Fanfic: Espero Por Você... AyA [FINALIZADA] | Tema: Anahí, Poncho
Domingo de manhã, eu me senti estranha sem Poncho, sua obsessão por ovos cozidos, aquela maldita frigideira e todos aqueles assados maravilhosos. Acordei bem cedo, como se algum relógio biológico esperasse encontrá-lo batendo em minha porta. É claro, não aconteceu, e ele não havia mandado nenhuma mensagem durante o dia inteiro no sábado. Imaginei que pudesse ter saído com a família e os amigos que ainda moravam lá.
Procurei não sentir a falta de Poncho, porque ele era apenas um amigo, e, embora Dulce e Christian também fossem, não sentia por eles aquela saudade, saudade. Não era do mesmo jeito. Ou talvez fosse.
Peguei uma caixa de cereal e fiz uma careta de nojo. Bem que podia ter alguns muffins de mirtilo. Comi meu cereal, resmungando de todos os jeitos possíveis. Logo após terminar a tigela, meu telefone tocou.
Corri até a sala e tomei um baque quando vi o nome no identificador de chamada.
Mãe.
Puta merda.
O telefone continuou tocando enquanto eu decidia comigo mesma se atendia ou jogava o aparelho pela janela. Mas tinha que atender. Meus pais nunca ligavam. Portanto, aquilo deveria ser importante. Contraí o rosto ao atender o telefone.
— Alô?
— Anahí.
Ah, eis a voz — a voz fria, educada, controlada e completamente impessoal da sra. Portilla. Eu me controlei para não esbravejar a porção de palavrões que queimariam os ouvidos perfeitos dela.
— Oi, mãe.
Houve um grande lapso de silêncio. Minhas sobrancelhas se levantaram quando cogitei que ela poderia ter discado errado para mim. Finalmente, ela falou:
— Como está a vida em West Virginia?
Ela pronunciou "West Virginia" como se fosse algum tipo de doença venérea. Fiquei indignada com aquilo. Às vezes, meus pais se esqueciam de suas origens.
— Está ótima. Você acordou cedo.
— É domingo. Theo insistiu que seu pai fosse a um brunch hoje cedo no Clube. Do contrário, eu não estaria de pé a essa hora.
Theo? Desabei sentada no sofá, com o queixo lá no pé. Pelo amor de todas as criaturas deste mundo, Theo era o pai de Blaine. Meus pais... como eles eram uns... filhos da puta.
— Anahí, você está aí? — A voz dela ficou impaciente.
— Sim. Estou aqui. — Peguei um travesseiro e o coloquei no colo. — Vocês vão a um brunch com o sr. Fitzgerald?
— Sim.
E foi tudo o que ela disse. Sim. Como se não fosse nada de mais. Os Fitzgeralds subornaram os Portillas e eu fui taxada de vagabunda mentirosa, mas estava tudo bem naquele mundinho deles, pois todos ainda poderiam tomar um brunch juntos no clube.
— Como está a faculdade? — perguntou ela, parecendo entediada. Provavelmente estava pesquisando na internet algo sobre uma nova plástica. — Anahí ?
Pelo amor de Deus!
— A faculdade está perfeita. West Virginia é perfeita. Tudo está perfeito.
— Não fale dessa maneira comigo, mocinha. Depois de tudo que você nos fez passar...
— Tudo que eu fiz vocês passarem? — Eu estava vivendo num universo alternativo.
— E ainda está nos fazendo passar — continuou ela, como se eu não tivesse dito nada. — Você está do outro lado do país, frequentando uma faculdadezinha em West Virginia, em vez de...
— Não há nada de errado com essa faculdade, mãe, ou com West Virginia. Você nasceu em Ohio. Não tem nada de diferente...
— Isso é algo que eu procuro não lembrar. — A bufada dela foi épica. — O que me faz lembrar do motivo desta ligação.
Graças ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
— Você precisa vir para casa.
— O quê? — Apertei o travesseiro no peito. Ela suspirou.
— Você precisa parar de brincadeira e voltar para casa, Anahí. Você deixou sua opinião bem clara quando tomou uma atitude tão infantil como essa.
— Infantil? Mãe, eu odiava estar aí...
— E quem você culpa por isso, Anahí ? — Sua voz perdeu um pouco da frieza. Fiquei boquiaberta. Aquela não era a primeira vez que ela dizia algo do tipo.
Nem perto disso. Mas ainda assim foi como tomar um soco no peito. Olhei pela janela, balançando a cabeça lentamente.
— Nós só queremos o melhor para você — começou ela novamente, recuperando a fria indiferença com uma frase feita de pura falsidade. — Foi tudo o que sempre desejamos, e o melhor para você é que volte para casa.
Comecei a rir, mas o riso ficou preso na garganta. Voltar para casa era para o meu bem? Aquela mulher estava louca. Só de falar com ela eu sentia que estava enlouquecendo.
— Aconteceram algumas coisas por aqui — acrescentou ela, pigarreando. — Seria melhor que voltasse para casa.
Quantas vezes fiz o que eles queriam? Mais do que posso contar. Porém, daquela vez, eu não podia ceder. Ir para casa seria o equivalente a enfiar minha cabeça em uma churrasqueira e, depois, perguntar por que estava doendo.
