Capítulo 1 - O Que Acontece Na Balada, Fica Na Balada

É meio difícil saber como começar uma história, ainda mais essa história que não conta somente uma grande parte da minha vida, mas também a de amigos muitos queridos. Mas acho melhor começar apresentando pra vocês quem somos, não é mesmo? Bem, eu quero falar que meu nome na verdade é Renato Almeida, hoje tenho 26 anos e trabalho no setor jurídico de um banco, um rapaz comum. Mas teno ho que te dizer que essa história não começa aqui. Pra te falar a verdade, ainda estou vivendo muita coisa que não acreditava viver e pasmem com o spoiler que eu vou dar sobre o final: hoje eu estou casado. Sim, o casamento foi até mesmo esses dias atrás, se eu te conhecesse talvez eu teria mandado um convite... Ah do que eu estou falando, vai chegar o momento que você vai estar no meu casamento, mas não agora okay, até porque nenhuma história de amor começar nos felizes para sempre, não é mesmo?

Mas essa não é uma típica história de amor. Até porque já muda do padrão pelo fato de quem termina juntos é um homem e um homem, não um homem e uma mulher. Okay, hoje em dia é super normal um casal gay casando e vivendo na sociedade mas há 10 anos atrás não era tão fácil assim e é lá que essa história começa. 

Abril de 2008

A cidade mineira de Ponte Negra é uma cidadezinha que não tem muitos habitantes. Uns 50 mil no máximo, aquela velha cidadezinha onde todos se conhecem e que só tem uma rua que está concentrado todo o comércio e turismo da região. E nessa cidade que mora Renato Almeida. Renato é um jovem de 15 anos que está no primeiro ano do seu ensino médio. Possui os cabelos pretos e sempre bagunçados, é um pouco mais alto que a maioria dos seus colegas e também um pouco magro e a maioria das suas roupas dá a impressão de que ele é uma pessoa muito desengoçada. Um pouco tímido, ele dá orgulho para os seus pais quando se fala de notas e estudos. 

No momento, Renato está desenhando na última folha de seu caderno alguns símbolos aleatórios. A aula que está tendo é de português, e enquanto a professora explica sobre orações subordinadas, o garoto está pensando em como queria estar em casa para poder dormir mais um pouco, já que na noite passada ficou acordado até tarde jogando video-game.

--Renato, olha isso aqui. - Larissa, uma garota de cabelos castanhos escuros cutuca o garoto, tirando-o de seu devaneio e mostrando uma mensagem em seu telefone celular.

--Parece que a turma do segundo ano vai fazer uma festa hoje a noite.  A gente podia ir né? Sua mãe e seu pai são de boas e eu posso pedir pro Marcos buscar a gente.

Larissa é uma garota milionária, bem conhecida na cidade e uma das mais ricas. Ela sonha em ser conhecida no Brasil inteiro e investe seu tempo postando coisas no Orkut e também gravando alguns vídeos do seu dia a dia e colocando numa plataforma de vídeos na internet chamada YouTube.

Naquela época moçada, as diversas redes sociais estavam ainda tomando força no Brasil. Não existia Whatsapp e pra digitar uma letra no celular você precisava teclar a mesma tecla três vezes. As mensagens eram enviadas por meio de torpedos ou sms. Bem idade da preda, não é?  Ah, e Marcos é o motorista da garota. Os pais dela mexem com produtos de agropecuária e possuem fazendas no local e são bastante conhecidos inclusive pelos políticos da região.

--Você sabe o que aconteceu da última vez que eu saí ne? Eu bebi pela primeira vez e acabei vomitando na sala e minha mãe ficou sem conversar comigo por uma semana. Não sei se ela vai deixar eu sair de novo.

--Ah bobagem, eu falo com ela. E outra, você vem fechando todas as provas. Você precisa mesmo estudar. Vai eu, você e Ricardo. Já vou mandar um sms para ele. - Larissa digita enquanto conversa com o seu amigo. Em seguida seu celular vibra. - Prontinho, eu te busco às 20:30.

--Tá bom. Mas é melhor a gente prestar atenção nessa matéria pois ela vai cair na prova de segunda.

--Eu já passei de ano, esqueceu ? Dá um cheque bem grande pra diretoria e você consegue ser a rainha desse colégio. - A garota ria de seu próprio convencimento.

