Fanfic: Espero Por Você... AyA [FINALIZADA] | Tema: Anahí, Poncho

Baixei o rosto na mesa e gemi quando Dulce começou a rir. Embaixo da mesa, Christian chutou minha perna e, dois segundos depois, senti a presença de Poncho antes que ele dissesse uma só palavra. Também senti seu cheiro. Será que era esquisito eu reconhecê-lo só pelo cheiro? Aquilo parecia estranho. Era estranho.

— Hã... o que está fazendo, Anahí ?

Tentei imaginar todo tipo de desculpa que pudesse inventar, porque eu sabia — ah, como sabia — que Christian não ficaria calado.

— Cochilando.

— Cochilando?

— É.

Poncho cutucou a parte de trás do meu casaco.

— Por que será que não consigo acreditar nisso? Encolhi os ombros, constrangida.

Ele se sentou ao meu lado, com a mão na minha lombar. Minhas roupas devem ter ficado mais finas, porque senti a mão dele na minha pele.

— Você está doente?

— Oh, como ele se preocupa com você! — exclamou Christian. — Anahí, como você é má.

Poncho endureceu, baixando o tom de voz de um jeito que eu nunca ouvira.

— Como é que é?

Levantei a cabeça, com os olhos fixos em Christian.

— Não estou doente.

— Está bem. — Poncho olhou em volta, e Dulce caiu na gargalhada. — O que está acontecendo?

Antes que eles pudessem responder, eu me antecipei.

— Você não deveria estar na aula? Ele franziu a testa.

— Todos foram dispensados mais cedo. Não mude de assunto. Abri a boca, mas o maldito do Christian começou antes de mim.

— Anahí acabou de nos informar que você a tem chamado para sair e que ela o rejeita todas as vezes, e estávamos tentando explicar que ela está completamente maluca.

— Olha só. — O olhar duro amaciou imediatamente, e eu quis me enfiar debaixo da mesa. — Estou gostando desta conversa.

Saco.

— Então é verdade? — perguntou Christian, pousando os cotovelos sobre a mesa.

— Você a tem chamado para sair? Poncho olhou para mim de soslaio.

— Tenho mesmo, quase todos os dias desde o fim de agosto.

Do meu outro lado, Dulce deu um grito, como se fosse um daqueles brinquedos de apertar.

— Desde agosto?

Ele confirmou com a cabeça. Dulce arregalou os olhos para mim.

— E você não nos disse nada?

— Agora fiquei ofendido — comentou Poncho. Cutuquei-o com o cotovelo.

— Não está coisa nenhuma. E isso não é da conta de ninguém.

— Mas nós somos seus amigos — disse Christian, tão sentido que comecei a me sentir mal. Ele se virou para Poncho. — Nós somos totalmente a favor de que ela saia com você.

Ok. Eu já não me sentia mal por ele.

— Gostei dos seus amigos, Anahí. — Poncho sorriu em resposta ao meu olhar torto.

— Ah, achamos que ela deveria ir — disse Christian. — Tipo, ela deveria ir agora mesmo.

— Também dissemos a ela que você não é nenhum serial killer — interveio Dulce.

Poncho acenou com a cabeça.

— Essa é uma excelente observação. "Ei, pelo menos ele não é um serial killer." Acho que vou acrescentar isso ao meu perfil do Facebook.

Não tive como não rir dessa.

Christian estava visivelmente animado.

— E ela o comparou a Ted Bundy.

— Eu te odeio — murmurei, tirando o cabelo do rosto. — Eu não o comparei a Ted Bundy. Só disse que nunca se sabe quem é quem. Todos achavam que Ted Bundy fosse um cara legal.

Poncho olhou para mim, gostando do rumo da conversa.

— Nossa. Isso só melhora a cada instante.

— Como é? — perguntei, lutando para não rir.

Ele suspirou, virando-se novamente para os meus amigos.

— Ela fica me rejeitando. Isso corta meu coraçãozinho.

— Ele não está falando sério — suspirei.

— Ele parece bem sério — disse Dulce, com um olhar de pena para Poncho. Ele já a convencera, caramba.

Poncho falou com a voz mais lamuriosa de todos os tempos, e eu revirei os olhos.

— E agora ela acha que eu sou o próximo Ted Bundy.

— Eu não acho que você seja o próximo Ted Bundy.

— Além disso, ela não tem a cor de cabelo que Ted Bundy curtia — disse Dulce. Nós todos olhamos para ela. — Que foi? Ted Bundy gostava de garotas com cabelo castanho, repartido ao meio. O cabelo de Anahí é bem loiro.

— Eu sou a única pessoa que acha inquietante você saber disso tudo? — perguntou Christian.

Dulce contraiu os lábios.

— Fiz aulas de Psicologia. Eu conheço essas coisas.

— Sei — murmurei.

— Que seja, isso não tem nada a ver comigo e meu vasto conhecimento a respeito de serial killers. Posso impressioná-los mais tarde com isso. O foco agora é você, Anahí. — Ela sorriu quando olhei feio para ela. — Esse belo e jovem cavalheiro, que não é um serial killer, está chamando você para sair. Você é solteira. Você é jovem. Você deveria aceitar.

— Ah, meu Deus. — Esfreguei as mãos no rosto. — Já não está na hora de todo mundo ir para casa?

O risinho baixo de Poncho penetrou minha pele.

— Saia comigo, Anahí.

Chocada, virei-me para ele. Não podia crer que ele tinha, de fato, me chamado para sair na frente deles, depois de tudo aquilo.