Fanfics Brasil - Capítulo 18 A escolha - Vondy - Adaptada

Fanfic: A escolha - Vondy - Adaptada | Tema: VONDY


Capítulo: Capítulo 18

17 visualizações Denunciar


O Natal foi um dos piores dias, pois aquele sempre foi o feriado preferido de Dulce. Ela adorava todos os aspectos do fim do ano: decorar a árvore, assar biscoitos e até mesmo fazer compras. Christopher ficava espantado com o fato de que Dulce conseguia manter o bom humor enquanto abria caminho por entre a multidão em lojas de departamentos, mas, à noite, depois que as meninas haviam ido dormir, ela tirava os presentes que eles haviam comprado do lugar onde estavam escondidos e, juntos, eles os embrulhavam. Mais tarde, Christopher os escondia novamente no sótão.
  Não houve nenhuma alegria na época de festas daquele ano. Christopher fez o melhor que conseguiu, forçando o ânimo mesmo que não houvesse nenhum.
  Ele tentou fazer tudo que Dulcr fazia, mas o esforço de manter uma fachada feliz era muito desgastante, especialmente porque nem Lisa nem Christine facilitavam as coisas para ele. Não era culpa delas, mas ele não sabia como reagir quando, no topo da lista de presentes que cada uma queria ganhar, estava um pedido para que a mamãe voltasse para casa. Aquilo não podia ser substituído por um novo video game ou uma casa de bonecas.
  Nas últimas semanas, as coisas haviam melhorado. Um pouco. Christine ainda abria seus berreiros e Lisa ainda chorava à noite, mas elas haviam se adaptado à vida na casa sem a mãe. Quando elas chegavam em casa depois da escola, não tinham mais o hábito de chamar por Dulce ; quando caíam e arranhavam seus cotovelos, automaticamente vinham até ele para procurar um band-aid. No desenho da família que Lisa havia feito na escola, Christopher viu apenas três imagens; ele teve de prender o fôlego antes de perceber que havia outra imagem horizontal no canto, que parecia ter sido acrescentada algum tempo depois. Elas não perguntavam tanto a respeito da mãe quanto antigamente e raramente a visitavam no hospital. A situação ficava difícil quando elas iam, pois não sabiam o que dizer ou mesmo como agir. Christopher entendia aquilo e tentava facilitar as coisas. - Apenas falem com ela - era o que ele lhes dizia, e elas tentavam, mas as palavras das meninas sumiam quando não recebiam nenhuma resposta.
  Geralmente, quando elas iam ao hospital, Christopher fazia com que trouxessem coisas - pedras bonitas que elas haviam achado no jardim, folhas que haviam laminado e cartões que elas faziam à mão, decorados com glitter. Mas até mesmo os presentes estavam permeados pela incerteza. Lisa colocava seu presente sobre a barriga de Dulce e depois se afastava; um momento depois, ela o colocava mais perto da mão de Dulce. Mais tarde, ela colocava o objeto na mesa de cabeceira. Christine, por outro lado, não conseguia ficar parada. Ela se sentava na cama e ficava de pé ao lado da janela; ela observava o rosto da mãe bem de perto e, mesmo com tudo aquilo, nunca dizia uma palavra.
  - O que aconteceu na escola hoje? - Christopher havia perguntado a ela na última vez que ela fora ao hospital. - Tenho certeza de que sua mãe quer saber de tudo que você anda fazendo.
  Em vez de responder, Christine se virou para ele. - Por quê? - perguntou ela, em um tom triste de desafio. - Você sabe que ela não consegue me ouvir.
  Havia uma cafeteria no andar térreo do hospital e, na maioria das vezes em que Christopher ia até lá, o que ocorria quase todos os dias, era para ouvir outras vozes que não a sua. Normalmente, ele chegava no horário do almoço e, durante as últimas semanas, começou a reconhecer as pessoas que iam até lá regularmente. A maioria eram funcionários do hospital, mas havia uma senhora idosa que parecia estar lá toda vez que ele chegava. Embora nunca houvesse falado com ela, Gretchen havia lhe dito que o marido daquela senhora já estava na UTI quando Dulce foi hospitalizada, um problema relacionado a diabetes; e, sempre que via a mulher tomando uma tigela de sopa, ele pensava no marido dela, em algum quarto do hospital. Era fácil imaginar o pior: um paciente ligado a uma dúzia de máquinas, cirurgias intermináveis, possíveis amputações, um homem que mal conseguia sobreviver. Não era da sua conta perguntar o que
havia, e ele nem tinha certeza se queria saber a verdade, pois imaginava que não poderia sentir a preocupação que sabia que precisaria demonstrar. Sua capacidade de sentir empatia, pensava ele, havia evaporado.
