Fanfic: Don't change yourself | Tema: Naruto
Vingança. Algo tão mórbido aos ouvidos das outras pessoas, mas para essas jovens… Nada mais do que o necessário. Talvez vingança não seja exatamente o que elas precisam, as pessoas agem por impulso quando os sentimentos afloram. Só que como nossas protagonistas estão confusas sobre tudo, esse entendimento não foi absorvido pelas mesmas.
Iremos acompanhar a história de sete jovens moças que ainda estão no ensino médio. Mas antes, precisamos fazer uma retrospectiva de como o desastre se desencadeou.
-X-
A garota de olhos brilhantes e perolados andava em direção à Konoha High, um colégio renomado. Ela observava com ansiedade o lugar, pois se tudo desse certo, passaria a estudar lá no ano seguinte.
Seu nome era Hanabi Hyuuga, irmã mais nova de Hinata Hyuuga, esta que ironicamente estudava no referido lugar. Ela estava a esperando para voltar pra casa e quem sabe, topar com o namorado.
Era estranho pensar que ela era dois anos mais nova que ele. Ainda mais quando todos à sua volta ressaltavam essa informação, como se fosse o pior dos crimes da face da terra. Claro, ela com os seus quinze anos já tinha alguma noção do que era certo ou errado.
O pior de tudo era ter que aguentar seu primo em cima do namorado, alegando que estava a protegendo. Neji sempre foi uma espécie de guardião para as duas irmãs, mas as vezes as coisas passavam do limite.
Hanabi passou o dedo pela tela do celular, a fim de verificar o horário. Não era do feitio de Hinata a fazer esperar por tanto tempo. A morena bufou e sentou-se debaixo de uma árvore. Ela acabou não aguentando e mandou uma mensagem para a irmã.
"Onde vc está?"
Demorou algum tempo para Hinata ficar online.
"Estou na minha sala, vou ajudar uma amiga a carregar alguns livros. Me espere debaixo da árvore de sempre.”
Ora essa, nem para avisar antes? Talvez se ajudasse as meninas, mais rápido chegaria em casa. Assim, seguiu para a entrada do prédio, onde aguardaria a irmã.
-- Sabe, o Kiba é uma boa pessoa, mas… Meio que ele é atirado… -- A voz tímida de Hinata que ecoou foi reconhecida na hora pela Hyuuga mais nova, que a essa hora estava mais do que interessada na conversa das duas garotas.
-- É meio estranho que ele namore a sua irmã. Principalmente quando ele diz que está solteiro para o resto das pessoas. -- Provavelmente a outra garota provavelmente era Hana. -- Eu conheço bem o meu irmão, ele está aprontando alguma.
-- Com todo o respeito Hana-chan, mas acho melhor os dois pararem de se ver…
-- Infelizmente…
Espera. Que história era essa? Hanabi sabia que as coisas não eram tão fáceis, mas nada de ruim estava acontecendo com ambos. E mais, ele não a apresentava como namorada? Isso era estranho…
-- O-Oh! Nabi! -- A morena permaneceu parada, olhando sem rumo numa direção qualquer. -- Pensei que estivesse debaixo daquela árvore…
-- Oi, onne-san, Hana-chan. -- Sorriu falsamente, fingindo não ter escutado nada. A irmã de Kiba sorriu de volta, mas claramente estava procurando um lugar pra enfiar a cara.
A mais velha se despediu e seguiu seu próprio caminho, enquanto as irmãs pararam num ponto de ônibus. Hinata acabou notando o silêncio anormal entre as duas, mas não se encontrou no direito de falar nada. Como sempre.
-X-
Ino andava distraída pelos corredores, olhando para o celular. O dia havia acabado de ficar feio e isso era o suficiente para deixá-la pra baixo.
A loira precisava ir ao seu armário para pegar alguns livros e depois finalmente voltar para sua residência. Havia passado a tarde no colégio, por causa de uma das suas paixões: O clube de artesanato. Desde flores até remendos, isso sim era o paraíso para a Yamanaka.
Estava prestes a guardar o aparelho no bolso de sua calça, mas parou ao ouvir o toque do mesmo. Quem ligava era sua prima, Shion. Ino não entendeu de início o que sua "querida" prima queria, mas atendeu por fim.
-- Alô? -- Falou, totalmente sem ânimo.
-- Você não vai acreditar no que eu estou vendo aqui! -- Sua voz suave demonstrava um certo desespero.
-- O que houve? Fale de uma vez! -- A loira encostou-se nos armários, ansiando por uma resposta.
-- O Sai! Ele… ele...
-- Ele o que?!
-- Ele está sozinho com outra garota no ateliê.
-- Ué, qual o problema?
