Fanfic: Diga Sim ao Marquês(adaptada) | Tema: Vondy
“Ellingworth! Ellingworth, querido, onde você está?”
Dulce correu de um lado para outro pelos caminhos dos jardins, abaixando-se para espiar debaixo de cada banco e arbusto, parando em cada esquina para enxugar a chuva de seus olhos. Eles já tinham procurado pelo castelo inteiro. O cachorro tinha que estar em algum lugar do lado de fora. As poças de lama prendiam seus sapatos de salto, diminuindo sua velocidade. Dulce acabou se cansando dos sapatos e os tirou. Suas meias já estavam completamente molhadas.
Com os sapatos em uma mão e as saias recolhidas em outra, ela começou a correr pela fileira de sebes e pérgulas. Quanto mais longe ia sem encontrar o buldogue, mais ansiosa Dulce ficava. A constituição dos cães lhes permitia aguentar um pouco de frio e chuva. Mas um cachorro tão velho, já com a saúde debilitada?
Pobre Ellingworth. Pobre Christopher. Ele ficaria arrasado se alguma coisa acontecesse com aquele cão. Tinha tomado conta daquele animal com tanta dedicação, por tantos anos. Aquelas dietas meticulosas, o cuidado especial com veterinários... Não seria apenas uma questão de esforço sendo jogado fora, ou da frustração de decepcionar o irmão. Christopher amava aquele cachorro velho e feio.
Dulce sabia que sim. E Dulce amava Christopher.
Começou a correr mais. Um galho espinhoso agarrou a manga bufante do vestido, e ela se livrou com um puxão, rasgando o tecido.
“Ellingworth! Ellingworth, cadê você?”
Ela tropeçou em uma pedra do caminho, torcendo o tornozelo e quase caindo de cara na lama. Ainda assim, caiu de quatro, sobre as mãos e os joelhos.
“Droga.”
Dulce se levantou, limpou as mãos na seda marfim arruinada e continuou, controlando seu pânico. Concentre-se, Dulce. Medo não iria ajudá-la. Ela começou a elaborar uma lista mental de providências. Assim que encontrassem Ellingworth, mandaria um dos cocheiros buscar o veterinário. A governanta deveria providenciar água quente e toalhas aquecidas, e a cozinheira, preparar carne picada com ovos crus. Os cachorros tomavam caldo de carne? Afinal, era bom para pessoas resfriadas. Eles tinham que encontrar o cachorro. Eles iriam encontrar aquele cachorro.
Quando passou debaixo de uma pérgula, ela parou. Uma coisa branca chamou sua atenção. Ali. No lado mais distante do jardim, junto ao chão. Embaixo do canteiro de rosas cor de damasco. Será que...?
Deixando as saias caírem na lama, ela afastou de sua testa o cabelo encharcado pela chuva e forçou a vista em meio à chuva. Sua respiração ofegante dificultava a concentração. Ela se esforçou para manter a calma e o foco.
“Ah, não.”
Lá estava Ellingworth, amontoado embaixo da roseira, deitado de lado.
Imóvel. Por favor. Por favor, Deus. Não deixe que esteja morto. Seu temor cresceu como uma nuvem de chuva enquanto ela corria na direção do buldogue. Ellingworth estava do outro lado das roseiras, de modo que ela teve que correr toda a extensão do canteiro e rodeá-lo pela outra trilha para chegar ao cão.
“Ellingworth, querido. Aguente aí, estou indo.”
Dulce dobrou a esquina e parou de repente... Christopher. O casaco verde-escuro dele se misturava aos arbustos, e ela não tinha conseguido vê-lo quando estava debaixo da pérgula. Mas ali estava ele, agachado junto ao buldogue imóvel, com uma de suas mãos grandes e nodosas sobre o flanco do cachorro. Christopher não levantou a cabeça, mas Dulce sentiu que ele sabia que ela estava ali.
Ela engoliu o caroço que sentia na garganta. Enquanto se aproximava, toda a urgência sumiu de seus passos.
“Ele está...?”
Dulce nem mesmo conseguiu fazer a pergunta. Ele negou com a cabeça. Dulce sentiu uma onda de alívio ao cobrir a distância que restava até Christopher.
“Oh, graças a Deus!”
Quando chegou lá, conseguiu ver a lateral do animal subindo e descendo com a respiração. Graças a Deus. Mas embora o cachorro estivesse vivo, todo vigor parecia ter abandonado Christopher. Ele estava tão quieto.
“É melhor não deixar o pobrezinho deitado aí”, Dulce disse, tentando parecer animada. “O chão está tão molhado e frio. Vamos agasalhá-lo e carregá-lo para dentro. Não se preocupe, nós vamos dar um jeito. Vou mandar buscar o veterinário na vila. Aquele de Londres, se você preferir. A cozinheira comprou um filé excelente no açougue. Era para o nosso jantar, mas será perfeito para Ellingworth. Nós podemos picar a carne e...”
