Fanfics Brasil - Capítulo 1 (PARTE 2) Diga Sim ao Marquês(adaptada)

Fanfic: Diga Sim ao Marquês(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 1 (PARTE 2)

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   Ela percebeu. E então se sentiu intoleravelmente tola. Na infância, Christopher sempre a provocava, mas de todas as maldades que ele fez ao longo dos anos...


   “Desculpe estragar sua diversão”, ele disse.


   “Minha diversão?!”


   “Esse é um famoso passatempo das mulheres, sabe? Tentar me salvar de mim mesmo.” Ele lhe deu um olhar convencido e passou por ela. Dulce ficou corada – mas essa era a palavra errada. Se “corar” fosse equivalente a um sussurro, naquele momento as bochechas dela estavam gritando! Ridículas de tão cor-de-rosa, como um flamingo ou algo assim.


    Homem desprezível, perturbador.


   Uma vez, quando era apenas uma garotinha, Dulce viu uma briga na vila. Um homem que comprava avelãs questionou o vendedor quanto à honestidade de sua balança. Os dois discutiram, gritaram... e uma briga irrompeu. Ela nunca se esqueceu do modo como a atmosfera mudou em um instante. Todos por perto sentiram a mesma coisa. A sensação de perigo formigava.


   Dulce nunca testemunhou outra troca de socos. Mas ela sentia o mesmo formigamento no ar sempre que Christopher Uckermann estava por perto. Ele parecia carregar certas coisas consigo, do mesmo modo que outros homens carregavam uma maleta ou uma bengala. Coisas como intensidade e força bruta contida – mas prestes a se libertar. A essa sensação de perigo se unia a de expectativa. E a promessa de que, a qualquer momento, as regras que governam a sociedade poderiam perder o sentido.


   Sua vida de libertino era segredo para alguém? Honestamente, os espartilhos não se desamarravam sozinhos.


   “Eu pensei que você tivesse parado de lutar”, ela disse.


   “Todo mundo está pensando que eu parei de lutar. E é isso o que vai fazer da minha volta ao esporte algo tão emocionante. E lucrativo.”


   Ela pensou que isso obedecia a um tipo estranho de lógica.


   “Agora explique-se.” Ele cruzou os braços. Aqueles braços grandes... grandes não, imensos... ah, sem palavras para definir. “O que diabos você está fazendo? Devia saber que não é bom vir a um lugar desses.”


   “Eu sei e não vim sozinha. Dois criados estão me esperando lá fora.” Em um impulso tolo, ela acrescentou, “e nós combinamos um sinal.”


   “Um sinal”, ele arqueou a sobrancelha.


   “Isso, um sinal.” Ela continuou antes que ele quisesse saber mais. “Eu não precisaria vir até aqui se você tivesse deixado algum outro meio de contato. Tentei encontrá-lo no Harrington.”


   “Eu não tenho mais quarto no Harrington.”


  “Foi o que me informaram. E então me disseram que este é o seu endereço atual.” Ela o seguiu até onde pareciam ser seus aposentos. “Você mora mesmo aqui?”


   “Quando estou treinando, moro. Sem distrações.”


   Dulce olhou em volta. Ela não tinha estado em muitas residências de solteiros, mas sempre as imaginou atulhadas e cheirando a coisas não lavadas – louça, roupa e corpos.


   O armazém de Lorde Christopher não cheirava a nada desagradável. Apenas serragem, café e o aroma tênue de... óleo essencial de gaultéria, talvez? Mas o lugar era espartano. Em um canto viu uma cama simples, um armário e algumas prateleiras, além de uma mesa pequena com dois bancos.


   Ele pegou dois copos no armário e os colocou sobre a mesa. Em um deles Christopher despejou dois dedos de xerez. No outro, esvaziou um bule de café e adicionou um toque de um xarope de cheiro forte, tirado de uma misteriosa garrafa marrom. A isso tudo acrescentou três ovos crus.


   Ela o observava, com uma vontade imensa de vomitar, enquanto Christopher mexia aquela mistura repulsiva com um garfo.


   “Com certeza você não vai...”


