Fanfic: Pequenas Mentirosas - Vondy, Ponny, Levyrroni (adaptada) | Tema: Vondy, Ponny, Levyrroni

Na manhã seguinte, Maite voltou para o quarto depois de tomar um banho e notou que a janela estava aberta, toda aberta mesmo, erguida uns sessenta centímetros. As cortinas balançavam com o vento.

Ela correu até a janela, com um nó na garganta. Embora tivesse se acalmado depois de ter conseguido falar com Ale na noite anterior, isso era esquisito. Os Perroni nunca abriam os vidros, pois mariposas poderiam entrar e estragar os tapetes caríssimos. Ela fechou a janela. Muito nervosa, verificou embaixo da cama e no guarda-roupa. Não havia ninguém.

Quando o Sidekick tocou, ela quase pulou para fora das calças do pijama de seda. Achou o telefone enterrado no vestido que usou na Foxy, ela o havia tirado na noite passada e deixado numa pilha no chão, algo que a velha Maite Perroni nunca teria feito. Era um e-mail do Lula Molusco.

Cara Maite, obrigado por entregar as questões do seu trabalho adiantadas. Eu li e estou muito contente. Vejo você na segunda. —Sr. McAdam

Maite pulou de volta na cama, seu coração batia, lentamente, mas com força.

Pela janela do quarto, ela podia ver um dia lindo, um delicioso domingo de setembro. O cheiro das maçãs pairava no ar. Sua mãe, usando um chapéu de palha e calças jeans com as barras dobradas, caminhava para o fundo do quintal com o tesourão para podar os arbustos.

Ela não conseguia lidar com isso... Com toda a calmaria. Pegou o celular e apertou a discagem rápida para o número de William. Talvez eles pudessem se encontrar mais cedo. Ela precisava se livrar de Rosewood. O telefone tocou algumas vezes; então, veio o bipe que indicava bateria fraca. Demorou alguns segundos para William dizer alô.

– Sou eu – gemeu Maite.

– Spencer? – William soou grogue.

– Sim. – Seu humor mudou para irritação. Ele não reconheceu sua voz?

– Posso ligar depois? – William bocejou. – Desculpe... Ainda estou dormindo.

– Mas... Eu preciso falar com você.

Ele suspirou.

Maite assumiu um tom mais dócil.

– Desculpe. Você pode, por favor, falar comigo agora? – Ela caminhava pelo quarto. – Preciso ouvir uma voz conhecida.

William estava quieto. Maite até verificou a tela de seu aparelho para ter certeza de que a ligação não tinha caído.

– Olha só – disse ele, finalmente. – Não é a coisa mais fácil de dizer, mas... Não acho que isso vá funcionar.

Maite esfregou as orelhas.

– O quê?

– Eu achei que ia ser legal. – William soava entorpecido. Quase robótico. – Mas acho que você é muito nova para mim. Eu simplesmente... Não sei. Parece que estamos em lugares diferentes.

O quarto ficou borrado e, então, turvo. Maite apertou tanto o telefone que as juntas dos dedos ficaram brancas.

– Espere. O quê? Nós estivemos juntos no outro dia, e estava tudo bem.

– Eu sei. Mas... Deus, isso não é fácil... Eu comecei a sair com outra pessoa.

Por alguns segundos, o cérebro de Maite desligou. Ela não fazia ideia de como responder. Tinha certeza de que não estava nem respirando.

– Mas eu transei com você – sussurrou ela.

– Eu sei. Desculpe. Mas acho que é melhor assim.

Melhor... Para quem? No fundo, Maite podia ouvir a cafeteira de William apitando para indicar que o café estava pronto.

– William... – suplicou ela. – Por que você está fazendo isso?

Mas ele já havia desligado.

O visor do telefone indicava LIGAÇÃO ENCERRADA. Maite o contemplou, segurando-o com o braço esticado.

– Oi!

Maite se assustou. Mila estava parada na porta. Vestindo uma camiseta J. Crew de tecido amarelo e shorts Adidas laranja. Parecia irradiar raios de sol.

– Como foi?

Maite piscou.

– Hein?

– A Foxy! Foi legal?

Maite tentou disfarçar o seu turbilhão de emoções.

– Hum, sim, foi divertida.

– Eles fizeram um leilão de joias feias este ano? Como está o Daniel?

