Fanfics Brasil - Capítulo 16 A escolha - Vondy - Adaptada

Fanfic: A escolha - Vondy - Adaptada | Tema: VONDY


Capítulo: Capítulo 16

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  Christopher  sabia que ele não poderia adiar o encontro com ela por mais tempo e se levantou da poltrona. Com as flores na mão, ele andou pelo corredor,sentindo-se quase incorpóreo. Viu que algumas enfermeiras o olhavam e, embora às vezes imaginasse o que elas estavam pensando, nunca parou para perguntar. Em vez disso, reuniu sua coragem. Suas pernas tremiam, e ele sentia o
início de uma dor de cabeça, um latejar inconveniente na parte de trás da cabeça. Se ele se permitisse fechar os olhos, tinha certeza de que dormiria por horas. Ele estava desmoronando, um pensamento que fazia tanto sentido quanto uma bola de golfe quadrada. Tinha 43 anos, não 72, e embora não estivesse comendo muito ultimamente, ainda se obrigava a ir à academia. - Você precisa continuar se exercitando - aconselhava o seu pai -, pelo menos para manter a sua sanidade.
  Ele havia emagrecido oito quilos nas últimas doze semanas e, no espelho, percebia que seu rosto estava mais esquelético, com as maçãs do rosto mais pronunciadas. Ele estendeu o braço para tocar na maçaneta e abriu a porta, forçando-se a sorrir quando a viu.
  - Oi, querida.
  Ele esperava que ela se mexesse, esperou por qualquer resposta que lhe dissesse que as coisas voltariam ao normal, de algum modo. Mas nada aconteceu e, em meio ao silêncio longo e vazio que se seguiu, Christopher sentiu uma dor que se
espalhava pelo seu corpo e ia até o seu coração. Era sempre assim. Entrando no quarto, ele continuou a olhar fixamente para Dulce, como se estivesse tentando memorizar cada um de seus traços, embora ele soubesse que não havia motivo para fazer aquilo. Ele conhecia o rosto dela melhor do que o seu próprio. Indo até a janela, ele abriu as cortinas, permitindo que a luz do sol invadisse o quarto. Não havia uma vista muito interessante; a janela do quarto ficava de frente para uma pequena rodovia que dividia a cidade em duas. Carros se moviam lentamente em frente a lanchonetes de fast-food, e ele podia imaginar os motoristas ouvindo música no rádio, conversando em seus telefones celulares, indo para o trabalho, fazendo entregas, cuidando de seus afazeres ou visitando seus amigos. Pessoas cuidando de suas vidas, pessoas perdidas em suas preocupações, todas elas ignorando o que acontecia no hospital. Ele costumava ser uma daquelas pessoas e sentia falta da vida que tinha.
  Ele colocou as flores no parapeito da janela, desejando ter trazido um vaso. Ele havia escolhido um buquê de inverno e as cores violeta e laranja- queimado pareciam obscurecidas, quase lúgubres. O florista se considerava um tipo de artista e, em todos os anos que Christopher havia comprado arranjos e buquês com aquele homem, nunca ficara decepcionado. O florista era um homem bom e gentil, e às vezes Christopher se perguntava o quanto o florista conhecia do seu casamento. Durante os anos, Christopher havia comprado buquês para os aniversários de Dulce e os aniversários de casamento; ele havia comprado flores como uma
forma de pedir perdão, ou no calor do momento, como uma surpresa romântica.
  E, a cada vez, ele havia ditado ao florista o que queria que estivesse escrito no cartão. Às vezes, ele recitava um poema que havia encontrado em algum livro ou que ele mesmo havia escrito; outras vezes, ele ia direto ao ponto e simplesmente dizia o que tinha na cabeça. Dulce havia guardado todos aqueles cartões, envoltos em uma tira de borracha. Eles eram uma espécie de histórico da vida a dois de Christopher e Dulce, descrita em pequenos textos.
  Ele se sentou na cadeira que havia ao lado da cama e buscou a mão dela. A pele de Dulce  estava pálida como cera; o corpo dela parecia menor, e ele notou as linhas de expressão que haviam começado a se formar ao redor dos olhos da sua esposa. Mesmo assim, ela era tão impressionante para Christopher  como na primeira vez em que a viu. Impressionava-lhe saber que ele a conhecia há quase onze anos. Não porque aquele período de tempo fosse extraordinário, mas porque aqueles anos pareciam conter mais vida do que seus primeiros 32 anos sem ela. Era a razão pela qual ele havia vindo ao hospital hoje; era a razão pela qual ele vinha todos os dias. Ele não tinha outra escolha. Não porque era aquilo que se esperava que ele fizesse - embora fosse -, mas porque ele não conseguia se imaginar em qualquer outro lugar. Eles passavam horas juntos, mas suas noites eram passadas em separado. Ironicamente, também não havia escolha em relação àquilo, pois ele não podia deixar suas filhas sozinhas. Naquele momento de sua vida, era o destino que tomava todas as decisões por ele.
  Com exceção de uma.
Oitenta e quatro dias haviam se passado desde o acidente, e agora ele tinha de fazer uma escolha. Ele ainda não tinha ideia do que fazer.
  Recentemente, começou a procurar por respostas na Bíblia e nos escritos de São Tomás de Aquino e Santo Agostinho. Ocasionalmente ele encontrava algum trecho que o impressionava, mas nada além daquilo; ele fechava o livro e se apanhava olhando pela janela, com a mente vazia, como se esperasse encontrar a solução em algum lugar no céu.
Ele raramente voltava direto para casa depois de ir ao hospital. Em vez disso, passava pela ponte e caminhava nas areias de Atlantic Beach. Tirava os sapatos e escutava as ondas quebrando na orla. Sabia que suas filhas estavam tão abaladas quanto ele e, após suas visitas ao hospital, precisava de tempo para se recompor. Não seria justo submetê-las à agonia que ele estava sentindo.
  Precisava das meninas para poder escapar daquilo. Quando estava com elas, ele não se concentrava em si mesmo, e a alegria delas ainda continha uma pureza imaculada. Elas ainda conseguiam se perder em meio às suas brincadeiras, e o som do riso das suas filhas o fazia querer rir e chorar ao mesmo tempo. Às vezes, enquanto as observava, ele ficava impressionado com o quanto elas se pareciam
com a mãe.
  Elas sempre perguntavam sobre Dulce , mas, geralmente, ele não sabia como lhes responder. Elas eram maduras o suficiente para saber que a
mamãe não estava bem e que precisava ficar no hospital; entendiam que, quando faziam uma visita, parecia que a mamãe estava dormindo. Mas ele não conseguia lhes contar a verdade sobre o problema de Dulce. Em vez disso, ele abraçava as duas no sofá e lhes falava sobre como Dulce havia ficado feliz quando estava grávida de cada uma delas, ou lembrava da época em que a família brincava em meio aos sprinklers do jardim durante toda a tarde.
  Geralmente, entretanto, eles folheavam os álbuns de fotos que Dulce  havia montado cuidadosamente. Ela ainda cuidava dos álbuns à moda antiga, e as fotos nunca deixavam de lhes colocar sorrisos no rosto. Christopher contava histórias associadas a cada uma das fotos e, ao observar o rosto radiante de Dulce nas imagens, sua garganta se apertava com a consciência de que ele nunca vira ninguém que fosse tão bonita.
  Para escapar da tristeza que o dominava naqueles momentos, ele às vezes tirava os olhos dos álbuns e os focava na fotografia grande e emoldurada que estava na parede, tirada na praia no verão anterior. Os quatro estavam usando calças cáqui e camisas brancas com botões, e estavam sentados sobre a grama das dunas. Era um retrato de família típico e muito comum em Beaufort, mas, de algum modo, Christopher o achava uma peça única. Não por retratar sua família, mas porque ele tinha certeza de que até mesmo um estranho se sentiria cheio de esperança e otimismo com a visão, pois as pessoas na foto se pareciamexatamente com o que uma família feliz deveria parecer.
  Mais tarde, depois que as meninas estivessem na cama, ele guardava os álbuns. Olhar as fotografias com suas filhas e contar histórias para deixá-las menos tristes era uma coisa. Folhear os álbuns sozinho era algo completamentediferente. Ele simplesmente não conseguia. Em vez disso, ele se sentava sozinho
no sofá, pesaroso com a tristeza que sentia por dentro. Às vezes Stephanie telefonava. Seus diálogos continuavam pontilhados com as provocações habituais, mas, ao mesmo tempo, a conversa parecia um pouco travada, pois ele sabia que ela queria que ele se perdoasse. Apesar dos comentários irônicos e das provocações ocasionais, ele sabia o que ela realmente queria dizer: que ninguém o culpava pelo que havia acontecido, e que não era culpa dele. Que ela e várias outras pessoas estavam preocupadas com ele. Para evitar aquelas frases de sempre, ele sempre dizia que estava bem, mesmo não estando, pois a verdade era algo que sabia que ela não queria ouvir: que não apenas duvidava que algum dia pudesse estar bem de novo, como não tinha certeza de que queria voltar a estar bem. 