  Mesmo assim, ele a observava, curioso a respeito do que poderia aprender com aquela senhora. Embora o nó que ele sentia em seu estômago nunca parecesse se afrouxar o bastante para que ele conseguisse engolir mais do que algumas mordidas de qualquer coisa, ela não somente comia toda a sua refeição, como parecia saboreá-la com gosto. Enquanto ele achava impossível se concentrar bastante tempo em outra coisa que não fossem nas próprias
necessidades e na existência diária de suas filhas, ela lia livros durante o horário de almoço e, mais de uma vez, ele havia percebido que ela ria discretamente com algum trecho que lhe divertia. E, ao contrário dele, ela ainda conservava a capacidade de sorrir, e sempre oferecia um sorriso às pessoas que passavam pela sua mesa.
  Às vezes, em meio ao sorriso, ele achava que podia ver um traço de solidão, mesmo quando se reprimia por imaginar algo que provavelmente não estava ali. Ele não conseguia parar de pensar a respeito do casamento dela.
  Devido à idade, ele presumiu que eles já teriam celebrado bodas de prata, ou talvez até mesmo de ouro. Muito provavelmente tinham filhos, mesmo que ele nunca os tivesse visto. Mas, além daquilo, ele não conseguia intuir nada.
  Imaginava se eles haviam sido felizes, pois ela parecia aceitar a doença do marido sem reservas, enquanto Christopher parecia andar pelos corredores do hospital como se um único passo em falso fosse o bastante para fazer com que ele
desmoronasse no chão.
  Ele imaginava, por exemplo, se o marido daquela senhora havia plantado roseiras para ela, algo que Christopher havia feito para Dulce quando ela engravidou pela primeira vez, com Christine em seu ventre. Christopher  se lembrava da aparência dela, sentada na varanda com uma mão sobre a barriga mencionando que o quintal precisava de flores. Olhando para ela enquanto dizia aquilo, Christopher não podia negar seu pedido, assim como não podia respirar debaixo d`água. Embora suas mãos estivessem arranhadas e as pontas dos dedos sangrassem quando ele terminou de plantar as roseiras, as rosas desabrocharam no dia em que Christine nasceu. Ele havia trazido um buquê ao hospital.
  Christopher imaginava se o marido dela a observava pelo canto dos olhos da mesma maneira que ele observava Dulce quando suas filhas brincavam nos balanços do parque. Ele adorava ver como as feições de Dulce se iluminavam com orgulho. Frequentemente, pegava na mão dela e tinha vontade de segurá-la
para sempre.
  Ele se perguntava se o marido dela a achava bonita logo ao acordar pela manhã, com os cabelos embaraçados, como acontecia com Christopher  quando ele olhava para Dulce. Às vezes, apesar do caos organizado que sempre
caracterizava as manhãs, eles simplesmente continuavam abraçados na cama por mais alguns minutos, como se estivessem juntando forças para encarar o dia que se iniciava.
  Christopher  não sabia se o seu casamento havia sido especialmente abençoado ou se todos os casamentos eram como o seu. Tudo o que sabia era que, sem Dulce, ele estava totalmente perdido, enquanto outras pessoas,inclusive a mulher na cafeteria, de algum modo encontravam força para seguir em frente. Ele não sabia se devia admirar a mulher ou sentir pena dela. Sempre desviava o olhar antes que ela percebesse que ele a estava observando. Por trás
dele, uma família entrou na cafeteria, conversando animadamente e carregando balões; na caixa registradora, ele viu um rapaz buscando por moedas em seus bolsos. Christopher empurrou sua bandeja, sentindo-se enjoado. Ele havia comido apenas metade do seu sanduíche. Debateu se devia trazê-lo consigo de volta ao quarto, mas ele sabia que não conseguiria acabar de comê-lo mesmo que o fizesse. Ele se virou para a janela.
  A cafeteria ficava em frente a uma pequena área arborizada, e ele observou o mundo em mutação do lado de fora. A primavera não tardaria a chegar e ele imaginou que pequenos botões estariam começando a se formar nos canteiros. Nos últimos três meses, ele viu todos os tipos de mudanças climáticas a partir daquele lugar. Ele observou chuva e sol e viu ventos fortes de 80
quilômetros por hora curvarem os pinheiros ao longe quase a ponto de quebrá- los. Há três semanas ele viu uma chuva de granizo, seguida por um arco-íris espetacular que parecia emoldurar os canteiros de azaleias. As cores, tão vívidas que pareciam quase ter vida própria, faziam-no pensar que a natureza às vezes
mandava sinais, e que é importante lembrar que a alegria sempre pode vir após o desespero. Mas, um momento depois, o arco-íris desapareceu e o granizo voltou, e ele percebeu que a alegria, as vezes, era apenas uma ilusão. 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): wermelinnger

