Fanfic: Diga Sim ao Marquês(adaptada) | Tema: Vondy
“Oh, muito bem.” Dulce aplaudiu.
Christopher assobiou, demonstrando sua admiração.
“Essa é a melhor que já vi.”
“É um feito inútil”, Phoebe disse, soltando o barbante. “Acredito que não poderei me levantar e fazer figuras de barbante quando for a hora do meu debute.”
“Como alguém que já foi a vários bailes de debutantes”, Christopher disse, “posso dizer que preferiria assistir a uma garota fazer figuras de barbante a mais uma apresentação infeliz ao piano.”
“O que você exibiu no seu baile?” Phoebe olhou para Dulce.
“Eu toquei piano.” Dulce deu um sorriso irônico. “Foi horrível. Mas Christopher não foi submetido a isso, pois não compareceu.”
Ele tomou um gole de cerveja.
Talvez ela não devesse cutucá-lo por isso, mas a ausência dele a tinha magoado. Durante a infância Christopher sempre a provocava, mas Dulce pensava que os dois eram amigos, de certa maneira. E então ele a abandonou na noite em que ela mais precisava de um amigo.
“É uma pena que nós não possamos preservar as figuras”, Dulce disse. “Eu gostaria de pendurá-las na parede para que todo mundo pudesse ver.”
“É melhor assim”, Christopher observou. “Na parede seriam apenas pedaços de barbante. É Phoebe que os torna especiais.”
O elogio não pareceu ter muito efeito em Phoebe, mas pegou Dulce de surpresa. Uma parte sensível de seu coração latejou – como uma dor de dente, só que mais para baixo. Ele tinha tantas qualidades. Por que insistia em manter uma reputação tão baixa? Dulce imaginou que deveria ter relação com a carreira dele.
“O Monstro que Afaga Cachorros” ou “O Feroz Reparador de Cercas” não seriam apelidos que atrairiam muitos espectadores para uma luta.
A taverneira levou a comida até eles. Phoebe comeu rapidamente, depois pegou seu barbante e virou a cadeira para assistir aos homens jogando baralho.
Dulce experimentou seu pedaço de torta.
Christopher se aproximou de Dulce, para que pudessem conversar com relativa privacidade.
“O Sr. Kimball estava me contando da reunião que o seu agente imobiliário e fez com os fazendeiros. Que ele lhes contou das suas ideias sobre as plantações de lúpulo e a cervejaria.”
“É mesmo?”
“Ele não está convencido. Nem eu.”
“Por que não? O lúpulo pode exigir um investimento inicial, mas os fazendeiros vão ter um mercado garantido para sua colheita.”
“Desde que a cultura vingue.” Ele colocou uma fatia de queijo na boca.
Dulce tentou não ficar encarando, mas estava discretamente fascinada pelo modo como ele comia, de um jeito másculo e sem reservas. Christopher não dava qualquer atenção à etiqueta. Mas também não a desprezava. Christopher apenas... comia. Ela achava isso atraente, de um modo estranho, visceral. Talvez o invejasse.
“Nós vamos ter serviço para tanoeiros, carroceiros e carpinteiros”, ela disse enquanto pegava um bocado de sua comida. “A própria cervejaria vai empregar dezenas de pessoas. Vai ser bom para toda a paróquia. Está tudo muito bem planejado.”
“Seja como for”, ele disse, coçando a barba por fazer, “começar uma cervejaria requer um investimento tremendo. Lúpulo é uma cultura delicada. Você poderia perder seu dote inteiro e o castelo junto. Como ficariam os fazendeiros e os tanoeiros, então?”
“Eu sei que existe um risco. Mas eu não estou indo atrás de alguma moda passageira.” Ela fez um gesto na direção do pub lotado. “Os homens ingleses não vão parar de beber cerveja.”
“Mas você não é um homem. Você é uma mulher solteira sem qualquer experiência em agricultura ou comércio.”
“É claro que eu não tenho experiência. Onde eu poderia ter conseguido? Na escola preparatória?” Ela espetou um pedaço de carne. “É tão injusto! As mulheres só podem fazer um décimo do que os homens fazem, e ainda assim somos avaliadas com muito mais rigor. Se eu vou ser considerada ineficiente, pelo menos desta vez vai ser diferente. Prefiro ser julgada pelas minhas deficiências na administração da propriedade a ser julgada por falhas ao tocar piano. O começo talvez possa ser difícil, mas eu tenho o dinheiro e a determinação para transformar o empreendimento em sucesso. Sou a primeira a admitir que existe muita coisa que eu não sei, mas que sou capaz de aprender e estou disposta a fazê-lo.”
