Fanfics Brasil - Capítulo 49 Espero Por Você... AyA [FINALIZADA]

Fanfic: Espero Por Você... AyA [FINALIZADA] | Tema: Anahí, Poncho


Capítulo: Capítulo 49

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Parecia maluquice ir para o Texas, mas ali estávamos nós, fazendo o check-in num hotel não muito longe da casa dos meus pais. Sem querer atrasar o que eu precisava fazer, assim que deixamos a bagagem no hotel, pegamos a estrada. Não contei aos meus pais que estava indo ao Texas, portanto não tinha certeza se eles estariam em casa.


Poncho assobiou levemente ao seguir pela estrada sinuosa depois da curva e ver a propriedade dos meus pais.


- Deus do céu, isso é que é casa.


- Na verdade, não - eu disse, enquanto observava o gramado todo aparado e enfeitado na frente da imensa estrutura de tijolos. - Seus pais têm uma casa.


Isso é só uma grande casca.


Ele estacionou o carro alugado no centro da rotatória, próxima à fonte de mármore onde a água borbulhava. Olhando para aquilo, ele deu um leve sorriso.


- Acho que nunca vi uma casa com uma fonte na entrada na vida real. Respirei fundo, nervosa, mas determinada.


- Eu consigo.


- Você consegue. - Ele apertou gentilmente meu joelho. - Tem certeza de que não quer que eu entre?


- Tenho. - Olhei para ele, sorrindo. É claro que eu o queria lá comigo. - Eu preciso fazer isso sozinha.


Ele encostou no banco do carro.


- Se mudar de ideia, mande uma mensagem que eu vou na mesma hora. Curvei-me para a frente e o beijei de leve.


- Você é maravilhoso.


Seus lábios se curvaram, colados nos meus.


- Você também.


Beijando-o mais uma vez, abri a porta e saí do carro. Se ficasse mais um instante ali, mudaria de ideia. Quando fechei a porta, Poncho me deteve.


- Apenas lembre-se de que, o que quer que eles digam, não muda o fato de que você é uma mulher linda e forte, e nada do que aconteceu foi culpa sua.


Lágrimas encheram meus olhos e uma determinação de aço fortificou minha espinha.


- Obrigada.


Poncho piscou para mim.


- Agora vá fazer coisas boas.


Dando-lhe um sorriso emocionado, virei de costas e segui na direção das largas escadas e atravessei a varanda. Um ventilador no teto agitava o ar quente e levantava alguns fios do meu cabelo. Levantei a mão para bater na porta e, então, balancei a cabeça. Enfiei a mão no bolso e tirei a chave. Eu não precisava bater.


A fechadura se abriu e, olhando mais uma vez para Poncho à minha espera, entrei na casa dos meus pais.


Nada havia mudado. Essa foi minha primeira impressão ao fechar silenciosamente a porta. Tudo estava limpo e brilhante. Não havia cheiros ou sons. Nada acolhedor naquele vestíbulo frio.


Caminhei sob o lustre dourado e adentrei a antiga sala de visitas.


- Pai? Mãe? Silêncio.


Suspirei ao passar pela mobília branca que minha mãe surtaria se alguém ousasse tocar. Chequei a sala de jantar e, depois, a sala de estar. Finalmente, depois de verificar o escritório e a cozinha, fui para o andar de cima.


Meus passos não faziam som algum.


No segundo andar, fui até o fim do corredor, na última porta, e a abri. Era o meu quarto - como bem disse, era.


- Puta merda - sussurrei.


Todas as minhas coisas tinham ido embora: meus livros, minha escrivaninha, os pôsteres e outras coisinhas que eu tinha deixado para trás. Não que realmente importasse, mas, caramba, nada naquele quarto demonstrava que, algum dia, eu tinha passado por ali.


- Nós embalamos suas coisas.


Dei um pulo e girei. Ela estava parada no batente da porta de onde costumava ser meu quarto, vestida de calça bege de linho e blusa branca. Seu cabelo loiro claro estava penteado, o rosto isento de qualquer ruga ou imperfeição física.


- Mãe.


Uma sobrancelha delicada subiu no canto.


- Suas coisas estão no sótão, se foi por isso que veio até aqui. Mandamos os empregados levarem suas coisas lá para cima, depois que conversamos no outono.


- Vocês esqueceram meu aniversário - eu disse.