--A gente percebe que dinheiro não compra mesmo inteligência. - Uma garota de cabelos pretos e usando uma maquiagem bastante escura fala de uma carteira na fileira ao lado, olhando com desdém para Larissa. Essa garota se chama Lorena.

Lorena sempre pegou no pé de Larissa e seus amigos, e muitos acham que a garota tem mesmo é inveja. Porém, tem mais caroço nesse angu meus amigos e vocês vão descobrir só se continuarem a ler essa fic... É sério, é uma parada muito doida. Eu fiquei impressionado quando descobri, e isso quase custou a vida da Lorena. Mas vamos continuar nossa história.

--Na verdade dinheiro compra tudo Lorena, é só você que não conhece a loja certa. -- Larissa debochava da colega que amassava uma folha de papel e olhava com muita raiva para a garota.

--Silêncio por favor! Ou vou ter que pedir para saírem da sala - A professora Albertina falava brava pois todo esse cochicho estava atrapalhando sua explicação sobre as orações subordinadas assertativase todas as regras chatas que existia de Português. 

E então, parando com a rixa os três alunos voltam a prestar atenção, ou quase, na aula.

20:30 e um carro buzina na porta da casa de Ricardo. Ricardo é um jovem garoto loiro que usa óculos pois não enxerga muito bem sem eles. Tem um ótimo dom para fotos e costuma tirar algumas em seus tempos livres para amigos e parentes. Larissa tem vários álbuns de fotos graças a esse amigo. Ricardo sai da sua casa e entra no carro de Larissa. A garota está com um belo vestido rosa e ao lado está seu amigo Renato.

--Nossa, você está mesmo bonita. - Ricardo dizia, meio abobalhado. É porque Ricardo tinha uma paixão por Larissa, mas ela não percebia. Ou fingia não perceber.

--Obrigado, você também tá bonito. Entra aí, a festa já deve estar bombando. Começou 19:00.

Todos os três chegavam no local da festa. Uma chácara próximo da cidade. Alguns jovens estavam bebendo na porta e o som estava bastante alto. Larissa, Ricardo e Renato entravam na chácara e já observavam todos ao redor. Depois de cumprimentar alguns conhecidos, os três seguem em direção à área da piscina.

--Esta festa está cheia de homens bonitos. - Larissa dizia enquanto tomava uma Ice e olhava ao redor.

--E-e-e mulheres também. - Ricardo completava. Mas sem tirar os olhos de Larissa.

Então, começa a tocar Hot`n`Cold da Katy Perry.

--EU AMO ESSA MÚSICA. VAMOS DANÇAR. - Larissa gritava e segurava as mãos de Ricardo e olhava para Renato indicando com a cabeça a pista de dança.

--Eu vou no banheiro, encontro você lá. - Renato dizia, e Larissa balançava a cabeça enquanto puxava Ricardo.

Renato não era de beber muito, mas o pouco que bebia o fazia querer ir ao banheiro e também o deixava um pouco bêbado. Ele tinha tomado três ice desde que chegou e estava andando meio cambaleando. A fila do banheiro não estava longa, mas tinha um corredor para se passar antes. O garoto segue andando mas não percebe que um garoto estava saindo de dentro do banheiro e acaba trombando nele.

Sem querer, Renato derruba sua ice na roupa do garoto que o empurra.

--Presta atenção por onde anda porra! - O garoto, que parecia ser do segundo ano, dizia esfregando a sua camisa e olhando com raiva para Renato.

--Desculpa, eu to meio... Acho que to meio bebado. Deixa eu te ajudar com isso. - Renato vai pegando na camisa do garoto, tentando tirar ela, mas então ele o empurra novamente para trás.

--Você é viado é porra? Não encosta em mim não. Vaza, vaza daqui! - O garoto dizia, e então saia de perto do Renato empurrando ele contra a parede. Envergonhado, o garoto corre para o banheiro.

Renato encontra Larissa e Ricardo dançando na pista de dança. Ele começa a dançar junto com a garota e então percebe que mais uma pessoa está ao lado dela. É o garoto que ele tinha derramado bebida na entrada do banheiro. E pelo visto ele resolveu o problema da camisa molhada simplesmente tirando ela. E convenhamos, ele tinha um físico maravilhoso. Dava para contar certinho os gominhos de seu abdomen e Renato não conseguiu disfarçar muito bem que estava reparando até demais em seu peitoral.