Quando ergueu os olhos, ela percebeu que Christopher não estava à mesa. Dulce olhou ao redor e viu que ele voltava do balcão com três canecas de estanho com cerveja até a borda.
“Cerveja tipo ale – produzida com cevada maltada”, ele disse, empurrando as canecas na direção dela. “Bitter. E porter.”
“As três? Você deve estar com muita sede depois de consertar aquela cerca.”
“Elas são para você”, ele disse. “Você disse que estava disposta a aprender e que é capaz. Vamos ver se você comprova isso.”
Ah, então ele pretendia lhe dar uma lição. Que fofo. Ridículo e desnecessário, mas fofo.
Ciente das pessoas que os observavam, ela baixou a voz e sussurrou.
“Obrigada. Mas eu conheço os tipos. Eu não me proporia a abrir uma cervejaria sem primeiro conhecer as diferenças entre cerveja ale, bitter e porter.”
“Então vamos ver se você consegue dizer qual é qual.” Ele deslizou as canecas pela superfície da mesa, embaralhando-as como se fossem cascas de nozes escondendo uma ervilha. “Prove e diga-me qual é qual.”
“Eu posso dizer qual é qual só de ver. Esta é a ale.” Ela foi indicando com a cabeça. “Esta é a porter, e a última, a bitter. Mas não vou provar nenhuma delas hoje.”
Dulce podia ver o fantasma de sua mãe caindo no chão, desmaiando só de ouvir aquela sugestão. Mulheres bem-criadas bebiam limonada ou água de cevada.
Talvez um gole de tônico ou uma taça de clarete. Cerveja fraca, em casa.
Damas não bebiam cerveja ale. Muito menos porter. Nunca em público.
“Então você quer produzir cerveja, mas não quer ser vista bebendo. Não faz sentido.”
Ele era um homem, não fazia ideia. As mulheres eram encorajadas a produzir todo tipo de coisas – beleza, jantares e filhos. Mas essas produções deviam parecer fáceis. Saídas do ar e dos mistérios femininos. Ai da mulher que tirasse os pelos do rosto em público, ou que recebesse as visitas com farinha nas mãos.
Para não falar da que admitisse sentir desejo.
“Este não é o lugar”, ela disse.
“Este é um bar público. É, por definição, o lugar feito para se beber cerveja.”
Ele empurrou a ale na direção dela.
O orgulho dela venceu o decoro. Com um olhar cauteloso para o pub, Dulce pegou uma caneca de cada vez, provando seu conteúdo.
“Pronto. Provei todas.”
“E...?” Ele a instigou.
“E... são boas.”
“Errado”, ele disse. “Duas são boas. Uma é lavagem. Como você pode pedir aos fazendeiros que arrisquem suas safras pela sua cervejaria se não consegue distinguir a cerveja boa da ruim?”
Dulce suspirou. Parecia que não tinha escapatória.
“A cerveja ale é muito boa. Fermentada recentemente com água da região. Doce, com sabor de nozes. Também tem um toque de mel. Alguém cultivou trevo perto da cevada. A porter é decente. O sabor de café seria mais intenso se tivessem usado malte escuro, não apenas açúcar queimado para dar cor. Mas todo mundo está usando o malte mais leve atualmente. Agora, a bitter...” Provou de novo e inclinou a cabeça. “Eu não chamaria de lavagem. Ela tinha potencial, mas o fermento não dissolveu direito. O que poderia ter sido céu claro e campos verdes é apenas... um pântano na neblina. Uma pena. Um desperdício do bom lúpulo de Kent.”
Ela ergueu os olhos e viu que ele a encarava boquiaberto.
“De onde veio isso tudo?”, ele perguntou. Mas os olhos dele faziam uma pergunta ligeiramente diferente. De onde você veio, era a verdadeira questão.
Oh, Christopher, eu estava aqui o tempo todo. Só esperando.
“Uma garota precisa de um hobby.” Ela se sentiu um pouco atrevida. Sem dúvida por causa da cerveja. Ou, quem sabe, por causa da expressão no rosto dele.
Ele olhou para Dulce com aqueles olhos intensos, e embora fosse violentamente atraente e estivesse tão perto, Dulce tentou não fazer nada que fosse muito feminino e bobo. Como mexer no cabelo. Ou umedecer os lábios. Ou lembrar-se da sensação da masculinidade dura dele encostada em sua carne macia.
É claro que ela fez as três coisas... Constrangida consigo mesma, baixou os olhos.
“Você vai ficar me encarando desse jeito?”
“Vou.”
“Por quê?”
