Fanfics Brasil - 6 Show De Vizinho { Vondy } Finalizada

Fanfic: Show De Vizinho { Vondy } Finalizada | Tema: CyD


Capítulo: 6

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POVS DULCE


 


Paco me encheu de mensagens durante o dia e me ligou pelo menos umas dez vezes, mas eu o ignorei completamente.


Nas mensagens ele me perguntava se poderíamos nos encontrar nesse final de semana. O que ele está pensando? Que eu sou algum tipo de despedida de solteiro? Pois está muito enganado!


Na volta para casa estacionei o carro na garagem, e ao descer, vi as luzes da mansão de Christopher acesas. Aproximei-me para dar uma espiadinha na grama do vizinho e lá estava ele, como sempre, animado, espalhando aquele sorriso perfeito por onde quer que andava e conversando, provavelmente com Nicolas.


Christopher estava de jardineira jeans com uma das alças soltas, sem camisa por baixo, ou seja, ostentando aquele trapézio e peitoral musculoso e os braços fortes. Pelo visto estava aparando algumas plantas enquanto ficava de olho no pequeno.


Não contive a curiosidade e me aproximei ainda mais, para ver o que conversavam.


— Você está todo sujinho, não é filho? — o adulto perguntou, de bom humor.


— Eca — Nicolas respondeu.


— E mesmo não gostando de se sujar e mexer com a terra, você faz isso pelas formigas, não é? — o adulto voltou a olhar pro pequeno.


O menino que, até então, era monossilábico, construiu a primeira frase que ouvi:


— É claro, papai — a criança disse num tom quase indignado.


— Várias situações na vida são assim, sabia? Às vezes sentimos que somos mais fortes para encarar nossos próprios medos quando precisamos ajudar os outros.


Tudo o que Nicolas fez foi parar de colocar terra nos vasos de plantas com as próprias mãos, olhar para o pai com demora e depois retornar a enfiar as duas mãos na terra. Não escondia a expressão de nojo, mas também não parou com a ação.


— Oh, olha só quem está dando uma espiadinha do outro lado da cerca!


Fui pega! Meu Deus, ele me viu!


A primeira reação é me encolher e me agachar. Depois subo de uma vez, ao lembrar que sou uma mulher adulta, confiante e que não precisa se esconder.


— Oi vizinho — digo com um sorriso congelado.


— Tudo bem por aí?


— Tudo ótimo, e esse tesourão? — pergunto encarando-o. — Digo, e aí?


— O tesourão está cortando as ervas daninhas — ele ri, semicerra os olhos quando o faz. E ao abri-los bem devagar, vejo suas pupilas voltadas para mim. É meio intimidador a ponto de me fazer prender a respiração. — Quando vai me dar mais detalhes sobre seu plano mirabolante?


— Ah! Quando você quiser.


— Estou ansioso para ouvir sua história. Quer jantar?


— Jantar? Quando? Hoje? Comigo? Você tem...? — começo a disparar as perguntas, sem parar. Sequer consigo imaginar que o gostosão topou minha ideia maluca e agora vamos jantar! Qual será o próximo passo?


— É claro. Se eu serei o seu namoradinho preciso descobrir tudo sobre você, para poder desempenhar bem o papel — ele dá uma piscada. — Só vou esperar o Nicolas terminar de cuidar das amigas dele, ele leva o próprio tempo, daí entro e peço algo para comermos.


— Eu posso cozinhar! — me prontifico. — Não precisa se incomodar, eu te puxei para essa enrascada e você está sendo tão gentil...


— Tudo bem. Se o Nicolas aprovar, eu vou aprovar — ele dá uma nova piscada e termina de cortar os galhos acima da cerca.


Ao terminar, tira as luvas e exibe as mãos fortes e com as veias sobressaltadas, guarda-as no bolso da jardineira e sorri. Fico presa naquela boca e vejo-o se afastar para vigiar o filho. O cheiro dele parece insistir em vir até mim e quando dou por mim, lá estou eu, parada igual uma boba, sorrindo, vendo pai e filho entrarem na mansão.


 


POVS CHRISTOPHER


 


Dulce foi muito gentil em cozinhar para nós. Preparou legumes ao vapor e um escondidinho de frango.


— A galinha está se escondendo de quem, papai? — Nicolas cochichou e puxou a minha perna quando os pratos foram colocados à mesa.


— É só o nome do prato, filho.