--Renato, esse aqui é o Gustavo, ele é do segundo ano lá da escola. - Larissa dizia, já meio bêbada e Ricardo ficava calado sem nem mesmo olhar para a garota.

--Ah você é o viadinho que me derramou bebida. Não sabia que você era amigo dela! E aí, mano? Tá melhor? 

--Eu... Eu to sim. Me desculpa mais uma vez. - Renato respondia, não antes de ficar vermelho.

--Não chama meu amigo de viadinho. Ele só é tímido, coitado. Estuda demais, mas aposto que vai pegar todas hoje não é Renato? - Larissa gritava para o amigo com um sorriso enquanto abraçava o pescoço de Gustavo.

--E eu vou pegar você, não é gata? - Gustavo dizia terminando então dando um beijo em Larissa.

--Eu vou pegar mais bebida. - Ricardo falava sério e saia sem olhar para trás em direção ao bar da festa.

Enquanto Gustavo e Larissa se beijavam, Renato decidiu curtir um pouco mais a música e evitar ficar de vela.

Já havia passado um bom tempo da festa e Renato estava junto com o Ricardo numa pista já praticamente vazia. Aparentemente, Gustavo e Larissa saíram para o meio das árvores da chácara para se conhecerem melhor, mas já estava dando quase 2 horas e Renato precisava ir embora.

--Fica aqui e eu vou atrás daqueles dois. - Renato dizia para Ricardo enquanto seguia em direção às árvores no quintal da chácara.

Ele andava em meio as árvores e percebia que o local era bastante escuro e propício para que eles pudessem fazer coisas de adolescentes ou adultos pervetidos naquele lugar. Renato ria com a própria ideia obscena que vinha na cabeça mas não encontrava os dois, somente alguns casais aleatórios. Então, ele vê um garoto sem camisa.

Parando para observar ele vê que o garoto é o Gustavo, mas ele está sozinho e mijando em uma árvore. Curioso, Renato começa a se aproximar sem deixar que o garoto perceba. Ele queria dar uma olhada no que a Larissa iria aproveitar aquela noite. Mas ele não percebeu que Gustavo já tinha percebido sua aproximação.

--Quer dar uma pegada, cara? - Gustavo dizia.

--Quê? Não, desculpa, eu to procurando a Larissa. - Renato dizia, mais uma vez constrangido.

Gustavo então se vira para o garoto, ainda com o seu membro do lado de fora da calça. Renato procura olhar para cima ou para os lados, mas era difícil disfarçar que na verdade ele tava gostando de ver aquela cena.

--Você tem que parar de pedir desculpas e aproveitar, olha, eu não vou contar pra ninguém e se você falar alguma coisa eu te quebro a cara. E aí? Quer dar uma pegada?

Gustavo dizia enquanto balançava o seu membro. Renato sorria. Ele tinha tido relações com um homem uma vez na vida e foi com um primo alguns meses atrás. Brincadeira de adolescente, mão boba ali outra aqui, quando viu estava já em cima dele.

--Mas e a Larissa, pô? - O garoto ainda estava preocupado com a amiga dele.

--Bom, eu não sei onde ela foi. Mas eu sei o que eu to precisando agora.

Gustavo então puxa Renato e o joga contra uma árvore. Ele se aproxima do garoto para dar um beijo mas para, pega sua cabeça e abaixa Renato para que ele pudesse usar sua boca para outra coisa.

Alguns minutos depois, Renato volta para onde Ricardo está e encontra ele sentado em uma cadeira de plástico e Larissa em outra, dormindo no ombro do amigo.

--O que você tava fazendo? Ela apareceu assim que você saiu. Podemos ir agora, ela desmaiou aqui. -- Ricardo dizia.

Renato sorria e então balançava a cabeça. Um homem esbarrava nele indo em direção à saída da chácara. Era Gustavo já vestido com sua camisa molhada de Ice que Renato tinha derramado.

--Falou Gustavo. - Renato dizia. Porém era ignorado.

Gustavo vai embora sem nem ao menos olhar para trás e despedir do garoto.