Fanfic: A escolha - Vondy - Adaptada | Tema: VONDY

Fevereiro de 2007

    Histórias são tão singulares quanto as pessoas que as contam, e as melhores sempre têm um final surpreendente.  Pelo menos era como Christopher Uckermann se lembrava das histórias contadas pelo pai quando criança. Ele costumava se sentar ao seu lado na cama, a boca esboaçando um sorriso enquanto sua versão infantil implorava por mais uma aventura.
    - Que tipo de história você quer? - perguntava o pai.
    - A melhor de todas - respondia Christopher.
    O pai ficava em silêncio por alguns segundos, mas seus olhos se iluminavam. Então abraçava o filho pelos ombros, e num tom de voz perfeito, contava uma trama que costumava mantê-lo acordado até muito depois de o pai ter apagado as luzes. Sempre havia perigo e empolgacão, e toda jornada se iniciava nos arredores da pequena cidade costeira de Beaufort, na Carolina do Nort, lugar onde fora criado e que ainda via como lar.
   Curiosamente, quase sempre incluía ursos. Ursos-cinzentos, ursos-pardos, ursos-de-kodiak ... O pai não era muito fiel à realidade em ralação ao habitat deles. Concentrava-se nas arrepiantes cens de caçada pelas planices costeiras, provocando no menino estranhos pesadelos em que ursos-polares enlouquecidos o perseguiam à beira-mar.
   E o que aconteceu depois? - perguntava o pequeno Christopher.
    Para ele, aqueles momentos pareciam vestigios de outra época. Agora com 43 anos, parava o carro no estacionamento do Hospital Geral de Carteret, onde sua esposa trabalhara nos ultimos dez anos, e recordava mais uma vez as palavras que dizia ao pai.
Saiu do carro e pegou as flores que havia trazido. A esposa e ele tinham discutido feio na última vez que conversaram e , mais do que qualquer coisa, Christopher desejava remediar a situação. Nao esperava, entretanto, que as flores melhorassem o que havia entre eles.
    Sentia culpa pelo que tinha acontecido, mas os amigos garantiam que culpa era a pedra angular de todo bom casamento. Isso mostrava que ainda havia cumplicidade, algo que ele valorizava. Em outros tempos, eram amigos casados que costumavam desabafar com Christopher.
    "Todo mundo comete erros", diziam eles agora.
    Embora concordasse, sabia que nunca entenderiam peplo que ele estava passando. Não poderiam. Afinal, suas esposas continuavam dormindo ao lado deles todas as noites; nenhum deles havia se separado por três meses nem tinha dúvidas se o casamento voltaria a ser o que era antes. 
   Enquanto atravessava o eestacionamento, pensava nas filhas, no emprego, na esposa. Nada o consolava. Sentia que fracassava en todas as areas de sua vida. Ultimamente, a felicidade parecia algo distante e inalcançavel, como uma viagem espacial. Mas  nem sempre foi assim. As coisas mudam. As pessoas mudam.
    Mudança era uma das inevitáveis leis da natureza, que cobrava o seu preço na vida das pessoas. Erros eram cometidos, ressentimentos se acumulavam e tudo o que restava eram repercussões que tornavam algo simples, como se levantar da cama, quase penoso.
    Ele se aproximou da cama do Hospital, imaginando-se como a criança que ja fora, ouvindo as histórias do pai. sua própria vida tinha sido a melhor história de todas, do tipo que devria ter um final feliz. Quando estendeu a mão para abrir a porta, no entanto, sentiu a inqueitação familiar das lembranças e do remorso.
    Só mais tarde, quando as memórias o sobreujaram, Christopher se permitiu refletir sobre o que ia acontecer em seguida.