Fanfic: Show De Vizinho { Vondy } Finalizada | Tema: CyD
POVS CHRISTOPHER
Ao entrar na cozinha eu vejo uma Dulce María fardada, preparada para a batalha: ela usa um avental branco e um lenço na cabeça para cobrir seus cabelos. Desinibida e comunicativa ela vai dando as instruções para suas funcionárias e só para de falar quando me vê chegar.
— Ainda não tinha visto esse seu lado — tento segurar o riso, mas é difícil demais não olhar para essa mulher e ficar sério. Ela desperta algo em mim, e parece ser o melhor.
— Que lado? — ela abaixa o rosto e tenta mexer no lenço que cobre seus cabelos, acaba tirando-o e procura agora um reflexo para recolocá-lo.
— Deixa que eu te ajudo. — Vou em sua direção e tomo o lenço de suas mãos. — Assim, mandona, brava, dando ordens — vou comentando enquanto a vejo paralisada em minha frente.
Asseio seus cabelos sedosos devagar para trás das orelhas e ela me entrega um prendedor que eu coloco, sem pressa, tendo tempo o suficiente para encostar meu nariz em sua testa e sentir o cheiro delicado da sua pele.
Novamente o sorriso brota, mas preciso me concentrar. Coloco o lenço devagar e ela me encara, assustada e surpresa,continua com essa mesma expressão quando termino, mas não me afasto.
— Estou parecendo uma vovó, não é? — ela ri de nervoso. — Deve ter sido por isso que ele me trocou por ela — Dulce entorta a boca.
— Você gosta do que faz? — eu pergunto.
— O quê? — ela se mostra surpresa e ao julgar por seu olhar, ofendida. — Eu adoro o que faço. É o que eu sempre quis ser!
Toco seu rosto com os polegares, deixando-os ao lado de seus lábios, o restante da mão entre seu pescoço e nuca.
Olho Dulce no fundo dos olhos e me aproximo devagar, enquanto vejo suas pupilas se dilatarem e ela erguer a sobrancelha.
— Você parece uma mulher bem-sucedida e feliz que ama o que faz e se entrega de corpo e alma ao que se propõe. Se um babaca não consegue reconhecer isso, o problema é dele e não seu.
Não sei se Dulce me ouviu. Mas ela assente, devagar. Fricciona os dedos em seu pescoço e nuca, onde acabei de soltá-la.
— Não vou te pagar adicional pela bajulação — ela entorta a boca e só falta me bater com uma colher de pau.
— Na verdade você não está me pagando nada — assisto a equipe de sete mulheres correr pela cozinha, fazendo mil serviços em um minuto.— Estou aqui pela diversão.
— E o que tem de tão divertido? — ela bufa, encarando-me nervosa.
Aproximo-me novamente, parece que é a única coisa que a cala. E é exatamente isso o que ocorre. Coloco o dedo polegar no lábio inferior dela e o desço devagar, fazendo-a entreabrir a boca com o leve puxão.
— Mais tarde eu te mostro a diversão — sorrio e me afasto.
— O que tem mais tarde? — ela pergunta preocupada.
— Só faça a sua mágica, senhorita Savinon! — me despeço.
POVS DULCE
Em partes, não sei se trazer Christopher foi uma boa opção. Ele é sim um apoio moral indispensável, já que não tenho Anahí ou Luna aqui, apenas minhas funcionárias que, a todo custo, evito que conversem, senão atrasaremos muitos procedimentos.
Christopher é um excelente suporte, é atencioso e parece que lê o meu pensamento. Quando me encontro perdida pela cozinha, em busca de algo e não lembro o quê e começo a andar em círculos, ele magicamente aparece com o que procuro em mãos. Até parece que conhece o lugar.
Mas esse vizinho gostoso e atencioso é mais do que uma tentação; ele é uma distração.
É mais forte do que eu. A cada cinco minutos, pelo menos, eu me pego pensando nele. Paro de vigiar as meninas batendo as claras em neve ou o processo do chantilly, preciso espiá-lo.
E lá está ele. De braços cruzados, em completo silêncio, encarandome de volta.
E a expressão em seu rosto mostra que ele admira o que estou fazendo. Diferente de Paco que sempre me disse que servir os ricos nunca me levaria a canto algum, que eu sempre seria conhecida como empregadinha, que eu precisava de ambições maiores.
Ora, estou aqui porque essa foi minha ambição há anos. A Dulce do passado ambicionou estar aqui. E quando paro eu mesma para bater as claras em neve ou controlar o processo do chantilly, é porque me dá prazer.
Eu vejo a comida como poesia que deve soar perfeita e eu estudei,me qualifiquei e cheguei até aqui com muito esforço, suor e lágrimas.
E muita paixão também.
Por que Paco nunca conseguiu enxergar isso?
— O que foi? — rosno para ele, que parece se entreter mais do que deveria.
Ele aponta para si, como se tivesse sido pego no flagra.
— É, você mesmo. O que foi?
— Só gosto de te ver fazer as coisas que gosta. Não parece a pessoa que vejo pela janela da minha casa, triste e desencantada com a vida... — ele diz ao se aproximar, não deixa mais ninguém ouvir isso.
