Fanfic: Espero Por Você... AyA [FINALIZADA] | Tema: Anahí, Poncho

— Eu teria percebido, mesmo que ele não tivesse dito nada — ela comentou, despejando parte da cebola na minha tigela. Sorriu e continuou: — Você ainda se move como uma dançarina. Eu dançava, e, observando Teresa todos esses anos, você acaba conseguindo reconhecer isso nos outros.

— É bom ouvir isso. Digo, não sabia que ainda me movia desse jeito.

— É verdade.

Voltei àquele "amassa-amassa" e decidi que aquela era minha parte favorita. Eu era esquisita.

— Você nunca recheou peru com a sua mãe? — perguntou a mãe de Poncho. Foi uma pergunta inocente, mas causou em mim uma profunda dor no peito.

Eu e minha mãe nunca fomos muito próximas antes do incidente, mas, depois, nossa relação passou a ser inexistente.

— Acho que minha mãe não sabe cozinhar — respondi, finalmente.

— Você acha? Balancei a cabeça.

— Meus pais não são muito de preparar jantares. Houve uma pausa.

— Alfonso disse que eles viajam muito nos feriados, não é?

— É sim, e eles meio que gostam de fazer as coisas deles, sabe, sem filha por perto. — Forcei uma risada, dando de ombros. — Digo, não ligo muito. Não sei esquiar nem para salvar minha vida e ficar presa num navio no meio do oceano não é uma coisa que eu curta muito.

A sra. Herrera ficou em silêncio ao adicionarmos o último dos ingredientes, e enfiei os dedos na mistura, gostando do jeito como ela deslizava por entre eles.

— Então, o que você faz, geralmente, quando vai para casa? — perguntou ela. Dei de ombros.

— Não fico sozinha o tempo todo. Eles têm uma empregada que, normalmente, faz o jantar para mim antes de ir para casa. É muito legal da parte dela, porque ela é dispensada nos feriados.

— E quanto ao Natal?

— A mesma coisa — admiti, surpreendendo-me. Olhei para cima e a vi me observando. — Não tem problema. Minha família não é muito próxima, então, é melhor assim. — Só depois de falar, percebi que não tinha sido a melhor coisa a ser dita. — Bom, deixa para lá, terminei. Qual é o próximo passo?

— Isso vai dentro do peru. — Ela sorriu, mas parecia um pouco distante. — Quer fazer as honras?

— Claro.

Esperei que ela virasse a ave, então concluí a tarefa um tanto nojenta de enfiar tudo aquilo pelas partes íntimas do peru.

Quando terminei, fui até a pia, enquanto ela embrulhava o peru em papel- alumínio e o colocava numa assadeira.

— Obrigada pela ajuda, Anahí.

— De nada. Fico feliz por ter ajudado — respondi, porque realmente estava.

— Foi divertido.

A sra. Herrera sorriu para mim, embora seus olhos estivessem tristes.

— Bem, querida, você é sempre bem-vinda para passar os feriados aqui. Nunca é demais um par de mãos extra quando o assunto é fazer comida.

Murmurei um "obrigada" e terminei de lavar as mãos. Quando me virei, pus os olhos em Poncho, que estava de pé do lado de fora da cozinha. Eu não fazia ideia de há quanto tempo ele estava ali parado ou quanto da conversa tinha ouvido, mas a expressão suave em seu rosto sonolento me disse que ele ouvira o bastante.