Fanfics Brasil - Capítulo 2 A escolha - Vondy - Adaptada

Fanfic: A escolha - Vondy - Adaptada | Tema: VONDY


Capítulo: Capítulo 2

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Dulce não tinha certeza de como se sentia depois de sair da casa do vizinho, e tudo que ela conseguiu fazer depois de fechar a porta foi se apoiar contra ela enquanto tentava recuperar seu equilíbrio emocional.
    Talvez ela não devesse ter ido até lá, pensou. Aquilo certamente não havia melhorado as coisas. Ele não somente não se desculpou como chegou até mesmo a negar que seu cão fosse responsável pelo que aconteceu. Ainda assim, quando ela finalmente se afastou da porta, percebeu que estava sorrindo. Pelo menos ela havia feito alguma coisa. Foi firme e disse a ele exatamente o que iria acontecer. Foi necessário coragem para fazer aquilo, disse a si mesma.
  Normalmente não era muito boa em falar o que pensava. Não quando dizia a
Kevin que os planos que ele tinha para o futuro com ela pareciam ir apenas até o
próximo fim de semana. Ou quando estava com o Dr. Melton, a respeito do que ela sentia quando ele a tocava. Nem mesmo em relação a sua mãe, que sempre parecia ter opiniões formadas sobre como Dulce poderia ser uma pessoa melhor.
  Ela parou de sorrir quando avistou Molly dormindo em um canto. Uma rápida olhada foi o suficiente para lembrá-la de que as coisas não haviam mudado, e que talvez - talvez! - ela poderia ter conseguido algo melhor se o
tivesse convencido de que ajudá-la era seu dever. Ao relembrar o que havia acontecido naquela noite, sentiu uma onda de constrangimento tomar conta de si.
  Sabia que havia falado demais, dito coisas que não se conectavam direito umas às outras, mas, após ser atropelada por aquele cachorro, havia perdido o foco, e sua frustração a deixou completamente incapaz de parar de falar. Sua mãe a teria repreendido com muito prazer se tivesse visto aquilo.   Dulce amava a mãe, mas esta era uma daquelas senhoras que nunca perdiam o controle. Aquilo enlouquecia Dulce ; por mais de uma vez, durante sua adolescência, ela teve vontade de segurar a mãe pelos braços e balançá-la, apenas para poder ter uma resposta espontânea. Claro, aquilo nunca funcionaria. Sua mãe simplesmente permitiria que ela a continuasse balançando até que Dulce se cansasse, e depois alisaria o cabelo e faria algum comentário enfurecedor, como: "Bem, Dulce, agora que você já terminou com o seu show, podemos discutir isso como duas damas?".


