Fanfic: Dois Lugares | Tema: rebelde, rbd, anahi, aya, dulce, ponny, portinon, poncho

Não sabemos a imensidão de que é a profundeza de um amor até que nos deparemos com o próprio dentro de seus olhos. Em uma época muito boa eu de fato tinha tudo o que os contos de fadas enumeram - uma boa casa, um bom homem e uma boa vida. O que não é nos dito é que aos poucos toda essa magia se esvanece lentamente pelos dedos e quando notamos já é tarde demais para voltarmos atras para aproveitarmos um pouco mais do que foi nos dado. Uma vez minha mãe me contou o quão é dolorido perder um grande amor não vivido, mas hoje descobri que a dor de assistir um amor morrendo de mãos atadas é pior ainda.

Eu estava lutando, remando contra a correnteza, me sacudindo em meio a areia movediça e acredito que ele também. Achar que o homem que eu fiz feliz por tanto tempo ainda acreditava numa luz em meio a escuridão assim como eu, era algo de que eu necessitava para sobreviver aos poucos nessa relação.

Sempre acreditei em que tudo na vida era efêmero e mais que uma crença, isso se tornara um mantra para muitas coisas que necessitavam de aceitação de partida em minha vida, mas não era tão simples assim quando se tratava de um amor construído por longos anos de dedicação, carinho e convivência.

Nada ali era ódio ou mágoas, nossa chama apenas se apagava por mero acasos do cotidiano rotineiro em que fomos engolidos ao longo do tempo da vida de casados. Parecia que naquela altura nada poderia ser feito a não ser sentar e assistir aceitando com conformidade o fim de algo tão valioso quanto as estrelas que brilham em uma noite quente e limpa de verão.

Foi ali, sentada nesse mesmo local assistindo o meu casamento perfeito desfalecer aos poucos que também conheci o outro pilar dessa lamentável situação. Sua voz angelical soava sempre que podia em meus pensamentos com a certeza vaga de que tudo um dia ficaria bem independentemente de qualquer coisa. Era como viver em um navio em meio a tantas tempestades sabendo que um dia, se eu fosse forte e comandasse meu navio com temência e sabedoria, chegaria até os braços dela e estaria tudo bem.

De um lado eu vislumbrava o fim nada caótico de um relacionamento maravilhoso traído pelas regras da vida, do outro eu podia avistar um novo horizonte separado entre um vale imenso de dúvidas e medo com um sol brilhante e vermelho ao fundo. Ao meio disso tudo, eu com meus frágeis ossos paralisada com a certeza do desejo da luta, mas com a cega dúvida de qual partido tomar nessa batalha. Estava dividida, quebrada entre dois corações com o meu próprio despedaçado em mãos. Eu estava entre dois lugares e não sabia mais ao certo qual era o meu.