— Você me espiona? — pergunto horrorizada.
Quem faria uma coisa dessas? E a privacidade? E os bons modos e costumes?
— Você tem gritado muito, ultimamente. Fico meio preocupado.
Imediatamente me recordo das minhas cenas de crise, gritando que Paco é um desgraçado, um canalha, um desalmado, um filho da p...
— Foi só uma vez.
— Uma vez a cada duas horas, você diz — ele se diverte. — Precisa de ajuda?
— Não, não, obrigada, senhor prestativo. Mas já que está aqui, vamos conversar.
— Estou aqui para você, bebê. Diga-me o que quer conversar.
— Eu preciso saber sobre você, assim como você precisa saber sobre mim. Vamos cair na real, e quando alguém nos encontrar e eu disser que somos namorados?
— Alguém você diz o Paco?
Levanto as sobrancelhas. Ele se lembra do nome do cafajeste! Que atencioso, ele realmente me escuta, até quando falo de outro homem.
Já o Paco...
— Ele e qualquer outro. Namorados sabem tudo sobre o outro. Então enquanto termino esses preparos e a mise en plase, vamos papear.
— Adoro jogar conversa fora — ele diz e sorri feito o cafajeste que é. — E jogar fora a conversa — ele se aproxima e não para de rir.
Meu Deus! Por que tão tentador? Não sei se consigo resistir assim.
— Qual a sua coisa favorita no mundo? — pergunto, para tentar afastar os pensamentos impuros e deliciosos.
— O meu filho — ele me examina mexer na bancada, arrumar as coisas e voltar a bater as claras.
— Que resposta clichê! — o repreendo com o olhar.
— É clichê, mas não deixa de ser verdade — ele rebate.
— Certo. Se você, Christopher... qual o seu sobrenome mesmo?
— Uckermann.
— Christopher Uckermann, se você morasse em um lugar assim, quem você seria? Quais seriam seus filmes favoritos? Quais livros você teria lido nos últimos anos e que tenham te marcado? Que música você colocaria no som milionário até ser ouvido do outro lado da cidade? — o provoco.
Foi a primeira vez que vi Christopher parar no tempo e encarar fixamente uma das janelas abertas.
— Para ser sincero, acho a vida de pessoas ricas bem superestimada. Se eu nascesse em um berço de ouro? Bem, provavelmente eu teria tido tudo nas mãos e não teria aprendido a conquistar as coisas sozinho, só com a ajuda dos meus pais. E, talvez, eles tivessem sido controladores e exigido que eu vivesse o tipo de vida que eles achavam ideal...
— Mas você tem cara de ser rebelde.
— Acertou — ele olhou para mim e abriu aquele sorriso mágico, capaz de me fazer ficar presa no tempo, com ele. — E eles teriam me deserdado.
— Triste fim de Christopher Uckermann — lamento. — E pelo quê eles te deserdariam?
— Por ser autêntico, no meio de tantas cópias — ele diz sério e coloca as mãos em cima da bancada, se curva levemente em minha direção.
— E você? Me conte tudo sobre Dulce María Savinon.
— Um filme? Uma Linda Mulher.
— Que antigo isso!
— Um clássico! Ai, o meu sonho achar um ricão bonito, charmoso e interessante que queira mais do que sexo. Que queira me ouvir... e... Por que você está rindo, Uckermann?
— Desculpa. Continue — ele colocou a mão em frente à boca, mas os olhos continuavam fazendo aquela curva perigosa.
Perigosa demais para o meu coração, quando menos percebi, lá estava eu, com ele acelerado.
— Sem graça... não quero mais conversar com você!
— Pretty woman, walking down the street — ele começou a cantar baixinho para mim.
Abaixei o rosto e continuei a fazer meu serviço.
— Pretty woman, the kind i like to meet — ele continuou.
- Tá, chega — ergui o rosto e o encarei, brava.
Mas como?
Christopher e sua mão que sempre vinha até meu rosto e me afagava, me deixando arrepiada e desconcertada! No fim ele segurou em minha mão,mesmo ela um tanto suja.
— Quer ser a minha Julia Roberts? — ele perguntou.
— Se ao menos você fosse rico, Christopher... dois pobres não rola, né? E você deve ser o pretty man das senhoras ricas.
— O que você quer dizer?
— Do seu trabalho.
— Meu trabalho? — ele pareceu confuso.
Talvez fosse um assunto delicado demais para tratar no momento.
— Deixa para lá. Mas você está certo.
— Sobre?
— Se eu tivesse nascido nesse lugar... — olho ao redor.
É assustador de tão grande. Tudo parece caro e valioso. Eu tenho medo de encostar em qualquer coisa e ela quebrar, não terei dinheiro para pagar! E mesmo sem o uniforme, do modo que cheguei, nenhuma das pessoas lá fora olhou para mim.
Eu não pertencia a esse mundo. O meu único link com tudo isso era o traidor do Paco. Que encontrou sua mulher rica e me trocou por ela.
Ele foi esperto, devo admitir. Mas me machucou profundamente.
