os braços dela começaram a ficar moles.

– Ale? – perguntou Beau. – Você está...

A vista de Ale ficou turva. Ela não podia desmaiar ali. Tinha que se afastar de Beau. Apesar de a maioria de nós ter mudado completamente... E, então, tudo ficou escuro.