Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni

Oka saiu do trocador da Saks em um vestido verde-água, da Calvin Klein, com um decote quadrado. A saia rodada se movia com graça enquanto ela se virava.

– O que você acha? – perguntou ela a Anahí, que estava examinando as roupas expostas do lado de fora.

– Lindo – murmurou Anahí. Sob as luzes fluorescentes do trocador, ela podia ver que Oka estava sem sutiã.

Oka posou diante do espelho de três lados. Ela era tão magra que, às vezes, tinha que apelar para um invejável manequim trinta e quatro.

– Eu acho que este, talvez, combine melhor com o seu tom de pele. – Ela puxou uma das alças. – Quer experimentar?

– Não sei – respondeu Anahí. – É meio transparente.

Oka franziu a testa.

– Desde quando você se importa?

Anahí deu de ombros e examinou uma seção de blazers Marc Jacobs. Era uma quinta-feira à tarde e elas estavam no departamento de roupas de grife da Saks, no shopping King James, procurando freneticamente por vestidos para usar na Foxy. Várias garotas da escola preparatória e outras, que não estavam na faculdade, mas ainda moravam com os pais, iriam comparecer, e era importante encontrar um vestido que já não estivesse sendo usado por cinco outras meninas.

– Eu quero um visual clássico – respondeu Anahí. – Como a Scarlett Johansson.

– Por quê? – perguntou Oka. – Ela tem uma bunda enorme.

Anahí fez biquinho. Quando ela falou em clássico, queria dizer sutil. Como aquelas garotas em propagandas de diamantes, que parecem doces, mas têm as palavras me foda trançadas no cabelo. Se Chace ficasse tão encantado com a virtude de Anahí talvez rejeitasse seus votos do Clube da Virgindade e arrancasse sua lingerie.

Anahí apanhou um par de sapatos peep-toe caramelo, da Miu Miu, na prateleira do lado do trocador.

– Adoro estes. – Ela mostrou um deles para Oka.

– Que tal se você... – Oka apontou o queixo para a bolsa de Anahí.

Anahí os colocou de volta na prateleira.

– De jeito nenhum.

– Por que não? – sussurrou Oka. – Sapatos são a coisa mais fácil. Você sabe disso. – Quando Anahí hesitou, Oka estalou a língua. – Você ainda está traumatizada com a Tiffany?

Em vez de responder, Anahí fingiu estar interessada em um par de sandálias metálicas Marc Jacobs.

Oka tirou mais algumas coisas dos mostradores e voltou para o trocador. Segundos depois, ela saiu de mãos vazias.

– Este lugar é uma droga. Vamos tentar a Prada.

Elas andaram pelo shopping enquanto Oka digitava em seu Sidekick.

– Estou perguntando ao Aaron qual a cor das flores que ele vai levar para mim – explicou ela. – Talvez eu combine a cor do meu vestido com elas.

Oka havia decidido ir à Foxy com o irmão de Christopher Uckermann, Aaron, com quem já havia saído algumas vezes naquela semana. Os garotos Uckermann eram sempre parceiros seguros para a Foxy, eram bonitos e ricos, e os fotógrafos das colunas sociais os adoravam. Oka tentara convencer Anahí a convidar Christopher, mas ela demorou demais. Christopher tinha convidado Celeste Richards, que frequentava o colégio interno Quaker, uma surpresa, já que todos achavam que Christopher tinha uma queda por Dulce. Anahí não se importava, entretanto. Se ela não podia ir com Chace, não iria com mais ninguém.

Oka levantou os olhos de suas mensagens de texto.

– Qual clínica de bronzeamento artificial você acha melhor, a Sun Land ou a Dalia’s? Celeste e eu estamos pensando em ir à Sun Land amanhã, mas eu acho que eles fazem com que a gente pareça alaranjada.

Anahí deu de ombros, sentindo uma pontada de ciúmes. Oka deveria estar indo se bronzear com ela, não com Celeste. Ela estava prestes a dizer isso quando seu celular tocou. Seu coração se acelerou um pouco. Sempre que o telefone tocava, ela pensava em A.

– Anahí? – Era a mãe dela. – Onde você está?

– Estou fazendo compras – Hanna respondeu. Desde quando sua mãe se importava?

– Bem, você precisa vir para casa. Seu pai vai passar por aqui.

– O quê? Por quê? – Anahí olhou para Oka, que estava examinando óculos de sol baratos em um quiosque. Ela não tinha contado a Oka que seu pai a visitara na segunda-feira. Era algo estranho demais para se contar.

– Ele só... Precisa apanhar algo – respondeu sua mãe.

– Tipo o quê?

A sra. Portilla deu uma risada irônica.

– Ele está passando aqui para pegar alguns documentos que nós precisamos discutir antes de ele se casar. Essa explicação basta para você?

