Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni

Maite subiu pela longa e pavimentada entrada de sua casa. Já eram nove e dez, e a segunda aula em Rosewood Day já tinha começado. O pai dela já teria saído para trabalhar há muito tempo, e, com alguma sorte, a mãe estaria no estábulo.

Ela abriu a porta da frente. O único som era o ruído da geladeira. Ela caminhou pé ante pé até o quarto, lembrando a si mesma de que teria de falsificar um bilhete da mãe justificando o atraso, e percebendo que jamais precisara falsificar um bilhete antes. Todos os anos, Maite ganhava os prêmios de perfeita assiduidade e pontualidade na escola.

– Oi.

Maite deu um grito e se virou, a mochila da escola escorregou de suas mãos.

– Jesus. – Mila estava parada na porta. – Relaxe.

– P-por que você não está na aula? – perguntou Maite, com os nervos à flor da pele.

Mila usava calças de moletom rosa-escuras, e uma camiseta desbotada da Universidade da Pensilvânia, mas seu cabelo, estava preso por uma faixa azul-marinho. Mesmo quando Mila estava relaxada, ela conseguia parecer impecável.

– Por que você não está na aula?

Maite passou a mão pela nuca molhada de suor.

– Eu... Esqueci uma coisa. Tive que voltar.

– Ah. – Mila deu um sorrisinho misterioso. Um arrepio desceu pela espinha de Maite. Ela sentia como se estivesse na beira de um precipício, prestes a cair. – Bom, na verdade eu estou feliz por você estar aqui. Eu tenho pensado muito sobre o que você disse na segunda-feira. Eu sinto muito, também, sobre tudo.

– Oh. – Foi tudo o que Maite conseguiu dizer.

Mila abaixou o tom de voz.

– Eu quero dizer, nós realmente poderíamos agir melhor uma com a outra. Nós duas. Quem sabe o que pode acontecer neste mundo maluco? Olhe só o que aconteceu com Angelique Boyer. Faz com que as nossas brigas pareçam uma coisa boba.

– É – murmurou Maite. Era uma comparação estranha.

– De qualquer modo, eu falei com mamãe e papai sobre o assunto, também. Acho que eles estão caindo em si.

– Oh. – Maite passou a língua pelos dentes. – Uau. Obrigada. Significa muito pra mim.

Mila sorriu para ela em resposta. Houve uma longa pausa e, então Mila deu outro passo para dentro do quarto de Maite, apoiando-se contra a penteadeira de cerejeira.

– Entããããão... O que é que está havendo com você? Você vai à Foxy? Dylan me convidou, mas eu não sei se vou. Provavelmente, estou velha demais pra isso.

Maite foi pega de surpresa. Será que Mila estava aprontando alguma? Aqueles não eram os assuntos sobre os quais elas costumavam conversar.

– Eu... Hum... Eu não sei.

– Caramba. – Mila deu um sorrisinho malicioso. – Eu espero que você vá com o cara que fez isso com você. – Ela apontou para o pescoço de Maite.

Maite correu para frente do espelho e viu uma marca enorme e vermelha perto da clavícula. As mãos dela voaram freneticamente para o próprio pescoço. Então, percebeu que ainda estava usando o anel grosso de prata de William.

Mila havia morado com William, será que ela tinha reconhecido o anel? Maite tirou o anel do dedo e o atirou na gaveta de lingerie. Sua pulsação latejava nas têmporas.

O telefone tocou, e Mila foi atender no corredor. Dentro de segundos, a cabeça dela apareceu na porta do quarto de Maite.

– É para você – cochichou ela. – É um garoto!

– Um... Garoto? – Será que William seria estúpido o suficiente para ligar para ela? Quem mais poderia ser, às nove e quinze da manhã de uma quinta-feira? A mente de Maite estava vagando em vinte direções diferentes. Ela pegou o telefone.

– Alô?

– Maite? É o Daniel. Sharman. – Ele deixou escapar uma risadinha nervosa. – Da escola.

Maite olhou para Mila.

– Hum, oi – grunhiu ela. Por um segundo, sem sequer conseguir lembrar quem era Daniel Sharman. – O que é que está rolando?

– Eu só queria saber se você pegou essa gripe que está por aí. Eu não vi você na reunião do conselho estudantil hoje de manhã. Você nunca falta ao conselho estudantil.

– Oh. – Maite engoliu em seco. Ela olhou para Mila, que estava parada na porta, na expectativa. – Oh, bem, mas eu... Eu estou melhor agora.

– Eu só queria dizer que me ofereci para pegar suas lições de casa para as aulas – disse Daniel. – Já que nós estamos na mesma turma. – A voz dele estava fazendo eco; parecia que estava vindo de dentro de um vestiário. Daniel era exatamente o tipo que tentaria matar a aula de ginástica. – Em cálculo, nós temos uma lista de problemas de fim de capítulo.

– Oh. Bem, obrigada.

– E talvez você esteja a fim de comparar as anotações para as dissertações...? McAdam disse que elas vão contar muito para a nossa nota final.

– Hum, é claro – respondeu Maite.

Mila olhou nos olhos dela, de um jeito esperançoso e entusiasmado.

– Chupão? – sussurrou ela, apontando para o pescoço de Maite e depois para o telefone.

O cérebro de Maite parecia prestes a virar iogurte. Então, de repente, ela teve uma ideia. Ela limpou a garganta.

– Na verdade, Daniel... Você já tem companhia para a Foxy?

– Foxy? – repetiu Daniel. – Hum, não sei, eu acho que não tinha nenhum pla...

– Quer ir comigo? – interrompeu Maite.

Daniel deu uma risada que pareceu mais um soluço.

– Sério?

– Hum, sim – disse Maite, de olho na irmã.

– Bem, é claro! – concordou Daniel. – Seria ótimo! Que horas? O que eu devo vestir? Você vai sair com suas amigas antes? Tem algum plano para depois?

Maite revirou os olhos. Era típico de Daniel fazer todas aquelas perguntas, como se ele fosse responder a um teste oral.

– A gente decide depois. – Maite olhou para a janela.

Então, desligou o telefone, sentindo-se exausta, como se tivesse corrido quilômetros e quilômetros jogando hóquei. Quando ela se virou novamente para a porta, Mila havia desaparecido.