Respirei profundamente e abri os olhos.
— Não.
— Como é? — A voz da minha mãe ficou esganiçada.
— Eu disse que não. Não vou voltar para casa.
— Anahí Puente Portilla...
— Tenho que ir. Bom falar com você, mãe. Adeus.
Então, desliguei o telefone antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa. Coloquei o celular na mesa de centro e esperei.
Passaram um minuto, dois minutos, cinco minutos. Exalando um suspiro de alívio, joguei meu corpo no sofá. Virei a cabeça de um lado para o outro, totalmente chocada com aquela conversa. Minha mãe estava pirada. Fechei os olhos e esfreguei as têmporas. Que maneira de se começar um domingo de manhã.
Uma súbita batida na porta me assustou.
Levantei num pulo e corri em torno do sofá, tentando imaginar quem poderia ser. Estava muito cedo para qualquer um dos meus amigos ter voltado. Mas que diabos, ainda não era nem nove horas, o que significava que, provavelmente, estava cedo demais para um serial killer fazer uma visita à minha casa.
Fiquei na ponta dos pés e espiei pelo olho mágico.
— Não é possível. — Meu coração deu pulos e cambalhotas conforme abri a porta. — Poncho?
Ele se virou com um sorriso torto nos lábios. Em sua mão estava uma sacola de mercado.
— Então, acordei lá pelas quatro da manhã e fiquei com vontade de comer alguns ovos. E ovo com você é muito melhor do que ovo com a minha irmã ou com meu pai. Além de que minha mãe tinha feito bolo de abóbora. E eu sei o quanto você gosta de bolo de abóbora.
Sem palavras, dei um passo para o lado e o vi levar a sacola para a cozinha. Minha garganta queimava, meu lábio inferior tremia de um jeito muito esquisito. Um nó em algum lugar bem fundo no meu peito se desfez. Meu cérebro desligou. Nem fechei a porta da frente ou senti o ar frio batendo nos meus tornozelos. Percorri a distância entre a porta e a cozinha. Poncho se virou bem a tempo, pois eu me joguei na direção dele.
Ele me pegou e deu um passo para trás, envolvendo minha cintura com os braços. Enterrei a cabeça no peito dele, com os olhos fechados e o coração a mil.
— Eu senti sua falta.
Autor(a): Alien AyA
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Encolhida com meu moletom, eu tremia ao sentir o vento frio uivando entre Whitehall e Knutti, agitando as folhas marrons e amarelas acima de nós. Muitas eram levadas por esse mesmo vento e espiralavam até o chão, juntando-se ao denso carpete de folhas. Dulce aspirou uma longa tragada de seu cigarro e soprou lentamente a fumaça. — Ent&atild ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 50
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Nandacolucci Postado em 23/03/2020 - 21:46:11
Momento mais que ideal para ela contar oq aconteceu com ela no passado.. pior favor faz maratona especial de quarentena kkkk CONTINUAAAA
Alien AyA Postado em 23/03/2020 - 23:10:52
Nanda não tem como fazer especial de quarentena pois a fanfics termina no capítulo 52, e também a pessoa aqui tá tendo que trabalhar enquanto tá todo mundo em casa! :(
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Nandacolucci Postado em 22/03/2020 - 01:11:41
Esse segredo deve ser muitooooooooooooo cabeludo e drástico para tantoooo mistério, sério. AMEI os presentes de dia dos namorados muito criativo...CONTINUAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
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Nandacolucci Postado em 18/03/2020 - 23:53:17
Não sou muito a favor da violência mas faria o mesmo que o poncho se soubesse que minha irmã tá apanhando de macho babaca, agora só acho que esse é o memento ideal pra a Anny contar o segredo dela ficar escondendo só vai afastar eles, e eu estou mega curiosa para saber oq foiiii... CONTINUAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
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Nandacolucci Postado em 17/03/2020 - 00:07:21
ainda bem que ser entregaram de uma vez foi complemente perfeitooooooooooooo.. CONTINUAAAAAAAA
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Nandacolucci Postado em 15/03/2020 - 22:45:46
Queria da um chute na bunda da steph para ela parar no Japão kkkk respeita o relacionamento dos outros.. CONTÍNUAAAAA
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Nandacolucci Postado em 14/03/2020 - 23:57:47
Cap mais que perfeitoooo, até que enfim se resolveram... CONTINUAAAA
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Nandacolucci Postado em 12/03/2020 - 23:00:07
Esses dois a cada momento me matam mais de fofuraaa.. CONTINUAAAAAAAAAA
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Nandacolucci Postado em 11/03/2020 - 13:47:53
Aiii manooooo esse poncho Amoo.. só acho que tá na hora dela contar a vdd pra ele. CONTINUAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
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Nandacolucci Postado em 10/03/2020 - 18:08:30
Bebida entra às verdades sai..e eu estou Infartando em 3...2...1 CONTINUAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
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Feponny Postado em 10/03/2020 - 09:52:07
Como assimmm na melhor parte vc paraaaaa continuaaaaaaaa