Fanfics Brasil - Capítulo 2 - parte 1 Espero Por Você... AyA [FINALIZADA]

Fanfic: Espero Por Você... AyA [FINALIZADA] | Tema: Anahí, Poncho


Capítulo: Capítulo 2 - parte 1

1042 visualizações Denunciar


Eu tinha duas opções naquele momento: deixar quieto e superar a tentativa desastrosa de assistir à minha primeira aula na faculdade ou ir para casa, deitar na cama e puxar as cobertas por cima da cabeça. O que mais queria era ceder à tentação da segunda opção, mas aquela não seria eu.


Se correr e me esconder fosse meu modus operandi, eu nunca teria sobrevivido ao Ensino Médio.


Levei a mão direita ao punho esquerdo para verificar se meu bracelete grande e prateado ainda estava no lugar. Eu quase não sobrevivi ao Ensino Médio.


Meus pais quase tiveram um treco quando informei sobre meus planos de frequentar uma universidade do outro lado do país. Se fosse Harvard, Yale ou Sweet Briar, eles teriam ficado empolgadíssimos, mas uma universidade mequetrefe como aquela? Que vergonha. Eles simplesmente não compreendiam. Nunca compreenderam. Por nada neste mundo eu iria para a faculdade que eles frequentaram, aonde metade do country clube da minha cidade forçava seus filhos a ir.


Eu queria ir aonde não visse nenhum risinho desdenhoso ou ouvisse os sussurros venenosos que as pessoas ainda destilavam como cobras. Onde ninguém tivesse ouvido a história ou qualquer versão da verdade que fora repetida tantas vezes a ponto de eu mesma questionar o que realmente havia acontecido naquele Halloween de cinco anos atrás.


Porém, naquele lugar, nada daquilo importava mais. Ninguém me conhecia. Ninguém suspeitava de nada. E, em dias de verão, ninguém sabia o que o bracelete escondia, quando uma camiseta de manga comprida não funcionava.


Vir para cá tinha sido uma decisão minha e fora a melhor coisa a ser feita. Meus pais chegaram a ameaçar parar de pagar meu financiamento estudantil, o que achei hilário. Eu tinha meu próprio dinheiro — dinheiro sobre o qual eles não tinham nenhum controle, depois que completei dezoito anos. Dinheiro que eu tinha merecido. Para eles, eu os estava decepcionando mais uma vez, mas, se ficasse no Texas ou perto daquelas pessoas, eu estaria morta.


Olhei rapidamente a hora no meu celular, fiquei de pé e passei a alça da bolsa por cima do ombro. Pelo menos, não chegaria atrasada para minha aula de História.


História ficava no prédio de Ciências Sociais, no início da ladeira pela qual eu tinha acabado de subir correndo. Cortei pelo estacionamento atrás do prédio By rd e atravessei a rua congestionada. À minha volta, alunos caminhavam em grupos de dois ou mais, e muitos deles, obviamente, conheciam uns aos outros. Em vez de me sentir rejeitada, havia um precioso sentimento de liberdade ao caminhar de sala em sala sem ser reconhecida.


Tirando da cabeça meu desastre épico matinal, entrei no Whitehall e subi o primeiro lance de escadas à direita. O corredor no andar de cima estava cheio de alunos esperando as salas esvaziarem. Atravessei os grupos que riam sem parar, desviando de alguns que ainda pareciam meio adormecidos. Encontrei um lugar vazio no corredor, na frente da sala, sentei-me encostada à parede e cruzei as pernas. Esfreguei as mãos na calça jeans, empolgada por estar começando a cursar História. A maioria das pessoas estaria morrendo de tédio na aula de Introdução à História, mas aquela era minha primeira aula de graduação.


E, se tivesse sorte, em cinco anos, estaria trabalhando em uma biblioteca ou um museu fresco e silencioso, catalogando textos ou artefatos antigos. Não era a profissão mais glamorosa, mas seria perfeita para mim.


Melhor do que o que eu costumava querer ser, que era uma bailarina profissional em Nova York.


Mais uma coisa que fez minha mãe ficar desapontada comigo. Todo aquele dinheiro gasto em aulas de balé, desde que eu tinha começado a andar, havia sido desperdiçado depois de eu fazer quatorze anos.


Mas sentia falta do efeito calmante que a dança tinha sobre mim. Só não conseguia me imaginar fazendo aquilo de novo.


