Fanfic: Unnamed History (É br kkkk) | Tema: Sobrenatural Fantasia Suspense Mistério
AVISO!!
Se você chegou aqui de paraquedas, saiba que esse é o TERCEIRO CAPÍTULO da história. PARE e volte ao primeiro capítulo para obter uma leitura mais gostosa e para as coisas fazerem sentido.
Obrigada! -A escritora
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Era uma noite de lua cheia, eu não estava entendendo muita coisa, haviam barulhos estranhos, estava escuro e a única luz era a da lua, e que luz! Inicialmente era forte como um farol de carro se aproximando, e após pouquíssimo tempo voltou ao seu lugar no céu, distante de todos nós. Ou eu estava há muito tempo a olhando ou eu estava com muito sono, o fato é que parecia haver algo errado...
Me levantei e como por instinto olhei para o portão de casa, do outro lado da rua. De certa forma eu estava esperando por algo e meu corpo estava mais dormente do que... Nunca?
Bruscamente vejo minha mãe saindo pelo portão e antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, respondi:
-Estou indo.
Ela me chamaria para o jantar, eu tinha certeza. Eu podia sentir o clássico sabor da macarronada dos Stein (era a receita da vovó). O cheiro estava delicioso como sempre! E o sabor então... Como aquele que comemos anteontem. Achei bem estranho pensar nisso, pois mamãe sempre fazia macarronada aos domingos, e anteontem foi sexta-feira, então decidi comentar com ela:
- Mamãe, por que a senhora fez macarronada sexta mesmo?
- Na sexta? Eu não fiz macarronada na sexta, meu amor...
- Não, você fez sim, eu me lembro! Eu estava deitada naquela pedra do outro lado da rua como sempre e a senhora foi me chamar, aliás, eu me lembro muito bem do sabor, estava muito bom!
- Ah... É... Tem razão, eu fiz haha... Seu pai estava com tanta vontade de comer a macarronada que não pôde esperar até hoje! Não é, George?
- Ãn? Ah, sim. Você sabe como eu adoro a receita de sua avó. – respondeu papai.
As respostas dos dois foram realmente estranhas... Parecia que não sabiam bem do que estavam falando... Se bem que mamãe sempre faz a janta, se lembrar de todas não deve ser uma coisa tão fácil.
O restante da janta passou em pleno silêncio. Depois de comer subi para o meu quarto, peguei o meu celular e entrei em minha conversa com Helena. Pensar nela por algum motivo me entristeceu. O celular soou num tom de piano:
- Vai para a escola amanhã? – era uma mensagem de Helena, de repente. Não que eu não estivesse esperando, mas me surpreendeu ela realmente mandar aquela mensagem.
Pensei em responder com “Lógico! Não posso mais faltar!”, mas achei que fosse muito repetitivo, me lembrava de ter dito isso a ela esses dias.
- Argh, não quero ir!
- Então vai dormir! Pois você vai nem que eu tenha que te levar arrastada!
- Ah...
- Ah!
- Ah, ok, então nos vemos amanhã... Tchau!
Aquilo foi muito estranho, tanto que eu me senti meio paralisada... Geralmente ela tentar me convencer de forma mais pacífica, mas deve ser pelo simples e assustador motivo de eu estar quase repetindo de ano por falta (não sou obrigada a nada haha!). Apenas ignorei isso e fui deitar.
Tentei arduamente dormir mas não estava conseguindo! Até que decidi me levantar e caminhar até a janela – eu ia pedir para que a lua me ninasse. Abri a janela com vontade, mas quando olhei para o céu vi algo extremamente assustador: o céu estava completamente vazio, sem nenhuma estrela. Eu amava olhar para elas, tão belas e brilhantes iluminando o céu junto com a lua que era, mesmo sem ser uma estrela, quem estrelava no palco do meu coração. Era indescritivelmente linda a magia que acontecia dentro de mim quando eu a olhava! Mas ao olhar aquele céu vazio senti tanta tristeza, tanta dor, que a única coisa que eu podia fazer era chorar... Chorar sem a minha preciosa lua para me consolar.
Quando novamente abri meus olhos já não estava escuro, no céu havia uma única estrela e, mesmo que não fosse a que eu queria ver, ela estava lá, brilhando para mim.
Minhas costas estavam doloridas e eu sentia muito frio (por ter adormecido no chão). A minha vontade de me levantar era mínima, mas eu sentia que devia.
Depois de algum tempo finalmente levantei e fui me arrumar. No momento em que fiquei pronta o meu celular despertou: eram seis horas da manhã e eu deveria estar me levantando nesse horário.
Como não tinha nada para fazer mandei mensagens para Helena, mas ela nem sequer viu. Fiz café e arrumei meu quarto. Em pouco tempo já estava morta de tédio.
