Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni

Sem pronunciar uma única palavra, Maite guiou Anahí para fora do banheiro, passando por um amontoado de jovens. Então, ela notou Aria parada perto do bar, sozinha.

– Você vem também.

Anahí largou a mão de Maite.

– Eu não vou a lugar nenhum com ela.

– Anahí, você disse para todo mundo que terminou com o Chace! – reclamou Dulce. – Preciso ser mais clara?

Anahí cruzou os braços sobre o peito.

– Não significa que era para você vir aqui com ele. Não significa que eu queria que você o roubasse de mim.

– Eu não estou roubando nada! – gritou Dulce, levantando o punho.

Por um segundo, Maite ficou preocupada com a possibilidade de Dulce tentar bater em Anahí e enfiou seu corpo entre as duas.

– Chega – disse ela. – Vamos parar com isso. Temos que achar a Ale.

Antes que pudessem protestar, ela as arrastou pelas esculturas de gelo, pela fila do caraoquê e pela mesa do leilão de joias. Maite tinha visto Ale não fazia nem vinte minutos, mas depois ela havia desaparecido. Ela tinha passado por Daniel, que estava sentado a uma mesa longa, iluminada por candelabros, junto com seus amigos. Ele a viu e, então, se virou rapidamente de costas para o pessoal que o acompanhava e se esgoelou bem alto, dando uma risada falsa, obviamente fazendo alguma piadinha a respeito dela. Maite sentiu uma ponta de remorso. Mas não podia lidar com Daniel naquele momento.

Apertando mais as mãos das meninas, ela andou a passos largos, passando pelas mesas, em direção ao terraço. Jovens estavam reunidos ao redor da fonte, molhando os pés descalços, mas nem sinal de Ale. Na estátua gigante de Pan, Anahí começou a gemer.

– Eu preciso voltar.

– Você não pode voltar ainda. – Maite empurrou Dulce e Anahí de volta à sala de jantar.

– Isso é importante para todas nós. Temos que encontrar Ale.

– Por que isso é tão importante? – perguntou Anahí. – Quem liga para onde ela está?

– Porque sim. – Maite fez uma pausa. – Ela está aqui com Beau.

– E? – perguntou Dulce.

Maite respirou bem fundo.

– Eu acho que Beau pode tentar machucá-la. Acho que ele quer machucar todas nós.

As meninas ficaram chocadas.

– Por quê? – insistiu Dulce, com as mãos nos quadris.

Maite olhou para o chão. Seu estômago se apertou.

– Eu acho que Beau é A.

– O que a faz pensar isso? – Dulce parecia zangada.

– A me enviou uma mensagem – admitiu ela. – Dizendo que todas nós estávamos em perigo.

– Você recebeu uma mensagem? – esganiçou Anahí. – Eu pensei que íamos contar tudo umas para as outras!

– Eu sei. – Maite encarou os sapatos Louboutins pontudos, de salto. Dentro da tenda, alguns garotos estavam dançando break num concurso. Christopher Uckermann estava tentando fazer um passo de dança chamado kickworm, e Mason Byers estava dando rodopiando sobre o traseiro. Aquela não deveria ser uma festa civilizada? – Eu não sabia o que fazer. Eu... Na verdade recebi duas mensagens. A primeira dizia que seria melhor se eu não contasse pra vocês. Mas a segunda realmente soou como se fosse o Beau... E agora o ele está aqui com a Ale, e...

– Espere, o primeiro recado dizia que nós estávamos encrencadas, e você não fez nada? – perguntou Anahí. Ela não parecia exatamente zangada, apenas confusa.

– Eu não estava certa de que era verdade – explicou Maite. Ela passou uma das mãos pelos cabelos. – Quer dizer, se eu soubesse...

– Sabe... Eu também recebi uma mensagem – confessou Dulce, calmamente.

Maite piscou para ela.

– Recebeu? Era sobre o quê?

– Não... – Dulce parecia estar medindo as palavras. – Maite, por que você estava na academia de ioga na sexta-feira?

– Academia de ioga? – Maite cerrou os olhos. – O que é que isso tem a ver com...?

– É um pouco mais do que uma coincidência – continuou Dulce.

– Do que você está falando? – gritou Maite.

Anahí as interrompeu.

– Dulce, seu recado era sobre o Chace?

– Não. – Dulce se virou para Anahí e franziu as sobrancelhas.

– Bem, que pena! – resmungou Anahí. – Eu tenho um recado de A também, e era sobre o Chace! Dizia que ele estava na Foxy com outra garota... Você!

– Vocês, hein? – advertiu Maite, não querendo entrar no assunto novamente. Então, ela franziu as sobrancelhas. – Espere. Quando você recebeu essa mensagem, Anahí?

– Esta noite, um pouco mais cedo.

– Então, isso significa... – Dulce apontou para Anahí. – Se o seu recado de A dizia que Chace estava na Foxy comigo, quer dizer que A nos viu. O que quer dizer...