-- O problema é que a garota é a Guren. -- Finalizou a loira, com uma inquietação irritante. A Yamanaka literalmente levantou voo em direção ao ateliê da escola.
Ela sabia qual era a boa fama de Guren naquele lugar e isso definitivamente era perigoso. Seu temperamento forte junto com sua personalidade um tanto quanto abstrata era o suficiente para Ino travar faíscas com a azulada. Talvez os sentimentos a flor da pele faziam Ino imaginar Guren como uma pessoa terrível, mas não era verdade, era apenas seu subconsciente ativando um mecanismo de defesa.
Assim que se aproximou do famigerado ateliê, se escorou e espiou pela pequena brecha da porta. Dito e feito. Sai estava sentado, rabiscando num bloquinho, enquanto ela apoiava os cotovelos na mesa dele.
Ino não estava gostando nada desta cena. Eles pareciam muito à vontade para o gosto dela. Mas, se conhecia bem o namorado, era do calibre dele ficar tão relaxado.
-- Quando que eu vou poder ver? -- Perguntou a garota, que sorria sem parar. O rapaz levantou a cabeça e sorriu como sempre.
-- Está quase pronto. -- A serenidade em sua voz era reconfortante e ao mesmo tempo assustadora. Sabia que o namorado era de esconder suas verdadeiras emoções, mas não sabia quando ele fingia ou não.
Ino estava quase abrindo o restante da porta, mas foi impedida por um impasse cruel. Guren havia abaixado o bloco de Sai, para finalmente lhe dar um beijo apaixonado. Para o azar dela, o rapaz a empurrou segundos depois, com um semblante sério.
-- O que houve? -- Guren franziu as sobrancelhas.
-- Eu… Você, não devíamos. -- Sai parecia pronto para sair do ateliê. Guren levantou-se e o impediu, bloqueando a passagem.
-- Por que não? Sinceramente, depois de todas aquelas investidas, você vem e me fala isso? -- Lágrimas se formavam nos olhos delicados da garota.
-- Investidas?
-- Todas as cartas que eu recebi, todas as declarações assinadas que achei no meu armário… Urgh! Como pude me iludir assim?! -- Ela ergueu a mão para estapear o rapaz, mas decidiu sair correndo. Estava tão aérea que nem notou a presença de Ino, que desta vez estava em dúvida quanto a fidelidade do namorado.
Bem, nenhum dos dois deixou nada oficial, mas era crescente os boatos que os dois se encontravam as escondidas.
-- Ei lindinha. -- Ele se aproximou e tentou pegar na mão dela, como de costume. Mas para variar, Ino recuou com um olhar incrédulo.
-- Você estava me traindo com… Com ela?! -- Com as mãos na cintura, a Yamanaka exclamou nervosa.
-- Do que você está falando? -- Ele mantinha uma expressão neutra.
-- Oras, acha que não vi tudo? O beijo, as tais cartas. Tudo isso pelas minhas costas?
-- Mas Ino, eu não mandei carta alguma pra ela.
-- Duvido que ela tenha inventado tudo do nada… -- A loira se afastava cautelosamente.
-- Ino, espera, vamos conversar.
-- Agora não, tenho coisas… mais importantes para me preocupar. -- Sua expressão de desgosto atingiu em cheio o coração cheio de cicatrizes do rapaz. Isso sem dúvida alguma doeria por algum tempo.
Sem olhar pra trás, Ino Yamanaka fazia o máximo para não chorar. Não poderia, não mesmo.
-X-
A garota estava sentada num banco enquanto folheava um livro qualquer. Havia apostado errado quando pegou emprestado da biblioteca do colégio, mas fazer o que, agora ela terminava a leitura ou não se chamava Fū Kofuku.
Com o fim do primeiro ano finalmente sendo alcançado, as coisas haviam começado a esquentar pro lado da esverdeada. As provas finais se aproximavam e ela precisava de nota na maldita matéria de química.
Era estranho ir tão bem nas outras disciplinas e ir igualmente mal em apenas uma. Mas de qualquer forma, estava confiante de que iria passar sem mais nenhuma complicação.
-- Hey, eu me chamo Sari. Posso me sentar aqui? -- Uma baixinha surgiu por cima do livro avermelhado, assustado Fū por um momento.
-- Pode sim! -- Ela logo abriu espaço para a outra se sentar. A esverdeada sorriu, ansiosa. Tinha poucos amigos dentro daquele colégio e bem, uma nova amizade não faria nada mal.
-- Eu fiquei sabendo que você é amiga do Gaara-kun! -- A garota de nome Sari foi logo ao assunto que mais a interessava.