— Garota, o que está fazendo aí sentada no chão?


Minha cabeça se ergueu e um sorriso brotou no meu rosto quando vi aquele sorriso, largo e brilhante, no rosto lindo e delicado de Christian Chavez. Nós ficamos amigos durante o teste vocacional da semana anterior e ele estava na minha próxima aula, além da de Artes às terças e quintas. Senti-me imediatamente acolhida por sua personalidade extrovertida.


Olhei para seu jeans de aparência cara, reconhecendo que era um corte sob medida.


— Está confortável aqui embaixo. Acho que você deveria se juntar a mim.


— De jeito nenhum! Não quero que minha bundinha linda fique suja por me sentar nesse chão. — Ele encostou a lateral do quadril na parede ao meu lado e sorriu. — Espere um pouco. O que você está fazendo aqui a esta hora? Achei que tivesse aula às nove.


— Você lembrava disso? — Mostramos nossos horários um ao outro por cerca de meio segundo na semana anterior.


Ele deu uma piscadela.


— Tenho uma memória assustadora para coisas que são totalmente inúteis para mim.


Eu ri.


— Bom saber.


— Quer dizer que já matou aula? Garota malvada.


Balancei a cabeça, contraindo-me um pouco.


— Sim, mas eu estava atrasada, e odeio entrar em uma sala depois da aula ter começado, então acho que o meu primeiro dia será na quarta-feira, se eu não desistir antes disso.


— Desistir? Garota, não seja idiota. Astronomia é uma aula facílima. Eu teria me matriculado nela, se não tivesse enchido em dois segundos, porque todos os veteranos a pegaram.


— Bem, mas não foi você que quase matou um cara no corredor correndo para a aula... Um cara que, por sinal, está na mesma aula facílima.


— O quê? — Seus olhos escuros se arregalaram de interesse e ele começou a se ajoelhar. Alguém chamou sua atenção. — Espere um segundo, Anahí. — Então ele começou a acenar com o braço e pular. — Ei! Dulce. Traga essa sua bunda para cá!


Uma garota loura e baixinha parou bruscamente no meio do corredor e se virou para nós, com as bochechas coradas, mas sorriu ao ver Christian pulando feito louco. Ela veio caminhando e parou na nossa frente.


— Dulce, essa é Anahí — apontou Christian. — Anahí, essa é a Dulce.


— Oi — disse Dulce, acenando timidamente. Acenei de volta.


— E aí?


— Anahí está prestes a nos contar como ela quase matou um cara no corredor. Achei que você fosse querer ouvir a história também.


Eu me encolhi acanhada, mas o súbito interesse nos olhos castanhos de Dulce foi meio engraçado.


— Conta já — disse ela, sorrindo.


— Bem, eu não quase matei alguém exatamente — respondi, suspirando. — Mas foi por pouco, e fiquei morrendo de vergonha.


— As histórias constrangedoras são as melhores — insistiu Christian, tocando o joelho no chão.


Dulce riu.


— É verdade.


— Desembucha, amiga.


Puxei o cabelo para trás e baixei a voz para que o corredor inteiro não se divertisse com a minha humilhação.


— Eu estava correndo atrasada para a aula de Astronomia e empurrei com tudo a porta dupla do segundo andar. Não dava para ver aonde eu estava indo, então bati com tudo nesse cara no corredor.


— Caramba! — Dulce contraiu-se condoída com a história.


— É, e eu quase o derrubei. Deixei minhas coisas caírem no chão. Livros e canetas voaram para todos os cantos. Foi épico.


Os olhos de Christian brilharam de curiosidade.


— E ele era gostosão?


— O quê?


— Ele era gostoso? — repetiu ele, passando a mão no cabelo. — Porque, se ele era gostoso, você deveria ter usado isso a seu favor. Esse poderia ter sido o melhor puxador de conversa da história. Tipo, vocês dois poderiam se apaixonar loucamente e contariam a todos como você deu um tranco nele antes de ele, de fato, dar um tranco em você.


— Meu Deus. — Senti um calor familiar nas bochechas. — É, ele era bem bonitão.


— Ah, não — disse Dulce, que parecia ser a única pessoa, além de mim, a compreender como um cara lindo podia tornar a situação ainda mais constrangedora. Acho que era preciso ter uma vagina para entender isso, porque Christian parecia ainda mais empolgado com as notícias.


