Fanfic: Diga Sim ao Marquês(adaptada) | Tema: Vondy

“Na verdade, sou mesmo”, Dulce concordou.

Ao ouvir isso, Christopher lançou para ela um olhar de alerta. O coração de Dulce acelerou. Homem terrível. Ele estava preocupado que ela anunciaria seus planos de dissolver o compromisso? Ou talvez estivesse inquieto com a possibilidade de ela confessar o momento apaixonado dos dois? Seria bem feito, para ele, se ela fizesse qualquer uma dessas coisas. Mas Dulce estava cansada de pensar em Christopher e Alfonso. Para variar, ela queria falar de si mesma.

“Estas são minhas três afirmações. Primeiro, minha cor favorita é verde.”

Anahí gemeu.

“Dá para ser um pouco menos óbvia?”

“Segundo”, Dulce continuou, “estou planejando construir uma cervejaria aqui, no Castelo Twill. E terceiro...” Ela passou os olhos pela sala. “Eu nunca fui beijada.”

Ela juntou as mãos e esperou a reação dos outros.

Todos ficaram em silêncio, estarrecidos. Anahí, Teddy... até Phoebe. Eles não estavam apenas surpresos. Eles pareciam de fato horrorizados. Será que a ideia de uma cervejaria era assim tão inquietante para eles?

Teddy meneou a cabeça, solene.

“Isso é... bem, droga. Eu não sei o que dizer. A não ser que eu sinto muito.”

“Oh, querida”, Anahí levantou de sua cadeira e foi se sentar ao lado de Dulce no divã. Ela pôs a mão no joelho da irmã. “Ele nunca beijou você? Em todos esses anos, nem uma única vez?”

Dulce inspirou devagar. Era um testemunho da tristeza de sua vida que seus familiares mais próximos acreditassem que aquela era a afirmação verdadeira.

“Eu acho que todos nós sabíamos que não é um casamento por amor”, Anahí disse. “Mas eu estava certa que vocês dois tinham algum carinho um pelo outro.”

“Ele não vai se safar dessa.” Teddy levantou de sua cadeira. “Nós não vamos permitir que ele dê para trás, não importa que ele tente cair fora deste noivado. Depois de oito anos, esse homem lhe deve um casamento.”

“Esperem”, Dulce interrompeu. “Vocês estão tirando conclusões precipitadas. Como vocês sabem que a afirmação sobre o beijo não é a falsa?”

“Porque é óbvio”, Anahí disse. “Todo mundo sabe que sua cor favorita é verde. Então essa já era. Uma cervejaria? Sério? Não pode ser verdade, dentre todas as ideias absurdas.”

“O que ela tem de tão absurda? Os recursos da propriedade precisam ser usados, ou a comunidade local irá sofrer. Vocês não acham que eu conseguiria?”

“Ela conseguiria”, Christopher afirmou.

Dulce se virou para ele, surpresa. Ela não achou que Christopher estivesse prestando atenção.

“Ela conseguiria”, ele repetiu, apoiando um ombro na parede revestida. “Esta região é ideal para a produção de cerveja. A Srta. Saviñon tem o capital, aterra, o conhecimento. Com a ajuda certa, ela conseguiria.”

“Talvez ela conseguisse”, Teddy concordou. “Mas o noivo não aprovaria. E nós vamos acreditar que os pubs e as tavernas iriam servir a Cerveja Lady Granville?” Ele riu. “Seu irmão não permitiria algo assim.”

“Você tem razão”, Dulce disse, enchendo-se de coragem. “Não acredito que Alfonso permitisse. Mas é isso, vocês entendem. Eu não vou me...”

“Você não vai abrir uma cervejaria. É claro que não. Que absurdo.” Anahí bateu as mãos. “Isso encerra a vez de Dulce. Quem é o próximo?”

“Espere”, Christopher interveio, em um tom que não permitia discussão. Seus olhos chispavam. “A vez de Dulce ainda não acabou. Você errou, Lady Cambourne. Errou por completo.”

“O que o faz dizer isso?”

“A Srta. Saviñon já foi beijada”, Christopher afirmou. “Tenho certeza disso.”

“Mas como você pode saber?” Anahí perguntou.

Dulce prendeu a respiração. Será que ela queria que Christopher respondesse àquela pergunta com honestidade? Talvez sim. Mas mesmo que ela tenha começado o jogo, a decisão não estava mais em suas mãos.

