Fanfics Brasil - Capítulo 3 - Passado (PARTE 1) Coração Perverso(adaptada)

Fanfic: Coração Perverso(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 3 - Passado (PARTE 1)

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Se ficar sentada no sofá comendo queijo fosse um esporte, eu seria campe olímpica agora mesmo.


Nosso primeiro dia de ensaios me deixou esgotada. A ideia de ter de aguenta mais alguns meses controlando minhas reações à mera presença de Christopher fez com que eu acabasse aqui, só com a camisa do pijama, sem as calças devorando uma fatia de queijo Jarlsberg.


— Vinho? — pergunta Poncho lá da cozinha.


— Se você precisa fazer essa pergunta depois do dia que tivemos, então não somos mais amigos.


Ergo os olhos para vê-lo na porta segurando uma taça de vinho tão grande que poderia ser vista do espaço. Desconfio que ele tenha na mão uma garrafa cheia de vinho.


— Estava sendo educado, idiota. Eu já sabia a resposta. — Poncho tem um pacote com seis cervejas na outra mão. — Quando a gente terminar estes aqui, sugiro que passemos para o conhaque. — Ele me passa o vinho, desaba do meu lado enquanto abre uma cerveja. Dá um longo gole antes de soltar o mais barulhento arroto do mundo.


Resmungo de nojo.


— Você tem classe. Sabia?


Ele ergue o punho fechado.


— É o que dizem.


— Ainda chateado por bancar o bobo na frente da Annie?


— Não tenho a menor ideia do que você está falando.


— Ah, por favor. Você fala macio quando está tentando levar uma garota para a cama, mas assim que conhece alguém por quem sente alguma coisa de verdade, fica perturbado. Foi exatamente assim ano passado com aquela garota, Lara, e agora está agindo da mesma forma com Annie.


Ele se recosta no sofá e enfia a mão no cós da calça.


— Continue falando enquanto vou pegar um pouco de papel higiênico, porque o que está saindo de sua boca agora é merda pura.


— Sem problemas, tudo bem. Viva em negação. Mas você ainda se masturba com as fotos dela, certo?


Ele dá de ombros.


— Provavelmente. Mike é totalmente promíscuo com loiras de pernas longas. — Então Poncho apanha o controle remoto e começa a mudar os canais.


— Refresque minha memória, por favor: por que foi mesmo que você batizou seu pênis de Mike?


— Não fui eu quem fez isso. Foi você quem começou a chamá-lo assim.


Faço uma careta.


— Eu não. Não tenho o hábito de dar nome ao pênis de ninguém. Especialmente ao que pertence ao meu melhor amigo.


— Errado. Uma vez você se referiu ao meu pau como “mágico”. Logo, Magic Mike.


Eu rio antes de beber um gole gigantesco de vinho.


— Meu Deus, você se lembra disso? Eu estava brincando.


— Claro que estava.


Sorrio e coloco meu pé sobre a perna dele. Ele me faz uma massagem, distraído.


Poncho e eu moramos juntos há um ano, e nunca esperei gostar tanto de viver com um cara hétero. Depois de morar com meu irmão por tanto tempo, fiquei aliviada por estar longe dele. Quer dizer, eu amo o Christian, mas ele dava muito trabalho. Tenho a impressão de que ele está mais suportável agora que resolveu a vida dele e está junto com seu verdadeiro amor, mas ainda assim…


Poncho e eu ficamos ali, largados no sofá, afogando nossas mágoas por quase uma hora, até que peço desculpas e vou para o quarto. Minha cabeça está dispersa agora, por isso decido encerrar o dia e espero que amanhã seja melhor.


Depois de me arrastar até a cama e fechar os olhos, meus pensamentos se voltam para Christopher.


Por mais que hoje eu acredite que tudo o que aconteceu são águas passadas, está claro pela nossa conversa no meu escritório que existem coisas que ainda precisam ser resolvidas entre nós.


Me sentindo nostálgica, pego o celular e encontro a foto da noite em que nos conhecemos. A mão de Christopher está no meu rosto, e ele está me beijando tão intensamente que só de olhar me dá arrepios. Essa foi a primeira vez que pus os olhos nele. A primeira vez que o beijei. A primeira vez que minha voz interior me avisou para ficar longe dele.


Uma batidinha na porta, e Poncho diz:


— Você está vestida? Está vendo pornografia? Está depilando alguma coisa interessante?


Eu sorrio.


— Nada disso, pervertido. Entre.


Quando ele abre a porta, dá uma olhada no quarto.


