Fanfics Brasil - 12 Show De Vizinho { Vondy } Finalizada

Fanfic: Show De Vizinho { Vondy } Finalizada | Tema: CyD


Capítulo: 12

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POVS CHRISTOPHER 


 


Cinco anos atrás  


 


A porta do elevador se abre no último andar do glorioso prédio da Farrah, a maior empresa do ramo de construção e imobiliário de Miami.


Saio dele, mantenho as mãos no bolso e sigo para a minha sala, após mais um contrato milionário fechado.


Eu trouxe essa empresa para o século XXI. Tornei-a ágil, única, não há mais competição. Matei todos os tubarões do mercado ao nosso redor e agora o foco era expandir para o país, quem sabe, para a América Latina, o que seria uma aventura perigosa, já que a LEÃO&DOURADO domina absoluta tudo do México para baixo no mapa.


Mas preciso ser ousado, sei que sou capaz. Sonhar pequeno e sonhar grande dá no mesmo, então, o que me custa tornar a Farrah maior, mais influente e poderosa do que a lendária L&D?


Antes de chegar à minha sala presidencial, Lety, minha secretária,murmura:


— O seu pai veio vê-lo, senhor — ela avisa sem fazer alardes e mantém o rosto abaixado, mexendo nos papeis.


Não tenho tempo de agradecer. Entro no espaçoso escritório e o vejo sentado em minha cadeira.


— Aproveitando a vista, eu suponho — desabotoo o terno e ando até ele. 


Carlos Farrah, o meu pai, é muitas coisas. Um homem com sede de poder, certamente; um controlador nato, é claro; e alguém que não sabe contornar assuntos ou abordar temas com calma, isso é nítido. Ele gosta de ir direto ao ponto.


— Por quanto tempo você acha que podia esconder isso de mim? — ele rosna.


— Esconder o quê? Que sou mais talentoso do que pensei? — fecho o punho e o deslizo para cima e para baixo no terno, me gabando. — Ou que eu poderia levar essa empresa familiar para outro patamar? Estamos expandindo, pai! Somos a droga do Império Romano, nesse momento!


Não parece que é sobre esse assunto que iremos tratar e isso me desestimula. Não iremos comemorar os louros da vitória?


— Eu pensei que você me daria algum orgulho, mas...


— Do que o senhor está falando? — pouso a mão na mesa de mogno escuro e o encaro, preocupado.


— Você pensou mesmo que poderia mentir para mim? Que poderia esconder seus segredinhos e me olhar, dia e noite, com a cara lavada? Você é uma decepção, Christopher.


— Isso é algum tipo de brincadeira? — procuro as câmeras. Só pode ser uma daquelas pegadinhas, não é possível.


— Graças a Deus, você tem um pai que sabe dar cabo dos assuntos.


Então está resolvido.


— Podemos ir direto ao ponto?


— Você não pode ser pai! — ele diz colérico, explode sem avisar.


— Eu aqui, tentando construir laços, praticamente estou te dando de bandeja para a filha do governador ou até me dê tempo para conseguir uma mulher adequada, filha de político, de gente que pode contribuir com a nossa causa.


Sem palavras, é como eu fico. Não pensei que conseguiria esconder isso para sempre, mas... como ele descobriu?


— Você tem duas opções — ele retorna ao estado normal, passa a mão nos cabelos, asseando-os para trás e olha para a janela. — Aborto ou destruir a vida dessa desgraçada.


— Pai...


— Não há problemas em ter bastardos. Você acha que não tive os meus, porra? Todo homem tem segredos para guardar e é bom que a maioria deles esteja a sete palmos do chão. Olhe só para você, Christopher.Jovem, promissor, inteligente, um bom arguidor. É bonito! De boa família!


— Eu não acho que... — tento construir um argumento, mas ele não me permite.


— A porra da filha de uma professora, Christopher? Que futuro uma mulher dessas pode te dar? Vai construir o seu Império Romano com o quê? A plebe? Água e óleo não se misturam.


