Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni

Na sexta-feira à noite, Dulce desligou o rádio de seu quarto. Durante a última hora, o DJ local havia falado sem parar sobre a Foxy. Ele fazia a Foxy parecer um lançamento de nave espacial ou uma posse presidencial, em vez de apenas uma festa beneficente idiota.

Ela ouviu o som dos passos dos pais caminhando pela cozinha. Não havia a cacofonia normal, NPR no rádio, CNN ou PBS na TV da cozinha, nem um CD de música clássica ou jazz experimental no som. Tudo o que Dulce podia ouvir eram panelas e potes batendo. Então, um barulho de algo caindo.

– Desculpe – disse Sandra, seca.

– Tudo bem – retrucou Robert.

Dulce voltou-se para o laptop, sentindo-se mais confusa a cada segundo. Desde que a sua perseguição a Margot havia sido interrompida, ela estava fazendo pesquisas on-line. Quando uma pessoa começava a perseguir outra via internet, era difícil parar. Dulce descobrira o sobrenome de Margot, Robbie, em um cronograma das aulas da Strawberry Ridge Ioga que ela encontrara on-line, e procurara seu número de telefone no Google. Ela pensou que talvez pudesse ligar e dizer a ela, de forma amável, para ficar longe de Robert. Mas, então, encontrara o endereço de Margot e quis saber o quão longe ela morava, e traçara o caminho até lá no MapQuest. Daí pra frente, as coisas ficaram loucas. Ela vasculhara um trabalho, em hipertexto, que Margot escrevera no primeiro ano da faculdade, sobre William Carlos Williams. Ela invadiu o portal de alunos da Hollis, para ver as notas de Margot. Descobriu que Margot tinha perfis no Friendster, no Facebook e no MySpace. Seus filmes preferidos eram Donnie Darko; Paris, Texas; e A Princesa Prometida, e se interessava por coisas estranhas, como globos de neve, tai chi e ímãs.

Em um universo paralelo, Dulce e Margot poderiam ter sido amigas. Isso tornava ainda mais difícil fazer o que A mandou, na última mensagem de texto que lhe enviara, faça desaparecer.

Parecia que a ameaça de A estava fazendo um buraco em seu smartphone, e sempre que ela pensava que vira não apenas Margot, mas também Maite, no estúdio de ioga naquela manhã, ela se sentia mal. O que Maite estava fazendo lá? Será que ela sabia de alguma coisa?

No sétimo ano, Dulce havia contado a Angel sobre ter visto Beau na oficina de teatro dela, enquanto estava relaxando na piscina da casa de Maite com ela e Angel.

– Ele não sabe de nada, Dulce – respondera Angel, calmamente, aplicando mais protetor solar. – Relaxe.

– Mas como você pode ter certeza? – Dulce havia protestado. – E quanto àquela pessoa que eu vi do lado de fora da casa da árvore naquela noite? Talvez ela tenha contado a Beau! Talvez ela fosse Beau!

Maite franziu a testa e olhou para Angelique.

– Angel, talvez você devesse...

Angel limpou a garganta, alto.

– Maite – disse ela, em tom de alerta.

Dulce olhava de uma para a outra, confusa. Então, ela deixara escapar a pergunta que queria fazer havia muito tempo:

– Sobre o que vocês estavam cochichando na noite do acidente? Quando eu acordei e vocês estavam no banheiro?

Angel inclinou a cabeça.

– Nós não estávamos cochichando.

– Angel, nós estávamos cochichando – sibilou Maite.

Angel dirigiu outro olhar ríspido para Maite e se virou novamente para Dulce.

– Olhe, nós não estávamos falando sobre Beau. Além disso – ela deu um sorrisinho para Dulce –, você não tem coisas mais importantes para se preocupar neste momento?

Dulce se irritou. Alguns dias antes, Dulce e Angel tinham flagrado o pai dela com Margot.

Maite puxou o braço de Angel.

– Angel, eu realmente acho que você deveria contar...

Angel levantou a mão.

– Maite, eu juro por Deus.

– Você jura que o quê por Deus? – gritou Maite. – Você acha que isso é fácil?

Depois que Dulce vira Maite no estúdio de ioga naquela manhã, ela pensara em segui-la na escola e falar com ela. Maite e Angel haviam escondido alguma coisa, e talvez isso estivesse relacionado com A. Mas... Ela tinha medo. Ela pensava que conhecia suas velhas amigas como a palma de sua mão. Mas, naquele momento, ela soube que todas tinham segredos que não queriam compartilhar...

O celular de Dulce tocou, arrancando-a das lembranças. Assustada, ela o derrubou em cima de uma pilha de camisetas sujas que havia separado para lavar. Então o apanhou.

– Oi – disse uma voz masculina, do outro lado da linha. – É o Chace.

– Ah! – exclamou Dulce. – O que é que está rolando?

– Nada de mais. Acabei de voltar de um jogo de futebol. O que você vai fazer hoje à noite?

Dulce se encheu de alegria.

– Hum... Nada, pra falar a verdade.

– Quer sair?

Ela ouviu outro barulho no andar de baixo. Então, a voz do pai.

– Estou saindo. – A porta da frente bateu com força. Ele nem sequer ia jantar com a família. De novo.

Ela voltou ao telefone.

– Que tal agora?