— Droga. Pelo menos uma vez eu gostaria de ver alguma calcinha jogada por aí. Especialmente as vermelhinhas com laços na parte de trás.


— Poncho, quantas vezes te pedi para você ficar longe da minha gaveta de calcinhas?


— Vinte e três vezes, por enquanto.


— Bem, esta é a vigésima quarta.


— Anotado e ignorado.


— Tudo bem, então.


Ele me enxota com a mão.


— Chega pra lá, garota. — Quando me arrasto para o outro lado da cama, Poncho entra debaixo das cobertas, perto de mim.


Rapidamente, desligo meu celular antes que ele possa ver a foto.


— Então — diz ele, enquanto apoia a cabeça nas mãos. — E aí?


— Nada. Por quê?


— Bem, você assistiu à maior parte de um episódio de Dance Moms sem gritar com a televisão. Isso nunca aconteceu antes.


— Só estou cansada, eu acho.


— Sei. Talvez você esteja preocupada por causa de uma certa ex-paixão.


Tiro um fiapo imaginário da fronha.


— Não.


— Certo. — Ele segura meu queixo e me obriga a olhar para ele. — Alguma vez você vai me contar o que aconteceu entre você e o Uckermann? Tinha a impressão de que o que havia entre vocês era só sexo selvagem, mas você realmente gostava dele, não gostava?


— Eu não queria.


— Mas você gostou.


Dou de ombros.


— Dulce, converse comigo. Você tem mantido seus sentimentos pelo Uckermann muito bem escondidos por anos. Por quê?


Esfrego os olhos. Esse é um assunto que não me sinto confortável em discutir.


O que dividi com Christopher é como um segredo precioso, e se eu falar sobre isso as coisas das quais me lembro como brilhantes e reluzentes vão se manchar.


Poncho vira de costas e fecha os olhos.


— Faça como preferir. Eu vou só descansar aqui um pouco. Se você quiser me contar uma história de amor e perdas, ótimo. Se não, sem problemas. Terei um tempo extra para redobrar toda a sua gaveta de calcinhas.


Sorrio e o empurro com tanta força que ele quase cai da cama.


— O.k. — digo, enquanto ele dá uma risadinha e se ajeita de modo confortável novamente. — Certa vez, em uma sexta-feira à noite, eu e meu afoito melhor amigo tivemos um encontro na Times Square.


 


Seis anos antes


Times Square


Nova York


 — Ei, gracinha. Aonde você está indo?


Um sujeito bêbado e idiota para bem na minha frente, e eu dirijo a ele um olhar fulminante.


— Estou esperando meu namorado especialista em caratê, por isso saia da frente ou corra o risco de ser destroçado com um golpe.


— Ah, claro. Você está querendo se livrar de mim? Ou tem realmente um namorado?


Reviro os olhos.


— Olha pra mim. Sou bonita pra caramba. Claro que tenho um namorado. Ele está bem ali.


Passo por ele, mas posso senti-lo olhando para mim enquanto subo a enorme escadaria vermelha em que Poncho está esperando por mim.


— Oi, querida — diz ele antes de se inclinar e dar um beijinho nos meus lábios. — Estou ansioso pra levar você pra casa pra gente poder fazer muito sexo. — Ele diz isso alto o bastante pra o Sujeito Bêbado e Idiota ouvir.


— Eu também — respondo, falando tão alto quanto ele. — Adoro fazer sexo com você. Seu pênis é mágico. E, depois, você pode praticar seu golpe mortal de caratê nas pessoas que derem em cima de mim.


O Sujeito Bêbado e Idiota fecha a cara e nos dá as costas, e eu sento e suspiro. É ridículo como a gente sempre tem de fazer esse tipo de coisa.


— A fala do Pênis Mágico é nova — diz Poncho, enquanto casualmente põe o braço nos meus ombros. — Gosto disso. É bom para o meu ego.


— Fico feliz. Mas saiba que se você falar alguma coisa sobre a minha vagina, eu vou te machucar, certo?


— Tudo bem. Eu não me esqueci da última vez. Nem o meu saco.


Sorrio e me encosto no ombro dele.


Ter um garoto como melhor amigo pode ser ao mesmo tempo uma bênção e uma maldição. Por um lado, sempre tenho um jeito de me desviar de atenções masculinas indesejadas quando é preciso, mas, por outro, garotos que eu quero que me notem olham para Poncho e pensam que estamos juntos, então claramente me evitam. Isso pode ser frustrante.


