Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni

Assim que o táxi parou no Kingman Hall, Anahí deu vinte pratas para o taxista, um cara velho e careca, que parecia ter um problema com suor.

– Fique com o troco. – Ela bateu a porta do carro e correu para a entrada com o estômago embrulhado. Tinha comprado um pacote de Doritos na estação de trem, na Filadélfia, e comido o saquinho todo feito uma desvairada, em cinco minutos. Péssima escolha.

À sua direita, estava o balcão de entrada da Foxy. Uma moça magra como um galgo, com cabelos loiros muito curtos e toneladas de delineador, estava pegando os ingressos e verificando os nomes num livro. Anahí hesitou. Ela não tinha ideia de onde colocara seu convite, mas se tentasse negociar sua entrada, iriam mandá-la para casa. Focou os olhos na tenda da Foxy, que brilhou como um bolo de aniversário. De jeito nenhum ela ia deixar Chace se livrar dessa. Ela ia entrar na Foxy, quer a Garota de Delineador gostasse ou não. Respirando fundo para tomar fôlego, Anahí correu em alta velocidade pelo balcão de entrada.

– Ei! – Ela ouviu a moça falar. – Espere!

Anahí se escondeu atrás de uma coluna, o coração batendo acelerado. Um segurança musculoso, vestindo um smoking, passou correndo por ela, depois parou e olhou ao redor. Frustrado e confuso, ele deu de ombros e disse alguma coisa no radiocomunicador. Anahí sentiu certa satisfação. Entrar de penetra causou-lhe a mesma sensação de roubar algo.

A Foxy era uma confusão de garotos e garotas. Ela não se lembrava de nenhum ano em que a festa tivesse estado tão lotada. A maioria das meninas na pista de dança tinha tirado os sapatos, segurando-os no ar enquanto rodopiavam. Havia uma multidão igualmente enorme no bar, e mais jovens estavam amontoados numa fila do que parecia uma cabine de caraoquê. Pelas mesas arrumadas e vazias, eles ainda não tinham servido o jantar.

Anahí agarrou o cotovelo de Amanda Williamson, estudante do ensino médio de Rosewood Day, que sempre tentava lhe dar um oi nas festas. O rosto da menina se iluminou.

– Oiii, Anahí!

– Você viu o Chace? – berrou Anahí.

Um olhar de surpresa passou pelo rosto de Amanda; então, ela deu de ombros.

– Não tenho certeza...

Anahí continuou andando, seu coração dando cambalhotas. Talvez ele não estivesse ali. Mudou de direção, quase esbarrando num garçom, que carregava uma enorme bandeja de queijo. Anahí agarrou um pedaço enorme de cheddar e enfiou na boca. Engoliu sem sentir o gosto.

– Anahí! – gritou Amanda Seyfrield, que usava um vestido dourado apertado e parecia ter acabado de sair de uma câmara de bronzeamento artificial.

– Que legal! Você está aqui! Eu pensei que você tivesse dito que não vinha!

Anahí franziu a testa. Amanda estava abraçada a James Freed. Ela apontou para os dois.

– Vocês dois vieram juntos? – Anahí tinha achado que talvez Amanda fosse a acompanhante de Chace.

Amanda fez que sim. Então, ela se inclinou para a frente.

– Você está procurando o Chace?

Ela balançou a cabeça, abismada.

– É que todos têm comentado. Eu, sinceramente, não consigo acreditar nisso.

O coração de Anahí bateu mais rápido.

– Então, o Chace está aqui?

– É, está aqui, sim. – James se esquivou, tirou do bolso do blazer uma garrafa de Coca-Cola, cheia de um líquido transparente com aparência suspeita, e o despejou no seu suco de laranja. Ele tomou um gole e sorriu.

– Quer dizer, eles são tão diferentes. – Amanda admirou-se.

– Você disse que ainda são amigos, certo? Ele contou pra você por que convidou a outra?

– Para com isso – disse James para Amanda.

– Ela é sexy.

– Quem? – berrou Anahí. Por que todo mundo sabia o que estava rolando menos ela?

– Olha eles ali. – Amanda apontou para o outro lado do salão.