— Como o senhor descobriu?


— Eu tenho os meus modos e não serei questionado — ele é resoluto. — Não me faça tomar tudo o que eu te dei! Você não existe sem mim! Você é o meu filho, o meu herdeiro e eu te criei para ser o dono do trono. Mas o que você vai? Procriar com gentezinha. Meu Deus... onde errei?


— Pai.


— Não me dirija a palavra! — ele diz. — A não ser que tenha escolhido entre o aborto ou destruir a vida dessa desgraçada. Não terei netos que fujam dos altos padrões que temos, Christopher! Pense bem! Engravidasse a porra da filha do presidente! Do governador! De um bilionário! Mas não a de uma professorazinha! — ele vocifera.


— É a sua palavra final? — tento segurar a emoção. Sou bom nisso.


Mas não o suficiente quando o meu pai diz:


— Se tomar a decisão errada, você não será mais o meu filho. E eu vou tomar tudo o que te dei e irei destruir a sua vida.


Isso doeu. Mais do que eu poderia imaginar que palavras pudessem doer.


— Você é o rosto do Império, filho. Você é a Farrah. Você é o CEO que comanda tudo isso e eu estou orgulhoso do seu trabalho — ele me acaricia com as palavras agora, mas sei que em seguida terei seu golpe de misericórdia: — Mas terá de escolher entre ter a merda desse bastardo ou continuar a ser o dono do Império.


Ele respira fundo como se isso pudesse apagar seus gritos e acusações, suas ordens insanas e suas palavras que acabam comigo.


— Essa é a minha palavra final — ele diz calmo, como se tudo estivesse bem agora.


 


Atualmente


 


  Com o abafador de som na orelha, Nicolas volta a ficar equilibrado e quase que de imediato abstrai que Vincent está ali, que o odeia com força e odeia ainda mais aquela música. Assim como metade daquelas crianças também odeiam. 


 Tem sido desafiador ser pai desse rapazinho.


E eu não sou de fugir de desafios, tenho buscado ser o melhor pai do mundo que ele poderia ter.


Crianças como Nicolas demoram até apresentar interesse por alguma coisa. Ele não é como qualquer garoto que vê uma bola ou algo brilhante e imediatamente fica encantado. Ele se encanta por coisas específicas, assim como todas essas crianças.


Nicolas tem muito interesse pelas formigas. Assim como seus coleguinhas tem interesses pela tabela periódica, por dinossauros ou carrinhos...


Vincent tem interesse nessa música. Em específico. Ele não para de escutá-la. E isso atormenta todo mundo.


O que nós, como pais de crianças assim tentamos fazer é tentar aproximá-los, mostrar desde cedo que existem outras crianças como eles,para que no futuro ou em algum momento eles possam desabafar, ajudar ou criar alguma empatia pelos coleguinhas.


Nicolas até consegue, com alguns. Com Vincent não, ele o odeia.


— Agora está melhor, filho? — me ajoelho ao lado dele e vejo se os abafadores estão bem colocados e se está tudo bem.


Nicolas toca o vidro do aquário de formigas e acompanha com os olhos os trajetos que elas fazem.


— Filho? — continuo ao lado dele, encarando-o.


Mas Nicolas me ignora. Às vezes é assim, é como se eu não estivesse ali.


No início eu pensava que era desinteressante. Que nem mesmo o meu filho me dava bola, não ligava para a minha presença... 


Nicolas “fugiu” de casa várias vezes. Não porque ele é rebelde ou não se sinta confortável... ele só não sentia que pertencia.


Pertencer é uma coisa importante e bem difícil.


E crianças como Nicolas às vezes dissociam completamente identidades ou importâncias e se concentram no que lhes desperta interesse.


E esse menino é o meu maior interesse. Eu sinto, dentro de mim,que de alguma forma eu pertenço a ele.


A casa não seria a mesma sem Nicolas, a minha vida não seria a mesma sem ele e quem eu sou e me tornei não existiria sem ele.


