Fanfics Brasil - Capítulo 14 - Peça Ajuda (PARTE 2) Coração Perverso(adaptada)

Fanfic: Coração Perverso(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 14 - Peça Ajuda (PARTE 2)

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Algumas pessoas entram no bar. Um homem na casa dos trinta anos avalia o lugar antes de se sentar no banco mais próximo a nós.


Tomo meu vinho. Tem um sabor horrível. A mulher entusiasmada no canto nem mesmo está fingindo tomar o dela. Ela e o Andy Mãozinha estão dando uns amassos mais ousados. É fascinante.


— Amantes — diz Christopher, apontando para eles.


— Você acha?


— Sim. Este bar? Aquela mesa? Definitivamente tentando ficar fora do radar. — Ele aponta para o resto do lugar. — Por que você acha que estou aqui? Ninguém olhou pra mim tempo o bastante para me reconhecer. Nenhuma pessoa me pediu autógrafo ou implorou para tirar uma foto comigo. Sou um ninguém aqui, como todo mundo. É o paraíso.


Eu o estudo por um segundo.


— É isso que você quer? Ser um ninguém?


Ele dá de ombros e brinca com sua bebida.


— Às vezes. Na verdade, a maior parte do tempo. As coisas eram muito mais simples quando eu era um ninguém. Agora, tudo que faço é posto sob um microscópio. Cada decisão. Cada pedaço de informação pessoal é colhido pelos abutres da mídia desesperados pra encontrar alguma coisa pra vender em suas malditas revistas e em seus sites, não importa o custo. — Ele pega um iPad em sua bolsa, ao lado da mesa, e o põe na minha frente.


— Isso aconteceu hoje, o que é legal, considerando que é o aniversário de morte do meu irmão.


Pego o tablet. Um site popular de fofocas está estampado com a manchete: O inferno particular do destruidor de corações de Hollywood. Há uma imagem de Christopher sentado diante de um túmulo, chorando. A legenda diz: Astro de filmes de ação Christopher Uckermann desmorona diante do túmulo de seu irmão. Imagens exclusivas!


Ah, meu Deus.


Olho para Christopher. Seu queixo está rígido e seus olhos, pesados.


— Fui visitar o túmulo de James há alguns dias e acho que algum bosta me seguiu. Amanhã isso estará em todos os lugares. Ao longo dos anos não houve muita informação sobre a morte de Jamie na imprensa. “Morto em acidente em construção” é tudo que já foi dito, mas não tenho dúvidas de que essas imagens vão despertar um interesse novo sobre a morte do irmão gêmeo de Christopher.


— Christopher, eu sinto muito. — Há mais imagens dele mais abaixo, e sinto uma pontada de raiva com a ideia de que alguém pensaria em lucrar com seu momento particular de dor.


— Vou ao túmulo dele todos os anos — diz. — Algumas vezes, meus pais vêm comigo, mas quase sempre vou sozinho. Gosto de ter tempo pra falar com ele. Contar como minha vida está indo. — Ele olha para a mesa e eu seguro sua mão. O contato o deixa tenso e sua respiração fica ofegante, mas ele não olha para mim.


— Você não precisa falar sobre isso — digo —, mas se quiser desabafar, sou uma boa ouvinte.


Ele respira fundo, de forma trêmula, e fala devagar.


— Quanto você sabe?


— Só que foi em um projeto da Mantra. Cinco ou seis pessoas morreram.


Ele assente.


— Seis. Mantra era a empreiteira do meu pai. Jamie e eu integramos a equipe quando deixamos a escola. Um dia, o operador da grua se esqueceu de verificar novamente se os pontos de ancoragem estavam devidamente apoiados. Quando a grua começou a erguer lajes de duas toneladas, ela tombou e caiu no prédio do outro lado da rua. Jamie e eu vimos acontecer, então corremos até o outro edifício, pra ver como poderíamos ajudar. Estava um caos lá dentro. Escombros despencavam. Pessoas estavam gritando. Seguimos escada acima e ajudamos uma mulher e seus dois filhos a saírem dos destroços antes de chegarmos ao andar de cima, onde o dano foi pior. Foi uma coisa idiota de se fazer. Podíamos sentir que a estrutura estava prestes a ruir. O guindaste era muito pesado; as paredes não conseguiriam suportar mais. Jamie gritou que tínhamos de sair, mas eu não poderia deixar aquelas pessoas ali gritando. Quando abri a porta pro apartamento delas, o guindaste caiu sobre a parede exterior. Jamie me empurrou pra fora do caminho, antes que a máquina me acertasse. Ele morreu na hora. Assim como as pessoas no apartamento. A coisa toda aconteceu tão rápido que precisei de um tempo pra perceber que a gritaria tinha parado.


