Fanfic: Show De Vizinho { Vondy } Finalizada | Tema: CyD
POVS CHRISTOPHER
Infelizmente Dulce não pode me acompanhar na viagem para Nova York. O que era uma pena, queria que ela pudesse rever sua família e passar um tempo com ela, mesmo que curto.
Assim que o avião pousou, peguei um carro que me aguardava e fui direto para a Trojan Horse Security, a lendária empresa de Ethan Evans,hoje sob as mãos do CEO Anthony Mitchell, um cara extremamente habilidoso e inteligente e que ampliou o catálogo da empresa para inserir robótica.
Assim que o carro chega na avenida mais movimentada de prédios comerciais, vejo um que é recoberto por um material estilo espelho, que reflete tudo o que vem de fora. E por dentro, assim que entro, vejo as paredes de vidro.
Aqui não é apenas a empresa de Ethan, mas a sua casa. Ele e sua família moram numa incrível mansão no subsolo, que aliás, é cheio de conexões com toda a cidade.
Ajeito o sobretudo no corpo por causa do frio e dou alguns passos até o elevador que é reservado apenas para a família. Não preciso mostrar identidade nem nada, sou rapidamente reconhecido e entro nele.
Em seguida, duas pessoas entram também.
— Anthony? — pergunto ao apontar para o homem de olhos azuis bem expressivos e a face lânguida. — Você deixou o cabelo crescer. Legal.
Anthony aperta a minha mão, mas não sorri, sempre mantém aquela expressão séria e impenetrável.
— Tio Ethan me disse que você vinha hoje, então fiquei de tocaia para recebê-lo. Você vai ter tempo para ver os projetos que andamos criando? — Anthony não perde tempo. Não é apenas um gênio da robótica, é curto e grosso, um bom negociador e profissional ao extremo.
— Sim, sim. Na verdade, se eu tiver tempo após ver a sua mãe,quero ver tudo — aceno para ele e viro o rosto para o outro lado, onde vejo uma moça.
Seu rosto é bem bonito e seus cabelos pretos descem em caracóis.
Mas o que chama a minha atenção são os seus olhos: um é verde e o outro é azul.
— Essa é Victória Leão — Anthony a apresenta, mas em sua voz há um quê de embargo. — Imagino que você esperava encontrar a Maria Eduarda Dourado hoje, mas a Victória é a futura CEO da LEÃO&DOURADO e tem tomado a frente das coisas da empresa.
— Senhorita Leão — aperto a mão de Victória.
— Vai ficar muito tempo conosco, senhor Uckermann? Gostaria de ver umas minúcias do seu acordo com a L&D.
— Só por hoje. Preciso voltar para Miami, mas podemos conversar no jantar ou até mesmo por chamada de vídeo depois, sem problemas.
Victória faz que sim, passa a mão pelos cabelos e olha para Anthony de esguelha. Ele olha para ela de esguelha. Tenho a leve sensação de que estou no meio de um tiroteio, como naqueles filmes do velho oeste.
— Vocês parecem tensos — coço a ponta do nariz.
— Não — os dois dizem juntos e se encaram. Consigo até ver os raios saindo de seus olhos.
— É que tivemos... bem... uns enganos — Anthony tenta se explicar, mas não é bom com isso.
— Eu não me enganei com nada — Victória diz com um semblante leve e pleno. — Vim fazer o meu trabalho e estou fazendo — ela sacode os ombros. — Mas alguém não é atencioso o suficiente.
— Atencioso? Eu sou extremamente atencioso — Anthony rosna e a encara com ódio.
— Atencioso até demais. Cuidado com a atenção dele — Victória se vira para mim. — Ele pode acabar tirando a roupa... por ser atencioso demais — ela provoca.
— Você não me impediu e gostou — ele rosna.
Tá. O que está acontecendo aqui?
— Eu fiquei surpresa e fui na sua onda. Tinha negócios a resolver e pensei que essa era a sua forma de lidar com eles — ela move a cabeça sutilmente.
— Eu tinha negócios aquele dia com uma acompanhante de luxo e você chegou, sem avisar, não disse do que se tratava e eu resolvi os “meus” negócios. Me desculpe — ele cruza os braços e a encara com ódio.
— Está desculpado — ela também cruza os braços e o encara com ódio.