Tentei entender o que aconteceu na última noite, desde a minha mãe (o alívio em vê-la e o estranho modo como ela agiu) até o céu vazio. Estava tudo muito esquisito, era como um sonho do qual eu não podia acordar, eu me sentia enlouquecer. Aquilo me atordoou tanto que sem nem olhar para o horário e com a cabeça cheia apenas saí de casa á caminho da escola.
Olhando as ruas tive vontade de sair correndo, de fugir e a cada carro que passava era um susto, era como se eu fosse um gato escaldado. Caminhava devagar devido ao medo de tudo e todos quando de repente algo me agarra pulando em minhas costas, senti meu coração estivesse saindo pela boca, era Helena:
- Você está louca? Quer me matar? A essa hora e logo agora! – gritei inconformada.
- Calma, calma, para que tanto estresse logo pela manhã? Só estava te cumprimentando como sempre!
- É... Tem razão... É que eu estou um pouco assustada e isso está me estressando...
- Dormiu de mau jeito, né?
- Não, não é isso... Quer dizer, também, mas não é isso o que mais me preocupa no momento, são os carros, as ruas, todo esse barulho, essa sensação!
- Quer um remédio?
- O que?
- Para a dor de cabeça, oras!
- Não! Não é isso! É que... Ah! Eu estou assustada, com tudo e com todos, eu não me reconheço, não te reconheço, não reconheço nem minha mãe! Minha própria mãe!
- Menina... Vou te internar hahaha
- Helena! Para! Você não está entendendo! Eu não estou brincando, isso é sério. Isso dói, não tem sentido, eu estou sobrecarregada!
- Fionna, para com isso! Você está exagerando, eu estou apenas brincando!
- Você está brincando! Este é o problema!
- Tá, Fionna, está bem! Chega!
Suspirei enquanto nos encarávamos em silêncio:
-... Desculpe... É melhor deixarmos esse assunto para lá... Vamos indo?- tentei restaurar a paz.
- Vamos – me respondeu ela sem parecer arrependida.
Caminhamos até a escola sem pronunciar uma única palavra. Chegamos bem cedo, junto com Henry e Afonso. Ainda sem nos falar, cumprimentamos eles num clima tenso. Eu estava bem triste com o que havia acabado de acontecer, acho que Afonso percebeu isso, já que eu era ruim em esconder sentimentos.
Ele chegou ao meu lado, pegou em meu ombro e perguntou:
- Está tudo bem? Você me parece meio cabisbaixa... Aconteceu algo?
Minha vontade era de chorar: pela primeira vez durante toda essa confusão alguém havia me notado e estava disposto a me ouvir e me ajudar. Eu apenas o abracei e deixei as lágrimas rolarem por um ou dois minutos, me afastei, sorri e falei:
- Não foi nada mesmo! Obrigada!
Neste momento, Henry e Helena já não estavam lá, então decidimos entrar na sala de aula também. Após aquele abraço meu humor melhorou: mesmo com a estranha atitude de Helena, eu me sentia disposta a discutir com aquele fóssil que chamamos de professor de matemática, eu estava pronta para “tacar o terror”.
Em menos de cinco minutos a antiguidade se arrastou até a sala com aqueles passos lentos. Com toda a energia, aguardei até a primeira oportunidade de disseminar o caos pela sala de aula. A aula estava tediosa e previsível como sempre, parecia que eu já havia estudado aquela matéria há não muito tempo. Decidi jogar minha primeira semente:
- Professor querido, logo iremos estudar sobre a sua época na matéria de história, a Pré-história hahaha.
- Olhe turma, temos uma palhaça entre nós!
Como pensei, ele já estava preparado para os meus ataques, nem mesmo o famoso “carne de burro não é transparente” funcionou!
Ele estava com um bom humor e um cheiro de colônia que me irritavam. Parecia que ele tinha uma barreira mágica em volta dele que o defendia de todos os meus ataques!
Frustrada, decidi deitar minha cabeça para pensar em novas estratégias. Nem dez minutos após isso, ele iniciou o seu velho discurso:
- Fionna, até quando você vai continuar sendo tão infantil? Por qual razão você não cresce? Digo isso para o seu bem! Me escute e vamos estudar.
- Eu não preciso, sou esperta o suficiente para entender essa matéria sem precisar de você.
- Então vamos ver até onde essa esperteza vai te levar.
- Tomara que seja pra bem longe de você!
Neste momento ele me olhou com sangue nos olhos, eu havia conseguido o que queria, se se virou e caminhou lentamente até a lousa.
-Que foi? O Fóssil aí não tem mais nada para me dizer? – debochei
- Fionna – disse ele sem nem olhar para mim – eu não sou culpado pelas suas frustrações.