Meu estômago se retorce.


— Meu Deus. Christopher. — Acaricio a mão dele, tentando lhe transmitir meu sentimento.


Ele balança a cabeça.


— Quando vi Jamie lá… Não consegui me mexer. Sabia que o lugar estava instável, que não deveria ficar ali, mas não consegui ir embora. Não consegui tirar meus olhos dele. Um segundo antes meu irmão estava lá. Meu herói. No outro, ele era… nada. Apenas uma confusão de ossos e sangue que não se parecia nada com Jamie. Quando meu pai me encontrou, eu estava soluçando e dizendo o nome dele sem parar. Precisou de dois bombeiros pra me arrastar de lá.


Ele respira fundo, depois de um gole da bebida. Continuo acariciando sua mão e tentando deixá-lo saber que pode parar quando quiser.


— Meus pais ficaram devastados. Quero dizer, não há como superar a perda de um filho, sabe? Especialmente quando o que ficou é idêntico ao que você perdeu. Pra mim, foi ainda pior. Jamie e eu éramos inseparáveis, desde que nascemos. Mamãe costumava nos chamar de “gêmeos grudados”. Sempre que saíamos, íamos juntos. Sempre foi Christopher e Jamie. Jamie e Christopher. Os garotos Uckermann. Pensei que seria assim pra sempre, mesmo quando estivéssemos casados e tivéssemos filhos. Então, de repente, era apenas eu. — Ele olha para mim. — Depois disso, as pessoas se esqueciam, e quando eu aparecia nos lugares, elas diziam: “Ei, é o Christopher e…”, então se interrompiam antes de falar o nome dele. E isso resume como me senti quando ele morreu. Eu estava incompleto. Uma frase inacabada.


Ele olha de volta para a mesa, e está segurando o copo tão apertado que os nós dos seus dedos estão brancos.


— Eu sinto muito. Nem consigo imaginar como foi.


— Depois do acidente, meus pais afundaram em processos. De responsabilidade, civil, negligência. O caminho mais fácil teria sido declarar falência e fazer tudo desaparecer, mas papai nunca concordaria com isso. Ele se sentia responsável. Negociou acordos. Vendeu o negócio que construiu durante quarenta anos, todo o equipamento e nossa casa. Pagou cada centavo que podia para as famílias das vítimas, que ainda estavam esperando pelos cheques de suas companhias de seguro. Esse foi um dos motivos principais de eu ter ido para Hollywood. Eu precisava ajudar meus pais. Todos os ganhos dos meus primeiros dois filmes foram usados para saldar as dívidas deles.


— Ah, Christopher… — Aperto sua mão e posso sentir seu pulso latejando sob meus dedos, rápido e instável. Odeio pensar que ele teve de carregar o fardo da morte do irmão, e ainda as dificuldades financeiras de seus pais, por tanto tempo.


Ele deixa escapar um suspiro trêmulo e aponta para o iPad.


— E cada vez que alguma coisa assim acontece, meu primeiro pensamento é largar tudo e ir viver em uma cabana na floresta. Mas, então, vislumbro o rosto de Jamie e isso me impede, porque eu sinto como se precisasse ser alguém, entende? Como se meu futuro tivesse de ser brilhante, porque preciso compensar o fato de ele não ter um. — Vejo uma lágrima correr por seu rosto quando ele sussurra: — Eu sinto tanta falta dele, Dul. Todos os dias.


Eu me aproximo e seguro o seu rosto, assim posso limpar a lágrima com o dedo.


— Tenho certeza de que, se ele estivesse aqui, diria o quanto está orgulhoso de você. Todos os dias. Você é um homem incrível, Christopher. Seu irmão sabia disso.


Ele fecha os olhos e se inclina sobre minha mão, e posso ver que está lutando para manter a respiração estável. Não tenho ideia de como é perder um irmão, mas o simples pensamento de viver em um mundo sem Christian me faz estremecer. Eu nem mesmo consigo imaginar a dor que Christopher deve sentir sem seu irmão gêmeo.


— Desde que Jamie morreu — diz ele, enquanto afasta minha mão de seu rosto e a segura entre as suas —, sinto como se uma parte de mim estivesse faltando. Como se eu sempre estivesse sozinho, não importa quantas pessoas estão comigo. Só não me sinto assim quando estou com você. — Ele olha dentro dos meus olhos. — Não com Annie. Com você.