Eu não namoro ninguém pra valer desde a escola, e apesar de a maioria das vezes ficar feliz com isso já que homens são uma distração que eu não preciso agora, algumas vezes sinto uma pontada de desejo. Um desejo melancólico por alguma coisa a mais.


Pelo menos tenho Poncho. Esta noite estamos fazendo uma de nossas atividades favoritas, que é sentar no meio da Times Square e jogar “Transar, Casar, Matar” com as pessoas que passam.


— Tudo bem, vamos lá — diz Poncho, e aponta para as pessoas que vão passando na nossa frente.


— Chapéu de Caubói, Jeans Apertado e Terno Grande.


— Hummm. Difícil. Todos são muito ruins.


— Desculpe, madame, mas preciso de uma decisão.


— Certo. Mato o Jeans Apertado porque assim ele não pode criar filhos que vão seguir seu ridículo estilo hipster, caso com o Terno Grande porque é obvio que ele tem um trabalho e pode pagar pelo meu vício em queijos, e transo com o Senhor Chapéu de Caubói porque ele parece que sabe montar num potro, se é que você me entende.


Poncho torce o nariz.    


— Você vai transar com ele porque ele sabe andar a cavalo? Não entendo.


Dou um tapinha nele.


— Para com isso. Você sabe que o Senhor Literal é a sua persona da qual eu menos gosto.


— Uau, eu me rendo. Tudo bem, sua vez.


— Pele Falsa Cor-de-rosa — digo, e aponto para a garota com salto sete e meio e cabelo de vinte centímetros.


Poncho faz uma careta.


— Ai, credo. Não. Mato. Aponto para uma garota que eu estava achando que gastou o equivalente a um ano de salário em cirurgias plásticas.


— Putinha dos Seios Postiços.


Poncho inclina a cabeça e encolhe os ombros.


— Transo, mas com as luzes acesas.


Uma garota usando meia-arrastão e chapéu-coco passa por ali distribuindo panfletos às pessoas na fila do estande do tkts, que lutam para conseguir lugares de última hora para as peças de hoje à noite.


— Imitação de Liza Minnelli.


Poncho tem um jeito no olhar que conheço muito bem. Garotas de teatro dão o maior tesão a ele.


— Caso — diz ele, e sua voz treme um pouquinho. — Meu Deus, olhe para ela. “Venha para o Papai, baby.” Ela podia usar toda essa roupa no quarto.


— Não. Se você casar, não vai poder transar com ela.


Ele vira para mim, sobrancelhas franzidas.


— O quê? Desde quando pessoas casadas não têm relações sexuais?


— Humm, desde que o jogo foi inventado.


— Besteira.


— Poncho, como você não sabe como isso funciona? Você transa com alguém uma vez, casa com ela para sempre, mas sem sexo, ou os dois morrem.


— De jeito nenhum! Sempre foi transar com alguém uma vez, casar com ele para transar para sempre, ou matá-los depois de ter transado porque o sexo foi muito ruim.


— Você está de brincadeira? De todas as vezes em que você esteve errado desde que te conheço, esta é a mais erradésima de todas.


Poncho me olha desconfiado.


— Mas erradésima nem sequer é uma palavra.


— Eu sei, mas precisava dizer alguma coisa para expressar plenamente o quanto você está errado neste momento.


Sinto um calor nas minhas costas antes mesmo que a voz profunda diga:


— Sua namorada está certa, cara. Você está fazendo errado. Você não consegue transar quando está casado. Todo mundo sabe disso.


Eu me viro, e bem atrás de nós, inclinado em nossa direção, está o homem mais atraente que eu já vi.


Nossa, uau.


É como se houvesse um concurso de rosto perfeito em algum lugar e esse cara tivesse recebido o maior prêmio. Cabelo castanho-dourado, grosso e ondulado, inacreditáveis olhos castanhos vibrantes, lábios carnudos curvados em um sorriso irônico.


Parabéns pelo seu rosto, senhor.


Dou uma olhada no bíceps que salta de sua camiseta.


E seu corpo. Parabéns por tudo.


Ele seria Transar. Definitivamente.


Poncho deve ter percebido minha reação, porque diz, no mesmo instante:


— Ah, ela não é minha namorada. Quer dizer, a gente costumava ficar junto, mas não conseguia acompanhá-la na cama. Ela é insaciável. O dia inteiro, todos os dias. Nunca conheci uma mulher capaz de aguentar tanto…


Belisco a coxa de Poncho até ele se contorcer.