—... E se eu tivesse tido tudo com tanta facilidade... eu não seria eu. Quero dizer eu não teria os mesmos sonhos e ambições que a Dulce que eu conheço.
— Uh, falando de si mesma em terceira pessoa — ele apontou para mim.
— Eu gosto de como sou. Só não gosto dos homens babacas com quem me relaciono.
— E quais foram os homens babacas da sua vida?
— Só o Paco, é claro. Não namorei com outros. Olhe para mim.
— Estou olhando.
— Então olha direito — insisto.
Christopher andou alguns passos para a direita e me fitou. Depois foi para a esquerda. Deu a volta na mesa, esticou os pés e me olhou bem de cima.
Depois abaixou e me olhou lá de baixo, sempre curioso.
— Não vejo nada de errado.
— Eu nunca poderia competir com uma Sabrina Farrah, Christopher.
— E por que você teria de competir com ela? — Ele ficou ainda mais interessado.
— Para ser boa o suficiente — Levantei os ombros, começando a ficar cansada da conversa. Não da conversa em si, mas de como eu estava me sentindo com ela.
— Boa o suficiente para quem? — Ele insistiu. Sem alterar a voz ou o jeito com que me olhava.
Christopher era de uma finesse que estava em falta nos dias atuais. Parecia perfeitamente equilibrado e me tratava de um jeito atencioso que nunca fui tratada. Não me lembro de uma só vez que alguém tenha parado para me ouvir tão atentamente e se preocupar comigo... a não ser meus pais, Anahí ou Luna.
— Para quem você acha que eu deveria ser boa o suficiente?
Mal perguntei, ele pegou uma panela pelo cabo e a levantou.
Até fechei os olhos e me afastei, assustada. Mas não senti nada.
Passado o medo, abri o olho esquerdo um pouquinho. Depois os dois. Vi meu reflexo no fundo da panela que ele levantou.
— Que susto — levei a mão ao peito. — Por um momento pensei que...
Christopher suspirou.
— Ele já te bateu? — ele murmurou.
— Não quero falar sobre isso — dei o assunto como encerrado, tomei a panela de suas mãos e a abaixei.
Pelo pouco que conhecia do meu ilustre vizinho, acho que ele estava decepcionado. Rapidamente o clima mudou, tudo pareceu vir abaixo e ele ficou menos radiante do que era.
— Ele não te merece, Dulce.
— Estou aqui para me vingar — me justifiquei.
— Para se vingar ou para reconquistá-lo? — foi a vez dele provocar.
— Chega de joguinhos. Só vamos fazer o que viemos aqui fazer,ok?
Ele sacudiu os ombros e se afastou devagar, para retornar para o lugar onde estivera parado antes.
—... O que eu estava dizendo antes era que... concordo com você. Se eu não pudesse viver meus sonhos e tomar as minhas escolhas... e o preço fosse estar presa à fortuna da família...
Nitidamente roubei um pouco da atenção do vizinho charmoso,porém decepcionado, Christopher Uckermann. Fiquei triste de ver aquele rostinho cabisbaixo, parecendo um cachorrinho perdido na chuva, mesmo que eu fosse a chuva. Ou a tempestade.
—... Eu também fugiria.
— Para morar perto de mim? — ele riu.
Nesse momento minhas esperanças retornaram, principalmente do medo dele decidir ir embora e deixar essa louca aqui se virar sozinha.
— Ninguém tem tanta sorte assim, Christopher — ri junto com ele.
Autor(a): Lene Jauregui
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 231
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dayanerodrigues Postado em 09/05/2020 - 23:23:22
ameeiiii essa fic. Principalmente a abordagem sobre o autismo. A parte que Nicolas explica por que ama as formigas é muito lindo, quase chorei. Tenho um sobrinho autista e me identifiquei muito com essa fic
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rt1508 Postado em 24/01/2020 - 22:53:37
Que pena que acabou, essa fic é maravilhosaa, uma das minhas preferidas, estarei no aguardo para quando você voltar
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evil_queen Postado em 24/01/2020 - 15:24:20
Já acabou????estou chorando kkkk amei demais a história, espero ler outra logo
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nat.vondy Postado em 24/01/2020 - 11:54:35
Oh que pena que chegou ao fim, com certeza é uma das minhas fanfics preferidas, lindo o final vondy
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Annytequila Postado em 24/01/2020 - 00:52:35
Como assim a acabou???? Ja quero uma fic nova .... amei <3
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mari_vondy Postado em 24/01/2020 - 00:19:02
ah, que pena que terminou, amei tanto o final e estou ansiosa pra ler outra fica sua
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ana_vondy03 Postado em 23/01/2020 - 22:46:23
Aaaaaa espero por outra fanfic maravilhosa como essa S2
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carolinevondyzinha Postado em 23/01/2020 - 17:23:11
Ai eu amo uma família o Nicolas é tão bb, vontade de guardar em um potinho <3
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millavondy36 Postado em 23/01/2020 - 17:13:51
Continuaa!!!!!
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millavondy36 Postado em 23/01/2020 - 17:13:37
Nicolas sendo o melhor desde sempre!!!Ri muito deles vestidos de formigas kkkk!!!