   “Beber isso?” Ele ergueu o copo e engoliu o conteúdo de uma só vez, depois recolocou o copo sobre a mesa. “Três vezes por dia.”


   “Oh.”


   Ele empurrou o xerez para ela.


   “Este é seu. Parece que você precisa de um gole.”


  Dulce encarou o conteúdo do copo enquanto ondas de náusea sacudiam seu estômago.


   “Obrigada.”


   “É o melhor que eu posso fazer. Como pode ver, não estou preparado para receber visitas sociais.”


   “Não vou tomar muito do seu tempo, prometo. Só parei para...”


   “Entregar o convite de casamento. Não se preocupe, vou enviar uma carta aos noivos com os meus pêsames.”


   “O quê? Não. Quero dizer... Imagino que você saiba que Lorde Granville está, afinal, voltando de Viena.”


   “Eu soube. E Alfonso lhe deu permissão para planejar o casamento mais suntuoso que puder imaginar. Eu mesmo vou assinar as faturas.”


   “Bem, sim. Quanto a essas assinaturas...” Dulce torceu o rolo de papéis em sua mão.


   Ele se afastou da mesa.


   “Isso tem que ser rápido. Não posso perder tempo conversando.”


   Lorde Christopher parou debaixo de uma barra de ferro paralela ao chão, que estava a cerca de um metro acima de sua cabeça. Em um salto, ele a agarrou e então começou a se erguer, flexionando os braços... Várias vezes.


   “Continue”, ele disse ao ultrapassar a barra com o queixo pela quarta vez. “Eu posso conversar enquanto faço isso.”


   Talvez ele pudesse, mas Dulce começava a achar difícil. Não estava acostumada a conversar com um homem seminu, ocupado com esse tipo de... exercício muscular. Uma sensação estranha percorreu suas veias. Ela pegou o copo de xerez e deu um gole cauteloso. Ajudou.


   “Imagino que você não saiba que meu tio Humphrey morreu há alguns meses.” Ela fez um gesto dispensando os pêsames antes que Christopher pudesse se manifestar. “Não foi um choque. Ele já tinha idade avançada. Mas o doce velhinho me deixou uma herança em seu testamento. Um castelo.”


   “Um castelo?” Ele gemeu ao ultrapassar a barra mais uma vez. Então parou ali, os músculos tensos devido ao esforço. “Uma pilha de ruínas no pântano, com uma montanha de impostos atrasados, eu imagino.”


   “Na verdade, não. O castelo fica em Kent e é um encanto. Era uma das propriedades pessoais dele. Meu tio era o Conde de Lynforth, se você não está lembrado.”


   Bom Deus, como ela tagarelava. Controle-se, Dulce.


   “É ideal para um casamento, então.” A voz saiu comprimida devido ao esforço.


   “Imagino que sim. Para o casamento de alguém. Mas estou indo para lá hoje e passei para...”


   “Contar isso para mim.” Subiu.


   “Isso. E também...”


  “Para pedir dinheiro.” Subiu. “Como eu já disse, você pode gastar o quanto quiser no seu casamento. Envie as contas para os administradores do meu irmão.”


   Dulce fechou os olhos bem apertados e depois os abriu devagar.


   “Lorde Christopher, por favor. Você faria a gentileza de parar...”


   “De completar suas frases?”


   Ela reprimiu um rosnado. Ele parou no meio do exercício.


   “Não vá me dizer que eu errei alguma?”


  Ela não podia lhe dizer isso. Não com sinceridade. Essa era a parte mais irritante.


   “Como eu disse”, ele continuou, “Eu estou treinando.” Cada frase era pontuada por outra subida. “É isso o que nós, lutadores profissionais, fazemos. Nós nos concentramos.” Subiu. “Antevemos.” Subiu. “E reagimos. Se isso a incomoda, procure ser menos previsível.”


   “Estou cancelando”, ela disparou. “O casamento, o noivado. Tudo. Estou cancelando tudo.”


   Ele se soltou e pousou no chão. O ar pesou ao redor dos dois. E a expressão sombria dele contou para Dulce, sem dúvida nenhuma, que ele não tinha previsto isso.


***


   Christopher a encarou.