Foi como se o mar de jovens se abrisse e um grande holofote os iluminasse do teto. Chace estava no canto perto do aparelho de caraoquê, abraçado a uma moça baixa, com um vestido de bolinhas preto e branco. Ele estava com a cabeça enfiada no pescoço dela, e as mãos dela estavam perigosamente perto do traseiro dele. Então, a moça virou a cabeça, e Anahí viu a gnomo que ela conhecia muito bem, as características exóticas, e aquele típico cabelo ruivo. Dulce.

Anahí gritou:

– Ai, meu Deus, eu não acredito que você não sabia. – Amanda colocou um dos braços ao redor do ombro de Anahí, para consolá-la.

Anahí balançou a cabeça e saiu enfurecida pelo salão, bem na direção de Chace e Dulce, que estavam se abraçando. Não dançando, apenas se abraçando. Que gente bizarra.

Depois de Anahí ter ficado parada lá por alguns segundos, Dulce abriu um dos olhos, depois o outro. E soltou um pequeno suspiro.

– Hum… Oi, Anahí.

Anahí ficou lá parada, tremendo de raiva.

– Sua... Sua vadia.

Chace entrou na frente de Dulce, para defendê-la.

– Segura a onda...

– Segura a onda? – A voz de Anahí desafinou por completo. Ela apontou para Chace. Estava tão brava que seu dedo tremia. – Você... Você disse que não viria porque todos os seus amigos trariam alguma garota, e você não queria vir!

Chace deu de ombros.

– As coisas mudaram.

As bochechas de Anahí estavam ardendo, como se ele tivesse dado um tapa nela.

– Mas nós íamos sair para um encontro esta semana!

– Nós vamos jantar juntos esta semana – corrigiu Chace. – Como amigos. – Ele sorriu para Anahí, como se ela estivesse no jardim da infância. – Nós terminamos sexta passada, Anahí. Lembra?

Ela piscou.

– E aí você fica com ela?

– Bem.... – Chace olhou para Dulce. – Sim.

Anahí abraçou a própria barriga, certa de que iria vomitar. Isso tinha de ser uma piada. Chace e Dulce juntos fazia tanto sentido quanto uma garota gorda usar um jeans apertado.

Então, ela notou o vestido de Dulce. O zíper lateral estava aberto, mostrando metade de seu sutiã de renda tomara que caia.

– Seu peito está escapando do vestido – grunhiu ela, apontando para o zíper.

Dulce rapidamente olhou para baixo, cruzou os braços sobre o peito e fechou o zíper do vestido.

– Onde você conseguiu esse vestido, hein? – perguntou Anahí. – Na ponta de estoque da Luella?

Dulce endireitou as costas.

– Na verdade, foi mesmo. Eu achei uma graça.

– Meu Deus. – Anahí revirou os olhos. – Você é uma pobre coitada. – Ela olhou para Chace. – De fato, eu acho que vocês dois têm isso em comum. Você sabia que o Chace quer ficar virgem até os trinta anos, Dulce? Ele deve ter tentado te passar a mão, mas não vai chegar até o fim. Ele fez uma promessa sagrada.

– Anahí... – Chace tentou fazê-la calar a boca.

– Eu, pessoalmente, acho que ele é gay. O que você acha?

– Anahí... – Havia, então, um tom de súplica na voz de Chace.

– O quê? – desafiou-o Anahí. – Você é um mentiroso, Chace. E um safado.

Quando Anahí olhou ao redor, um grupo de jovens havia se juntado em torno deles. Aqueles que sempre eram convidados para as festas, aqueles que eram convidados de vez em quando. As garotas que não eram descoladas o suficiente, os garotos com excesso de peso, aceitos apenas por serem engraçados, os garotos riquinhos que gastavam rios de dinheiro com todo mundo, pois eram bonitinhos, interessantes ou manipuladores. Todos estavam devorando avidamente a situação. Os murmúrios já haviam começado.

Anahí deu uma última olhada em Chace, mas, em vez de dizer alguma coisa, foi embora.

No banheiro feminino, ela encaminhou-se diretamente para a frente da fila. Como se estivesse saindo de uma barraca de feira, Anahí abriu caminho.