— Acreditem, quando eu digo isso — passo a mão pelo ombro de Anthony e pelo de Victória e os aproximo do meu corpo. — No mundo animal eles têm a dança do acasalamento. E nós, meus caros, temos isso.
— Isso o quê? — os dois perguntam juntos, furiosos.
— Exatamente isso — dou uns tapinhas nas costas deles. — Façam o que tiverem de fazer, mas arrumem um quarto. Por favor.
Salvo pelo gongo ou pelo elevador, vejo a passagem se abrir e sigo meu destino, deixando-os discutir animosamente sobre arrumarem um quarto ou coisa do tipo.
Diferente da empresa, a parte do subsolo possui paredes normais,então caminho pelo corredor sem ver quem está nos cômodos. E antes que eu chegue na sala de estar, sou abordado por Beatriz Mitchell.
— Dra. Mitchell! É bom vê-la, estou ansioso para ouvir o seu feedback.
— Olá, Christopher! Como foi a viagem?
— Já me acostumei com esses bate-volta de Miami para Nova York,então estou bem.
— Ótimo! — Beatriz ajeita os óculos com hastes douradas e me aponta a porta à esquerda. — Nicolas está com o Noah e o Allen na sala de estar, então podemos conversar reservadamente aqui.
— É claro — a sigo até a sala de jogos, onde já vejo de cara uma mesa de sinuca e vários aparelhos antigos de jogos.
Beatriz ajeita a saia branca antes de se sentar na poltrona e coloca as mãos no colo. Pega um celular grande e começa a abrir arquivos, talvez em busca de suas anotações.
Sento-me na poltrona preta diante dela e olho ao redor. A sala é cheia de relíquias.
— Primeiramente, eu estou feliz e surpresa de ver que o Nicolas teve um avanço muito grande.
— Eu também — digo imediatamente.
— Ele tinha dificuldades no início para falar e depois para pronunciar as palavras, mas desde que descobrimos no que ele realmente tem interesse, pudemos trabalhar com tudo isso. Preciso parabenizá-lo, Christopher. Estou realmente surpresa que você fez todo o trabalho sozinho!
— Você é mãe e pode me entender — cruzo as pernas. — Eu não queria perder nenhum momento dele, sabe? Eu o vi andar pela primeira vez.
E aprendi com o tempo o que cada gesto e barulho que ele fazia significavam... e fiquei preocupado no início com medo de que Nicolas nunca fosse falar...
— Sua próxima missão é fazê-lo parar de falar — ela ri e acaba me contagiando. — Brincadeira.
Beatriz estende seu celular para mim e consigo ver suas anotações.
— Nas últimas semanas temos exercitado com o Nicolas o fato dele criar empatia e demonstrar que se importa e está interessado com o mundo ao seu redor. E ele está. Só que tem interesses específicos. Agora que demos esse passo, preciso que treine com o Nicolas os sentimentos, necessidades e vontades dele.
Pedi que ele começasse a dizer o que quer, objetivamente.
— Aham.
— Isso vai facilitar muito a sua vida. Não vai mais precisar ficar 24h o observando, tentando entender qual sinal é o de dor, o de fome, o de medo, o de desejo... Nicolas está aprendendo que precisa se comunicar abertamente com as pessoas.
— Logo agora que estava me tornando expert em expressões faciais e gestos? — me divirto.
— Você vai continuar a aprender sobre isso, mas fará bem, tanto a ele, quanto a relação de vocês dois que vocês se comuniquem com franqueza. Nicolas está aprendendo que a empatia é uma via de mão dupla: quando ele se importa com os outros, os outros também se importam com ele. E o que é necessário que ele absorva nesse momento é que ele precisa externar o que está em sua cabeça. É claro, aquilo que for importante transmitir. Tem coisas que não precisam ser ditas, e confio que você o ajude nessa tarefa.
— É claro.
— Dito isso, Nicolas evoluiu bastante e eu estou feliz que vocês dois estejam em sintonia.
— Ouvir isso significa muito para mim, obrigado.
Devolvo o celular para Beatriz.
— Você acha que... o Nicolas um dia vai conseguir ter uma vida normal? — pergunto.
— Quem de nós vive uma vida normal? — ela retruca e ri.
Pensando por esse lado...
— O Nicolas não é diferente das outras pessoas. Todos nós vivemos,construímos e nos comunicamos de acordo com os nossos gostos. O detalhe é que temos muitos gostos e nos comunicamos com rapidez, o que é, afinal de contas, uma exigência do mundo moderno.