Encaro-o por alguns segundos enquanto uma tempestade de confusão cresce dentro de mim. O que isso significa? Avalio seus olhos, mas não chego a nenhuma resposta. Agora, ele parece tão confuso quanto eu.


Puxo minha mão e olho para a pequena quantidade de vinho que resta no meu copo.


— Então, por que você não me escolheu?


Não consigo olhar para seu rosto, então observo suas mãos, enquanto elas se fecham ao redor do copo. Ele fica quieto por um bom tempo, e sinto que está tentando encontrar um modo de me contar a verdade gentilmente.


— Dulce, olhe pra mim. — Quando o fito, ele se inclina para a frente. — Odeio que minhas ações te façam se sentir como a segunda opção. Você não é. Nunca poderia ser. As circunstâncias apenas não estavam do nosso lado, é isso. — Ele baixa os olhos e brinca com o líquido em seu copo. — Quando deixei aquela mensagem dizendo que a amava, falei sério. Você precisa acreditar nisso.


Olho para a mesa arranhada.


— Eu acreditei. Foi por isso que disse o mesmo pra você, ainda que me apaixonar por você nunca tenha feito parte dos meus planos.


Ele me encara antes de terminar de tomar sua bebida e larga o copo sobre a mesa.


— Viu, esse é o problema. O amor é um canalha. Não se importa com os planos das pessoas. Nunca é conveniente. Sai de dentro de você nas horas mais ridículas e faz você senti-lo, gostando você disso ou não. Mesmo depois de um longo tempo em que você deveria ter aprendido a parar de amar alguém, o amor o mantém preso a ele. Não é?


Evito seus olhos e bebo o resto da minha bebida.


— Dul? — Quando o encaro, a intensidade de sua expressão arrepia meus pelos. — Você ainda me ama?


Os arrepios se espalham por todo o meu corpo. Essa conversa toda está saindo do controle. É um território perigoso, sobretudo porque parte de mim está amando essa onda de adrenalina.


— Você sabe que não vou responder a essa pergunta.


Christopher pega minha mão. O toque suave de seu dedo faz meu braço ficar todo arrepiado.


— Se você me perguntasse a mesma coisa — diz ele, enquanto olha para meus dedos —, eu responderia imediatamente. E suspeito que você já saiba o que eu diria.


Ele leva minha mão até a boca e pressiona seus lábios com delicadeza contra minha pele. O contato me faz respirar fundo. Seus lábios são quentes e macios, e o contato com eles me deixa sem fôlego. Ele está prestes a dizer algo quando vislumbra alguma coisa sobre meu ombro e, em um segundo, sua expressão vai de apaixonada para violenta.


— Inacreditável. Babaca.


— O que foi? — Olho para trás.


— Não se preocupe com isso. Espere aqui. — Ele se levanta e vai até o homem na outra ponta do bar, que está vendo alguma coisa em seu celular. — Você acabou de tirar uma fotografia minha?


O homem o encara confuso.


— O quê? Não. Por que eu tiraria uma foto sua?


— Eu já vi você antes — diz Christopher, enquanto parte para cima do homem. — Você é repórter? Um paparazzo?


— Não. Sou contador.


— Então me mostre seu celular.


Me aproximo e coloco a mão no braço de Christopher.


— Ei. Vamos. Vamos embora.


— Não — responde ele. — Se esse cara não tem nada a esconder, ele me mostrará as fotos no seu celular.


— Não vou te mostrar meu celular. Nem sei quem você é.


Christopher tenta pegar o aparelho, mas o cara o tira de seu alcance.


— Passe a merda do celular! — A voz de Christopher ecoa pelo bar e todo mundo começa a olhar.


Quando ele pega no braço do cara, fico entre eles.


— Christopher, pare.


— Ei! — O bartender vai até onde estamos. — Não quero problemas aqui. Saiam, vocês todos.


O contador se afasta de Christopher e vai para a porta.


— Você é louco, cara. Fique longe de mim. Vou chamar a polícia.


— Bom. Aí eu vou denunciá-lo por me perseguir, seu idiota! — Christopher chuta o banco onde o cara estava sentado, que balança mais não tomba. — Filho da mãe!


— Ei, acalme-se. Ele não parecia saber quem você é mesmo.


— Ele estava tirando fotos de nós enquanto fingia olhar alguma coisa no celular. Isso acontece o tempo todo.


Olho para onde a porta acabou de se fechar.