Um suor frio escorreu pela nuca de Anahí. Um, porque sua mãe havia mencionado o que ela detestava pensar, que seu pai estava se casando com Charlize, e seria o pai de Ashley. E dois, porque ela havia pensado que seu pai poderia estar passando em casa só para vê-la, especificamente. Por que ela deveria ir para casa se ele estava indo lá por outro motivo? Ia ficar parecendo que ela não tinha vida própria. Ela checou o próprio reflexo na vitrine da Banana Republic.

– Quando ele chega? – perguntou.

– Ele vai estar aqui em uma hora. – A mãe desligou abruptamente. Anahí fechou o telefone com força e o apertou entre as mãos, sentindo o calor do aparelho contra sua pele.

– Quem era? – cantarolou Oka, dando o braço a Anahí.

– Minha mãe – respondeu Anahí, distraída. Ela imaginava se teria tempo suficiente para tomar um banho quando chegasse em casa; ela estava cheirando a vários perfumes diferentes que experimentara na Neiman Marcus. – Ela quer que eu vá pra casa.

– Por quê?

– Porque... Sim.

Oka parou e olhou cuidadosamente para Anahí.

– Annie, sua mãe não liga para você sem motivo nenhum, apenas para mandá-la voltar para casa.

Anahí parou. Elas estavam na frente da entrada do Ano do Coelho, o bistrô chinês sofisticado do shopping, e o aroma intoxicante de molho agridoce lhe subiu às narinas.

– Bom, é porque... Meu pai vai passar lá em casa.

Oka franziu a testa.

– Seu pai? Eu pensei que ele estava...

– Não está – interrompeu Anahí, depressa. Quando Oka e Anahí se tornaram amigas, Anahí disse a Oka que o pai estava morto. Ela havia prometido a si mesma jamais falar com ele novamente, portanto, não era exatamente uma mentira. – Nós não tivemos nenhum contato por muito tempo – explicou. – Mas eu o vi outro dia, e ele tem negócios na Filadélfia, ou coisa do tipo. Ele não está indo lá hoje por minha causa. Não sei por que minha mãe me quer lá.

Oka pôs a mão na cintura.

– Por que você não me contou isso antes?

Anahí deu de ombros.

– Então, quando isso aconteceu?

– Não sei. Segunda-feira?

– Segunda-feira? – Oka parecia magoada.

– Meninas! – Uma voz as interrompeu. Anahí e Oka olharam para o lado. Era Amanda Seyfried. Ela e Ester Espósito estavam saindo da Prada com sacolas pretas de compras penduradas em seus ombros perfeitamente bronzeados.

– Vocês estão fazendo compras para a Foxy? – perguntou Amanda. Seus cabelos loiros estavam reluzentes como sempre, e sua pele brilhava de forma irritante, mas Anahí não pôde evitar notar que seu vestido BCBG era da coleção passada. Antes que ela pudesse responder, Amanda completou: – Não percam seu tempo na Prada, nós compramos as únicas coisas boas de lá.

– Talvez nós já tenhamos nossos vestidos – rebateu Oka duramente.

– Anahí, você também vai? – Ester arregalou os olhos castanhos e jogou para trás o cabelo brilhante. – Eu achei que, talvez, já que você não está com o Chace...

– Eu não perderia a Foxy por nada – afirmou Anahí, de forma arrogante.

Ester pôs a mão na cintura. Ela estava vestindo leggings pretas, uma camisa jeans desfiada e um suéter listrado de branco e preto. Recentemente, havia sido publicada em um revista uma foto da Mischa Barton usando exatamente o mesmo modelo.

– O Chace é tão lindo – suspirou Ester. – Eu acho que ele ficou ainda mais bonito neste verão.

– Ele é totalmente gay – disse Oka, rapidamente.

Ester não pareceu preocupada.

– Eu aposto que posso fazê-lo mudar de ideia.

Anahí cerrou os punhos.

A expressão de Amanda se iluminou.

– Ah, Anahí, então, a Associação Cristã de Moços é fantástica, não é? Você tem que fazer aulas de pilates comigo! O instrutor, Oren? Lindo.

– Anahí não frequenta a Associação – interrompeu Oka. – Nós vamos ao Body Tonic. Isso aí é um buraco.

Anahí virou-se de Oka para Amanda. Seu estômago revirava.

– Você não vai à Associação? – Amanda fez a cara mais inocente de que era capaz. – Estou confusa. Não vi você lá ontem? Do lado de fora da sala de ginástica?

Anahí agarrou o braço de Oka.

– Nós estamos atrasadas. – Ela a arrastou para longe da Prada, voltando na direção da Saks.

– O que foi aquilo? – perguntou Oka, desviando-se com graça de uma senhora obesa, carregada de sacolas.

– Nada. Eu simplesmente não consigo suportá-la.

