Fanfic: Entrelinhas - Anahí e Alfonso | Tema: vondy e Ponny
Minha ressaca desapareceu, mas preciso de uma noite tranquila. Eu estava planejando uma conversa longa com a Maite, mas ela tem um encontro com um cara que trabalha na Abercrombie, a algumas lojas de distância da Hot Topic, onde ela trabalha. (Falei que esse cenário contém um grande potencial de estranheza entre o casal, mas ela não gostou muito.) Ela está numa longa abstinência, e a possibilidade de começar o último ano do ensino médio sem namorado e sem candidatosé “intolerável”.
Meu plano de recuperação envolve mais do que eliminar a dor de cabeça prolongada. Meu pai e Chloe vão chegar amanhã e ficarão em Austin durante cinco dias. Vou precisar de energia para lidar com o cronograma cansativo de filmagens e o estresse de estar tão perto dela ao mesmo tempo. É demais esperar que ela fique nos bastidores. Chloe não gosta de bastidores.
Decidi não participar do tour noturno por Austin hoje — os caras num grupo e as garotas em outro. O serviço de quarto entrega uma salada de espinafre, e a televisão passa videoclipes com o volume baixo.
BbImpaciente, vou até a minúscula varanda sobre a rua e me apoio no parapeito de pedra, encarando o céu escuro, onde só consigo ver algumas das estrelas mais brilhantes. O centro da cidade é iluminado demais para observar estrelas. As pessoas se movimentam lá embaixo, e, mesmo a essa altura, consigo captar umbpouco da conversa e das risadas. E um rastro de tabaco?
— Anahí, oi. — Alfonso está a duas varandas de distância, desencostando do parapeito, fumando.
Seus olhos, encontrando os meus, estão pretos com a escuridão e a distância. Ele dá um trago e a ponta do cigarro brilha vermelha perto de sua silhueta, à luz fraca dos postes de luz e faróis lá embaixo.
— Oi. Achei que você tinha saído com os caras.
Uma brisa momentânea passa, ele sacode a cabeça para tirar o cabelo dos olhos e expira um rastro de fumaça que se dissipa em todas as direções.
— Decidi passar hoje.
Faço que sim com a cabeça.
— Eu também.
Ele dá mais um trago e volta a se apoiar no parapeito, encarando o turbilhão de cores e barulhos no nível da rua. Ele não volta a falar e, apesar de eu estar curiosa em relação ao telefonema que interrompeu nossa conversa mais cedo, não consigo pensar num jeito casual de perguntar sobre isso. Volto para o quarto sem interromper seus pensamentos. Penso em arrastar uma das poltronas acolchoadas para a varanda e ler, mas, se o Alfonso ainda estiver do lado de fora, pode ser meio esquisito.
Depois de analisar o cardápio de sobremesas e me convencer a não pedir uma fatia de bolo duplo de chocolate, pego o livro que comprei hoje de manhã e me ajeito na cama. Meu estômago resmunga em protesto e não fica quieto quando eu murmuro “cala a boca”. Abro o livro e sinto o conhecido toque de prazer: o estalar das páginas e da encadernação, o cheiro de tinta. E quase dou um pulo quando o telefone
na mesinha de cabeceira toca no volume mais alto.
— Alô? — atendo com o coração aos pulos, procurando o controle de volume.
— Anahí? É o Alfonso. Eu, hum, não tenho o número do seu celular...
— Ah.
— Então... eu pedi um bolo de chocolate no serviço de quarto, e ele é ainda mais enorme do que parecia no cardápio... e eu achei que a gente podia dividir. Se você quiser. Mas entendo se você preferir ficar sozinha.
Dou um sorriso, porque planejei exatamente isso para a noite, assim como tinha planejado inicialmente correr sozinha todas as manhãs.
— Acabei de me convencer de que não preciso desse bolo... Mas acho que, se eu dividir com você, não vai contar de verdade.
— Exatamente. Chego aí num minuto.
B— Posso pedir um café? — Porque é disso que eu preciso perto das dez horas da noite, quando eu tinha a intenção de dormir cedo: café.
— Boa ideia.