-- Sim, eu mesma. -- Ela podia se orgulhar deste feito, pois Gaara não era bem o tipo que interagia com todo mundo. E bem, sabia que nutria algo a mais do que uma simples amizade, mas não havia coragem o suficiente para confessá-lo.
-- Se não for incômodo, e-eu gostaria que entregasse isto a ele… -- Sari corou e desviou o olhar.
-- O que é isso? -- Fū no mínimo estava achando graça dessa cena. Já perdera a conta de quantas vezes serviu de receptora para esse tipo de assunto. E também sabia que Gaara não dava a mínima para as suas fangirls doidas.
-- É-É pessoal… Você pode entregar pra ele, tipo agora?!
-- Agora? -- Kofuko esboçou preguiça total em sua face. Mas visto o desespero da outra, seria melhor acabar com isso logo. -- Tudo bem…
-- Yay! Muito obrigada Kofako-san! -- E ela saiu em disparada para dentro do prédio.
-- É Kofuko… -- Um pequeno beiço surgiu junto com uma expressão de tristeza.
Sari não era tão diferente das outras, afinal. Ela decidiu pôr aquela carta diretamente no armário do amigo, mas acabou sendo surpreendida.
-- Fū? -- A voz de Gaara a fez dar um pulo. Ela literalmente havia sido pega no pulo do gato.
-- Ahm, oi! -- Sorriu sem-graça, tentando pensar em algo para acobertar o crime.
-- Pensei que já tinha ido para casa.
-- Não, eu fiquei lendo um pouco.
-- Eu vou guardar estes livros e ir embora, podemos ir juntos se quiser. -- O interior dela se revirou todo. Era exatamente disso que estava esperando.
-- Ah, pode ser! E-Eu te espero na entrada. -- Fū saiu quase que voando, com o coração na boca. Será que entregar a carta havia sido uma boa ideia? Sari sequer assinou o papel? Chega! Iria pensar em coisas melhores.
Decidiu novamente pegar o livro sobre tipos de raízes para passar o tempo, enquanto o ruivo guardava suas coisas.
O tempo vai e vem e pronto, livro inteiramente lido. O sol ameaçava se pôr e Gaara não havia dado sinal algum de vida. Estranho, será que algo havia acontecido? Ou será que… Ele foi atrás de Sari?
-- Urgh, chega. -- Coçou os olhos, pronta para cochilar ali mesmo. Seja lá o que o senhor no Sabaku estava aprontando, ela nem queria descobrir, não mais.
-X-
-- Ino? Chorando? Isso não faz sentido. -- Ponderou com uma pulga atrás enquanto encarava a ruiva a sua frente.
-- Eu com certeza não me confundi. Você me conhece, não é do meu feitio confundir rostos. -- Ela ajeitou os óculos, fazendo pose de sabichona. A de cabelos rosas pôs uma das mãos na cintura.
-- Karin, se você estiver me enrolando…
-- Credo Sakura, sabe que eu não brinco com coisa séria. -- Sakura revirou os olhos, com um mini sorriso no rosto. -- Mas sério, melhor irmos procurar ela.
-- Ok então. -- Sakura não sabia o que estava acontecendo com a amiga. Tipo, qual teria sido a catástrofe capaz de fazer Ino chorar em público?
As duas amigas passaram por todos os corredores possíveis, mas nada da Yamanaka. Talvez ela tivesse ido embora, apenas.
-- Acho que para ela se esconder tão bem, deve estar querendo ficar sozinha. -- A rosada levou a mão direita ao queixo.
-- Pode ser. Mas isso não quer dizer que eu não vá ficar ligando loucamente para ela! -- Karin sempre foi uma pessoa estourada, impaciente. Sakura diria que a maior comédia daquele lugar era a Uzumaki e seu namorado, que sempre estavam brigando e se amando ao mesmo tempo.
Sakura e seu namorado Sasuke eram um pouco diferentes disso. A Haruno fazia de tudo para deixá-lo mais feliz, ensiná-lo a sorrir com mais frequência e ela pode admitir que estava dando frutos. Por um longo tempo ela, Karin e Ino disputavam a atenção do Uchiha, mas parece que o tempo resolveu tudo para as três.
-- Vamos então? -- Perguntou a de óculos, recebendo um afirmativo por parte da rosada.
As duas vinham lado a lado conversando sobre as provas de final de ano. Tudo estava sob controle para elas, para alegria geral.
Assim que pisaram na rua, foram parada por um jovem. No caso, o tal do Sasuke Uchiha. As bochechas de Sakura coraram docemente, mas já o rapaz não parecia estar muito contente não.
-- Sasuke-kun, que bom que nos vimos antes de ir embora! -- Se aproximou para um abraço, mas não esperava que Sasuke recusasse daquele jeito.
