Fanfics Brasil - Capitulo 17 A escolha - Vondy - Adaptada

Fanfic: A escolha - Vondy - Adaptada | Tema: VONDY


Capítulo: Capitulo 17

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  Ela trabalhou rapidamente, removendo uma bolsa de alimentação parenteral e substituindo-a por outra, enquanto mantinha a conversa em um fluxo constante. - Eu sei que você está um pouco dolorida por causa do exercício que fizemos esta manhã. Nós exageramos um pouco, não foi? Fizemos como aquelas
pessoas dos comerciais que passam na TV a cabo. Trabalhando este músculo, trabalhando aquele. Fiquei orgulhosa com o seu rendimento.
  Todas as manhãs e nos fins de tarde, uma das enfermeiras vinha até o quarto para flexionar e alongar os membros de Dulce.
  Dobrar os joelhos e depois esticá-los; flexionar o pé para cima e depois para baixo. Elas faziam aquilo com cada uma das articulações do corpo de Dulce.
  Depois de terminar de ajustar a bolsa e pendurá-la, Gretchen verificou o fluxo e ajustou os lençóis, e se virou para Christopher.
  - Você está bem hoje?
  - Não sei - disse ele.
  Gretchen pareceu se arrepender de ter perguntado. - Fico feliz por você ter trazido flores - disse ela, olhando em direção ao parapeito da janela. - Tenho certeza de que Dulce as adora.
  - Espero que sim.
  - Você vai trazer as meninas?
  Christopher engoliu em seco, lutando contra o nó que sentia na garganta.
  - Hoje, não.
  Gretchen apertou os lábios e fez que sim com a cabeça. Um momento depois, ela saiu do quarto.
  Doze semanas antes daquilo, Dulce foi levada até a sala de emergência em uma maca, inconsciente e com um corte no ombro esquerdo que sangrava abundantemente. Os médicos se concentraram inicialmente no corte por causa da grande perda sanguínea, embora, pensando retrospectivamente, Christopher imaginava se uma abordagem diferente poderia ter mudado as coisas.
  Ele não sabia, e nunca viria a saber. Como Dulce, ele também foi levado à sala de emergência; como Dulce, ele passou a noite inconsciente. Mas as similaridades acabavam ali. No dia seguinte, ele acordou com dor e com o braço lacerado. Dulce não acordava desde aquele dia.
  Os médicos foram gentis, mas eles não tentaram ocultar a preocupação que sentiam. Lesões cerebrais eram sempre sérias, diziam eles, mas esperavam que a lesão pudesse sarar e que tudo ficaria bem com o tempo.
  Com o tempo.
  Às vezes ele imaginava se os médicos tinham noção da intensidade emocional do tempo, ou do que ele estava passando, ou mesmo de que o tempo fosse uma coisa finita. Ele duvidava. Ninguém fazia ideia do que ele estava passando, ninguém realmente compreendia a escolha que ele tinha na sua frente. Na superfície, era simples. Ele faria exatamente o que Dulce queria, exatamente  como ela o fez prometer.
  Mas e se...
  E era aquilo. Ele pensou demoradamente, intensamente a respeito da realidade da situação; ele havia passado noites em claro considerando a questão. Ele se perguntou novamente o que o amor
realmente significava. E, na escuridão do seu quarto, se virava na cama sem conseguir dormir, desejando haver outra pessoa que pudesse fazer a escolha por ele. Mas lutou contra aquilo sozinho e, frequentemente, acordava pela manhã com um travesseiro molhado em lágrimas no lugar onde Dulce deveria estar. E as primeiras palavras que saíam da sua boca eram sempre as mesmas.
  - Me desculpe, querida.
  A escolha que Christopher precisava fazer tinha origem em dois eventos distintos. O primeiro evento estava relacionado ao casal Kenneth e Eleanor Baker. O segundo evento, o acidente, havia ocorrido em uma noite chuvosa e com ventos fortes há doze semanas.
  O acidente era simples de explicar e similar a vários acidentes em que uma série de erros isolados e aparentemente inconsequentes haviam se somado, de algum modo, e explodido da maneira mais horrível possível. Em meados de novembro, eles haviam ido até o RBC Center em Raleigh, para assistir a um show
ao vivo de David Copperfield. Normalmente eles assistiam a um ou dois espetáculos por ano, mesmo que fosse apenas uma desculpa para passarem uma noite a sós. Geralmente jantavam antes, mas não o fizeram naquela noite. Christopher saiu tarde da clínica veterinária e eles demoraram a sair de Beaufort, e, quando estacionaram o carro, faltavam poucos minutos para o show começar. Na pressa, Christopher esqueceu seu guarda-chuva, apesar das nuvens pesadas e o vento que começava a ganhar força. Aquele foi o primeiro erro.
  Eles assistiram ao show e gostaram muito, mas o tempo havia piorado quando eles saíram do teatro. A chuva caía com força e Christopher se lembrava de esperar em pé com Dulce, imaginando qual seria a melhor maneira de chegar até o carro. Eles avistaram um casal de amigos que também havia assistido ao show, e Jeff se ofereceu para acompanhar Christopher até o carro para que ele não se molhasse. Mas Christopher não quis causar um incômodo, e recusou a oferta de Jeff. Em vez disso, ele correu em meio à chuva, pisando em poças que lhe chegavam até a altura do tornozelo a caminho do carro. Ele estava totalmente encharcado quando conseguiu abrir a porta e entrar, especialmente nos pés. Este foi o segundo erro.
  Como estava tarde, e como ambos tinham de trabalhar na manhã seguinte, Christopher dirigiu rapidamente a despeito do vento e da chuva, tentando ganhar alguns minutos em um percurso que geralmente levava duas horas e meia. Embora fosse difícil ver pelo para-brisa, ele dirigia na faixa da esquerda da rodovia, indo além do limite de velocidade, ultrapassando carros com motoristas que eram mais cuidadosos em relação aos perigos do clima chuvoso.
   Aquele foi o terceiro erro. Dulce pediu várias vezes para que ele diminuísse a velocidade; por mais de uma vez, ele fez o que ela pediu, apenas para acelerar de novo assim que conseguisse.
  Quando passaram por Goldsboro, ainda com uma hora e meia de estrada até voltarem para a casa, ela havia ficado tão furiosa que parou de conversar com ele. Recostou a cabeça no assento e fechou os olhos, recusando-se a conversar, frustrada com a maneira como ele a estava tratando. Aquele foi o quarto erro.
  O acidente veio a seguir, e poderia ter sido evitado se nenhuma das outras coisas tivesse acontecido. Se ele tivesse trazido seu guarda-chuva ou aceitado que seu amigo o acompanhasse até o carro, ele não teria corrido até o carro na chuva. Seus pés poderiam estar secos. Se ele tivesse dirigido mais devagar, poderia
ter conseguido controlá-lo. Se ele tivesse respeitado os pedidos de Dulce, eles não teriam brigado, e ela estaria atenta ao que ele pretendia fazer e o impediria antes que fosse tarde demais.
  Perto de Newport há uma curva ampla e fácil, com um semáforo sinalizando um cruzamento. Naquele ponto do percurso - a menos de vinte minutos até chegar em casa -, a coceira nos pés de Christopher o estava deixando louco. A umidade havia deixado seus cadarços bastante tensionados, e, não importa o quanto ele tentasse se livrar dos sapatos, a ponta de um sempre acabava escorregando por baixo do salto do outro. Ele se inclinou para a frente, abaixando a cabeça até quase não conseguir olhar por cima do painel, e esticou uma das mãos para alcançar o sapato. Olhando para baixo, ele se atrapalhou com o nó e não viu que o semáforo mudou para o amarelo.
  O nó não se soltava. Quando Christopher finalmente conseguiu desatá-lo, ele levantou os olhos, mas já era tarde demais. O semáforo havia mudado para o vermelho e um caminhão prateado estava entrando no cruzamento. Instintivamente, ele pisou no freio, e a traseira do seu carro começou a derrapar no asfalto encharcado. O carro saiu do controle. No último instante, as rodas conseguiram se firmar e adquirir tração, evitando o choque com o caminhão, mas o carro perdeu o traçado da curva e saiu da
estrada, indo em direção aos pinheiros. A lama estava ainda mais escorregadia e não havia nada que
ele pudesse fazer. Ele virou o volante e nada aconteceu. Por um instante, o mundo parecia estar se movendo em câmera lenta. A última coisa de que ele se lembrava antes de perder a consciência era do som repugnante do vidro se estilhaçando e do metal se retorcendo.
  Dulce nem teve tempo de gritar.