Ela inclinou a cabeça para o lado em um movimento suave e elegante.


- É mesmo?


Olhei para ela por um momento, e tudo o que pude pensar foi "que vadia". A raiva subiu dentro de mim, mas eu a controlei. A raiva nunca levava a nada com a sra. Portilla. Você tinha que vencê-la em seu próprio jogo: ficar calma e controlada.


- Não vim aqui buscar minhas coisas.


- Veio para voltar a morar aqui? - perguntou, não parecendo muito esperançosa. Ela não parecia nada. Fiquei me perguntando se ela também tinha feito cirurgia plástica na voz. Era tão expressiva quanto o rosto.


- Não. - Quase bufei. - Vim aqui para conversar com você e com o papai. Ele está em casa?


Ela não respondeu imediatamente.


- Ele está lá fora, na galeria externa.


A maioria das pessoas chamaria aquilo de varanda, mas não minha mãe.


- Bom, então vamos lá.


Sem aguardar uma resposta, passei por ela e comecei a descer as escadas. Ela acompanhou meus passos e pude sentir seus olhos nas minhas costas. Comecei a contar. Cheguei a cinco degraus antes do fim até ela começar a falar.


- Você renovou o corte de cabelo recentemente?


- Não.


Ouvi uma leve bufada.


- Dá para notar. Suspirei, indignada.


- Então por que você perguntou?


Minha mãe não respondeu até chegarmos ao cômodo que levava à varanda.


- Que roupas são essas, diga-se de passagem?


- Umas merdas de loja barata - respondi, mesmo não sendo verdade. Ela me repreendeu de leve.


- Que bonito, Anahí.


Revirei os olhos ao abrir a porta, tentada a sair correndo pela casa e começar a chutar toda aquela mobília branca. O papai estava sentado em uma das espreguiçadeiras, lendo jornal. Antes que eu pudesse abrir a boca, minha mãe abriu.


- Veja quem decidiu nos fazer uma visita.


O papai abaixou o jornal ao olhar para cima. Ficou surpreso.


- Anahí.


- Olá, pai.


Sentando-se, ele dobrou o jornal e o colocou de lado.


- Não esperávamos você por aqui.


Nenhum "como tem passado" ou "estou feliz em ver você". Sentei-me em uma das cadeiras.


- Eu sei. Não vou ficar muito tempo.


- Ela quer conversar conosco. - Minha mãe continuou de pé. - Nem imagino o que possa ser, mas há um carro alugado na entrada da casa com um garoto dentro.


Ignorei o comentário.


- Isso não tem nada a ver com o carro alugado ou com quem está lá dentro.


- Eu certamente não esperaria que você percorresse todo esse trajeto para falar sobre isso - falou ela.


Respirei longa e profundamente.


- Conversei com David. - Meu pai se retesou e minha mãe ficou, surpreendentemente, quieta. Bom sinal. - Ele me falou sobre Molly Simmons e Blaine Fitzgerald, e sobre o que aconteceu no último verão, o que vai acontecer nesse verão.


- Anahí...


- Não. - Cortei minha mãe antes que ela pudesse dizer qualquer coisa que, certamente, me irritaria. - Eu não rompi o acordo. Fiquei de boca fechada todos esses anos. Fiz exatamente o que vocês dois me mandaram fazer.


Ela ficou de pé.


- David não tinha o direito de ligar para você...


- Por que não? É contra a lei me contar que Blaine estuprou outra garota, assim como me estuprou?


O papai inspirou, nervoso, mas a mamãe ficou ainda mais branca, se é que era possível.


- Não há por que expor isso dessa forma tão rude - disse ela, cruzando os braços. - Sabemos o que você disse...


- O que eu lhes disse aquela noite no hospital foi o mesmo que eu contei à polícia. Blaine me estuprou. Foram vocês dois que decidiram que eu deveria retirar as acusações, o que fez todo mundo pensar que eu menti.


- Anahí - começou meu pai, porém não o deixei continuar.


- O motivo pelo qual me dei ao trabalho de vir até aqui é porque preciso superar o que aconteceu comigo, e a única maneira é dizer a vocês dois o que deveria ter dito na época. - Tomei ar, mesmo sem precisar. - Vocês dois estavam errados. Vocês cometeram o maior erro de sua vida.