Pode ser, sim, que para Nicolas eu não esteja aqui, agora.


Mas para mim, ele sempre estará aqui e eu sempre me dedicarei a ser o melhor para ele. Infelizmente eu sou tudo o que ele tem, então preciso me esforçar de verdade.


— Ainda estou aqui — beijo o ombro dele. — E sempre que precisar de mim, eu vou vir e vamos resolver tudo, absolutamente tudo juntos — não sei quantas vezes já disse isso, mas repito.


Direi quantas vezes forem suficientes até que ele se lembre ou aprenda.


Nicolas vira o rosto devagar para mim e aparenta surpresa ao perceber que ainda estou aqui. O surto de raiva passou, ele já está mais tranquilo e já pode retornar para o que estava fazendo.


E eu vou estar ao lado dele, antes do surto, no surto, depois do surto.


Enquanto eu estiver vivo.


— Toma carinho — ele passa a palma da mão aberta no meu nariz umas duas vezes e sai andando para a cozinha. 


 


POVS DULCE  


 


Christopher abaixa o volume da televisão, o que faz com que o tal menino Vincent fique agitado. Daí ele desaparece pelo corredor por alguns segundos e retorna com um celular e fones de ouvido, coloca no menino e desliga a TV. O menino continua olhando para o eletrodoméstico desligado,mas continua se divertindo.


— Uau — é tudo o que consigo dizer quando Christopher está de volta ao meu lado.


— O que foi? — ele se diverte.


— Imagino que... todos eles têm gostos únicos e algumas vezes entram em choque, como o garoto que gosta de ouvir o Baby Shark.


— Pois é — ele assente.


— Desculpe-me se eu estiver sendo indelicada ou fazendo as perguntas erradas, mas... não te cansa? Eu já teria surtado, de verdade. Você foi bem inteligente de ter colocado a música nos fones de ouvido para ele,acho que foi isso que fez, certo?


Ele respira demoradamente e me olha da mesma forma, parece que está apreciando meu rosto ou algo assim.


— Cansa, é claro — ele diz. — Principalmente depois de umas cinquenta quartas-feiras o Vincent ficar horas e horas seguidas ouvindo a música favorita dele. Mas quer saber?


— Hum. 


 — Eu também tenho os meus gostos estranhos. E você deve ter os seus. Mas o Nicolas me ensinou algo muito precioso. Algo que se eu aprendi na escola ou em qualquer outro lugar, não dei valor como dei ao que ele me ensinou.


— E o que ele te ensinou? — pergunto, não consigo conter a curiosidade.


— Um momento — ele pede. — Vamos ver se ele está disposto a nos ensinar.


Christopher chama Nicolas, mas ele não vem. Então ele pega o aquário de formigas de onde está e traz para perto de mim, coloca em cima da mesa.


O pequeno instantaneamente vem e fica entre nós, apreensivo, ao que parece, para tentar entender o que o pai quer tirando o aquário do lugar onde ele deveria estar.


— Nicolas — ele mexe nos abafadores de ouvido e os afasta um pouco. — Conta pro papai, por que você gosta de formigas?


— Mas eu já te falei! — ele cruza os braços, aparentemente ofendido.


— Eu sei, eu sei que você me falou e eu lembro de cada palavra que você disse — Christopher sorri de um modo angelical que é diferente de todos os sorrisos que trocamos até agora.


Parece que a sua criança interior está conversando com o filho e isso é fascinante.


— Mas a Dulce... — ele segura a minha mão e me puxa para perto.— Ela quer saber porque você gosta de formigas. A Dulce gosta muito de formigas.


Nicolas se vira para mim, de supetão. 


— Gosta?


— É claro que gosto — me agacho para encará-lo. Não sei se tocálo é uma boa ideia, então me contenho a abrir o meu melhor sorriso.


— Fomigas — ele começa assim, enche bem os peitos para começar a falar, parece que tem muito a me dizer. — As fomigas vivem em colônias,assim ó — ele faz o sinal de “muito” com os dedinhos. — Elas são fortes e sabem se comunicar sem precisar fazer barulho.


