Fanfics Brasil - Capítulo 15 A escolha - Vondy - Adaptada

Fanfic: A escolha - Vondy - Adaptada | Tema: VONDY


Capítulo: Capítulo 15

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Fevereiro de 2007


Christopher tentou se livrar daquelas memórias de quase onze anos, imaginando por que elas teriam reaparecido com tanta clareza. Seria porque agora ele tinha idade suficiente para perceber o quanto era incomum se apaixonar tão
rapidamente? Ou simplesmente porque ele sentia falta da intimidade daqueles dias? Ele não sabia.
  Ultimamente, parecia que ele não sabia a respeito de muitas coisas.
  Havia pessoas que alegavam ter todas as respostas, ou pelo menos as respostas para as grandes questões da vida, mas Christopher nunca havia acreditado nessas pessoas. Havia algo na segurança com a qual elas falavam ou escreviam que parecia rotular aquilo como charlatanismo. Mas, se houvesse uma pessoa capaz de responder a qualquer pergunta,Christopher perguntaria o seguinte: até onde uma pessoa deveria ir em nome do amor verdadeiro?
  Ele poderia fazer aquela pergunta a cem pessoas diferentes e receber cem respostas diferentes. A maioria era óbvia: uma pessoa deveria sacrificar, aceitar, perdoar, ou até mesmo lutar se necessário... e a lista não parava por aí.  Mesmo assim, mesmo sabendo que todas essas respostas eram válidas, nenhuma delas o ajudaria agora. Algumas coisas estavam além da sua compreensão. Pensando no passado, ele se lembrou de eventos que desejou ser capaz de mudar, lágrimas que desejou que nunca tivessem rolado, épocas que poderiam ter sido mais bem aproveitadas e frustrações que ele devia ter superado. A vida, aparentemente, era algo repleto de arrependimentos, e ele ansiava poder fazer otempo voltar para reviver algumas partes da sua vida. Uma coisa era certa: ele deveria ter sido um marido melhor. E, ao considerar a questão sobre até onde uma pessoa deveria ir em nome do amor, ele sabia qual deveria ser a sua
resposta. Às vezes, aquilo significava que uma pessoa deveria mentir.
  E, em breve, ele deveria decidir se faria aquilo.
As luzes fluorescentes e o piso de azulejos brancos ajudavam a enfatizar a esterilidade do hospital. Christopher andava lentamente pelo corredor, certo de que, mesmo tendo avistado Dulce anteriormente, ela não o havia visto. Ele
hesitou, tomando coragem para ir até ela e conversar. Era a razão pela qual ele havia vindo até ali, afinal de contas, mas as lembranças vívidas que passaram por seus olhos o haviam deixado esgotado. Ele parou, sabendo que esperar mais alguns minutos para organizar seus pensamentos não faria nenhuma diferença.
  Ele entrou em uma pequena sala de espera e se sentou. Observando o movimento rítmico e constante no corredor, percebeu que, apesar das
emergências infindáveis, a equipe de funcionários tinha certa rotina ali, assim como ele tinha as próprias rotinas em casa. Era inevitável que as pessoas tentassem criar um senso de normalidade em um lugar onde nada era normal.
  Acrescentar uma dose de previsibilidade a uma vida que era inerentemente imprevisível ajudava as pessoas a enfrentar o dia. As manhãs de Christopher eram um caso exemplar, todas sempre iguais. O despertador tocava às 6h15; ele levava um minuto para se levantar da cama e nove para tomar banho; mais quatro minutos para se barbear e escovar os dentes, e sete minutos para se vestir. Uma pessoa poderia acertar um relógio se seguisse os movimentos de Christopher pelas janelas da sua casa. Depois daquilo, ele descia as escadas rapidamente para
colocar cereal para as crianças; verificava as mochilas para ver se as lições de casa estavam em ordem e preparava sanduíches de manteiga de amendoim e geleia para o lanche, enquanto suas filhas, ainda sonolentas, tomavam o café da
manhã. Exatamente quinze minutos depois das 7 horas, eles sairiam pela porta e ele ficava ao lado delas na calçada, esperando o ônibus da escola chegar, dirigido por um homem cujo sotaque escocês fazia com que Christopher se lembrasse de Shrek. Depois que suas filhas entravam no ônibus e se sentavam, ele sorria e acenava, exatamente como devia fazer. Lisa e Christine tinham 6 e 8 anos, um pouco jovens para estarem no primeiro e no terceiro ano do ensino fundamental, e, ao observá-las no caminho para mais um dia na escola, ele frequentemente sentia seu coração se apertar de preocupação. Talvez aquilo fosse comum - as pessoas sempre diziam que criar filhos e se preocupar eram sinônimos - mas, recentemente, as preocupações que ele sentia pareciam mais acentuadas. Ele sentia que sua atenção se focava em coisas com que nunca havia se preocupado.
  Coisas pequenas. Ridículas. Lisa estava rindo dos desenhos animados tanto quanto antigamente? Christine estava mais retraída do que o normal? Às vezes, conforme o ônibus se afastava, ele percebia que relembrava do café da manhã, repetindo a cena várias e várias vezes em sua mente, procurando indícios relativos ao bem-estar das meninas. Ele havia passado metade do dia anterior imaginando se Lisa o estava testando quando pedia que ele amarrasse os sapatos, ou se apenas estava se sentindo preguiçosa. Mesmo sabendo que ele estava à beira da obsessão, quando entrou nos quartos de cada uma para ajustar os cobertores que estavam amarrotados nas camas, ele não conseguia deixar de pensar se a agitação que sentia à noite era algo novo, ou algo que ele simplesmente não havia percebido anteriormente.
  Não era para ser assim. Dulce deveria estar com ele; Dulce deveria ser a pessoa a amarrar os sapatos e a ajustar os cobertores. Ela era boa em
coisas daquele tipo, como ele sempre soube que ela seria, desde o começo. Ele se lembrou que, nos dias que se seguiram ao seu primeiro fim de semana juntos, ele se apanhava estudando Dulce, sabendo que, no fundo, mesmo se ele
passasse o resto da sua vida procurando, nunca encontraria uma mãe melhor, ou um complemento mais perfeito para ele. Aquela percepção sempre surgia nos lugares mais inusitados - ao empurrar o carrinho de supermercado na seção de frutas ou na fila para comprar os ingressos do cinema - mas, sempre que aquilo acontecia, era como se algo tão simples como pegar em sua mão se transformasse em um prazer intenso, algo que era ao mesmo tempo reconfortante e gratificante.
  Aquele período não foi tão descomplicado para ela. Foi ela quem ficou dividida entre dois homens que lutavam pelo seu amor. "Um pequeno inconveniente", era como Christopher descrevia a situação em festas, mas ele sempre
imaginava quando exatamente os sentimentos que ela tinha por ele haviam finalmente sobrepujado o que ela sentia por Kevin. Teria sido quando eles estavam sentados lado a lado, olhando para o céu, e ela começou a descrever as
constelações que conhecia? Ou no dia seguinte, quando ela o segurou com força enquanto eles andavam de moto, antes de pararem para fazer o piquenique? Ou mais tarde, na mesma noite, quando ele a tomou nos braços?
  Ele não tinha certeza. Capturar um instante específico como aquele não era mais possível do que localizar uma gota específica de água no oceano. Mas o fato era que Dulce ainda teve de explicar a situação para Kevin. Christopher se lembrava da expressão angustiada no rosto de Dulce na manhã em que ela sabia que Kevin voltaria à cidade. A certeza que os havia guiado nos dias anteriores outras pareciam estar entediadas; a situação não era diferente com os médicos.
  Em outros pavimentos, Christopher sabia que mães estavam dando à luz e que idosos estavam falecendo, um microcosmo do mundo. Por mais que ele achasse aquele ambiente opressivo, Dulce adorava trabalhar ali, energizada pelo intenso burburinho das atividades.