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Autor(a): wermelinnger

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  Christopher afastou um cacho ruivo que estava sobre a testa de Dulce e o colocou por trás da orelha dela, escutando seu próprio estômago roncar e reclamar de fome. Por mais faminto que ele estivesse, não conseguia suportar a ideia de comer. Ele sentia seu estômago perpetuamente embrulhado e, nos raros momentos em que isso não ac ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 49



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  • anne_mx Postado em 23/09/2020 - 23:06:23

    Que história lindaaa, fiquei apaixonada, parabéns <3

  • Dulcete_015 Postado em 09/03/2020 - 13:12:15

    Ameii a web,fiquei feliz por Dulce ter acordado

    • wermelinnger Postado em 27/03/2020 - 16:09:48

      oii fico feliz que tenha gostado

  • Dulcete_015 Postado em 02/03/2020 - 20:23:13

    Continuaa

    • wermelinnger Postado em 09/03/2020 - 12:48:32

      Prontinho o ultimo postado

  • Dulcete_015 Postado em 01/03/2020 - 18:05:38

    Continuaa PLMDS

    • wermelinnger Postado em 02/03/2020 - 15:24:25

      Continuando

  • Dulcete_015 Postado em 01/03/2020 - 13:20:08

    Continuaa,estou curiosa

    • wermelinnger Postado em 01/03/2020 - 19:20:45

      Continuando

  • Dulcete_015 Postado em 28/02/2020 - 20:07:38

    Continuaa

    • wermelinnger Postado em 29/02/2020 - 10:16:10

      Continuando

  • ana_vondy03 Postado em 28/02/2020 - 08:56:40

    Continua amoreee S2

    • wermelinnger Postado em 28/02/2020 - 18:00:59

      Continuando

  • Dulcete_015 Postado em 26/02/2020 - 13:02:12

    Continuaa

    • wermelinnger Postado em 26/02/2020 - 22:22:05

      continuando

  • ana_vondy03 Postado em 22/02/2020 - 14:39:07

    Continuaaa amoreee S2

    • wermelinnger Postado em 26/02/2020 - 09:43:50

      Continuando

  • Dulcete_015 Postado em 20/02/2020 - 19:55:38

    Continuaa

    • wermelinnger Postado em 26/02/2020 - 09:44:02

      Continua


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