-- Karin, pode nos deixar a sós? -- Sua voz gélida fez a ruiva evaporar sem deixar qualquer rastro. O que Sasuke estaria tramando?
Os dois se afastaram um pouco dali, Sakura sentia que algo estava de errado. Sabia que o namorado era assim, frio, mas não desse jeito. Ela hesitou em falar algo, mas esperou ele tomar a iniciativa para variar.
-- Eu queria falar uma coisa. -- Ela franziu o cenho. O que raios estava acontecendo? Sakura tirou uma das mechas que cobria o seu olho.
-- Diga. -- Fechou os olhos, pronta para seja lá o que for. Sasuke suspirou, como se estivesse com algo preso na garganta.
-- Nós precisamos terminar. -- Tais palavras atravessaram seu coração de um modo inexplicável.
-- C-Como? -- Ela sentiu seus olhos marejarem. -- E-Eu fiz algo de errado?
-- Não, eu sou o problema. Não quero que se machuque. -- Ele desviou o olhar do rosto já vermelho da Haruno.
-- M-Mas, machucar? Eu posso te ajudar de alguma forma?
-- Não. E eu não quero mais nada vindo de você.
-- Sasuke! Que droga que você está falando?! O que houve, assim tão de repente? -- A rosada enxugou as lágrimas, engolindo o maldito choro.
-- Só não se intrometa aonde não é chamada. -- Assim, o Uchiha deu as costas para Sakura, que havia ficado sem chão.
Tantas perguntas sem respostas… E provavelmente nunca teria a oportunidade de cessa-las. Seus anos de esforço para conquistar o amor de sua vida pareceram lhe dar um murro na cara.
Haruno logo tratou de melhor a cara e ir para casa.
-X-
Temari e Matsuri andavam lado a lado, já no fim da tarde, em direção a casa da loira. O chuvisco só piorava a medida que se aproximavam da casa de Temari. Ambas estudavam na mesma classe e isso era o bastante para fazer a no Sabaku se sentir um pouco mais à vontade. Mesmo que tivesse uma personalidade mais extrovertida, o seu temperamento tinha a tendência de afastar as outras pessoas. Sua meta de início de ano provavelmente seria mudar um pouco de sua personalidade áspera.
As duas se conheciam desde o colegial, e desde então são amigas inseparáveis. A convivência se tornou maior ainda quando a morena começou a namorar com o seu irmão, Kankuro.
-- Hm... Quando que você planeja contar pra ele? – Matsuri cortou o assunto anterior, surpreendendo a loira, esta que fez uma cara nada agradável.
-- O que é agora?
-- Esse seu chove não molha com o Shikamaru está começando a me irritar mais do que esse maldito chuvisco. – Matsuri franziu as sobrancelhas, pronta para aguentar o esporro que levaria da melhor amiga.
-- Urgh, que cisma idiota você tem com esse garoto viu. – A loira cruzou os braços e provavelmente ficaria assim até pisar em casa.
-- Ah, fala sério. Alguma coisa você sente por ele.
-- Claro que não, eu odeio aquele idiota preguiçoso. – Temari nunca admitia quando estava errada para si mesma, imagine para os outros. Matsuri com certeza a conhecia profundamente para ter feito uma análise dessas. Ou ela que estava deixando muito na cara mesmo.
-- Tá bom, sei. Acha que me engana, senhorita no Sabaku? – Não era costumeiro da morena arriscar tanto numa discussão, pois o que prevalecia era seu lado fofo e gentil, mas as vezes é necessário subir a voz. Principalmente para esta garota extremamente orgulhosa.
-- E você acha que consegue me intimidar sendo tão fofa assim? – Lançou um sorriso irônico para a amiga, que apenas revirou os olhos.
-- Eu soube que uma das garotas do clube de música tem o incomodado literalmente por meses. Se eu fosse você, faria alguma coisa logo. – As duas chegaram a residência da família no Sabaku.
-- Eu não ligo pra o que ele tem feito. – Temari destrancou a porta. – Vai entrar ou vai pra casa?
-- Já está meio tarde... Manda um oi pros meninos. – As duas se despediram. A loira acenou uma última vez e fechou a porta, enquanto tirava seus sapatos.
Ela suspirou e passou a mão pela testa, tentando fazer passar aquele frio esquisito na barriga. Saber que outra garota estava interessada em Shikamaru a fez estremecer. Não importava o quanto se esforçasse, não queria aceitar a situação. Mas do que ela estava nervosa mesmo? Desde quando essa paixonite estranha começou?
A loira seguiu para o seu quarto, se jogando na cama macia em seguida. Não queria mais pensar nisso, sua cabeça doía do dia estressante que tivera.