Ligo para o serviço de quarto e corro até o banheiro para escovar os dentes. Tenho tempo suficiente apenas para passar um gloss nos lábios antes de o Alfonso bater suavemente na porta. Quando abro, ele está segurando dois garfose a fatia de bolo mais gigantesca que eu já vi.
— Uau. Essa coisa é enorme.
— Pois é. Basicamente um bolo inteiro. — Ele passa a mão no cabelo e alguns fios no meio ficam
espetados. Está descalço, de calça jeans e camiseta gasta, com o nome de uma banda indie que eu mal reconheço. Maite ia saber qual é.
Arrastamos as poltronas e uma mesinha até a varanda, onde tomamos café e comemos de lados opostos do bolo. O barulho abafado da noite de sábado sobe da rua. Depois de alguns minutos de garfos tinindo e suspiros de felicidade, Alfonso pergunta o que me fez querer interpretar Lizbeth Bennet, voltando à conversa de hoje à tarde,como se a interrupção tivesse ocorrido instantes atrás,e não horas.
— Que garota não ia querer participar de uma adaptação de Orgulho e preconceito? — me esquivo.
— Disse ela, misteriosa — ele retruca, com uma sobrancelha erguida. Ele toma mais um gole de café, esperando, se largando na poltrona, virando mais de frente para mim, com as pernas compridas estendidas.
BPuxo os joelhos para cima da poltrona, virando para encará-lo.
B— Bom, como a maioria das garotas no mundo anglófono, eu adoro Elizabeth Bennet. Ela é a heroínababsoluta, decidida e independente, inteligente, leal, mas ao mesmo tempo ela não é perfeita, não está acima doserros nem de uma paixão.
Ele faz que sim com a cabeça.
— Quer dizer que, assim que soube do filme, você quis participar?
Uau,ele é bom nisso.
— Não exatamente. Quer dizer, não é Elizabeth Bennet, afinal. É Lizbeth, uma versão americanizada. E algumas das falas do roteiro... Acho que sou purista em relação a algumas coisas, e Jane Austen é uma delas.
— Faz sentido. Quando você leu Orgulho e preconceito pela primeira vez?
Lá vamos nós.
— Não sei. Era o livro preferido da minha mãe. Eu me lembro dela lendo em voz alta pra mim quando eu era muito pequena. — Meu estômago se agita, e eu culpo o bolo cheio de açúcar e a cafeína, quando a origem desse desconforto é bem conhecido. Evito essa conversa sempre que possível. Eu podia fazer isso agora,com o Alfonso, mas não vou fazer. Quero contar a ele.
— E o que ela acha? Ela quis que você fizesse o filme, ou também é purista com Jane Austen?
Lá vamos nós, lá vamos nós, lá vamos nós. Cutuco uma unha,encarando minhas mãos.
— Ela morreu quando eu tinha seis anos. — As palavras saem rapidamente, mas de um jeito suave, e quero lhe contar todos os detalhes, tudo, apesar de não conseguir falar mais nada, porque não consigo encarar as partes que eu sempre escondo e guardo sob a superfície. Meu pai e o modo como perdemos a conexão desde que ela morreu. Minha incapacidade de ter uma infância normal, porque estava sempre na frente das câmeras, fingindo ser outra pessoa, desde antes de ela partir. Chloe e o modo como ela espera ser o centro de todos os universos ao seu redor. E eu fico bem, de verdade, na maior parte do tempo. Mas às vezes simplesmente não fico.
Alfonso não fala até eu olhar para ele. Seus olhos grudam nos meus e não se afastam, desconfortáveis com o fato de que os meus estão cheios de lágrimas.
— Sinto muito, Anahí — diz ele.
BFaço um sinal de positivo com a cabeça, respiro e pego um guardanapo sob o prato quase vazio,
secando os olhos.
— Obrigada.
Ficamos sentados ali fora por um tempo, às vezes falando sobre outros trabalhos que fizemos. Conto a ele sobre o diretor nazista do comercial de suco de uva, e ele me conta sobre a estrela atraente de quarenta e poucos anos de um filme de arte que ele fez uns anos atrás, a qual apareceu na porta do trailer dele usando apenas um robe e nada mais.