— Por favor, desculpe meu amigo. Ele sabe que vou matá-lo agora, e tem medo de que a vida depois da morte o faça dar com a língua nos dentes.


O Senhor Transar sorri para mim. Bem, ele sorri para nós dois, mas digo isso porque seu olhar está grudado em mim. Tenho certeza de que ele está conferindo meus peitos, e isso me dá arrepios. Não tinha arrepios tão intensos há… bem, nunca.


O gostosão deve ter aprovado o que viu, porque seu tom de voz é certamente de flerte.


— Então se seu amigo é o cara que vai ser morto, com quem você vai transar e com quem vai se casar?


O jeito com que ele fala não deixa dúvidas qual ele quer ser.


Ele estende a mão para mim.


— Sou Christopher, a propósito. Christopher Uckermann.


Aceito a mão que Christopher oferece e tento manter minha expressão impassível enquanto o contato com a pele dele me acende mais que os outdoors gigantes ao nosso redor.


— Sou Dulce. Saviñon.


— Prazer em conhecer você, Dulce. — Ele me olha descaradamente enquanto continua segurando a minha mão.


Uau, ele é bom. Sem dúvida usa essa técnica o tempo todo para transformar meninas em organismos unicelulares. Estou um pouco irritada por isso funcionar comigo. Pensei que estava imune a esse tipo de autorreferência presunçosa.


Christopher. Até o nome dele é sexy.


Poncho pigarreia.


— Tudo bem, vocês estão apertando as mãos por tempo demais, e agora estou me sentindo super desconfortável. Sou Poncho, a propósito. Caso a informação lhe interesse.


Christopher sorri e aperta a mão de Poncho.


— Prazer em conhecer você também, Poncho.


Poncho assente de forma desconfiada.


— Claro que sim. Dulce, podemos convidar nosso novo amigo para jantar conosco?


Aquilo me faz desviar os olhos daquele belo rosto. Para mim, uma coisa é cobiçar um estranho bonito. Outra é fazer algo a respeito.


— Huummm… Tenho certeza de que Christopher tem coisa melhor para fazer.


Christopher dá de ombros.


— Na verdade, não. Vou assistir ao Rei Lear às oito, mas considerando que fui dispensado pela minha namorada, tenho um tempo até lá.


Poncho zomba.


— Você foi dispensado pela sua namorada?


— Bem, “levei um fora” seria a melhor descrição. Da garota com quem estive por um ano.


— Como assim? — Poncho parece mais chateado com isso do que Christopher. — Mas você parece um daqueles modelos masculinos de revistas elegantes. Ela era exigente, a sua ex?


Christopher dá de ombros.


— Ela gostava de mim, mas odiava a minha conta bancária. Agora ela está namorando algum idiota rico de Wall Street.


— Recuperação rápida.


Christopher dá um sorriso amargo.


— É. Não foi tanto uma recuperação, foi meio que ao mesmo tempo, mas tanto faz.


Há um instante de silêncio desconfortável, antes de Poncho dizer:


— Sabe, Dulce foi dispensada também. Que coincidência, não? Dois solteiros atraentes e abandonados como vocês tendo esse encontro aleatório. É como se fosse o destino.


Christopher sorri para Poncho e olha para mim.


— Eu acredito inteiramente no destino.


Olho para as minhas mãos. Destino ou não, eu não sei se estou preparada para as emoções que esse homem desperta em mim.


Nos últimos quatro anos tive três namorados, e todos os três me trocaram por outra mulher. Dizer que minha confiança nos homens sofreu um abalo seriíssimo seria um eufemismo.


Quando meu último relacionamento terminou em um esplendor de humilhações infames, decidi que bastava de homens na minha vida, pelo menos em um futuro próximo. Tenho um projeto bem específico para os próximos cinco anos, e ser destruída de novo não faz parte dele. Poncho continua me pressionando para mergulhar fundo na piscina dos relacionamentos, mas estou satisfeita em caminhar na parte rasa. Pode ser frustrante nunca poder mergulhar, mas não há nenhuma chance de se afogar.


— Então, o convite para jantar ainda está de pé? — pergunta Christopher, enquanto me fulmina com aquele olhar estonteante. — Porque estou faminto.


Eu também. Não tinha percebido o quanto até vê-lo.


Como nunca deixa uma oportunidade passar, Poncho responde:


— Claro, Christopher. Dulce vai adorar que você venha conosco. — Ele sorri com a própria gracinha.


Puxo sua manga.


— Huummm, Alfonso? Posso falar com você por um momento, por favor? Desculpe, Christopher.