-X-
-- Vai garota, você consegue! – Tenten se encontrava em uma esteira correndo freneticamente. Seu treino havia mudado radicalmente e sinceramente, estava penando para se adaptar.
A pessoa que a assistia era seu amigo, Omoi. Os dois haviam se conhecido ali mesmo, já que quase nunca se esbarravam no colégio. Assim como a maioria de nossas protagonistas, Tenten estava no primeiro ano (Exceções como Temari, que estudava no segundo e Hanabi que estava no último ano do ginásio.)
Faziam aproximadamente oito minutos que a morena corria sem parar, tentando alcançar a marca de dez minutos. Talvez a velocidade estava um pouco menos elevada, devido à falta de folego dela.
-- Tenten! – Uma voz fina ecoou pela academia vazia pelo horário. O pico era mais para a noite. A Mitsashi se desconcentrou por um instante, o que ocasionou na sua quase queda da esteira. Seria engraçado se não fosse trágico. Depois dessa, ela desligou o equipamento e olhou para a dona da voz.
-- Kin...? O que você quer? – Curta e grossa, mas ao menos sabia como aquela garota era. Não iria cair em mais nenhuma de suas armadilhas. Tenten havia um registro inteiro com todas as coisas terríveis que Kin já havia tramado contra ela. A maior infelicidade, depois de estudar na mesma sala, ainda teria que aguenta-la depois das aulas todas as terças e sextas.
-- Será que nós podíamos conversar um pouco? – Ela colocou uma das mãos na cintura, com um sorriso cínico. Uma onda de mal estar avisou a morena de que algo de ruim iria acontecer.
-- Ahm, não. – Tenten foi para o lado do amigo.
-- Será que vou ter que te expor na frente do seu amiguinho? – Apontou para Omoi, com a mesma expressão de antes, ela de fato era alguém persistente.
-- Você não tem mais o que fazer não? – A de coques respondeu afiadamente, com uma compostura confiante. Omoi e ela se entreolharam, como cúmplices.
-- Cala a merda da boca e escutem. – Franziu as sobrancelhas. – Eu quero que você termine com o Neji.
Tenten abriu a boca, mas nada saiu. Mais uma vez, mas nada.
-- E quais seriam os seus ótimos argumentos? – Fez aspas com a mão, esperando que ela estivesse pregando uma piada de mau gosto. Kin parecia confiante, apesar da estabilidade da rival.
-- Parece que você tem se aventurado pelo mundo da prostituição... – Tenten sentiu seu estômago revirar e ao mesmo tempo, uma tontura repentina a atingiu em cheio. Omoi arqueou uma das sobrancelhas.
-- Que tipo de coisa você tem na cabeça? Olhe lá como fala dela! – O de cabelos brancos se aproximou de Kin, pronto para lhe acertar uma no rosto.
-- Ué, nada mais do que a verdade. – Tsuchi simplesmente deu de ombros. – Não é, Ten-chan? -- A garota, que até agora havia se mantido quieta, decidiu falar por fim:
-- O que você quer de mim? – O rosto estava queimando de vergonha.
-- Já falei. Termine com o Neji.
Isso com certeza estava fora do que Tenten se submeteria, mas não podia deixar que essa história corresse por aí, principalmente que chegasse aos ouvidos de sua mãe doente, que atualmente precisava de medicamentos caros. Sem poder fugir, a morena acabou decidindo o que faria a seguir.
-- Tudo bem. – Abaixou o olhar, se sentindo totalmente derrotada. O que mais irritava era que ela não tinha direito de falar mais nada. E pelo amor, como Kin havia descoberto sobre sua dupla identidade?
E o pior, ter que dizer adeus a Neji? Aquele que sempre a reconfortava por todos os seus fracassos, a pessoa que a alegrava em dias tristes? Quão grande era o tamanho do sadismo de Kin para faze-la sofrer deste jeito?
-- Que bom. Espero que amanhã as coisas já estejam resolvidas. – Ela piscou na direção do rapaz, que estava com a mandíbula contraída. – E você, é bom que fique bem quietinho, se não além de prejudicar a sua amiga, vou espelhar para todos que está gostando daquela esquisita do terceiro ano.
Omoi sentiu uma raiva extremamente fora dos limites. Como que alguém desse calibre existia? Claro que o mundo é repleto de gente ruim, mas não esperava isso vindo de alguém aparentemente fofo. É, ele teria que rever os seus conceitos.
Kin pegou sua bolsa e foi em direção a saída. Os dois amigos não ousaram acrescentar nada ao veredito daquela garota. Tenten secou as lagrimas que teimavam em escorrer, e elas não parariam tão cedo.
-- Eu... – Ela tentou formular uma frase inteira. – Me desculpe.