— Sim — concordo com a senhora Mitchell.
— Até agora só descobrimos um gosto do Nicolas, que é pelas formigas. E apenas com isso, ele aprendeu diversas palavras, além de que você sabia que ele sabe falar “formiga” em vinte idiomas?
— Sério? — junto as mãos e me inclino.
— Pedi que o Noah pesquisasse historinhas sobre formigas em diversas línguas e ele comprou diversos livros, cheios de ilustrações, de dez idiomas diferentes. Acredite, Nicolas têm cinco anos e imagino que em menos de três meses ele vai saber cada palavra daqueles livros. Entende onde quero chegar?
— Acho que sim.
— Nicolas tem o seu próprio tempo e o seu próprio espaço, Christopher. E ele está ansioso para conhecer o mundo, mas para isso ficar mais atrativo,ele se concentra nas formigas. Talvez esse seja o único interesse dele...talvez você descubra cinco, dez, cem ou mil outros interesses... o importante é que você trabalhe esse tema. Por que é isso que prende a atenção dele. E a partir desse tema você expanda tudo: vocabulário, conhecimento, regras sociais e de etiqueta, valores, moral...
— Compreendi, parece tudo mais claro agora. Obrigado.
— No Brasil houve um educador chamado Paulo Freire. O método do Freire é muito famoso, principalmente em países na Europa. Basicamente, o que podemos usar no Nicolas, é a compreensão do Paulo Freire que a alfabetização e o conhecimento são construídos a partir de interesses. Ele ensinava construtores a ler e escrever, por exemplo,incentivando-os a ler e escrever coisas que tinham a ver com seu dia a dia.Tijolo, cimento, arame, pedra, areia... sabe?
Concordo de imediato.
— Nos dias modernos, principalmente, em que somos bombardeados com tantas informações e conteúdo verídico e duvidoso, nós nos debruçamos ao que nos interessa. E é uma bênção que descobrimos que o Nicolas se interessa por formigas. E que ele consegue compreender a noção de colônia, mútua ajuda, esforço, dedicação, trabalho, união.
— Consegui captar, parece ótimo!
— O meu prognóstico é que Nicolas está pronto para aprender a ler e escrever, por isso indico que procure alguém que use o método do Freire. E depois... ele vai conhecer vários amiguinhos no infantil. Vai para o colegial. Para o ginásio. E vai para Harvard estudar as formigas! — ela faz sinal de vitória.
E eu faço junto, muito feliz em ouvir tudo isso.
— Isso!
— A parte mais difícil nisso tudo — Beatriz diz de um jeito mais sóbrio. — É que o Nicolas certamente vai fugir das expectativas que você tem para com ele. O que você quer para ele, talvez não signifique nada para ele. Para o desenvolvimento do seu filho, você precisa deixá-lo aprender quais são seus interesses e permitir que ele os desenvolva. Mas é claro,sempre cuidando e zelando para que ele não corra perigo, não fique vulnerável demais e esteja sempre no caminho adequado, mas seguro.
— Posso fazer isso com tranquilidade.
— Ótimo! Então nos veremos daqui um mês? Estou ansiosa para ver o desenvolvimento do Nicolas.
— Também estou — me levanto e aperto a mão dela.
— Ah, uma coisa! — Beatriz diz antes de sairmos. — O Nicolas me contou que se sentiu bem ao ver que você conheceu uma nova amiga,chamada Dulce.
— Ah, sim... acho que ele e eu nos sentimentos bem por isso...
— Imagino que sim. Já é um avanço que Nicolas se sinta confortável em meio aos primos que ganhou quando esteve aqui em Nova York. É o que ele tem de mais próximo como referencial de família, e eu sinceramente me sinto honrada — ela leva a mão ao peito. — E ele também se sentiu confortável ao ver que você se aproximou da Dulce, primeiro porque ela gosta de formigas, é claro.
— É, tivemos um incidente com elas — coço o cabelo.
— Sim... e também porque ela é bonita, e principalmente: ela não é o Vincent.
— Ah, graças a Deus que ela não é o Vincent — faço uma careta.