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Autor(a): wermelinnger

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  Ele se lembrou de uma carta na caixa de correio alguns meses antes, enviada pela administração da entidade, anunciando que o hospital planejavacelebrar os dez anos que Dulce trabalhava ali. A carta não mencionava nada que Dulce tivesse especificamente realizado naqueles dez anos; não era nada além de uma carta padronizada, algo que, ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 49



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  • anne_mx Postado em 23/09/2020 - 23:06:23

    Que história lindaaa, fiquei apaixonada, parabéns <3

  • Dulcete_015 Postado em 09/03/2020 - 13:12:15

    Ameii a web,fiquei feliz por Dulce ter acordado

    • wermelinnger Postado em 27/03/2020 - 16:09:48

      oii fico feliz que tenha gostado

  • Dulcete_015 Postado em 02/03/2020 - 20:23:13

    Continuaa

    • wermelinnger Postado em 09/03/2020 - 12:48:32

      Prontinho o ultimo postado

  • Dulcete_015 Postado em 01/03/2020 - 18:05:38

    Continuaa PLMDS

    • wermelinnger Postado em 02/03/2020 - 15:24:25

      Continuando

  • Dulcete_015 Postado em 01/03/2020 - 13:20:08

    Continuaa,estou curiosa

    • wermelinnger Postado em 01/03/2020 - 19:20:45

      Continuando

  • Dulcete_015 Postado em 28/02/2020 - 20:07:38

    Continuaa

    • wermelinnger Postado em 29/02/2020 - 10:16:10

      Continuando

  • ana_vondy03 Postado em 28/02/2020 - 08:56:40

    Continua amoreee S2

    • wermelinnger Postado em 28/02/2020 - 18:00:59

      Continuando

  • Dulcete_015 Postado em 26/02/2020 - 13:02:12

    Continuaa

    • wermelinnger Postado em 26/02/2020 - 22:22:05

      continuando

  • ana_vondy03 Postado em 22/02/2020 - 14:39:07

    Continuaaa amoreee S2

    • wermelinnger Postado em 26/02/2020 - 09:43:50

      Continuando

  • Dulcete_015 Postado em 20/02/2020 - 19:55:38

    Continuaa

    • wermelinnger Postado em 26/02/2020 - 09:44:02

      Continua


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