– Que A está na Foxy, eu sei – terminou Anahí, lançando um sorriso falso para Dulce.

O coração de Maite deu um pulo. Estava mesmo acontecendo. A estava ali... E A era Beau.

– Vamos. – Maite as encaminhou para o longo e estreito corredor que levava à sala de leilões. Durante o dia, a sala era entulhada, decorada à maneira típica da Filadélfia, com toneladas de mesinhas baixas, retratos a óleo de homens ricos e mal-humorados, e o comum assoalho barulhento de madeira, mas, à noite, em cada mesa havia uma vela de aromoterapia, e os painéis das paredes estavam decorados com luzes multicoloridas. Quando pararam embaixo de uma luz azul, as garotas ficaram parecendo cadáveres.

– Recapitule tudo para mim, Maite – pediu Dulce, lentamente. – Sua primeira mensagem dizia que você não devia contar para nós. Mas não devia nos contar o quê? Que você recebeu a mensagem? Que A é Beau?

– Não... – Maite virou-se para encará-las de frente. – Eu não deveria contar para vocês o que eu sabia. Sobre A Coisa com Megan.

O terror apareceu nos rostos das meninas. Lá vamos nós, pensou Maite. Ela respirou fundo.

– A verdade é que... Beau viu quando Angel acendeu os fogos de artifício. Ele sabe de tudo.

Dulce deu um passo para trás e trombou com a mesa. Uma peça de porcelana balançou e, então, caiu, despedaçando-se por todo o chão. Ninguém se mexeu para limpar.

– Você está mentindo – sussurrou Anahí.

– Antes fosse.

– O que você quer dizer? Beau viu? – A voz de Dulce estava trêmula. – Angel disse que ele não tinha visto.

Maite apertou as mãos.

– Ele me disse que viu. Para mim e para Angel.

As amigas piscaram para ela, embasbacadas.

– Na noite em que Megan se machucou, quando eu corri para fora para ver o que estava acontecendo, Beau veio até mim e Angel. Ele disse que viu Angel... Acendendo. – A voz de Maite estava trêmula, ela tivera tantos pesadelos com aquele momento; era surreal estar revivendo aquilo. – Angel resolveu tomar uma atitude – continuou Maite. – Ela disse ao Beau que o havia visto fazendo algo... Horrível... E que ia contar para todo mundo. A única maneira de evitar isso seria Beau concordar em levar a culpa. Antes de fugir, ele falou: Eu vou pegar você. Mas, no dia seguinte, ele contou à polícia que havia acendido os fogos.

Maite passou a mão na nuca. Falar aquilo em voz alta a transportou diretamente para a noite da Coisa com Megan. Ela podia sentir o cheiro de enxofre do rojão estourado e o odor da grama recém-aparada. Ela podia ver Angel, seu cabelo loiro preso em um rabo de cavalo, usando os brincos de pérola em formato de gota que ganhara de aniversário. Ficou com lágrimas nos olhos.

Ela engoliu em seco e prosseguiu.

– A segunda mensagem que A me mandou dizia: Você me magoou, então, eu vou magoar você também, e que iria aparecer quando nós menos esperássemos. Um policial foi até a minha casa esta manhã e perguntou sobre Angel mais uma vez, e me ameaçou, agindo como se eu soubesse de alguma coisa que não deveria. Eu achei que Beau estava por trás disso. Agora ele está aqui com a Ale. Estou com medo de que possa machucá-la.

Demorou um tempão para Dulce e Anahí responderem. Finalmente, as mãos de Dulce começaram a tremer. Uma mancha vermelha subiu por seu pescoço até as bochechas.

– Por que você não nos contou antes? – gritou ela, incerta, para Maite, procurando pelas palavras. – Quer dizer, teve aquela vez, no sétimo ano, quando eu estive sozinha com o Beau, naquele lance de teatro! Ele podia ter me machucado... Ou a todas nós... E se ele realmente machucou Angel, nós poderíamos ter ajudado a salvá-la!

– Eu estou enjoada – gemeu Anahí, baixinho.

Lágrimas desceram pelo rosto de Maite.

– Eu queria contar a vocês, gente, mas estava apavorada.

– O que Angel disse para chantagear Beau, para que ele não contasse o que viu? – perguntou Dulce.

– Angel não me falou – mentiu Maite. Ela se sentia meio supersticiosa quanto a confessar o segredo de Beau, como se assim que contasse, um monte de raios fossem descer pelos céus... Ou Beau aparecesse, de modo sobrenatural, depois de ouvir tudo.

Dulce olhou para as próprias mãos.

– Beau sabe de tudo – repetiu ela.

– E, agora, ele... Está aqui – falou Maite. – Ele está aqui. E ele é A.

Dulce agarrou o braço de Anahí.

– Vamos.

– Aonde você vai? – perguntou Maite, nervosamente. Ela não queria Dulce fora de sua vista.

Dulce virou de volta.

– Nós temos que encontrar Ale – disse, amarga. Ela levantou a barra do vestido e começou a correr.