– Por que você estava na Associação ontem? Você me disse que ia ao dermatologista.

Anahí parou. Ela sabia que encontrar Amanda antes do Clube da Virgindade resultaria em problemas.

– Eu... Tinha uma coisa pra fazer lá.

– O quê?

– Não posso te contar.

Oka franziu o cenho e se virou. Ela deu passos secos e determinados em direção à Burberry. Hanna a alcançou.

– Olhe, eu simplesmente não posso. Sinto muito.

– Tenho certeza de que sente. – Oka começou a vasculhar dentro da bolsa e tirou dela os sapatos caramelo Miu Miu, da Saks. Eles não estavam na caixa e o lacre de segurança tinha sido arrancado. Ela os balançou na frente do rosto de Anahí. – Eu ia dá-los de presente para você. Mas esqueça.

O queixo de Anahí caiu.

– Mas...

– Aquele negócio com o seu pai aconteceu há três dias e você nem me contou – disse Oka. – E, agora, você fica mentindo pra mim sobre o que vai fazer depois da escola.

– Não é bem assim... – gaguejou Anahí.

– É o que parece para mim. – Oka franziu a testa. – Sobre o que mais você está mentindo?

– Sinto muito – balbuciou Anahí. – Eu só... – Ela olhou para os próprios sapatos e respirou fundo. – Você quer saber por que eu estava na Associação? Tudo bem. Eu fui ao Clube da Virgindade.

Os olhos de Oka se arregalaram. Seu celular tocou dentro da bolsa, mas ela não fez nenhum movimento para apanhá-lo.

– Agora eu espero que você esteja mentindo.

Anahí sacudiu a cabeça. Ela se sentia um pouco nauseada; a Burberry tinha o mesmo cheiro forte de seu novo perfume.

– Mas... Por quê?

– Eu quero o Chace de volta.

Oka caiu na gargalhada.

– Você me disse que tinha terminado tudo com o Chace na festa do Christopher.

Anahí olhou para a vitrine da Burberry e quase teve um ataque cardíaco. A bunda dela estava mesmo daquele tamanho? De repente, ela estava na mesma proporção da Anahí gorda e babaca do passado. Ela engasgou, desviou o olhar e olhou de novo. A Anahí normal olhou de volta.

– Não – respondeu. – Ele terminou comigo.

Oka não riu, mas também não tentou confortar Anahí.

– Foi por isso que você foi à clínica do pai dele, também?

– Não – disse Anahí rapidamente, esquecendo de que havia visto Oka lá. Então, percebendo que teria que contar a Oka o motivo real, ela voltou atrás. – Bom, foi. Mais ou menos.

Oka deu de ombros.

– Bem, eu meio que já tinha ouvido falar que o Chace tinha terminado com você, de qualquer jeito.

– O quê? – sibilou Anahí. – Quem disse isso?

– Acho que foi na aula de ginástica. Não me lembro. – Oka deu de ombros. – Talvez o Chace tenha começado a espalhar isso.

Os olhos de Anahí se enevoaram. Ela duvidava de que Chace tivesse falado... Mas talvez A tivesse.

Oka olhou para ela.

– Eu achei que você queria perder a virgindade, não a prolongar.

– Eu só queria ver como era – disse Anahí, docemente.

– E aí? – Oka fez um biquinho malicioso. – Me dê os detalhes sórdidos. Aposto que foi hilário. Vocês cantaram? Entoaram mantras? O quê?

Anahí franziu a testa e se virou. Normalmente, ela teria contado tudo a Oka. Mas estava magoada com o fato de Oka rir dela, e não queria lhe dar satisfação. Candace havia dito de forma tão decidida: Esse é um lugar seguro. Agora, Anahí não sentia que tinha o direito de contar os segredos dos outros, nem mesmo quando parecia que A estava contando os dela. E por que, se Oka havia ouvido um boato sobre ela, não tinha lhe dito nada? Elas não deveriam ser melhores amigas?

– Nada disso, na verdade – murmurou ela. – Foi bem chato.

O rosto de Oka, que antes tinha uma expressão de expectativa, passou a demonstrar desapontamento. Ela e Anahí olharam uma para a outra. Então, o celular de Oka tocou, e ela desviou o olhar.

– Celeste? – disse Oka ao atender. – Oi!

Anahí mordeu os lábios, nervosa, e olhou para o relógio Gucci que usava.

– Tenho que ir – sussurrou para Oka, fazendo um gesto na direção da saída leste do shopping. – Meu pai...

– Espere – disse Oka ao telefone. Ela cobriu o bocal com as mãos, revirou os olhos e empurrou os sapatos Miu Miu para as mãos de Anahí. – Fique com eles. Na verdade, eu os detestei.

Anahí se afastou, segurando os sapatos roubados pelas tiras. De repente, ela também os detestava.