— Então me conte, como era esse pedaço de mau caminho? Esse é um detalhe que não pode faltar.


Parte de mim não queria falar, porque só pensar em Poncho me trazia mil níveis diferentes de constrangimento.


— Bom... é... ele era bem alto e musculoso, eu acho.


— Como você sabe que ele era musculoso? Você deu uma apalpada também? Eu ri ao ver Dulce balançando a cabeça.


— Eu, literalmente, dei de cara com ele, Christian. E ele me segurou. Eu não o apalpei de propósito, mas ele parecia ter um corpo legal. — Dei de ombros. — Então, ele tinha cabelo escuro e ondulado. Mais comprido que o seu, meio jogadinho, mas de um jeito...


— Caramba, garota, se você diz jogadinho de um jeito “não estou nem aí, porque eu sou o máximo”, quero eu trombar com esse cara.


Dulce riu disfarçadamente.


— Adoro cabelo assim.


Fiquei me perguntando se meu rosto estava tão quente quanto eu o estava sentindo.


— É, era bem assim. Ele era lindo mesmo, e os olhos dele eram tão castanhos que pareciam...


— Espere... — engasgou Dulce, com os olhos arregalados. — Os olhos dele eram tão claros que quase pareciam falsos? E ele tinha um cheiro muito bom? Sei que pode parecer estranhíssimo, mas apenas responda à pergunta.


Estranhíssimo era pouco, mas também divertido.


— Sim para tudo o que disse.


— Puta merda! — Dulce soltou uma gargalhada alta. — Você perguntou o nome dele?


Comecei a ficar preocupada, porque Christian também estava com um olhar de incredulidade.


— Sim, por quê?


Dulce cutucou Christian com o cotovelo e, em seguida, baixou a voz.


— Era Alfonso Herrera? Meu queixo caiu no chão.


— Era! — respondeu a própria Dulce, contraindo os ombros. — Você trombou com Alfonso Herrera?


Christian não estava sorrindo. Ele apenas olhava para mim com uma cara de... choque?


— Estou com muita inveja de você neste momento. Eu daria meu testículo esquerdo para trombar com Alfonso Herrera.


Eu meio ri, meio engasguei.


— Nossa. Isso é bem sério.


— Alfonso Herrera é sério, Anahí. Mas você nunca saberia mesmo. Você não é daqui — explicou Christian.


—Você também é calouro. Como sabe sobre ele? — perguntei, porque Poncho parecia velho demais para ser calouro. Ele tinha que estar, no mínimo, no segundo ou terceiro ano.


— Todos no campus o conhecem — respondeu ele.


— Você está no campus há menos de uma semana! Christian riu maliciosamente.


— Eu ando por aí. Balancei a cabeça, rindo.


— Eu não entendo. É, ele é... lindo, mas e daí?


— Eu frequentei a mesma escola que Alfonso — explicou Dulce, olhando por cima do ombro. — Ele é dois anos mais velho que eu, na verdade, mas era o fodão no Ensino Médio. Todos queriam estar perto dele ou com ele. Aqui é basicamente a mesma coisa.


A curiosidade brotou em mim, apesar de ter me lembrado de outra pessoa, pelas coisas que Dulce disse.


— Então, vocês dois são das redondezas?


— Não. Somos dos arredores de Morgantown, na área de Fort Hill. Não sei por que ele escolheu esta faculdade em vez da Universidade de West Virginia; só sei que eu quis sair da cidade para não ficar presa às mesmas pessoas de sempre.


Eu me identifiquei com aquilo.


— De qualquer forma, Alfonso é conhecido em todo o campus. — Christian juntou as mãos, batendo palmas uma vez. — Ele mora fora do campus e dizem por aí que ele organiza as melhores festas e...


— Ele tinha uma reputação no Ensino Médio — cortou Dulce. — Reputação que era bem merecida. Não me entenda mal. Alfonso sempre foi um cara muito legal. Muito bacana e engraçado, mas ele era a personificação do cara galinha naquela época. Parece que ele deu uma sossegada, mas, uma vez galinha...


— Ok. — Mexi no meu bracelete. — Bom saber, mas, de qualquer jeito, não importa. Digo, eu trombei com ele num corredor. Isso é tudo que sei sobre Poncho.


— Poncho? — piscou Dulce.