Que menino inteligente! No início era monossilábico, agora está me dando uma aula!


— As fomigas são fortes e conseguem carregar coisas muito mais pesadas que elas mesmas — ele abre as duas mãos e as joga para os lados.— E o mais importante! — ele aponta o indicador para mim.


— Estou ansiosa para ouvir — me aproximo dele.


— Quando uma fomiga encontra algo que é muito, muito, muito pesado de carregar... ela chama as outras amigas, as fomigas da colônia. Elas fazem pontes, com os próprios corpos. E se juntam para carregar qualquer peso, porque elas sabem que se uma fomiga não for forte para suportar... — ele faz uma pausa. — Ela tem toda a colônia para ajudar.


Não sei se sou boba ou o quê, mas... acho que tem um olho nas minhas lágrimas.


Parada, do jeito em que estou, continuo a encará-lo, enquanto sinto uma lágrima escorrer do meu olho. Esse menino talvez não tenha ideia do que ele acabou de me dizer... do subjetivo da coisa... é tão precioso que...não sei se um dia ele, na sua condição, irá alcançar o que isso significa.


Nicolas é muito mais inteligente do que aparenta ser. Talvez seja mais inteligente que muitos adultos que conheci. 


E com essa simplicidade e esse jeito de gostar das formigas, ele dá uma lição muito importante.


— Dulce gosta de fomigas — Nicolas diz para o pai.


Christopher agradece ao filho e me olha, como se um dia seus olhos tivessem brilhado, como os meus. E as lágrimas tivessem sido suas. E a sensação de que aquele menino era um pequeno gênio, em sua simplicidade, fosse antiga e verdadeira.


— Você me fez gostar muito mais das fomigas agora, Nicolas — digo a ele, emocionada.


Tenho sua atenção por cinco segundos inteiros. Ele não esboça nenhum sorriso ou qualquer outro tipo de reação.


Vê o pai pegar o aquário para devolver ao lugar de origem e vira o corpo nessa direção e sai andando do seu jeito caricato, como se não tivesse me dito nada.


Mas ele me disse tudo. 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


Um Feliz Natal Ah Todos Vcs Meus Amores.



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Autor(a): Lene Jauregui

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 231



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  • dayanerodrigues Postado em 09/05/2020 - 23:23:22

    ameeiiii essa fic. Principalmente a abordagem sobre o autismo. A parte que Nicolas explica por que ama as formigas é muito lindo, quase chorei. Tenho um sobrinho autista e me identifiquei muito com essa fic

  • rt1508 Postado em 24/01/2020 - 22:53:37

    Que pena que acabou, essa fic é maravilhosaa, uma das minhas preferidas, estarei no aguardo para quando você voltar

  • evil_queen Postado em 24/01/2020 - 15:24:20

    Já acabou????estou chorando kkkk amei demais a história, espero ler outra logo

  • nat.vondy Postado em 24/01/2020 - 11:54:35

    Oh que pena que chegou ao fim, com certeza é uma das minhas fanfics preferidas, lindo o final vondy

  • Annytequila Postado em 24/01/2020 - 00:52:35

    Como assim a acabou???? Ja quero uma fic nova .... amei <3

  • mari_vondy Postado em 24/01/2020 - 00:19:02

    ah, que pena que terminou, amei tanto o final e estou ansiosa pra ler outra fica sua

  • ana_vondy03 Postado em 23/01/2020 - 22:46:23

    Aaaaaa espero por outra fanfic maravilhosa como essa S2

  • carolinevondyzinha Postado em 23/01/2020 - 17:23:11

    Ai eu amo uma família o Nicolas é tão bb, vontade de guardar em um potinho <3

  • millavondy36 Postado em 23/01/2020 - 17:13:51

    Continuaa!!!!!

  • millavondy36 Postado em 23/01/2020 - 17:13:37

    Nicolas sendo o melhor desde sempre!!!Ri muito deles vestidos de formigas kkkk!!!


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