— Será que eu quero saber como você descobriu a parte do “nada mais”?
Ele faz uma careta.
— Exatamente como você está pensando.
— Eca... Quer dizer que vocês...?
— Hum, não. Eu disse que precisava acordar cedo,e ela respondeu: “Não precisa ter medo, Alfonso”,e eu simplesmente fingi, dizendo alguma coisa do tipo: “Ah, não, não é isso, só estou muito cansado”. E não abri mais a porta depois disso. Ela acabou entendendo.
— Uau.
V— Poisé — diz ele, rindo. — Pode ser que eu ainda precise de terapia por causa daquela noite.
Terminamos sentados na minha cama, com uns quinze centímetros entre nós, vendo um filme no pay- per-view. Caio no sono mais ou menos na metade. Quando acordo, pouco depois das quatro da manhã,ele não está mais lá. As poltronas estão do lado de dentro, a porta da varanda trancada. O edredom está
dobrado em cima de mim como um casulo,e tem um bilhete na mesinha de cabeceira.
Obrigado por me ajudar com a montanha de bolo.
Se quiser correr, estarei lá embaixo às seis.
Alfonso
Ajusto o alarme do celular para cinco e quarenta.
Autor(a): wermelinnger
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 22
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ponnyyvida Postado em 06/04/2020 - 02:10:09
Aí mds, eu não aguento esse meu casal (ponny) *_* Tomara que apareça logo a Dul, pra fazer o Christopher largar do pé da Anyzinha e deixar ela todinha pro Alfonso *_* Continuaaaaa <3
wermelinnger Postado em 07/04/2020 - 08:24:05
Hummm muita coisa para acontecer ainda hahaha
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ponnyyvida Postado em 01/04/2020 - 10:06:33
O Christopher não muda mesmo, continua sendo um garanhão kkkkk Continuaaa
wermelinnger Postado em 01/04/2020 - 12:32:55
Aí ele é terrível! Continuado ...
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ponnyyvida Postado em 27/03/2020 - 22:55:54
Amo essa fanfic <3 Posta maiss
wermelinnger Postado em 28/03/2020 - 07:42:45
Que boom! Vou postar
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ponnyyvida Postado em 27/03/2020 - 22:55:23
Aí, você tá sumidinha :(
wermelinnger Postado em 28/03/2020 - 07:42:32
Oiii to mesmo :( Mas vou tentar aparecer mais prometo
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ponnyyvida Postado em 05/03/2020 - 21:55:20
Aaaaa continua <3
wermelinnger Postado em 27/03/2020 - 16:12:26
continuando
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ponnyyvida Postado em 01/03/2020 - 01:07:12
Aí rolou beijo ponny *_* *_* perfeitosss <3 O Christopher vai ter que correr atrás do preju se quiser conquistar a Any hihihi Continuaa <3
wermelinnger Postado em 01/03/2020 - 19:22:10
Rolooou eles são fofos né? Vamos ver o que vai acontecer nesse show
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ponnyyvida Postado em 29/02/2020 - 17:12:10
Aaaa quero só ver oq vai dar esse show ;) Continuaaaa
wermelinnger Postado em 01/03/2020 - 07:43:00
Aiii vai acontecer algumas coisinhas nesse show :X
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ponnyyvida Postado em 21/02/2020 - 18:37:44
Tadinha da Any, essa madrasta dela é péssima :/ Posta maisss
wermelinnger Postado em 28/02/2020 - 23:42:29
Vergonha alheia com essa madrasta
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ponnyyvida Postado em 21/02/2020 - 15:16:44
Aaaa estou amando a história *_* Continuaaa <3
wermelinnger Postado em 21/02/2020 - 17:18:44
Aiii que bom que está gostando *-*
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bola Postado em 19/02/2020 - 11:33:47
Estou adorando a história + confesso que quero que a Dul entre logo heheh
wermelinnger Postado em 19/02/2020 - 12:57:20
Hahaha ainda vai demorar um pouquinho... mas vai valer a pena a espera