— É? — Fui me pondo de pé e peguei a bolsa. A porta logo se abriria. As sobrancelhas de Dulce se contraíram.


— Aqueles que ele não conhece o chamam de Alfonso. Só os amigos o chamam de Poncho.


— Ah... — Franzi a testa. — Ele me disse que as pessoas o chamavam de Poncho, então imaginei que era assim que os outros o chamavam.


Dulce não disse nada, e, honestamente, eu não entendia direito qual era o lance. Poncho/Alfonso/Tanto Faz estava apenas sendo educado depois de eu o ter atropelado. O fato de ele ser um ex-festeiro só significava uma coisa para mim: ficar o mais longe possível dele.


As portas se abriram e os alunos saíram aos empurrões para o corredor. Nosso pequeno grupo esperou esvaziar até conseguir entrar, escolhendo três cadeiras nos fundos, com Christian entre nós duas. Quando puxei meu imenso caderno de cinco matérias, com o qual eu poderia até matar alguém de tão pesado, Christian agarrou meu braço.


Seu olhar estava cheio de safadeza e maldade.


— Você não pode desistir da aula de Astronomia. Para aguentar este semestre, preciso ficar sabendo, através de você, de tudo que se passa com Poncho, pelo menos três vezes na semana.


Dei uma risadinha.


— Não vou desistir da aula... — Embora eu meio que quisesse. — Mas duvido que venha a ter alguma coisa para lhe contar. É muito provável que nem nos falemos mais.


Christian largou meu braço e se recostou na cadeira, olhando para mim.


— As mais famosas últimas palavras, Anahí.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): Alien AyA

Este autor(a) escreve mais 8 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

O restante do dia não foi nem de perto tão agitado quanto a manhã, o que me deixou muito feliz. Sem mais gostosões inocentes sendo atropelados, nem quaisquer outros incidentes. Apesar de eu ter revivido a experiência toda mais uma vez no almoço, para a diversão de Christian, fiquei contente porque ele e Dulce tiveram um interva ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 50



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • Nandacolucci Postado em 23/03/2020 - 21:46:11

    Momento mais que ideal para ela contar oq aconteceu com ela no passado.. pior favor faz maratona especial de quarentena kkkk CONTINUAAAA

    • Alien AyA Postado em 23/03/2020 - 23:10:52

      Nanda não tem como fazer especial de quarentena pois a fanfics termina no capítulo 52, e também a pessoa aqui tá tendo que trabalhar enquanto tá todo mundo em casa! :(

  • Nandacolucci Postado em 22/03/2020 - 01:11:41

    Esse segredo deve ser muitooooooooooooo cabeludo e drástico para tantoooo mistério, sério. AMEI os presentes de dia dos namorados muito criativo...CONTINUAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

  • Nandacolucci Postado em 18/03/2020 - 23:53:17

    Não sou muito a favor da violência mas faria o mesmo que o poncho se soubesse que minha irmã tá apanhando de macho babaca, agora só acho que esse é o memento ideal pra a Anny contar o segredo dela ficar escondendo só vai afastar eles, e eu estou mega curiosa para saber oq foiiii... CONTINUAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

  • Nandacolucci Postado em 17/03/2020 - 00:07:21

    ainda bem que ser entregaram de uma vez foi complemente perfeitooooooooooooo.. CONTINUAAAAAAAA

  • Nandacolucci Postado em 15/03/2020 - 22:45:46

    Queria da um chute na bunda da steph para ela parar no Japão kkkk respeita o relacionamento dos outros.. CONTÍNUAAAAA

  • Nandacolucci Postado em 14/03/2020 - 23:57:47

    Cap mais que perfeitoooo, até que enfim se resolveram... CONTINUAAAA

  • Nandacolucci Postado em 12/03/2020 - 23:00:07

    Esses dois a cada momento me matam mais de fofuraaa.. CONTINUAAAAAAAAAA

  • Nandacolucci Postado em 11/03/2020 - 13:47:53

    Aiii manooooo esse poncho Amoo.. só acho que tá na hora dela contar a vdd pra ele. CONTINUAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

  • Nandacolucci Postado em 10/03/2020 - 18:08:30

    Bebida entra às verdades sai..e eu estou Infartando em 3...2...1 CONTINUAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

  • Feponny Postado em 10/03/2020 - 09:52:07

    Como assimmm na melhor parte vc paraaaaa continuaaaaaaaa


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.




Nossas redes sociais