“Eu fiz uma aposta comigo mesmo. Para ver se eu consigo fazer você ficar de dez tons de rosa.”
Bem, naquele momento ele deve ter contado mais um tom. Alguma nuance de carmim, era o mais provável.
“Um homem também precisa ter um hobby.” Com uma exibição repentina e letal de charme, ele empurrou a cadeira para trás e levantou. “Vou pagar a conta.”
Phoebe se inclinou na direção da mesa ao lado, na qual os homens jogavam cartas.
“Não espere pelo rei”, disse para o homem mais próximo dela, espiando as cartas na mão dele por cima de seu ombro.
“Phoebe”, Dulce sussurrou, cortante. “Não faça isso. É falta de educação interromper.”
“Mas ele precisa saber.” Ela bateu no ombro do homem. “Não fique esperando o rei de ouros. Não está no baralho.”
“O quê?” O homem olhou para ela por sobre o ombro.
“Estou observando o jogo há catorze rodadas. Todas as outras cartas do baralho já apareceram pelo menos uma vez. Com uma média de vinte e uma cartas reveladas por rodada, a chance de o rei de ouros não aparecer seria de menos de uma em...” Ela fez uma pausa. “...um milhão e trezentos mil.”
O homem soltou uma risada.
“Não existe número assim tão grande.”
“Que diabos ela tem de errado?” Um homem exclamou do outro lado da mesa. “Ela é algum tipo de imbecil?”
“Ela é mais esperta que você.” O homem com o baralho virou o restante das cartas e as examinou. “Ela está certa. Não tem rei de ouros. Se não está no baralho, onde está?”
Phoebe deu de ombros.
“Eu perguntaria ao seu amigo calado.”
Do outro lado da mesa, um homem ruivo e corpulento fez uma careta.
“Não se meta em assunto de homem, garota.”
Dulce tentou distrair a irmã, sem sucesso. Quando Phoebe se agarrava a um fato, ela parecia um cachorro com um osso.
“Aí está”, ela apontou para o ruivo. “A carta está na manga esquerda dele. Estou vendo a ponta.”
O homenzarrão então se levantou e ficou olhando todos de cima para baixo.
“Você está me chamando de trapaceiro, sua pirralha? Porque se estiver, eu não vou aceitar isso.”
Ele agarrou o tampo da mesa com as duas mãos e o virou, espalhando cartas, cerveja e tudo o mais.
Dulce recolheu a irmã entre seus braços. Phoebe ficou rígida com o contato, mas não adiantava. Dulce não ia deixar que aquele homem machucasse sua irmã.
“Sua bruxa mentirosa, anormal”, ele rosnou. “Eu vou lhe dizer uma coisa, eu vou...”
Christopher interveio, enfrentando o homem cara a cara. A voz dele soou como uma ameaça baixa e controlada.
“Você vai parar. É isso que vai fazer. Porque se tocar ou ameaçar essas moças de novo, juro por tudo que é sagrado que vou matar você.”
Autor(a): leticialsvondy
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Ah, sim. Christopher podia matá-lo. Podia demolir aquela escória vil e fedorenta. Com facilidade. Com uma mão atrás das costas. E isso queria dizer que ele precisava ter muito cuidado. “Você sabe quem são essas moças?”, ele perguntou, tanto para informar aquele patife como para se lembrar de manter alguma civilidad ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 24
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vondyfforever Postado em 15/06/2020 - 09:09:08
Ameeeeei que pena que acabou
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biavondy15 Postado em 14/06/2020 - 17:18:11
Que historia maravilhosa!!! Obrigada por compartilhar ela com a gente
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biavondy15 Postado em 14/06/2020 - 17:16:23
Ameeeei esse fim
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Dulcete_015 Postado em 06/02/2020 - 00:16:06
Estou amando,continuaa
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Vondy Forever❤ Postado em 31/01/2020 - 14:58:17
Continua...
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Vondy Forever❤ Postado em 30/01/2020 - 22:40:25
Que bom que você voltou, ai esses dois são tão fofos juntos, continua...
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Vondy Forever❤ Postado em 29/01/2020 - 19:46:25
Esta bem, melhoras, Estarei te aguardando abraços..
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rt1508 Postado em 28/01/2020 - 20:12:06
Continuaaaa
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Vondy Forever❤ Postado em 28/01/2020 - 00:29:01
Mulher como que você para logo ai nesse momento caliente dos dois, Até na hora h Dulce lembra desses documentos. Chorei de rir quando o Christopher falou que usava pijama lilas, continua...
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Vondy Forever❤ Postado em 27/01/2020 - 23:13:41
continua, mais duas sua web e muito viciante...