Fanfic: Lica | Tema: Amor Infantil, Amor lésbico
(Lica foi uma estória que uma amiga minha me desafiou a escrever, tinha algumas palavras chave que eu precisava colocar em contexto, espero que gostem, boa leitura)
Lica
“Droga” pensou Lica, outra pedra arremessada no lago que não saltitava, “será que nunca vou conseguir fazê-las saltitar? Será que nada do que tento dá certo como espero em minha mente? ”. Lica estava há anos sentindo-se desiludida com a vida em si, nada mais tinha muita graça, tudo o que fazia era sentar nos bancos do Royal Canal Park e jogar pedras no lago tentando fazê-las saltitar, entretanto conseguindo apenas assustar os gansos “logo ainda avançam em mim se eu continuar a incomodá-los” deprimiu-se com a ideia de ter de correr de gansos enfurecidos.
Tudo a sua volta parecia morto, o inverno estava no auge e tudo estava sem cor, os muros estavam cinza, os galhos secos também, o céu há tempos estava sem cor, até seu suéter era cinza “que piada, parece que eu planejei combinar com a morbidez do cenário” e jogou outra pedra, mas essa longe dos gansos. Tirou do bolso do jeans uma carteira e dela uma foto estilo polaroide onde se viam duas garotas, Lica e Anne, ambas sorrindo, Lica estava com uma ‘janelinha’ em um dos dentes da frente, entretanto isso não a impedia de sorrir de orelha a orelha e abraçar Anne.
Suspirou fundo e lembrou dos ‘bons tempos’ quando eram amizades, pensando bem eram amigas desde sempre e estar agora há quase quatro anos sem se ver nem se falar estava sendo muito difícil e solitário, Lica sempre estivera com Anne, sempre, desde pequeninas a brincar no sítio da avó de Lica, ambas de macacão e marias-chiquinhas, Lica de camiseta amarelinha e tênis AllStars azuis claros e Anne combinando de camiseta azul clara e AllStars amarelos, ambas rindo e correndo atrás dos gansos da fazenda “poxa, se avançassem em mim agora seria apenas karma” riu-se parvamente.
Ainda doía-lhe pensar no dia de seu décimo-oitavo aniversário, um pouco antes recebera a notícia de que passara na Trinity College e ganhara uma bolsa para lá estudar, já vinha há um bom tempo percebendo que o que sentia por Anne não era apenas amizade, não que amizade seja pouco, amigos tempos pouquíssimos ao longo da vida, mas que seu sentimento se tornara mais romântico e com a mudança iminente decidiu que confessaria seus sentimentos na festa de aniversário por Anne, tinha certeza que era recíproco, sempre estiveram ali uma pela outra afinal. Entretanto não o foi, logo após os parabéns Lica chamou a amiga para frente do portão e disse-lhe “olha, Anne, não sou boa com palavras, você sabe, faz muito tempo que eu sinto isso e devo te dizer logo: Eu te amo! Mais do que como amiga, eu te amo pra valer” Anne não soube o que responder, estava atônita e com a ausência de resposta Lica decidiu se retirar, deixando Anne do lado de fora do portão, foi para seu quarto e lá chorou até cair no sono, no dia seguinte falou para a mãe que iria para a Irlanda no mesmo dia, que vira uma passagem não muito cara na RyanAir e que conseguiria pagar com o dinheiro do aniversário, já tinha visto um quarto em uma residência estudantil e já tinha feito as malas. Sua mãe ficou sem reação, apenas conferiu tudo com a filha para ver se realmente estava tudo certo, conversou com o marido e os filhos e todos levaram Lica ao aeroporto na mesma tarde e desde então vivia só em Dublin.
“Eu nunca lhe disse que me mudaria, troquei meu número, apaguei as redes sociais e avisei minha família que não queria ter contato com ninguém fora meus pais e irmãos, que começaria um novo capítulo na minha vida, Anne, sinto tanto tua falta, será que por acaso fui parva de ter reagido assim à rejeição? Será que poderia ter sido diferente? Será que você ainda continua morando em Sevilla onde crescemos? Será que ainda pensa em mim? ” Divagava Lica até que seu celular tocou e a despertou do devaneio “Mãe: Disseram-me para te pedir que olhasse para trás”, “como assim olhar para trás? ” Pensou Lica, mas dando de ombros virou-se e com o coração quase a ponto de explodir, entendeu o porquê do pedido.
Lágrimas escorreram quentes pelo seu rosto e suas feridas no coração começaram a cicatrizar.
Autor(a): laurobitteh
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