Este autor(a) escreve mais 6 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

  No meio da tarde, o tempo estava ficando nublado e havia  chegado a hora dos exercícios de Dulce. Embora os exercícios tivessem sido feitos durante a manhã, e os exercícios da noite fossem feitos por outra enfermeira, Christopher perguntou a Gretchen se ele  poderia fazer o mesmo por ela durante a tarde também.  ̵ ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 49



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • anne_mx Postado em 23/09/2020 - 23:06:23

    Que história lindaaa, fiquei apaixonada, parabéns <3

  • Dulcete_015 Postado em 09/03/2020 - 13:12:15

    Ameii a web,fiquei feliz por Dulce ter acordado

    • wermelinnger Postado em 27/03/2020 - 16:09:48

      oii fico feliz que tenha gostado

  • Dulcete_015 Postado em 02/03/2020 - 20:23:13

    Continuaa

    • wermelinnger Postado em 09/03/2020 - 12:48:32

      Prontinho o ultimo postado

  • Dulcete_015 Postado em 01/03/2020 - 18:05:38

    Continuaa PLMDS

    • wermelinnger Postado em 02/03/2020 - 15:24:25

      Continuando

  • Dulcete_015 Postado em 01/03/2020 - 13:20:08

    Continuaa,estou curiosa

    • wermelinnger Postado em 01/03/2020 - 19:20:45

      Continuando

  • Dulcete_015 Postado em 28/02/2020 - 20:07:38

    Continuaa

    • wermelinnger Postado em 29/02/2020 - 10:16:10

      Continuando

  • ana_vondy03 Postado em 28/02/2020 - 08:56:40

    Continua amoreee S2

    • wermelinnger Postado em 28/02/2020 - 18:00:59

      Continuando

  • Dulcete_015 Postado em 26/02/2020 - 13:02:12

    Continuaa

    • wermelinnger Postado em 26/02/2020 - 22:22:05

      continuando

  • ana_vondy03 Postado em 22/02/2020 - 14:39:07

    Continuaaa amoreee S2

    • wermelinnger Postado em 26/02/2020 - 09:43:50

      Continuando

  • Dulcete_015 Postado em 20/02/2020 - 19:55:38

    Continuaa

    • wermelinnger Postado em 26/02/2020 - 09:44:02

      Continua


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais