Fanfic: Entrelinhas - Anahí e Alfonso | Tema: vondy e Ponny
Estamos filmando de novo na casa dos Bennet. Alfonso e eu fazemos a primeira cena. Não sei quando ele voltou para Austin, só que não tive notícias dele nos dois dias e meio desde que ele me beijou. Enquanto isso, as fotos de mim e Christopher no show praticamente viralizaram e, considerando o silêncio do Alfonso, parece claro como ele se sente a respeito.
A cozinha está lotada, entre o pessoal do bufê arrumando o café da manhã e lanches, membros da equipe comendo em pé, discutindo ângulos de câmera e arrumações de cena, e o elenco beliscando a comida entre pequenos ensaios. Mais de uma vez começo a sair da cozinha e ir para a área de estar, onde está menos lotado e menos barulhento, mas alguma coisa me mantém escondida entre o mar de pessoas, e eu sei exatamente o quê.
Esperar para ver o Alfonso faz minhas emoções dispararem para todo lado, como se eu tivesse de enfrentar uma linha de partida ou um esquadrão de fuzilamento. Estou tão agitada e enjoada como ficaria depois de quatro xícaras de café. Não consigo me controlar, e me dou cinco segundos, do momento em que finalmente ouço a sua voz na outra sala, para me recompor.
Fracasso. Épico.
Ele aparece com as falas do dia na mão, conversando com o Richter, usando calça jeans e camisa social amarrotada, com as mangas dobradas acima dos cotovelos. Passa a mão no cabelo e olha ao redor, mas seus olhos não param em nada nem ninguém até ele me ver. Com uma expressão indecifrável, faz um sinal com a cabeça na minha direção e vira de novo para o Richter.
— Vamos para a maquiagem — o diretor diz a ele. — Quinze minutos?
— Claro. — Não o vejo de novo até pouco antes de estarmos na frente das câmeras.
* * *
Não reconheço o Alfonso quando ele volta. Minha preocupação que eles não conseguissem fazê-lo parecer bobo o suficiente para interpretar Bill Collins não tinha o menor fundamento. O cabelo está lambido para trás com gel, e ele usa uma calça cáqui com pregas, camisa polo coral — por dentro da calça — e óculos redondos com armação dourada. Seu jeito de andar e seus movimentos são tímidos, mas arrogantes. Ele está perfeito.
Estamos filmando a cena do pedido de casamento absurdo entre Bill e Lizbeth. O diretor assistente dá instruções, e ouvimos sem olhar um para o outro. Alfonso não olhou para mim desde aquela primeira encarada, apesar de ser contratualmente obrigado a fazer isso daqui a poucos minutos. Eu teria me sentido muito à vontade para fazer essa cena uma semana atrás, antes de ele me beijar, antes de ele desaparecer e voltar sem falar comigo.
— Ação — diz o Richter.
INT. Cozinha dos Bennet — Dia
LIZBETH está enchendo a lava-louça quando BILL vem da sala de jantar com uma pilha de pratos.
BILL
Lizbeth, tenho uma coisa para lhe perguntar.
LIZBETH
(pegando os pratos da mão dele e passando uma água na pia)
Sim?
BILL
Como você sabe, faço parte da empresa Rosings, com uma carreira lucrativa pela frente.
LIZBETH
(revirando os olhos para o lado)
É, você já falou.
BILL
Minha chefe, a sra. DeBourgh, acredita que um homem na minha posição tem mais chances de ter uma carreira vantajosa
se estiver estabelecido, em termos domésticos.
LIZBETH franze a testa.
BILL
Então, quero lhe pedir, Lizbeth Bennet, para se casar comigo.
LIZBETH vira de repente para encará-lo, deixando cair um prato na pia, que faz barulho e quebra.
(A expressão no rosto do Alfonso é tão reservada que tenho dificuldade para me manter na personagem — Bill Collins deveria ser um alívio cômico. Alfonso parece... com raiva.)
LIZBETH
(sem acreditar)
Mas. Mas. Eu estou no ensino médio.
(Estou determinada a grudar a expressão incrédula no rosto. Tento me concentrar em seus óculos ridículos, no cabelo lambido idiota, e nada. Nada funciona.)
BILL
O noivado só vai ser oficial depois que você fizer dezoito anos, mas isso não nos impede de planejar.
(Ele parece persuasivo demais para ser o Bill Collins bobão; até seu chiado nasal desapareceu. Richter vai perceber; todo mundo vai perceber. De repente, fico pálida.)
LIZBETH
(chocada)
Você está louco?
BILL
(rindo despreocupado)
As garotas adoram provocar. É quase impossível um cara saber em que pé está!
(E estou ficando vermelha de novo...)
LIZBETH
(horrorizada)
Eu não estou te provocando. Se fiz alguma coisa para fazer você pensar que estou interessada, bom, sinto muito. Minha resposta continua sendo não.
BILL
Você não precisa se preocupar com as alianças, falando nisso. Ainda não comprei porque queria que você pudesse
escolher.
LIZBETH
Você nem me conhecia um mês atrás. Você não pode ter vindo até aqui com a intenção de se apaixonar por alguém que
nem conhece!
(Minha voz falha e eu não consigo impedir o meu lábio de tremer. Droga.)
BILL
É verdade, eu não te conhecia, mas tinha toda intenção de compensar a má administração do meu pai na Bennet Inc. saindo
com você — legitimamente, é claro. Eu sabia que você era bonita. E tinha certeza que ia sentir uma conexão. Como de fato
senti.
(Alfonso está me encarando, e tenho dificuldade para lembrar as minhas falas.)
LIZBETH
(jogando água com sabão na pia)
Isso é maluquice. Não vou me casar com ninguém, e muito menos com você.
— Corta — diz Richter, e percebo que ele não gostou nada. Ele olha para o Alfonso e para mim, com a mão sobre a boca, como se quisesse garantir que não ia falar nada até saber exatamente o que dizer. — Todo mundo, menos Anahi e Alfonso, cinco minutos de pausa. — Merda. — Pensando bem, dez minutos. — Ai, merda.
Nosso diretor talentoso apoia o quadril na mesa e cruza os braços, analisando nós dois. Imagino que essa deve ser a sensação de ser chamado à sala do diretor por brigar ou conversar em sala de aula. Alfonso e eu olhamos para todos os lugares, menos para Richter ou um para o outro.
— Então, Alfonso... — começa o diretor. — Você entende que o seu personagem é um cara bobo e fútil?
Alfonso faz que sim com a cabeça, cruzando os braços também. Reação de defesa, como qualquer ator sabe.
— Então que negócio é esse de encarar com ressentimento? Você estava ótimo interpretando esse cara tolo e superficial. E agora ele está encarando a Lizbeth como se estivesse decidindo se chuta uma cadeira longe ou joga a garota nas costas e volta para a caverna.
Estou vermelha de novo — joga a garota nas costas —, e Alfonso fica em silêncio por um minuto inteiro.
— Eu sei. Desculpa — responde ele, com os braços relaxando, uma das mãos agarrando o balcão enquanto a outra passa pelo cabelo, parando quando ele percebe que está usando gel. — Se você puder me dar alguns minutos, vou mergulhar no personagem. Estou meio desligado hoje.
— Tudo bem. Dez minutos. Se prepara para regravar, mas me avise se precisar de mais tempo.
Alfonso faz um sinal de positivo com a cabeça e sai da sala sem olhar para mim.
— Está tudo bem entre vocês dois? — pergunta o Richter quando ele sai.
— Sim. — O que mais eu posso dizer?
— Bom. Acho que você estava reagindo ao Alfonso na última tomada. Lembre-se que a Lizbeth não está com raiva. Ela está chocada e incrédula.
— Eu sei. Vou acertar na próxima tomada. Desculpa.
— Tire alguns minutos, depois a gente faz a segunda tomada.
Gravamos a cena de novo, e o Alfonso entra completamente no personagem. Fazemos várias cenas parciais e algumas tomadas menores. Richter não estava errado; eu devia ter sido profissional o suficiente para me manter no personagem, e não posso culpar totalmente o Alfonso.
— Perfeito — diz o diretor. — Vamos dar uma pausa e voltamos para gravar a próxima parte com a família Bennet. — Alfonso sai pela porta da frente digitando no celular.
A última cena antes do almoço, que não inclui o Alfonso, ocorre sem problemas. Quando terminamos, eu me viro e vejo que ele está encostado na moldura de uma porta, me observando. Nossos olhares se prendem brevemente antes de a assistente de produção chamar a atenção dele. Não sei se aquele beijo significou alguma coisa para ele ou se foi um impulso do qual elense arrependeu. Não sei se estou interrompendo alguma coisa entre ele e a Belinda que não tem nada a ver comigo. Ele viu as fotos de mim e do Christopher, ou pelo menos sabe delas, e eu odeio o fato de ele estar com raiva, ou magoado, ou enojado. Odeio ofato de não estarmos nos falando.
Pego um sanduíche de peru, uma Diet Coke e as falas da tarde e vou para o pátio coberto nos fundos. O clima está quente, mas na sombra está suportavelmente morno. Quando a porta se abre atrás de mim, espero que não seja ninguém da maquiagem, já que eles vão ter que retocar tudo que ficar brilhoso, o que é inevitável, pois estou me escondendo no calor.
— Oi, Anahi — diz o Alfonso, contornando o banco acolchoado em que estou sentada e sentando à minha frente. Ele coloca uma garrafa de água na mesa baixa e enfia a mão no bolso para pegar o maço de cigarros e o isqueiro.
— Oi.
— Vou começar a usar os adesivos amanhã, assim que terminarmos de filmar — diz ele, pegando um cigarro no maço quase vazio e acendendo. Ele dá um trago, guarda o maço e o isqueiro, se recosta e exala a fumaça sobre a nossa cabeça.
— Você já comprou os adesivos? — Ouvir a voz dele me deixa feliz. Só de saber que ele não me odeia já é um alívio.
— Comprei. Quando estava em Nova York. — Ele não elabora, dá outro trago no cigarro e olha para o pátio seco.
— Correu tudo bem... com a sua viagem para Nova York? Alguém disse que você teve uma emergência de família.
— Ah. Sim, está tudo certo — responde ele, voltando a se calar.
— Tá. Tudo bem. Que bom. — Olho para o papel na minha mão, sem saber o que dizer, agora que ele está aqui. Mas eu tinha esquecido como o Alfonso lida com silêncios. Ele fica confortável com eles, e nunca se sente compelido a preenchê-los, a menos que tenha algo a dizer.
Ele termina o cigarro e acende outro antes de falar.
— Me desculpa por hoje, por fazer você levar bronca comigo. Eu estava muito desligado, por algum motivo. — Seus olhos são sinceros, e a crítica que havia neles mais cedo se dissolveu, desapareceu.
— Tudo bem. Eu também estava desligada.
— Bom, eu queria pedir desculpas. Atores tendem a competir uns com os outros em cena, e eu realmente errei na primeira vez. — Ele começa a passar a mão no cabelo e para de repente, abaixando a mão e dando um trago longo, como se sua necessidade de nicotina soubesse que ele e os cigarros estão prestes a seguir caminhos diferentes e quisesse fazer um estoque. Não consigo evitar de sorrir para ele.
— Essa coisa no seu cabelo está te deixando louco, né?
Ele abre um sorriso.
— Cara, você nem imagina. Eu não tinha ideia de quanto tocava no cabelo até, de repente, não poder fazer isso. Esse negócio parece cola.
Como o último pedaço do sanduíche e termino a Diet Coke enquanto ele fuma. Fico remexendo na embalagem, depois a amasso e a equilibro sobre a lata vazia.
— Você foi correr enquanto eu estava fora?
Levanto o olhar para ele.
— Pulei um dia, mas corri hoje.
— Vai amanhã?
— Estava planejando ir.
— Posso ir com você? Não fiz nem um abdominal desde que corremos pela última vez.
— Claro.
A assistente de produção enfia a cabeça pela porta.
— Cinco minutos, Anahi.
* * *
No fim da gravação, Alfonso sai do set sem falar com ninguém além do Richter. Quero conversar com ele de novo, mas me sinto tão culpada por ter beijado o Christopher que perco a coragem todas as vezes que tento começar a falar. E aí eu penso na Belinda e não estou certa se tenho algum motivo para me sentir culpada.
Mais tarde, recebo uma mensagem do Christopher :
Ei, estava pensando em vc e quis falar oi.
Oi tb. Está se divertindo? Usando filtro solar?
Sim e sim. Mas, depois de tantas horas no sol, devo voltar no sábado meio vermelho de
qualquer maneira.
Haha. Te vejo na volta.
Espero que sim ;)
Autor(a): wermelinnger
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 22
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ponnyyvida Postado em 06/04/2020 - 02:10:09
Aí mds, eu não aguento esse meu casal (ponny) *_* Tomara que apareça logo a Dul, pra fazer o Christopher largar do pé da Anyzinha e deixar ela todinha pro Alfonso *_* Continuaaaaa <3
wermelinnger Postado em 07/04/2020 - 08:24:05
Hummm muita coisa para acontecer ainda hahaha
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ponnyyvida Postado em 01/04/2020 - 10:06:33
O Christopher não muda mesmo, continua sendo um garanhão kkkkk Continuaaa
wermelinnger Postado em 01/04/2020 - 12:32:55
Aí ele é terrível! Continuado ...
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ponnyyvida Postado em 27/03/2020 - 22:55:54
Amo essa fanfic <3 Posta maiss
wermelinnger Postado em 28/03/2020 - 07:42:45
Que boom! Vou postar
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ponnyyvida Postado em 27/03/2020 - 22:55:23
Aí, você tá sumidinha :(
wermelinnger Postado em 28/03/2020 - 07:42:32
Oiii to mesmo :( Mas vou tentar aparecer mais prometo
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ponnyyvida Postado em 05/03/2020 - 21:55:20
Aaaaa continua <3
wermelinnger Postado em 27/03/2020 - 16:12:26
continuando
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ponnyyvida Postado em 01/03/2020 - 01:07:12
Aí rolou beijo ponny *_* *_* perfeitosss <3 O Christopher vai ter que correr atrás do preju se quiser conquistar a Any hihihi Continuaa <3
wermelinnger Postado em 01/03/2020 - 19:22:10
Rolooou eles são fofos né? Vamos ver o que vai acontecer nesse show
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ponnyyvida Postado em 29/02/2020 - 17:12:10
Aaaa quero só ver oq vai dar esse show ;) Continuaaaa
wermelinnger Postado em 01/03/2020 - 07:43:00
Aiii vai acontecer algumas coisinhas nesse show :X
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ponnyyvida Postado em 21/02/2020 - 18:37:44
Tadinha da Any, essa madrasta dela é péssima :/ Posta maisss
wermelinnger Postado em 28/02/2020 - 23:42:29
Vergonha alheia com essa madrasta
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ponnyyvida Postado em 21/02/2020 - 15:16:44
Aaaa estou amando a história *_* Continuaaa <3
wermelinnger Postado em 21/02/2020 - 17:18:44
Aiii que bom que está gostando *-*
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bola Postado em 19/02/2020 - 11:33:47
Estou adorando a história + confesso que quero que a Dul entre logo heheh
wermelinnger Postado em 19/02/2020 - 12:57:20
Hahaha ainda vai demorar um pouquinho... mas vai valer a pena a espera