Levo Poncho para o topo da escadaria.


— O que você está fazendo?


— Arrumando um encontro pra você.


— Não quero um encontro.


— Sim, você quer. Apenas não quer admitir. Eu te amo, mas sou o único homem que você viu pelado nos últimos meses, e isso só porque lhe enviei, por acidente, as fotos do meu pau, que eram destinadas a outra pessoa.


Como dizer a ele que todos os meus alarmes estão se desligando com Christopher?


Que alguma parte de mim pensa que ele é mais do que apenas gostoso, e por isso perigoso? Mas não posso sequer pensar em como estou me sentindo, quanto mais me expressar em palavras. Poncho está olhando para mim com preocupação.


— Ei, estou apenas seguindo seu exemplo. Quando seu queixo cai por um cara, eu fico de copiloto. Não é isso que está acontecendo aqui?


Passo os dedos pelo cabelo.


— Você é o melhor, Poncho, sério. Tirando o envio das fotos do seu pau, claro. Mas não tenho certeza se estou pronta para isso esta noite.


Poncho olha de relance para Christopher.


— Bem, vamos pelo menos jantar. Depois disso, Christopher pode ir assistir à peça e você vai voltar para casa, e se vocês se esbarrarem no futuro, pode dar o seu número de celular a ele. Que tal?


Concordo. Acho que não há mal nenhum nisso.


Conforme caminhamos de volta para a escadaria, Christopher e Poncho começam uma conversa vaga sobre esportes. Eles parecem se conhecer há anos.


De certa forma, acho que é o que está me atraindo em Christopher. Acabamos de nos conhecer, mas uma parte de mim sente como se o conhecesse desde sempre. E essa parte está me deixando completamente apavorada.


Dez minutos mais tarde, estamos sentados no Gino, na rua 42, resolvendo qual pizza pedir.


Christopher franze a testa encarando o cardápio.


— Ah… Vocês escolhem. Não sou muito exigente. Eu como qualquer coisa.


— Isso é ótimo — diz Poncho. — Porque Dulce é tão exigente que só fica feliz se a deixarem ir para a cozinha fazer a própria massa.


Mantenho os olhos na lista de opções do cardápio.


— Só porque gosto que as coisas sejam feitas de certa maneira não quer dizer que sou exigente, Alfonso Herrera.


— Na verdade — diz Poncho —, gostar das coisas feitas de certa maneira é exatamente a definição de exigente. Mas, vamos lá, seja honesta. Você leva o termo exigente a um outro nível com as suas porções alimentares.


— Porções? — pergunta Christopher, e cutuca meu pé debaixo da mesa. — Estou intrigado. Conte mais.


Balanço a cabeça.


— Não.


— Ah, vamos lá.


Poncho ri.


— Acho que ela está preocupada que, se falar sobre a obsessão dela pelas porções de comida, você saia correndo sem olhar para trás.


Meu rosto queima. Sim, provavelmente ele faria isso.


— Não, é pouco provável. Estou com muita fome para sair correndo por aí. — Christopher tenta fazer com que eu o encare. Quando o fito, ele sorri. — Por favor. Eu quero saber.


Suspiro e largo meu cardápio sobre a mesa.


— Quando eu como, gosto que as porções de todos os alimentos sejam idênticas. Então, se há quatro tipos diferentes de comida no prato, digamos, carne e três vegetais, preciso de quantidades iguais de cada um deles em cada garfada.


— Ela chama isso de “teoria da gostosura” — diz Poncho. — É fascinante de assistir. Ela escava cada montinho de alimento com precisão cirúrgica. Em seguida, transfere as pequenas porções para o garfo. Seria um lance bem artístico se não fosse tão incrivelmente esquisito.


Christopher dá de ombros.


— Eu não acho esquisito. Acho que é legal. Faço uma coisa parecida com batatas fritas e molhos. Preciso ter exatamente a proporção exata de molho para mergulhar a batata, caso contrário, acho que elas não terão o mesmo sabor.


— Isso! — comemoro e chego mais para a ponta da cadeira. — É disso que estou falando. A coisa toda é sobre combinações sutis. Por que pôr alguma coisa na boca a menos que realmente vá apreciá-la, certo?


O modo como Christopher arregala os olhos me faz perceber que minha afirmação pode ser interpretada de outra forma.


Ele me dá um sorriso lento.


— Concordo totalmente.


Tomo um gole de água para disfarçar meu embaraço e, felizmente, Poncho trata de mudar de assunto.