Daniel? Ela queria ter explicado tudo para Daniel, mas Beau tinha entrado no meio. Maite havia saído da Foxy pouco depois de ter descoberto que Ale estava bem, tomando um dos táxis que zuniam pela rotatória do Kingman Hall. Seus pais tinham reativado seus cartões de crédito, então, podia pagar para volta pra casa.

Pensar em como Daniel estaria se sentindo naquele dia a fez tremer. Eles deviam estar se sentindo da mesma forma, postos de lado, descartados. Mas o que acontecera entre eles havia sido uma coisa boba. Maite e William tinham tido algo sério... Daniel estava delirando se achava que ele e Maite tinham estado juntos para valer.

Os olhos de Maite se escancararam. Ela também estaria delirando, pensando que estava mesmo com William? Que tipo de sacana dispensa alguém pelo telefone?

Mila sentou-se ao seu lado na cama, esperando ansiosamente por uma resposta.

– Daniel foi legal. – O cérebro de Maite parecia mais lerdo que nunca. – Ele... Bem... É... Hum... Cavalheiro.

– O que tinha pra jantar?

– Hum, codorna – mentiu Maite. Ela não fazia a menor ideia.

– E foi romântico?

Maite rapidamente tentou imaginar umas cenas românticas com Daniel. Compartilhando o aperitivo. Dançando ao som de Shakira. Ela se controlou. Para que fazer isso? Já não importava mais.

O cérebro dela começou a desenevoar. Mila estava sentada ali, tentando docemente fazer um esforço para consertar as coisas. O jeito como ela tinha se interessado pela Foxy, a maneira como implorara a seus pais para a perdoarem... E Maite a tinha recompensado roubando William e afanando seu velho relatório de economia. Nem mesmo Mila merecia aquilo.

– Eu tenho uma coisa para te contar – desembuchou Maite. – Eu... Eu vi William.

Mila não deu um pio, por isso Maite continuou:

– Esta semana toda. Fui ao novo apartamento dele, na Filadélfia, conversamos pelo telefone e tudo mais. Mas... Acho que está tudo acabado agora.

Ela se curvou em posição fetal, protegendo-se para quando Mila começasse a bater nela.

– Você pode me odiar. Quer dizer, eu não a culparia. Pode ir contar à mamãe e ao papai, para eles me expulsarem de casa.

Mila calmamente abraçou o travesseiro listrado de Maite contra o peito e levou um tempão para responder.

– Tudo bem. Eu não vou contar nada. – Mila se encostou de volta. – Na verdade, eu tenho uma coisa pra contar a você. Lembra-se de sexta à noite, quando você não conseguia achar o William? De quando você deixou cinco mensagens?

Maite a encarou.

– C-Como é que você sabe disso?

Mila deu um sorriso satisfeito. Um sorriso que, de repente, deixou tudo muito claro. Estou saindo com outra pessoa, William tinha dito. Não pode ser, pensou Maite.

– Porque William não estava na Filadélfia – respondeu Mila friamente. – Estava aqui, em Rosewood. Comigo.

Ela levantou-se da cama, colocou o cabelo atrás das orelhas e Maite viu o chupão no pescoço de Mila, praticamente no mesmo lugar em que o seu tinha estado. Mila não poderia deixá-lo mais aparente nem que o tivesse contornado com caneta marca-texto.

– Ele contou pra você? – conseguiu dizer ela. – Você sabia, o tempo todo?

– Não, só descobri na noite passada. – Mila passou a mão no queixo. – Digamos que eu recebi uma denúncia anônima de uma pessoa preocupada.

Maite segurou a sua colcha. A.

– De qualquer forma – anunciou Mila –, eu estava com William na noite passada também, quando você estava na Foxy. – Ela abaixou a cabeça até Maite, com aquele mesmo olhar de desdém que ela dava quando brincavam de rainha, antigamente, quando eram pequenas. As regras do jogo nunca mudaram: Mila era sempre a rainha, e Maite sempre tinha que fazer o que ela mandava. Faça minha cama, súdito leal, Mila dizia. Beije meus pés. Você será minha para sempre.

Mila deu um passo em direção à porta.

– Mas eu decidi esta manhã. Não disse a ele ainda, mas William, realmente, não é pra mim. Então, nunca mais o verei de novo. – Ela fez uma pausa, mediu suas palavras e então deu um sorriso falso. – E pelo jeito que as coisas estão indo, acho que você também não vai vê-lo nunca mais.