Na hora fiquei tão brava que sem nem hesitar joguei uma bolinha de papel bem no meio da cabeça dele.
- Já chega! Suba já para a diretoria! Eu não posso, nem vou aceitar tal desrespeito na minha aula! – ele gritou todo bravo.
- Tá bom, querido professor! – saí pulando.
Eu não odiava aquele professor, para falar a verdade, apenas sentia prazer em ver ele bravo e inconformado.
Mesmo usando meus melhores argumentos com os diretores, fui forçada a ficar na escola até duas horas da tarde. Mas não foi tão ruim, já que assim eu pude ficar olhando para a bunda dos meninos mais novos. O tempo passou voando e na hora que finalmente me libertei daquela prisão encontrei meus amigos me esperando do lado de fora. Me senti especial...
-Vocês estavam me esperando?- perguntei sorridentemente
- Claro! Por que não estaríamos?- respondeu-me Afonso após um curto período de silêncio.
- Não sei... Estava meio insegura sobre hoje e sobre como vocês estavam se sentindo em relação a mim
- Não tem motivo para isso, somos seus amigos, não é?- Indagou Henry num tom meio sério
- São... Mas...
- Mas...? Nós somos seus amigos, não tem que ter um “mas”.
- Eu sei, acho que sou eu quem está meio estranha.
- Realmente, tem razão, você está bem estranha. – resmungou Helena.
- Helena! – exclamou Afonso meio inconformado.
- Não, Afonso, Helena tem razão – disse Henry com seu ar de superior.
- Me desculpem, me desculpe Afonso, eles estão certos. Desde ontem de noite eu estou me sentindo dessa maneira... Eu tenho visões e coisas loucas passam pela minha cabeça, eu tenho medo e me sinto estranha em relação a tudo e a todos... Ainda consegui irritar minha melhor amiga insistindo nessa loucura! Eu só queria que alguém me ouvisse...
- Nós estamos aqui, não é, pessoal? – me animou Afonso – Pode contar conosco, seja com o que for! Você não está sozinha!
Novamente minhas lágrimas caíram, eu realmente não estava sozinha.
- Eu... Sinto que já vivi isso, tudo isso, mas de uma man...
- Você certamente não viveu – Interrompeu-me Henry.
- Henry... Eu gostaria de saber se está tudo bem entre nós... Você parece me evitar e até agora só me deu patadas ou contrariou – Perguntei, já estava incomodada com o modo como ele estava agindo comigo.
- Você está neurótica- replicou-me imediatamente.
- Fionna, nós entendemos que você não está num bom dia, mas para com isso de sair nos acusando de coisas assim do nada! Você está muito detestável hoje – disse Helena o defendendo.
- Eu não estou acusando, apenas dizendo como me sinto!
- Então você está se sentindo errado. A menos que não sejamos seus amigos, você não deve se sentir assim com a gente!
- Você também não deve agir assim comigo! Onde está a Helena que eu conheço? Aquela que é minha melhor amiga, que sempre me apoia e está ao meu lado? Que sempre me ajuda e me escuta... Eu não sei o que aconteceu, mas você não é, nem de longe, metade do que a Helena que eu conheço é! – falei quase chorando
- Tem razão. Eu não sou a Helena que você conhece. Eu não sou aquela Helena ingênua, amável e inocente que você conhece, que aceita suas loucuras e até as faz com você. Mas já que infelizmente temos que manter esse teatrinho...- respondeu-me ela num tom sério e sarcástico - Me desculpe, Fi! Da próxima vez irei te ouvir! Só vamos tomar cuidado para não falar demais ou tentar mudar aquilo que não deve ser mudado! – continuou sorridentemente.
Essas palavras foram como agulhas para o meu coração, comecei a chorar. “O que está acontecendo? Por quê?” era que se passava na minha mente. Com essa imensa dor fiquei cega, empurrei-a de maneira tão forte que ela caiu e saí correndo daquela cena. Não poderia mais ficar perto daquela que um dia disse ser minha melhor amiga. Corri o mais rápido que pude, me escondi numa viela que ficava ao lado da escola, me encolhi e chorei de maneira intensa. Agora mais do que nunca eu não sabia o que fazer, o que pensar, o que sentir. Eu estava num vão, num grande vazio que não fazia sentido algum. Parecia que há poucos dias estava tudo bem e agora... Talvez ela nunca tenha sido minha amiga, e só agora resolver parar de fingir agora. Eu já não tinha certeza de nada nem de ninguém até que braços quentes me envolveram. Eu não quis olhar, talvez por medo ou vergonha. Por alguns minutos, eu só senti aquele abraço que me confortava, mas logo senti que não eram apenas braços e sim uma pessoa, uma pessoa muito querida.