— Então, Christopher, a questão que realmente precisamos que você responda agora é: você é um cara maior?


Christopher volta sua atenção para Poncho.


— E por “maior” você está falando de…?


— Tem mais de vinte e um anos?


— Ah… sim. Claro. Por quê?


— Porque preciso que você peça cerveja para todos nós, enquanto vou rapidinho ao banheiro. Tenho certeza de que todos nós precisamos de uma bebida — murmura baixinho —, antes que engasguemos com a tensão sexual.


Quando Poncho se levanta e se encaminha para a parte dos fundos do restaurante, Christopher olha para mim parecendo muito surpreso.


— Espere um minuto. Vocês não podem comprar cerveja?


— Em dois anos, poderemos — digo.


— Dois anos?! — Um casal na mesa vizinha se vira para olhar para ele, e Christopher se inclina e sussurra:


— Você tem só dezenove anos?


— Sim.


Christopher esfrega o rosto.


— Ai, meu Deus. Eu sou mau. Eu sou um homem mau.


— Por quê?


— Pensei que você fosse mais velha.


— Mais velha… quanto?


— Bom, uma idade em que você não fosse considerada uma “adolescente” pela Organização Mundial de Saúde, porra. Quando vi você esta noite, pensei que fosse… — Ele me olha de cima a baixo, e o calor de seu olhar me obriga a usar o cardápio como leque. — Bem, você parecia muito mais madura do que alguém de dezenove anos.




Juju Uckermann_: Postando ;)

wermelinnger: Espero que continue gostando ;)

rt1508: Postando ;)


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Autor(a): leticialsvondy

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— Para sua informação — digo, com uma ponta de petulância que ironicamente me faz parecer muito mais jovem —, sempre fui muito madura para minha idade. Quantos anos você tem, então, Senhor do Tempo? Christopher se recosta na cadeira, e não me escapa a forma como a camiseta se estica em seu peito impressionante. &mda ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 33



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • anne_mx Postado em 05/07/2020 - 18:20:05

    Nossa, que fanfic incrível, não tive o prazer de acompanhá-la mas a história foi linda, fiquei apaixonada por cada detalhe, isso só reafirma uma frase que eu amo ¨Não importa o que ocorra, quanto tempo vocês ficarem separados, o que tiver de ser seu vai achar o caminho de volta para você¨ Obrigada por essa história lindaaaa <3

  • princesauck0818 Postado em 29/06/2020 - 23:32:09

    Essa fanfic é incrível!!!! Não tive o prazer e a oportunidade de acompanhar ela mas eu quero te dar os parabéns pq ela é excepcionalmente perfeita. Obrigada por adaptar ela pra nós! Eu amei cada segundo da leitura!

  • Dulcete_015 Postado em 27/06/2020 - 18:16:17

    Eu ameii a fanfic,vou sentir saudades

  • Dulcete_015 Postado em 26/06/2020 - 20:07:37

    Continuaa,já quero saber qual é o plano

    • leticialsvondy Postado em 26/06/2020 - 20:08:49

      Postando!!

  • Dulcete_015 Postado em 24/06/2020 - 21:00:56

    Q ranço do Anthony, continuaa

    • leticialsvondy Postado em 24/06/2020 - 21:02:44

      Sim, ele é um imbecil

  • Dulcete_015 Postado em 20/06/2020 - 21:47:57

    Acho tão fofo o Poncho todo preocupado com a Dulce,continuaa

    • leticialsvondy Postado em 21/06/2020 - 15:26:22

      A amizade deles é muita bonita! Postando!

  • Dulcete_015 Postado em 20/06/2020 - 18:53:33

    Meu Deus Christopher só faz merda,continuaa

    • leticialsvondy Postado em 20/06/2020 - 21:18:19

      né kkkkk Será que tem explicação dessa vez? kkkk

  • Dulcete_015 Postado em 18/06/2020 - 23:14:11

    Continuaa

    • leticialsvondy Postado em 19/06/2020 - 15:49:08

      postando!!

  • Dulcete_015 Postado em 18/06/2020 - 23:13:42

    Poxa bem que a Dulce podia sair com o Anthony para fazer um pouco de ciúmes para o Christopher

    • leticialsvondy Postado em 19/06/2020 - 15:50:50

      Acho que é o que aquela música diz: o coração quer o que ele quer kkkk

  • Dulcete_015 Postado em 17/06/2020 - 16:15:15

    Coitada da Dulce,continuaa

    • leticialsvondy Postado em 18/06/2020 - 19:38:36

      Postando!!


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