Minha mãe se pronunciou:


- Como é?


- Você me ouviu. - Fiquei de pé, cerrando os punhos. - Vocês deveriam ter mandado os pais dele à merda. Vocês deveriam ter dito a eles para dar o fora da casa de vocês. Deveriam ter ido à polícia e contado o que os pais dele estavam tentando fazer, que era subornar a filha de vocês para ficar em silêncio. E por quê? Para não terem que ir ao tribunal? Assim, ninguém faria perguntas? E vocês todos ainda poderiam ir ao clubezinho de vocês sem que as coisas ficassem estranhas? Enquanto isso eu era tachada de puta mentirosa por todos. E Blaine ficou livre para fazer o mesmo com outra pessoa. Quanta culpa nós temos?


Vocês deveriam ter ficado do meu lado e acreditado em mim! Vocês deveriam ter procurado ajuda para mim. Eu sou a filha de vocês. Deveriam ter pensado em mim.


Meu pai desviou o olhar, e pude entender por quê. Talvez eles sempre tivessem suspeitado da verdade. No seu lugar, eu também sentiria vergonha.


- Mas as coisas não ficaram tão ruins assim para você, Anahí. - Mamãe expirou fazendo um ruído. - Afinal de contas, veja o que conseguiu fazer com aquele dinheiro. Foi para a faculdade, mobiliou seu próprio apartamento. - Os lábios dela esboçaram um sorriso. - Você faz parecer que não fizemos nada por você.


- Nancy - disse meu pai, levantando a cabeça.


- O quê? - Ela ergueu um pouco o queixo. - Ela nunca pensou no quanto isso foi duro para nós.


Encarei minha mãe, mas não fiquei surpresa. Parte de mim queria estar, mas não fiquei tão magoada com as palavras dela.


- Sabe, esse é o problema, mãe. Você sempre só se preocupou com como tudo era tão difícil para você. - Balancei a cabeça e olhei para o meu pai. - Estou melhor, caso se importem. Estou indo bem na faculdade, tenho amigos e conheci um homem maravilhoso que sabe o que aconteceu comigo. Portanto, essas são as coisas que não deram errado. Espero que um dia eu possa dizer o mesmo sobre nós.


Meu pai apertou os lábios atrás da mão fechada, ainda olhando para o jardim. Olhei mais uma vez para eles e virei-me para minha mãe. Ela me encarou com firmeza, mas linhas finas começaram a aparecer nos cantos de seus lábios. Não importava o quanto ela parecesse incólume, eu sabia que tinha pisado em seu calo.


- Eu não vim até aqui para fazer vocês dois se sentirem mal - eu disse, engolido em seco. - Não foi esse o motivo da minha viagem. É que eu precisava dizer uma coisa, finalmente. E preciso que saibam que eu perdoo vocês, mas nunca mais pensem que podem me dizer o que fazer ou não com a minha vida.


Ela continuou olhando para mim por mais um tempo e depois virou-se, com a mandíbula travada. Dei alguns segundos para que eles se manifestassem, mas o silêncio se manteve entre nós. Que seja.


Caminhei até a porta, com a coluna ereta e a cabeça erguida. Não era forçado. Era real. Outro peso fora tirado do meu peito, restando apenas uma coisa para fazer. Mas isso era para amanhã. Hoje... hoje tinha sido um bom dia.


Sorrindo levemente, atravessei a sala de visitas formal; no caminho, peguei uma almofada que provavelmente tinha custado um mês inteiro de aluguel e a joguei no chão. Infantil? Pode ser. Fez com que eu me sentisse bem? Com certeza.


Ao sair pela varanda frontal, vi que Poncho estava do lado de fora do carro, com o boné de beisebol puxado para baixo, enquanto inspecionava a fonte. Meu sorriso se alargou quando o vi colocando a mão embaixo do fluxo de água.


Ele se virou e, quando me avistou, deu a volta no carro e me encontrou na metade do caminho.


- Como foi?


- Ah... - Eu me espreguicei, inclinando a cabeça de lado para escapar da aba do boné, beijando-o. - Foi como o esperado.


As mãos dele imediatamente pousaram nos meus quadris, um claro sinal de que o rápido beijo teve efeito sobre ele, mesmo diante da casa dos meus pais.


- Quer falar sobre isso?