-- Você não quer me falar o seu lado da história? – Ele a convidou para sentar nas cadeiras coloridas da academia. Mitsashi aceitou o conforto do amigo.
-- Toma. – Lhe estendeu sua garrafa de água.
-- Obrigada... – Depois de se acalmar um pouco, ela tomou coragem para começar a explanar. -- Sobre aquilo... Eu não sou uma prostituta! É sério...
-- Claro que você não é. Mas... Se não é verdade, por que cedeu as exigências dela? – O rapaz se encontrava totalmente envolvido na situação da amiga. Nunca havia sequer escutado sobre essa tal de Kin e preferia continuar assim.
-- Eu sou garçonete de um bordel... Apenas isso! – Estendeu as mãos, em sinal de defesa. – E-Eu preciso mesmo do dinheiro, mas ninguém quer contratar uma adolescente de dezesseis anos com cara de treze!
-- Eu não sei o que falar... Mas você está lutando para sobreviver a este ambiente de trabalho, isso já é uma vitória. – Omoi pousou a mão no ombro da amiga. – E sobre o Neji... Uh, eu queria poder te ajudar em alguma coisa.
-- E eu queria que você não tivesse se envolvido nisso. De qualquer forma, eu não tenho escolha. Vou ligar pra ele mais tarde... – Essas palavras a torturavam por dentro. Não queria fazer isso, queria ir atrás de Kin e espanca-la até dizer chega, mas não podia.
Não podia fazer nada para reverter a situação. E sua pobre mãe, nem imaginava que o suposto trabalho de atendente de caixa estava se arriscando em um bordel. Desde o falecimento de seu pai, as coisas estavam difíceis em sua casa. Por sorte havia conseguido uma bolsa na renomada Konoha High. Talvez o futuro lhe daria uma boa oportunidade.
– Quem é a esquisita do terceiro ano?
-- A-Ah, ninguém... – O rapaz desviou o olhar, estando totalmente corado.
-- Uhum... – Uma hora ou outra ela descobriria a possível paixonite do amigo, mas hoje, só conseguia pensar no quão desastroso havia sido o dia.
-X-
Yugito estava deitada no sofá de seu apartamento gelado. O dia estava estranhamente agitado, seu celular não parava de receber mensagens de suas amigas vindo se lamentar. Estar num relacionamento era realmente problemático, por isso mesmo que ela evitava esse tipo de situação.
-- Yugito!! – A porta se abriu subitamente, fazendo a loira quase derrubar o celular pelo susto. Às vezes Yugito se esquecia que dividia o lugar com outra pessoa.
-- Ah não, o que foi agora? – A loira suspirou, mirando a garota agitada com um olhar cansado.
-- Tudo, tudo! – Quem havia entrado assim era nada mais nada menos do que Fū. Ela estava com cara de quem havia chorado e isso preocupou Yugito.
-- Não me diz que é sobre o Gaara? – Nii cruzou os braços, esperando a amiga lhe dar uma resposta. Fū demorou a falar firmemente, o que confirmou as suspeitas da amante de gatos. – Olha, não me diga nada. Espere até amanhã, consegue?
-- H-Hm, acho que sim... – A esverdeada sentou-se ao lado da amiga, encostando a cabeça no ombro da dela.
-x-
Yugito tramou tudo por trás de Fū, enviando mensagens de textos a certas pessoas, para que todas se reunissem no apartamento delas depois da aula.
-- O que exatamente nós vamos fazer? – Kofuko perguntou desconfiada enquanto a amiga sorria orgulhosamente. Os olhos afiados da loira as vezes metiam uma sensação de medo na esverdeada.
-- Seja um pouco mais paciente. – Assim que o telefone do apartamento tocou, Yugito correu na velocidade de um raio para atendê-lo. – São cinco? Pode mandar subir, obrigada.
Fū incomodou a amiga o dia inteiro para obter respostas, mas nada saía, infelizmente. Pelo menos sua curiosidade seria cessada neste momento. Alguns minutos depois, batidas na porta foram escutadas. Nii alegremente a abriu e recebeu as cinco garotas que adentraram o pequeno apartamento.
-- Que bom que vieram. Sentem-se, por favor. – Ela ofereceu o sofá para suas convidadas.
-- Espera, a gente não estuda na mesma sala?. – Falou Kofuko um tanto quanto impressionada. A primeira garota a se manifestar pôs um sorriso no rosto.
-- Sim... – Foi Ino que se pronunciou
-- Tudo bem, eu chamei vocês todas por um motivo óbvio... Garotos! Gente do céu, deu pra todo mundo ter o mesmo problema no mesmo dia?! – A garota pôs as mãos na cintura, tentando parecer irritada.