— Nessa nova fase em que vocês vão treinar os sentimentos,desejos e as necessidades do Nicolas, talvez seja importante salientar que nós, assim como as formigas, precisamos de amigos ao nosso redor, para nos sentirmos bem. E ensinar a ele como se conhece pessoas... como as cumprimentar... perguntar sobre os interesses delas... aprender a dizer seus próprios interesses...
— Mês que vem voltaremos com muitas novidades para você,prometo.
— Eu espero que sim. E a minha sugestão é que a Dulce possa estar com vocês em alguns desses momentos. É natural que o Nicolas queira expressar coisas com você, o pai, primeiro. E também conosco, sua família.
Mas desde já é bom que ele também faça isso com pessoas com quem simpatizou. Quem sabe em um momento desses ele não descobre mais um interesse? Seria um avanço e tanto!
Antes da Dra. Beatriz Mitchell eu me sentia bem inseguro a respeito de como lidar com o Nicolas. Ele era um completo mistério para mim.
Mas ela tornou tudo mais fácil, ela não apenas ajudou o meu filho,mas me ajudou a entender não só como cuidar e tratar o Nicolas, mas também, a vida em geral.
Foi difícil ouvir que eu não pertencia mais à minha família original por decidir que meu emprego, em tempo integral, seria cuidar do meu pequeno.
Mas eu ganhei uma nova família no lugar, que não apenas me deu suporte e me apoiou, mas amou o Nicolas e o trouxe para seu seio.
— Vou levar à cabo tudo isso. Nos vemos no próximo mês — me despeço dela e retorno para o corredor.
Dirijo-me à sala de estar, onde encontro Nicolas e Ethan Evans, o robô em forma de formiga está entre eles.
— Olha só quem chegou! — anuncio assim que entro.
Nicolas não se vira, continua olhando para a formiga e parece animado:
—... Elas constroem casas dentro da terra para se sentirem bem.Fazem vários túneis. E quando elas... — deixo ele concentrado no que está dizendo e me posiciono ao lado de Ethan.
— Muito obrigado por cuidar dele — seguro em seu ombro.
— Estou prestes a raptá-lo. O menino é o maior especialista em formigas que existe.
— Imagino que sim. Espero que ele não tenha dado muito trabalho.
— Bobagem! — Ethan segura em meu braço. — Uma criança que não dá trabalho, não está aproveitando a vida!
Quando Nicolas termina de falar, há um breve silêncio. Daí o robô responde tudo o que ele disse, acrescentando informações e dando dados científicos de uma forma simples e como saber mais sobre aquele tema.
— Oi, filho! Cheguei para te buscar!
— Eu vi — Nicolas pega o presente e o levanta em minha direção,para que eu veja.
— Que lindo! Eu amei o seu presente! Mas como você está?
— Sentado.
Autor(a): Lene Jauregui
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 231
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dayanerodrigues Postado em 09/05/2020 - 23:23:22
ameeiiii essa fic. Principalmente a abordagem sobre o autismo. A parte que Nicolas explica por que ama as formigas é muito lindo, quase chorei. Tenho um sobrinho autista e me identifiquei muito com essa fic
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rt1508 Postado em 24/01/2020 - 22:53:37
Que pena que acabou, essa fic é maravilhosaa, uma das minhas preferidas, estarei no aguardo para quando você voltar
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evil_queen Postado em 24/01/2020 - 15:24:20
Já acabou????estou chorando kkkk amei demais a história, espero ler outra logo
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nat.vondy Postado em 24/01/2020 - 11:54:35
Oh que pena que chegou ao fim, com certeza é uma das minhas fanfics preferidas, lindo o final vondy
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Annytequila Postado em 24/01/2020 - 00:52:35
Como assim a acabou???? Ja quero uma fic nova .... amei <3
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mari_vondy Postado em 24/01/2020 - 00:19:02
ah, que pena que terminou, amei tanto o final e estou ansiosa pra ler outra fica sua
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ana_vondy03 Postado em 23/01/2020 - 22:46:23
Aaaaaa espero por outra fanfic maravilhosa como essa S2
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carolinevondyzinha Postado em 23/01/2020 - 17:23:11
Ai eu amo uma família o Nicolas é tão bb, vontade de guardar em um potinho <3
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millavondy36 Postado em 23/01/2020 - 17:13:51
Continuaa!!!!!
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millavondy36 Postado em 23/01/2020 - 17:13:37
Nicolas sendo o melhor desde sempre!!!Ri muito deles vestidos de formigas kkkk!!!