Nicolas arregalou os olhos e olhou aquele prato com desconfiança. Esperou que eu fosse buscar os pratos para enfiar a colher no meio do purê e o abrisse e colocou o rosto bem próximo do prato.


Quando voltei para a mesa, junto com Dulce, ele já havia colocado os abafadores de ouvido.


— Filho — afastei-os de suas orelhas. — Antes de comer, o que nós fazemos?


— Oração?


— Muito bem, faça sua oração. Agradeça pelo que é importante.


— Jesus, papai, a pobre da galinha escondida, fomigas e Dulce. Amém — ele disse apressado e cobriu as orelhas. E ficou concentrado no prato, encarando-o com desconfiança. — O que você fez de errado para ficar escondida? — ainda murmurou.


— É um hobbie? — virei-me para Dulce.


— O quê? — ela perguntou desconcertada, desviou o rosto quando nossos olhos se encontraram.


— Destruir casamentos. Assustar noivos... — comecei a degustar o prato dela. E na primeira garfada já fiquei com água na boca, aquilo era bem simples e tão... requintado!


Até parecia que eu havia retornado para a casa dos meus pais.


— Você cozinha bem pra caralho! — tive de falar de boca cheia.


— Obrigada! — Dulce pareceu menos tensa. — Como está a comida, Nicolas?


Nicolas não a ouviu ou a ignorou. Estava comendo as cenouras e ervilhas, mas ainda estava desconfiado do outro prato, e a mistura de comida em purê e carne lhe pareceu bastante estranha.


— Ele adorou — falei por ele. A julgar por ele comer alguma coisa, ele devia ter gostado mesmo.


— Bem... — Dulce sorriu sem graça e evitou me olhar. — Não, não é um hobbie destruir casamentos, nem assustar noivos. Só esse em especial. Paco brincou comigo e com os meus sentimentos e eu quero dar-lhe uma lição.


— Me levando para o casamento? — Não escondi o riso.


— Como você se sentiria ao ver a pessoa que um dia amou, fez tudo por você e te apoiou em tudo, feliz e desfilando na sua frente com outro? Um cara bem mais interessante que você? É o que eu quero que ele sinta.


Afastei o prato para frente e coloquei os cotovelos na mesa, o que fugia completamente da etiqueta. Mas realmente precisei pousar o queixo nas mãos fechadas para assisti-la se explicar e entender um pouco do que se passava na cabeça de Dulce.


— Eu não sei se um dia ele me amou, para falar a verdade... — dessa vez ela ficou completamente sem graça, deu para perceber. — Precisamos mesmo falar disso?


— Se eu preciso ir, é bom saber no que estou me metendo — retruquei. Dulce respirou fundo e fechou os olhos.


— Eu era a garota feia do colégio, sabe? Gordinha, sem autoestima, sem graça, um tanto nerd e estranha, sem senso de moda, sem sorte com os rapazes, enfim, um verdadeiro desastre. Homem nenhum olhava para mim.


Deitei o braço esquerdo na mesa e pousei a cabeça nele. Estiquei a outra mão por debaixo da mesa e encontrei a dela.


Dulce pareceu se assustar com aquilo. Estava tremendo, claramente ansiosa. Afastou a mão de súbito e em seguida deixou ela por cima da minha, pronta para afastá-la de novo.


— E ele era o capitão do time de futebol americano. Um colírio para os olhos. Todas as meninas o queriam... e... ele me dava bola. Bom... ele me dava alguma atenção. Ele era bonito, atlético e desejado, mas era um tanto que burro...


Não segurei o riso.


— Não era um pacote completo, como você.


— Como eu? — levantei a sobrancelha.


— Você é mais do que um vizinho bonito, Christopher. Você tem... algo diferente. Você é estranho. Parece tão verdadeiro e cheio de vida...


— Obrigado pelo elogio.


— Disponha — respondeu e continuou:


— E eu me... contentava... com a atenção dele quando o ajudava, sabe?


— Sei. Umas migalhas para se sentir bem...


Dulce abaixou o rosto e eu deixei sua mão sair de cima da minha para segurá-la e apertá-la.


— Está tudo bem. Eu sei como é esse sentimento — murmurei.


— Você sabe? — ela se mostrou surpresa. — Como um cara como você sabe que sentimento é esse?


— Depois eu conto — respirei fundo e dei a deixa para ela terminar.