Christopher fez um gesto nervoso.

“Eu sei porque estava lá.”

***

Ah, não... Christopher não pretendia dizer aquilo. As palavras escaparam dele como um soco violento, imprudente, que ele deveria ter segurado.

“Lorde Christopher, você está nos dizendo que testemunhou esse beijo com seus próprios olhos?” Anahí não se preocupou em esconder seu ceticismo.

“Não”, ele respondeu, sincero.

Ele não tinha testemunhado com seus próprios olhos. Que tipo de imbecil beija de olhos abertos? Ele testemunhou com seus próprios lábios. Mas dizer a verdade não ajudaria em nada a sua causa.

“Então vou manter minha resposta”, Anahí disse. “De quem é a vez, agora?”

“Minha”, Christopher disse.

“Sua?” Dulce estranhou. “Pensei que tivesse dito que não iria jogar.”

“Mudei de ideia.”

“Receio que você terá que esperar a próxima rodada, Uckermann.” Sir Teddy Cambourne disse. “Minha mulher cortou e distribuiu os palitos. Isso já foi feito. Você não pode jogar se não tem um palito.”

Christopher olhou firme para ele. O olhar tinha a força de um soco no estômago.

“É mesmo?”

Cambourne não tinha mais nada a dizer. Nem os outros.

Christopher tomou o silêncio coletivo como consentimento.

“Primeira afirmação. Na minha primeira luta pelo campeonato, derrotei Golding com um golpe forte sobre o fígado dele, na vigésima-terceira abordagem. Segunda...” Ele se acomodou em uma poltrona. “Na última vez em que falei com meu irmão, Alfonso me contou o quanto ele lamentava a extensa ausência imposta por seus deveres, porque...”

Resolva logo isso.

“Porque ele estava profundamente apaixonado”, ele concluiu.

A sala ficou em silêncio. Até Anahí pronunciar aquelas duas palavras:

“Por Dulce?”

“Sim, por Dulce.”

Christopher se levantou e começou a andar pela borda do tapete. Ele estava muito irritado. O que havia de errado com aquela gente? Isso não devia ser assim tão difícil de acreditar. Sim, seu irmão era reservado, mas com certeza eles todos amavam Dulce. Ela merecia ser amada. Amada demais. Ele podia ter começado aquela mentira sem acreditar nela, mas agora estava comprometido a fazê-la funcionar. Comprometido com tudo que tinha.

“Quando nos falamos da última vez, Alfonso relembrou o baile de debutante dela”, ele disse. “De como ela usava um vestido de seda azul clara com renda nas bordas. Pérolas cravejadas no cabelo. Lembrou-se de como ela estava linda, ainda que nervosa. Ele notou como ela cumprimentou cada convidado com verdadeira atenção. E me contou que soube, naquele momento, que não havia outra lady no salão que fosse igual a ela. Que se sentiu o mais feliz dos homens, sabendo que ela era sua prometida.” Christopher passou os olhos pela sala. “Ele a amou naquele momento. E ainda a ama.”

Todos permaneceram em silêncio enquanto ele voltava para sua poltrona.

“Nada mal”, Bruiser murmurou.

Cambourne bateu na coxa com a mão enluvada.

“Bem, isso é reconfortante. Não é mesmo, docinho?”

“Você está supondo que isso seja verdade”, Dulce disse sem se alterar. “Nós só ouvimos duas afirmações de Lorde Christopher. Eu estou esperando a terceira.”

“A terceira. Certo.” Ele pigarreou. “Eu durmo com um pijama lilás. Bordado.”

Bruiser bebericou seu licor.

“Como você é literal.”

Anahí riu.

“Sério, é impossível. Nenhum de vocês sabe jogar este jogo. Seu pijama lilás é quase tão absurdo quanto a cervejaria da Dulce. Vamos jogar cartas, então.”

Bem, era isso. Ele parecia ter convencido a família dela, pelo menos. Mas Christopher não sabia como se sentir a respeito. Aliviado, vitorioso, enojado consigo mesmo... Suas emoções eram uma combinação de tudo isso. Mas os sentimentos dele eram irrelevantes. Só havia uma pessoa naquela sala cujos sentimentos eram importantes. E se Christopher não tivesse conseguido convencê-la nessa noite, ele não tinha mais esperança.