    Damas. Dulce não suportava aquela palavra. Quando sua mãe a dizia, ela sempre se sentia sobrepujada por uma sensação de fracasso, que fazia com que pensasse que tinha um longo caminho para percorrer, mas sem um mapa para guiá-la.
   Com certeza, sua mãe não tinha como evitar ser daquele jeito, assim como Dulce também não podia. Sua mãe era um clichê ambulante da feminilidade sulista, que cresceu usando vestidos com babados e sendo apresentada à elite da comunidade no Savannah Christmas Cotillion, um dos bailes de debutantes mais exclusivos do país. Ela também havia sido tesoureira da fraternidade feminina das Tri Delts na Universidade da Geórgia, outra tradição
da família, e, quando estava na faculdade, aparentemente tinha a opinião de que os assuntos acadêmicos eram muito menos importantes do que buscar um diploma de "esposa", que ela acreditava ser a única opção de carreira para uma dama sulista típica. Não era preciso dizer que ela queria que a outra parte da equação, denominada "marido", fosse digna do nome da sua família. O que essencialmente significava "ser rico".
    Era a deixa para que seu pai entrasse em cena. O pai de Dulce, um empreiteiro bem-sucedido e agente imobiliário, tinha 12 anos a mais do que a esposa quando se casaram e, embora não fosse tão rico quanto alguns que tinham a mesma carreira, certamente estava acima da média. Mesmo assim, Dulce se
lembrava de estudar as fotos do casamento de seus pais que os mostravam fora da igreja e pensar como duas pessoas tão diferentes podiam ter se apaixonado. A mãe adorava o faisão do clube de campo; o pai gostava dos biscoitos e do caldo de carne no restaurante local. Embora a mãe nunca ousasse sair de casa sem maquiagem - mesmo que apenas tivesse de atravessar o jardim para ir até a caixa de correio -, seu pai passava o dia usando jeans, e seu cabelo sempre estava um pouco desgrenhado. Mas eles realmente se amavam, e Dulce  não tinha dúvidas a respeito disso. Pela manhã, não era raro encontrar os pais envolvidos em um abraço carinhoso, e ela nunca os havia ouvido discutindo ou brigando. Eles também não dormiam em camas separadas, como vários pais de amigos de Dulce, que muitas vezes pareciam mais parceiros de negócios do que um casal propriamente dito. Mesmo nos dias de hoje, quando ela os visitava, os encontrava abraçados no sofá, e, quando seus amigos ficavam impressionados com aquilo, ela simplesmente balançava a cabeça e admitia que, qualquer que
fosse o motivo, os dois haviam sido feitos um para o outro.
    Para o eterno desgosto de sua mãe, Dulce, ao contrário de suas três irmãs loiras, sempre foi mais parecida com o pai. Mesmo quando criança, preferia usar macacões a vestidos, adorava subir em árvores e passava horas brincando na terra. De vez em quando, caminhava atrás do pai em algum terreno de construção, imitando os movimentos que ele fazia ao checar os lacres de janelas recém-instaladas ou espiando as caixas que haviam acabado de chegar da loja de materiais de construção de Mitchell. Seu pai a havia ensinado a colocar iscas no anzol e pescar, e ela adorava passear com ele na velha caminhonete com o rádio quebrado, a caminhonete que ele nunca se importou
em dar como entrada num carro novo. Depois do trabalho, eles brincavam de pega-pega ou basquetebol enquanto a mãe os observava da janela da cozinha
com uma expressão que Dulcr sempre achou parecida com um olhar que não era somente de reprovação, mas também de incompreensão. Era comum ver as irmãs ao lado da mãe, com o queixo caído.
   Embora Dulce gostasse de falar às pessoas sobre o espírito livre que tinha quando criança, na realidade ela acabou abraçando as visões do pai e da mãe sobre o mundo, especialmente porque sua mãe era uma especialista no uso do poder manipulador da maternidade.     Conforme Dulce cresceu, ela aceitou com mais facilidade as opiniões da mãe sobre roupas e o comportamento adequado para damas, simplesmente para não se sentir culpada. De todas as
armas no arsenal da sua mãe, a culpa era a mais eficiente de todas, e ela sabia
exatamente como usá-la. Por causa de uma sobrancelha levantada aqui e um
pequeno comentário ali, Dulce acabou fazendo aulas de etiqueta e danças de
salão; aprendeu obedientemente a tocar piano, e, como a mãe, foi formalmente
apresentada à sociedade no Savannah Christmas Cotillion. Se sua mãe estava orgulhosa naquela noite - e estava, a julgar pelo olhar em seu rosto -, Dulce sentia que, a partir daquele momento, estaria pronta para tomar as próprias
decisões; e ela sabia que sua mãe não aprovaria algumas delas. Sim, ela queria
se casar e ter filhos algum dia, como sua mãe, mas, naquele momento, percebeuque também queria ter uma carreira, assim como o pai.



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Autor(a): wermelinnger

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    Ah, sua mãe disse todas as coisas certas quando descobriu. No começo,pelo menos. Mas foi aí que a ofensiva sutil da culpa começou. Quando Dulcetirava notas mais altas na faculdade, sua mãe às vezes ficava com uma expressão séria, e se perguntava em voz alta se seria possível conciliar uma carreira d ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 49



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  • anne_mx Postado em 23/09/2020 - 23:06:23

    Que história lindaaa, fiquei apaixonada, parabéns <3

  • Dulcete_015 Postado em 09/03/2020 - 13:12:15

    Ameii a web,fiquei feliz por Dulce ter acordado

    • wermelinnger Postado em 27/03/2020 - 16:09:48

      oii fico feliz que tenha gostado

  • Dulcete_015 Postado em 02/03/2020 - 20:23:13

    Continuaa

    • wermelinnger Postado em 09/03/2020 - 12:48:32

      Prontinho o ultimo postado

  • Dulcete_015 Postado em 01/03/2020 - 18:05:38

    Continuaa PLMDS

    • wermelinnger Postado em 02/03/2020 - 15:24:25

      Continuando

  • Dulcete_015 Postado em 01/03/2020 - 13:20:08

    Continuaa,estou curiosa

    • wermelinnger Postado em 01/03/2020 - 19:20:45

      Continuando

  • Dulcete_015 Postado em 28/02/2020 - 20:07:38

    Continuaa

    • wermelinnger Postado em 29/02/2020 - 10:16:10

      Continuando

  • ana_vondy03 Postado em 28/02/2020 - 08:56:40

    Continua amoreee S2

    • wermelinnger Postado em 28/02/2020 - 18:00:59

      Continuando

  • Dulcete_015 Postado em 26/02/2020 - 13:02:12

    Continuaa

    • wermelinnger Postado em 26/02/2020 - 22:22:05

      continuando

  • ana_vondy03 Postado em 22/02/2020 - 14:39:07

    Continuaaa amoreee S2

    • wermelinnger Postado em 26/02/2020 - 09:43:50

      Continuando

  • Dulcete_015 Postado em 20/02/2020 - 19:55:38

    Continuaa

    • wermelinnger Postado em 26/02/2020 - 09:44:02

      Continua


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