- Durante o jantar? - Dei um passo para trás e ele segurou minha mão. - Vou levá-lo ao Chuy 's...


- Anahí ?


Poncho se retesou e segurou minha mão com mais força quando me virei ao som da voz do meu pai. Ele estava na metade da varanda, vindo em nossa direção.


- Se ele disser alguma grosseria, não posso prometer que não vou enfiar a mão na cara dele, aqui e agora - Poncho me avisou com a voz baixa.


Apertei a mão dele.


- Com sorte, esse não será o caso.


- Só estou dizendo - ele murmurou.


Esperamos que meu pai nos alcançasse. Ele chegou onde Poncho e eu estávamos de mãos dadas.


- Este é Alfonso Herrera - eu o apresentei, porque o contrário pareceria falta de educação. - Poncho, este é o meu pai.


Poncho estendeu a mão livre, mas sua mandíbula estava tensa e os olhos, dois cubos de gelo.


- Olá.


Meu pai apertou sua mão.


- Prazer em conhecê-lo. Poncho não disse nada.


- Que foi, pai? - perguntei.


Seu olhar se cruzou com o meu por um segundo e depois se desviou. Perto desse jeito, sob a forte luz do sol do Texas, vi o quanto meu pai tinha envelhecido. Naquele momento, percebi que o que tinha acontecido cobrara um preço dele. Ele, ao contrário de minha mãe, não tinha escondido tudo debaixo de numerosos procedimentos cirúrgicos e maquiagem.


Meu pai respirou fundo e disse:


- Sabe do que mais sinto saudade? De ver você dançar.



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Autor(a): Alien AyA

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Durante o jantar, contei a Poncho sobre a conversa que tive com meus pais. Achei que ele fosse lançar uma faca na parede quando contei sobre a atitude da minha mãe. — Sério — eu disse. — Não fiquei surpresa. Ela sempre foi... fria, e isso só piorou com os anos. A tensão de Poncho era visível. — Voc&e ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 50



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  • Nandacolucci Postado em 23/03/2020 - 21:46:11

    Momento mais que ideal para ela contar oq aconteceu com ela no passado.. pior favor faz maratona especial de quarentena kkkk CONTINUAAAA

    • Alien AyA Postado em 23/03/2020 - 23:10:52

      Nanda não tem como fazer especial de quarentena pois a fanfics termina no capítulo 52, e também a pessoa aqui tá tendo que trabalhar enquanto tá todo mundo em casa! :(

  • Nandacolucci Postado em 22/03/2020 - 01:11:41

    Esse segredo deve ser muitooooooooooooo cabeludo e drástico para tantoooo mistério, sério. AMEI os presentes de dia dos namorados muito criativo...CONTINUAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

  • Nandacolucci Postado em 18/03/2020 - 23:53:17

    Não sou muito a favor da violência mas faria o mesmo que o poncho se soubesse que minha irmã tá apanhando de macho babaca, agora só acho que esse é o memento ideal pra a Anny contar o segredo dela ficar escondendo só vai afastar eles, e eu estou mega curiosa para saber oq foiiii... CONTINUAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

  • Nandacolucci Postado em 17/03/2020 - 00:07:21

    ainda bem que ser entregaram de uma vez foi complemente perfeitooooooooooooo.. CONTINUAAAAAAAA

  • Nandacolucci Postado em 15/03/2020 - 22:45:46

    Queria da um chute na bunda da steph para ela parar no Japão kkkk respeita o relacionamento dos outros.. CONTÍNUAAAAA

  • Nandacolucci Postado em 14/03/2020 - 23:57:47

    Cap mais que perfeitoooo, até que enfim se resolveram... CONTINUAAAA

  • Nandacolucci Postado em 12/03/2020 - 23:00:07

    Esses dois a cada momento me matam mais de fofuraaa.. CONTINUAAAAAAAAAA

  • Nandacolucci Postado em 11/03/2020 - 13:47:53

    Aiii manooooo esse poncho Amoo.. só acho que tá na hora dela contar a vdd pra ele. CONTINUAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

  • Nandacolucci Postado em 10/03/2020 - 18:08:30

    Bebida entra às verdades sai..e eu estou Infartando em 3...2...1 CONTINUAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

  • Feponny Postado em 10/03/2020 - 09:52:07

    Como assimmm na melhor parte vc paraaaaa continuaaaaaaaa


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