— Bom, daí que a fase da adolescência acabou, junto com o inferno do colegial... meu corpo mudou, eu mudei, eu me transformei nessa mulher que você está vendo.


E, devo admitir que era uma excelente vista.


— Paco foi para a faculdade, se formou e trabalha desde então para os Farrah. Eles são os donos de Miami, controlam o mercado imobiliário aqui.


Arqueei a sobrancelha e concordei.


— Ele vai se casar com a herdeira dos Farrah. Acho que só assim vai conseguir um cargo bem alto e realizar o sonho de estar entre os ricaços e poderosos de Miami. Eu não posso dar nada disso para ele. Eu não tenho um sobrenome de rica, eu apenas trabalho para mim mesma e ainda me preocupo com a hipoteca...


— Você gosta dele? — perguntei isso, mas me senti estranho.


Um tanto tenso na espera da resposta e ansioso ao acompanhar as feições dela.


Dulce riu, abaixou o rosto, o levantou, secou as lágrimas, desviou o olhar e olhou para mim.


É, ela gostava do cara. Ele ainda mexia com ela.


— Não precisa responder.


Mas por que eu me sentia tão tenso com isso?


— Quando nos reencontramos há alguns anos e passamos a sair e depois... bem... criar mais intimidade... eu senti que ia encontrar a felicidade, sabe? Que enfim eu poderia ser feliz de verdade e corrigir todos os meus traumas de infância em me sentir rejeitada e usada...


— Eu sei como é isso — repeti.


Até pareceu que tirei um pouco do peso das costas dela.


— Não consigo imaginar um cara como você passando por nada disso! Você está falando tudo isso só para me fazer sentir bem?


— De forma alguma. Eu também tenho os meus esqueletos no armário, Dulce. Todos nós temos.


— E é por isso que vai me ajudar? Por que seus esqueletos no armário se parecem com os meus?


Não me contive e ri ao tentar imaginar o que se passava na cabeça daquela mulher estranhamente interessante.


— E se o Paco desistir de se casar com a herdeira dos Farrah e quiser ficar com você? — a provoquei.


Dulce tentou esconder o interesse, mas dava para ver em seus olhos que esse era o plano dela. Ela queria medir forças para provar a Paco que ainda valia à pena.


— Você acha que isso pode acontecer, Christopher? — ela me devolveu com uma pergunta.


Olhei para Nicolas que havia revirado o escondidinho de frango, deixando a carne por cima e o purê por baixo. Ao perceber que eu estava atento nele, o pequeno murmurou: “agora ela não precisa se esconder mais, tadinha”.


— Aqui é Miami, baby. Tudo pode acontecer — soltei a mão dela e sorri.



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Autor(a): Lene Jauregui

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 231



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  • dayanerodrigues Postado em 09/05/2020 - 23:23:22

    ameeiiii essa fic. Principalmente a abordagem sobre o autismo. A parte que Nicolas explica por que ama as formigas é muito lindo, quase chorei. Tenho um sobrinho autista e me identifiquei muito com essa fic

  • rt1508 Postado em 24/01/2020 - 22:53:37

    Que pena que acabou, essa fic é maravilhosaa, uma das minhas preferidas, estarei no aguardo para quando você voltar

  • evil_queen Postado em 24/01/2020 - 15:24:20

    Já acabou????estou chorando kkkk amei demais a história, espero ler outra logo

  • nat.vondy Postado em 24/01/2020 - 11:54:35

    Oh que pena que chegou ao fim, com certeza é uma das minhas fanfics preferidas, lindo o final vondy

  • Annytequila Postado em 24/01/2020 - 00:52:35

    Como assim a acabou???? Ja quero uma fic nova .... amei <3

  • mari_vondy Postado em 24/01/2020 - 00:19:02

    ah, que pena que terminou, amei tanto o final e estou ansiosa pra ler outra fica sua

  • ana_vondy03 Postado em 23/01/2020 - 22:46:23

    Aaaaaa espero por outra fanfic maravilhosa como essa S2

  • carolinevondyzinha Postado em 23/01/2020 - 17:23:11

    Ai eu amo uma família o Nicolas é tão bb, vontade de guardar em um potinho <3

  • millavondy36 Postado em 23/01/2020 - 17:13:51

    Continuaa!!!!!

  • millavondy36 Postado em 23/01/2020 - 17:13:37

    Nicolas sendo o melhor desde sempre!!!Ri muito deles vestidos de formigas kkkk!!!


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