– Vagabunda! – gritou alguém, mas Anahí não se importou.

Uma vez que a porta se fechou, ela se inclinou e livrou-se do Doritos e de tudo o mais que havia comido aquela noite. Quando terminou, deu um suspiro.

A expressão no rosto de todo mundo. De pena. E Anahí tinha chorado na frente das pessoas. Esta era uma das primeiras regras dela e de Oka, depois de terem se reinventado: nunca, de jeito nenhum, deixe alguém ver você chorar. E, mais do que isso, ela sentiu-se tão ingênua. Realmente estava pensando que Chace voltaria para ela. Achou que, indo à clínica para pessoas com queimaduras e ao Clube da Virgindade, estivesse fazendo a diferença, mas o tempo todo... Ele estava pensando em outra pessoa.

Quando, finalmente, abriu a porta, o banheiro encontrava-se vazio. Estava tão quieto que ela podia ouvir a água pingando no mosaico de azulejos da pia. Anahí olhou-se no espelho, para ver se estava com uma aparência muito ruim. Quando o fez, gritou.

Uma Anahí muito diferente a encarou de volta. Essa Anahí era gorducha e uma pele horrível. Ela usava aparelho com elástico cor-de-rosa, e seus olhos estavam semicerrados por tentar focar o que via, pois não quis usar óculos. O casaco marrom estava apertado em seus braços roliços, e a blusa estava enrugada na linha do sutiã.

Anahí cobriu os olhos horrorizada. É A, ela pensou. A está fazendo isso comigo.

Então, pensou no recado de A: Vá à Foxy agora. Chace está lá, com outra garota. Se A sabia que Chace estava na Foxy com outra garota, então, isso significava que...

A estava na Foxy.

– Oi.

Anahí deu um pulo e se virou. Oka estava parada na porta, linda num vestido preto colado que Anahí não reconheceu de nenhuma das expedições de compras que haviam feito juntas. O cabelo estava preso pra trás, e sua pele brilhava. Envergonhada, ela provavelmente tinha vômito no rosto, Anahí cambaleou de volta à privada.

– Espere. – Oka agarrou o braço dela.

Quando Anahí se virou, Oka parecia realmente muito preocupada.

– Amanda disse que você não viria esta noite.

Anahí deu uma olhada no espelho novamente. Seu reflexo mostrou a Anahí do segundo ano do ensino médio, não a do ensino fundamental. Seus olhos estavam um pouco vermelhos, mas, no geral, parecia bem.

– É o Chace, não é? – perguntou Oka. – Eu acabei de chegar e o vi com aquela garota. – Ela abaixou a cabeça. – Sinto muito, Annie.

Oka fechou os olhos.

– Eu me sinto uma grande idiota – admitiu ela.

– Não. Ele é que é.

Elas se entreolharam. Anahí sentiu uma ponta de arrependimento. A amizade da Oka significava muito para ela, e ela estava deixando todo o restante entrar no caminho. Nem conseguia lembrar por que haviam brigado.

– Eu sinto muito, Oka. Por tudo.

– Me desculpe – disse Oka.

E elas se abraçaram, bem forte.

Maite Perroni sapateou no piso de mármore do banheiro e puxou Anahí do abraço.

– Eu preciso falar com você.

Anahí se desvencilhou, incomodada.

– O quê? Por quê?

Maite deu uma olhada de través para Oka.

– Não posso contar aqui. Você precisa vir comigo.

– Anahí não precisa ir a lugar nenhum. – Oka pegou no braço dela e a puxou para mais perto.

– Desta vez, precisa sim – disse Maite, aumentando o tom da voz. – É uma emergência.

Oka segurou firmemente o braço da Anahí. Ela tinha a mesma expressão de proibição do outro dia, no shopping, o olhar que dizia: se você esconder mais um segredo de mim, eu juro que nossa amizade estará acabada. Mas Maite parecia apavorada. Alguma coisa parecia errada. Muito errada.

– Desculpe – disse Anahí, tocando a mão de Oka. – Eu já volto.

Oka largou o braço dela.

– Tudo bem. – Brava, ela foi em direção ao espelho para verificar a maquiagem. – Sem pressa.