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Autor(a): wermelinnger

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  Os raios quentes da luz do sol continuavam a se estender em direção a eles. No silêncio, Christopher apertou a mão de Dulce e gemeu com a dor que sentiu no pulso. Ele estava engessado até um mês atrás, e os médicos haviam receitado analgésicos. Os ossos em seu braço haviam sido fraturados e seus ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 49



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  • anne_mx Postado em 23/09/2020 - 23:06:23

    Que história lindaaa, fiquei apaixonada, parabéns <3

  • Dulcete_015 Postado em 09/03/2020 - 13:12:15

    Ameii a web,fiquei feliz por Dulce ter acordado

    • wermelinnger Postado em 27/03/2020 - 16:09:48

      oii fico feliz que tenha gostado

  • Dulcete_015 Postado em 02/03/2020 - 20:23:13

    Continuaa

    • wermelinnger Postado em 09/03/2020 - 12:48:32

      Prontinho o ultimo postado

  • Dulcete_015 Postado em 01/03/2020 - 18:05:38

    Continuaa PLMDS

    • wermelinnger Postado em 02/03/2020 - 15:24:25

      Continuando

  • Dulcete_015 Postado em 01/03/2020 - 13:20:08

    Continuaa,estou curiosa

    • wermelinnger Postado em 01/03/2020 - 19:20:45

      Continuando

  • Dulcete_015 Postado em 28/02/2020 - 20:07:38

    Continuaa

    • wermelinnger Postado em 29/02/2020 - 10:16:10

      Continuando

  • ana_vondy03 Postado em 28/02/2020 - 08:56:40

    Continua amoreee S2

    • wermelinnger Postado em 28/02/2020 - 18:00:59

      Continuando

  • Dulcete_015 Postado em 26/02/2020 - 13:02:12

    Continuaa

    • wermelinnger Postado em 26/02/2020 - 22:22:05

      continuando

  • ana_vondy03 Postado em 22/02/2020 - 14:39:07

    Continuaaa amoreee S2

    • wermelinnger Postado em 26/02/2020 - 09:43:50

      Continuando

  • Dulcete_015 Postado em 20/02/2020 - 19:55:38

    Continuaa

    • wermelinnger Postado em 26/02/2020 - 09:44:02

      Continua


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