Christopher sacudiu a cabeça.
“Não adianta, Dulce.”
“Claro que adianta.”
“Ele ainda não se foi, mas está indo.”
Ele mal tinha acabado de falar e o cachorro soltou um chiado fraco.
“Não!”, Dulce protestou. “Não, ele não pode morrer.”
“Não vai demorar muito, agora. É assim que os cachorros fazem.” A voz dele saiu baixa e sem emoção enquanto ele acariciava a orelha do cachorro. “Eles são assim. Sabem quando sua hora chegou. Então afastam-se e encontram um lugar tranquilo para...”
A voz dele falhou e o coração de Dulce falhou junto. Ela levou a mão à boca para segurar sua emoção, para não causar mais aflição ao animal nem ao homem. Apesar disso, sua voz tremeu quando esticou a mão para acariciar a pata de Ellingworth. “Nós estamos aqui, querido. Estamos aqui, pelo tempo que você precisar.”
“É melhor você entrar”, Christopher disse. “Eu vou ficar com ele.”
“Não vou deixar nenhum dos dois.”
Dulce esfregou as duas mãos, para aquecê-las, e tocou com delicadeza na pata de Ellingworth.
“Você é um bom garoto. E nos deixou muito orgulhosos.”
Christopher levantou para tirar o casaco, e quando se abaixou de novo, fez menção de colocá-lo em volta dos ombros de Dulce. Um gesto atencioso, mas ela o deteve sacudindo a cabeça.
Ela pegou o casaco das mãos dele e o colocou sobre o cachorro.
“Ele precisa mais do que eu.”
Aos poucos, os outros foram chegando.
“Oh, céus.” Anahí e Teddy vieram pela trilha. “Ele está...”
“Logo, logo”, Dulce disse.
“Ah, não. Ah, não.” Bruiser disse ao se juntar a eles, pela primeira vez sem se preocupar em esconder seu sotaque plebeu. “Agora não. Como ele pode fazer isso conosco? Com certeza deve ter algo que possamos fazer.”
Phoebe foi a próxima a chegar.
“Ele tem 14 anos”, ela explicou, agachando-se ao lado de Christopher. “A expectativa de vida de um buldogue não é maior que 12 anos. Se compararmos com a idade humana, ele teria algo perto de cem anos de idade. Então não há motivo para surpresa. Nem para luto. Ele teve uma vida longa.”
“Eu sei”, Christopher aquiesceu.
“Ainda assim, eu...” Phoebe jogou os braços ao redor dele em um abraço desajeitado. “Eu sinto muito por seu cachorro.”
Oh, céus. Agora Dulce ia chorar mesmo. A respiração de Ellingworth foi ficando mais ruidosa e rouca.
“Ele está indo, não está?” Anahí enterrou o rosto no peito do marido. “Não consigo olhar.”
“Nós estamos aqui, querido.” Dulce engoliu suas lágrimas e acariciou a cabeça enrugada do cachorro. “Estamos todos aqui com você. Fique em paz.”
E então a respiração barulhenta parou. Tudo ficou em silêncio.
“Aí estão vocês.” Alfonso se juntou ao grupo. “É Ellingworth que está embaixo da roseira?”
Autor(a): leticialsvondy
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Ninguém sabia o que dizer. Dulce pegou a mão de Christopher. “Eu tentei”, Christopher disse com a voz rouca. “Fiz o meu melhor, mas eu deveria saber...” Se Alfonso o ouviu, não respondeu. Ele apenas ajoelhou entre Christopher e Dulce, separando-os. Aproximando-se do cachorro, ele ergueu a ponta do casaco. “Meu bom e velho ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 24
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vondyfforever Postado em 15/06/2020 - 09:09:08
Ameeeeei que pena que acabou
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biavondy15 Postado em 14/06/2020 - 17:18:11
Que historia maravilhosa!!! Obrigada por compartilhar ela com a gente
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biavondy15 Postado em 14/06/2020 - 17:16:23
Ameeeei esse fim
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Dulcete_015 Postado em 06/02/2020 - 00:16:06
Estou amando,continuaa
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Vondy Forever❤ Postado em 31/01/2020 - 14:58:17
Continua...
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Vondy Forever❤ Postado em 30/01/2020 - 22:40:25
Que bom que você voltou, ai esses dois são tão fofos juntos, continua...
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Vondy Forever❤ Postado em 29/01/2020 - 19:46:25
Esta bem, melhoras, Estarei te aguardando abraços..
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rt1508 Postado em 28/01/2020 - 20:12:06
Continuaaaa
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Vondy Forever❤ Postado em 28/01/2020 - 00:29:01
Mulher como que você para logo ai nesse momento caliente dos dois, Até na hora h Dulce lembra desses documentos. Chorei de rir quando o Christopher falou que usava pijama lilas, continua...
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Vondy Forever❤ Postado em 27/01/2020 - 23:13:41
continua, mais duas sua web e muito viciante...