-- Ora essa, eu preferiria ter pulado essa parte do dia... – Sakura cruzou os braços.
-- Como assim problemas? Eu não sei de nada. – A loira de Maria-chiquinha tentou mudar o rumo da conversa, mas sem sucesso, claro.
-- Antes de começarmos nossa sessão, que tal se todas nos apresentássemos?
Um pequeno burburinho dominou o lugar, mas logo se cessou, dando espaço a apenas uma voz por vez.
-- Me chamo Hanabi Hyuuga, meu namorado não me considera como parceira e inclusive a minha irmã quer nos separar.
-- Sou Sakura Haruno, meu namorado me deixou ontem, dizendo que eu iria me machucar se continuássemos juntos.
-- Sou a Ino Yamanaka, peguei meu namorado me traindo...
-- Tenten Mitsashi, fui chantageada para terminar o meu relacionamento.
-- ... – Temari só observou cada uma das histórias daquelas garotas que, apesar de já conhecer a maioria, não podia deixar de achar aquilo tudo estranho.
-- Vai Temari, sei que é uma tarefa super complicada, mas acredito em você. – Yugito, selvagem como sempre. A loira bufou antes de continuar aquela apresentação de propaganda de autoajuda.
-- Sou Temari no Sabaku, e eu literalmente não sei o que estou fazendo aqui.
-- O seu caso iremos discutir mais tarde. Continuando. – Nii direcionou o seu olhar para Fū, que apesar de estar na própria casa, se encolhia de vergonha.
-- Hm, sou Fū Kofuko, eu não tenho namorado mais... Eu estava gostando de um garoto, mas acho que demorei demais para tomar qualquer atitude. – Fū puxou uma das cadeiras da única mesa do apartamento para perto do sofá.
-- Uau, não esperava essa reação em cadeia. -- Falou Ino, logo trocando olhares com Sakura.
-- Acreditem, nem eu. – Nii parecia meio cansada, apesar de toda sua empolgação. – Pelo visto algumas de vocês já se conhecem, mas acho que a novidade maior é aquela criaturinha fofa.
-- A-Ahm? – Hanabi deixou-se corar por um instante. De fato, todos sabiam que Kiba namorava com a irmã mais nova de Hinata, mas nunca haviam a visto pessoalmente, nem mesmo Tenten.
-- Bom, tratem logo de fazerem amizade, já que, a amiga da minha amiga é minha amiga. – Yugito começou a mexer as mãos para direções aleatórias, tentando explicar sua confusa fala. – Agora, por que eu reuni todas aqui, essa deve ser a dúvida de vocês.
As garotas passaram a acompanhar todos os movimentos da loira, que ainda mantinha uma pose de superior.
-- Tem alguma a ver com os nossos problemas? – Sakura ergueu a mão, como normalmente fazia na sala de aula.
-- Sim, esse é o ponto. Todas vocês me mandaram dezenas de mensagens ontem, e eu não estava conseguindo me administrar direito. Aí veio a ideia: Por que não reunir todas aqui de uma vez?
-- Hm...
-- Não faça essa cara Temari, todo mundo sabe que você está afim do Shikamaru. – Finalizou Yugito, esperando que o conflito se desencadeasse.
-- QUE?! – Ino pulou do sofá, com os olhos arregalados. – Não creio...!
-- Urgh, Yugito! – A no Sabaku não sabia se calava a boca daquela loira escandalosa ou se ia pra cima de Yugito.
-- Como assim a Hinata está fazendo isso? Achava que ela te apoiava, visto que sempre tentava defender o Kiba... – Disse Sakura para Hanabi.
-- Eu também achei... Às vezes eu me sinto tão besta por cair na laia dos outros. – A Hyuuga bufou, mas não antes de sentir uma sensação de culpa horrorosa pelo seu corpo. Mas por que?
-- Quem que é o seu amigo? Talvez eu o conheça. – Mitsashi chegou do lado da esverdeada, que se encontrava relutante em desabafar para esse bando de estranhas.
-- A-Ah, a Temari-san conhece. – Isso chamou a atenção da referida por um instante.
-- Alguma de nós já deve ter escutado sobre. -- Continuou a de coques, enquanto fazia a voz mais suave que podia para acomodar a garota.
-- Hm, Gaara no Sabaku. – Dito isso, ela se encolheu na cadeira, evitando contato visual com a irmã de seu melhor amigo, já que nunca teve coragem de conversar com a assustadora loira das quatro marias chiquinhas.
--Ah! Você é a pirralha que anda com ele em Konoha, certo?
-- É-É... – “Pirralha?” Também não exagere, Temari.
-- O Sasuke terminou comigo! -- A rosada deitou no colo de Ino, sendo invadida por uma imensa tristeza. Principalmente por olhar para ele o dia todo e não poder se aproximar.