- Fionna, eu sei que deve estar tudo muito confuso e eu sei que você deve estar confusa, perdida e triste – era a dócil voz de Afonso me consolando – eles disseram coisas horríveis que não deveriam ser ditas nem para você nem para qualquer que fosse a pessoa.
- Talvez eles devessem – respondi tentando conter o choro.
- Por... Por que você diz isso? Eles foram cruéis demais!
- É que eu acho que esse é o jeito que eles sempre quiseram agir comigo... Depois... Depois disso... Finalmente pude ver... Pude enxergar que realmente eu sempre fui um zero á esquerda para eles. Quer dizer... Tudo parecia ir muito bem, mas talvez fosse assim só para mim...
- Não diga isso! Eles gostam de você assim como eu!
- Como você? Não, não como você, eu acho. Olhe, você é o único que está aqui junto comigo, né? Que não me insultou, que me ouviu, mesmo que dentre todos nós, eu e você fossemos os menos próximos. Quem diria que um dia eu estaria conversando sobre isso com você, que eu olharia para o lado e só veria você...
- Ei! Cadê a Fionna alegre e otimista que eu conheço? Aquela menina forte que...
- Forte? Eu? Haha, talvez eu seja mesmo. Mas de qualquer jeito essa força vai se desgastando, não é? Com essa já são duas brigas com Henry e três, três com Helena!
- Espere... Duas e três?
- É! A primeira com Helena foi ontem em casa quando tentei falar com ela sobre a sensação de agulhada... O berro... Mas ontem foi domingo... Só que eu tenho certeza de que foi ontem! Durante a aula de matemática, foi uma dor inesquecível e inconfundível! Afonso, o que aconteceu ontem?
- Ontem?
- É, ontem! Me diga! Há algo muito estranho acontecendo com as minhas memórias, por favor, me diga!
- Ontem... Ah, eu não sei o que inventar, nem como fugir dessa pergunta...
- Então me diga a verdade!
- Talvez você não acredite, você nem precisa acreditar, mas ontem minha existência não passava de algo superficial, eu não podia nem sequer pensar.
- Como? Do que é que você está falando?
Eu não conseguia entender o que ele dizia, parecia algo sem sentido, sem nexo, mas não parecia ser mentira mesmo assim.
- De certa forma eu nem sequer existia... Ontem você, “eu”, Henry e Helena fomos para a escola, mas você não entrou. Você puxou Henry pelo braço logo na entrada...
- Por que eu havia brigado com a Helena... – naquele momento minhas memórias se fizeram claras como nunca – Eu ia perguntar para ele se ele sabia de algo, então ele me insultou e... Eu saí correndo e chorando, eu ouvi minha mãe e...
- Um caminhão... Um caminhão levou sua vida...
Entrei em pânico, minhas memórias confirmavam suas palavras, mas aquilo não cabia, de forma alguma, em minha realidade. Mesmo assim eu conseguia ver os faróis se aproximando de mim, e isso me dava calafrios... Só que da mesma forma, ontem eu estava lá, viva e deitada em cima da pedra perto de casa e... De algum modo eu sabia... Sabia de tudo o que estava prestes a acontecer naquela noite, aquelas conversas, aquela sensação, aquele medo... TUDO!
-Isso não pode ser real, Afonso! O que está acontecendo?! – Gritei chorando em desespero.
- Fionna... E-eu – sem saber o que falar ele me abraçou novamente com uma triste voz tentou me confortar e expor sua indignação – Não tem muita coisa que eu possa te contar, já falei mais do que devia inclusive... Mas isso é tão cruel! É tão desumano! Ter que ficar revivendo sem nem ao menos se lembrar de por qual motivo morreu, sem saber o motivo dos seus medos inexplicáveis, das suas inseguranças... Eu só queria que você não precisasse viver isso...
Seu tom de voz partia ainda mais meu coração. Eu podia entendê-lo e entender que aquilo não era fácil para ele também, era como se algo tivesse algum tipo de poder sobre ele, sobre todas as suas ações. Senti medo, conforto, consolo e acima de tudo, senti que não estava sozinha, que com certeza ele estava lá ao meu lado e não sairia por nada.
- Isso é uma loucura tão grande... Ah, eu não sei o que fazer, como fugir disso, como nos libertar disso...
- Eu ach... – Pesados e numerosos passos interromperam sua fala e no rosto de Afonso eu conseguia ver o que pode e deve ser traduzido como puro medo - Me desculpe, Fionna...
Ao dizer isso, vi sua mão se aproximando do meu braço, ela estava fechada, ao encostar nele, sua mão se abriu, senti uma picada em meu braço e minha vista se escureceu. Já não via ou ouvia nada, entrei num sono profundo, daqueles que só se tem quando estamos totalmente cansados de um longo dia.
Autor(a): Claricie
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).