   Aquele mês não estava se desenrolando como havia planejado. Ele tinha se enfiado naquele armazém para treinar para o seu retorno. Quando enfrentasse Jack Dubose pela segunda vez, seria a maior luta de sua vida e a maior bolsa já oferecida na história da Inglaterra. Para se preparar, precisava de condicionamento físico intenso, sono sem perturbações e comida nutritiva... E, absolutamente, nenhuma distração.


   Então, quem resolvia entrar pela sua porta? Ninguém menos que a Srta. Dulce Saviñon, sua distração mais íntima e persistente. É claro. Os dois sempre se estranharam, desde quando eram crianças. Ela era o retrato da “rosa inglesa”, com o cabelo escuro e as feições delicadas. Bem educada, acolhedora e refinada. Além de irritante de tão doce. Resumindo, Dulce Saviñon era a encarnação da sociedade civilizada. Tudo que Christopher sempre desdenhou. Tudo que ele tinha jurado arruinar... E devia ser isso que tornava tão tentadora a ideia de arruiná-la.


   Sempre que Dulce estava por perto, ele não conseguia resistir a chocar as noções de decoro dela com uma demonstração de força bruta. Christopher gostava de atormentá-la até fazer as bochechas de Dulce adquirirem um tom exótico de rosa.


   E ele imaginou, muitas vezes, como ela ficaria com aquele coque desfeito, embaraçado pelo amor e úmido de suor.


   Ela era a prometida do seu irmão. Era errado pensar em Dulce daquela forma. Mas Christopher nunca fez muita coisa certa fora de um ringue de boxe.


   Desviou o olhar do lenço branco rendado que escondia o decote dela.


   “Eu acho que ouvi mal”, ele disse.


 “Oh, estou certa de que me ouviu muito bem. Estou com os documentos bem aqui.” Ela desenrolou o maço de papéis que trazia na mão enluvada. “Meus advogados os redigiram. Você gostaria que eu resumisse?”


   Aborrecido, ele estendeu a mão para pegar os papéis.


   “Eu sei ler.” Mais ou menos.


   Da mesma forma que todos os documentos legais colocados à frente dele desde a morte do velho marquês, aqueles estavam escritos em garatujas tão pequenas e apertadas que eram indecifráveis. Só de olhar para aquele garrancho, Christopher ficou com dor de cabeça. Mas aquela olhada rápida foi suficiente. Aquilo era sério.


  “Estes documentos não são válidos”, ele disse. “Alfonso teria que assiná-los primeiro.”



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Autor(a): leticialsvondy

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“Bem, sim. Existe uma pessoa com poder de assinar por Alfonso na ausência dele.” Os olhos dela se fixaram nos olhos dele. Não. Christopher não podia acreditar nisso. “É por isso que você está aqui. Quer que eu assine isso.” “Isso mesmo.” “Impossível.” Ele recolocou os pap&eacut ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 24



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  • vondyfforever Postado em 15/06/2020 - 09:09:08

    Ameeeeei que pena que acabou

  • biavondy15 Postado em 14/06/2020 - 17:18:11

    Que historia maravilhosa!!! Obrigada por compartilhar ela com a gente

  • biavondy15 Postado em 14/06/2020 - 17:16:23

    Ameeeei esse fim

  • Dulcete_015 Postado em 06/02/2020 - 00:16:06

    Estou amando,continuaa

  • Vondy Forever❤ Postado em 31/01/2020 - 14:58:17

    Continua...

  • Vondy Forever❤ Postado em 30/01/2020 - 22:40:25

    Que bom que você voltou, ai esses dois são tão fofos juntos, continua...

  • Vondy Forever❤ Postado em 29/01/2020 - 19:46:25

    Esta bem, melhoras, Estarei te aguardando abraços..

  • rt1508 Postado em 28/01/2020 - 20:12:06

    Continuaaaa

  • Vondy Forever❤ Postado em 28/01/2020 - 00:29:01

    Mulher como que você para logo ai nesse momento caliente dos dois, Até na hora h Dulce lembra desses documentos. Chorei de rir quando o Christopher falou que usava pijama lilas, continua...

  • Vondy Forever❤ Postado em 27/01/2020 - 23:13:41

    continua, mais duas sua web e muito viciante...


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