-- Eu terminei com o Neji! – Pronto, agora Tenten também estava em prantos. O pior foi ter que inventar um motivo plausível para terminar com o Hyuuga via telefone. Ela sentiu que o rapaz, apesar de não parecer, havia ficado extremamente sentido quanto a isso.
-- Eu odeio o maldito do Sai... – A loira dos olhos azuis tentava consolar a Haruno e, ao mesmo tempo se manter sã para isso.
-- Se eu fosse um pouco mais velha, quem sabe as coisas teriam sido diferentes...
-- Eu fui tão estupida... Não deveria ter entregado a carta!
-- Por que eu fui nascer como um ser humano? – E por fim, Temari finalmente começou a fazer suas lamentações.
Yugito assistia a toda aquela confusão com um sentimento de satisfação. Talvez tudo o que elas precisavam fazer era escutar os relatos de outras pessoas.
-- Pois bem, senhoritas. Nós temos muito o que conversar ainda. Vamos, comece você Hanabi. – Nii puxou outra cadeira, agora pronta para escutar uma por uma.
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-- E agora, estou enforcada até o pescoço por causa das dívidas, não tenho mais vontade de ir trabalhar e ainda meti um dos meus amigos nessa confusão toda. – Todas as garotas pareciam chocadas com o relato de Tenten. Ela era a última na fila e com certeza era a que mais precisava de ajuda.
-- Nunca gostei daquela garota. – Ino falou entre os dentes.
-- E o pior que vamos ter que conviver com essas pessoas pelo resto do ensino médio. – Sakura suspirou, sendo seguida por Fū.
-- Como estou na sala da Temari, é difícil que eu veja toda essa gente, mas eu sempre estarei lá para auxiliar vocês. – Nii parecia uma gerente, organizando e se dispondo para ajudar sua equipe.
-- Auxiliar?
-- Sabe Ten, nós temos que unir agora. Vocês tem que ter atitude, não abaixar a cabeça para tudo. Não estou dizendo pra jogar todas as suas roupas pela janela ou fingir que é outra pessoa, mas... Lembrem-se que certas reações existem para certas situações.
-- Mas Yugito, eu queria muito saber por que o Sasuke me largou, mas não tenho coragem de investigar assim.
-- Às vezes, temos que deixar algumas coisas irem. Quem sabe um tempo de solteira te faça pensar melhor? – A anfitriã ofereceu um sorriso a rosada.
-- Vamos estabelecer metas então? – Ino se enfiou no meio de todo mundo, com os olhos azuis brilhando.
-- Vamos sim... Vejamos. – Yugito passou os olhos por cada uma presente, arquitetando todo um plano mentalmente. – Primeiro Hanabi, não termine com o Kiba. Você vai entrar em Konoha daqui a pouco tempo, vamos analisar como ele se comporta daqui em diante. Ino, deixe aqueles dois de lado, não vale a pena. Sakura, se o cara quer distância, é melhor respeitar. Se não ele pode começar a realmente te odiar. Fū, até a metade do primeiro semestre, quero que se declare para o Gaara. Temari, a mesma coisa para você. E Tenten... Para fazer com que a Kin te deixe em paz, vamos tentar descobrir algum segredo dela. Para isso, espero que todas ajudem a nossa querida pucca. Compreendido?
-- S-Sim senhora! – Ino quase que fez uma reverencia militar. Yugito parecia determinada a ajudar cada uma delas, e isso era nobre.
-- Eu não vou me declarar porra nenhuma. – Temari surtaria se pudesse ver o próprio rosto vermelho num tom de tomate.
-- Ah, mas vai sim. Se a Fū fizer primeiro, a gente vai literalmente jogar um monte de farinha em ti. – Hanabi sorriu desafiadoramente para a irmã de Gaara. A morena gostava bastante da sensação do perigo na cara.
-- Obrigada pela ajuda meninas, de verdade... – Mitsashi agradecia com uma alegria fora do normal. Estar rodeada de pessoas que a entendiam e que poderiam ajuda-la era caloroso e reconfortante.
-- Que isso, Ten. Nós vamos até o fim com isso. – Ino cerrou o punho e o bateu na outra mão, totalmente determinada.
-- Quando voltarmos de férias, iremos aplicar toda a nossa obra prima... Nem vejo a hora. – Yugito tinha uma leve atração em ver o circo pegando fogo, mas claro que esse não era a sua única motivação para ajudar suas amigas.
Nunca havia reunido todas elas assim, cada uma andava com uma turma diferente. Antes cada uma tinha sua própria motivação, mas juntas... Seu único objetivo era claro: Apoiar uma as outras.
Autor(a): yugito
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