— E talvez ele estivesse mesmo apenas olhando algo no celular, e toda essa coisa com Jamie o deixou com os nervos à flor da pele.


Christopher abaixa a cabeça e suspira.


— Talvez. Juro por Deus, ser perseguido o tempo todo pode deixar um cara paranoico.


— Eu não te culpo.


Christopher aponta para o bar.


— Você quer beber mais?


— Sim, mas temos ensaio amanhã, então deveríamos ir embora. Além disso, as pessoas estão olhando. Vamos embora.


Pego-o pelo braço, e depois de recolhermos todas as nossas coisas, eu o empurro em direção à porta. Ele não oferece resistência.


Quando estamos do lado de fora, a umidade da noite de primavera dá lugar a uma chuva torrencial.


Christopher se vira para mim.


— Você não tem um guarda-chuva?


— Não, eu não tenho.


— Caramba, Dul. Pensava que diretores de palco fossem como escoteiros. Sempre preparados.


— Em um teatro, sim. Fora de um bar que provavelmente tem Nickelback no jukebox? Não.


Ele olha para os dois lados da rua e dá de ombros.


— Meu apartamento fica a apenas alguns quarteirões. Vamos correr?


— Sim, mas não tão rápido. Suas pernas são duas vezes maiores que as minhas.


Corremos pela calçada escorregadia. Em um minuto, estamos encharcados até os ossos. Um tempo depois, meus sapatos estão fazendo barulhos nojentos cada vez que dou um passo, e eu grito quando piso em um pedaço particularmente escorregadio do cimento.


— Espere — peço, e paro em um beco. — Essas coisas vão me matar. — Ando alguns passos para dentro do beco antes de me abaixar e tirar os sapatos e as meias. Sei que andar descalça pelas calçadas de Nova York é nojento, mas pelo menos não vou cair e quebrar algum osso.



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Autor(a): leticialsvondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 33



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  • anne_mx Postado em 05/07/2020 - 18:20:05

    Nossa, que fanfic incrível, não tive o prazer de acompanhá-la mas a história foi linda, fiquei apaixonada por cada detalhe, isso só reafirma uma frase que eu amo ¨Não importa o que ocorra, quanto tempo vocês ficarem separados, o que tiver de ser seu vai achar o caminho de volta para você¨ Obrigada por essa história lindaaaa <3

  • princesauck0818 Postado em 29/06/2020 - 23:32:09

    Essa fanfic é incrível!!!! Não tive o prazer e a oportunidade de acompanhar ela mas eu quero te dar os parabéns pq ela é excepcionalmente perfeita. Obrigada por adaptar ela pra nós! Eu amei cada segundo da leitura!

  • Dulcete_015 Postado em 27/06/2020 - 18:16:17

    Eu ameii a fanfic,vou sentir saudades

  • Dulcete_015 Postado em 26/06/2020 - 20:07:37

    Continuaa,já quero saber qual é o plano

    • leticialsvondy Postado em 26/06/2020 - 20:08:49

      Postando!!

  • Dulcete_015 Postado em 24/06/2020 - 21:00:56

    Q ranço do Anthony, continuaa

    • leticialsvondy Postado em 24/06/2020 - 21:02:44

      Sim, ele é um imbecil

  • Dulcete_015 Postado em 20/06/2020 - 21:47:57

    Acho tão fofo o Poncho todo preocupado com a Dulce,continuaa

    • leticialsvondy Postado em 21/06/2020 - 15:26:22

      A amizade deles é muita bonita! Postando!

  • Dulcete_015 Postado em 20/06/2020 - 18:53:33

    Meu Deus Christopher só faz merda,continuaa

    • leticialsvondy Postado em 20/06/2020 - 21:18:19

      né kkkkk Será que tem explicação dessa vez? kkkk

  • Dulcete_015 Postado em 18/06/2020 - 23:14:11

    Continuaa

    • leticialsvondy Postado em 19/06/2020 - 15:49:08

      postando!!

  • Dulcete_015 Postado em 18/06/2020 - 23:13:42

    Poxa bem que a Dulce podia sair com o Anthony para fazer um pouco de ciúmes para o Christopher

    • leticialsvondy Postado em 19/06/2020 - 15:50:50

      Acho que é o que aquela música diz: o coração quer o que ele quer kkkk

  • Dulcete_015 Postado em 17/06/2020 - 16:15:15

    Coitada da Dulce,continuaa

    • leticialsvondy Postado em 18/06/2020 - 19:38:36

      Postando!!


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