Fanfic: Entrelinhas - Anahí e Alfonso | Tema: vondy e Ponny
Estamos a meio caminho da clínica de reabilitação, e nenhum de nós disse uma palavra. Quando saímos de Los Angeles, o nevoeiro que cobre a cidade quase trezentos e sessenta e cinco dias por ano diminui. O céu azul-claro parece pintado sobre a paisagem; as únicas nuvens são espirais de fumaça ao longe.
Não tenho ideia do que esperar da sessão de terapia nem da minha mãe. Não acredito no processo. Por que deveria? Ele fracassou várias vezes. Ela luta para se manter sóbria enquanto eu luto para evitar isso.
Não é exatamente verdade. Apesar de ser verdade que eu forço os limites sempre que possível, sei me controlar quando preciso. Eu gosto de ficar chapado de vez em quando, claro. Sou jovem. É divertido. Por que não? Não estou usando o álcool para “entorpecer a dor” ou qualquer outra merda idiota dessas. Não bebo quando estou trabalhando. Os terapeutas da minha mãe diriam que estou em negação. Que estou inventando desculpas. Eu diria que estou explicando. Eles diriam que há uma diferença entre explicações e desculpas, e que estou fazendo uma coisa e chamando de outra. E aí eu diria que não dou a mínima para o nome. E esse seria o fim.
John me manda uma mensagem dizendo que tem uma festa hoje à noite a que a gente precisa ir. Quer saber se eu quero dormir no apartamento dele perto do campus. Ele começa a faculdade na terça, não que esteja preocupado com isso. Duvido que ele sequer saiba qual é o cronograma de aulas — o pai dele exigiu que ele se inscrevesse numa faculdade de finanças.
Não consigo imaginar como isso vai acabar, mas vai ser explosivo. John está andando no limite perigoso de fingir seguir os passos do pai. Estou feliz porque pelo menos não preciso fazer isso. Tenho meu próprio caminho e, apesar de o meu pai não entender, parece apoiar. No mínimo, ele nunca tentou me moldar para ser uma versão mais jovem dele: Mark Uckermann, advogado brilhante e respeitável.
Duvido que ele pense que eu seria capaz de ser igual a ele, não que eu possa argumentar sobre isso e não que um dia eu quisesse ser.
* * *
Quando chegamos, meu pai atravessa o saguão e eu o sigo, sem tirar os óculos escuros, até passar pela área da recepção e por todo mundo que está ali. A mulher atrás do balcão o reconhece e imediatamente olha para mim, piscando rápido apesar de sua expressão continuar neutra, confirmando que ela sabe quem eu sou por associação. Eu me pergunto se minha fama dificulta a estadia da minha mãe aqui, onde todo mundo sabe ou virá a saber que ela é a mãe de Christopher Alexander. Ela não consegue permanecer anônima, assim como eu. Mas pelo menos a minha notoriedade foi/é escolha minha.
O lugar é elegante, o que não me surpreende, e a minha mãe parece frágil como sempre, o que também não me surpreende.
Só temos permissão de encontrá-la no consultório da terapeuta nesta visita e, sinceramente, espero que seja a única vez que eu precise estar aqui.
Há dois sofás — um deles parece uma namoradeira — e duas poltronas ao redor de uma mesa baixa. A terapeuta, dra. Weems, senta numa das poltronas, cruzando as pernas e abrindo o arquivo no colo, sem nos dizer onde devemos sentar.
Imagino que seja um teste, mas não sei qual arrumação ela aceitaria como positiva, ou se ela percebe que eu sei que ela está analisando cada um de nós e a forma como nos relacionamos com base em nossa escolha. Quando esses pensamentos chegam até o meu cérebro, meu pai já está sentado no meio do sofá comprido, e minha mãe ao lado dele. Eu me jogo no meio da namoradeira, porque essa escolha não exige nada além de sentar exatamente onde estou. A dra. Weems está escrevendo, já encontrando as minhas falhas, ou talvez esteja desenhando gatos engraçados enquanto nos espera brincar de dança das cadeiras.
— Mark, Christopher, eu sou a dra. Weems. Podem me chamar de Marcie. É um prazer conhecer vocês. — Ela dá aquele sorriso calculado de terapeuta, aquele que não chega até os olhos, enquanto meu pai a cumprimenta com educação e se levanta para apertar a mão dela. Quando ela vira para mim, estou inclinado para frente, com os cotovelos apoiados nos joelhos, pronto para sair correndo na primeira oportunidade. Levanto o queixo uma vez, cumprimentando-a. Isso é o máximo que eu vou fazer, e minha visão periférica do olhar furioso do meu pai não vai mudar isso.
Ela não se abala. Duvido que adolescentes babacas sejam novidade para ela.
— Fizemos alguns progressos realmente sólidos nas últimas duas semanas. — O salto do sapato de Marcie fica um pouco distante de seu pé, como se ela estivesse brincando de se vestir de adulta e usando os sapatos da mãe. — Estou feliz porque vocês puderam se juntar a nós para ver com seus próprios olhos que seu ente querido está bem, e assim podemos fazer um trabalho como unidade familiar.
Nosso “ente querido” está sentado bem ali, mencionado na terceira pessoa com um termo genérico em vez do próprio nome. Admito que tenho problemas com terapeutas em geral. Acho que eles são um grupo pretensioso de pessoas que acreditam que conhecem seus segredos mais profundos a partir da linguagem corporal e do que te fazem falar. Marcie é tudo
isso, mais os atributos do seu professor menos querido e mais preconceituoso.
Observo minha mãe, o modo como seus dedos apresentam um leve tremor, quase imperceptível, sempre que ela precisa falar. Quando ela levanta o olhar, tento captar seus olhos — azul-escuros, idênticos aos meus —, me perguntando se ela quer que alguém simplesmente pegue a sua mão e a leve daqui. Mas não, ela está determinada a enfrentar seus demônios. Ela travao maxilar, franze a testa para o arranjo de flores no centro da mesa ou para a pilha de revistas nos dois lados. E depois força avoz a sair e responde às perguntas investigativas de Marcie e aos questionamentos cuidadosos do meu pai.
Marcie estreita os olhos para mim algumas vezes durante a sessão de uma hora. Não vou dizer nada a não ser que meperguntem diretamente e, mesmo assim, não serei simpático. O que eu não digo: não quero estar aqui, não quero contribuir e não entendo por que tenho que fazer isso, já que não sou eu que estou na reabilitação. Quando a sessão termina, sinto como se tivesse sido libertado da prisão.
Minha mãe se despede de mim com um abraço e meus braços deslizam ao seu redor, então percebo que ela está ainda menor que de costume.
— Obrigada por vir — diz ela no meu ombro. — Me desculpa. Eu te amo.
Fecho os olhos. Fala, fala, fala.
— Eu também. — Não é bom o suficiente, mas é melhor que nada. Ela me aperta mais uma vez antes de me soltar. Então vai para os braços do meu pai e eu viro para a janela. Ele é o pior tipo de hipócrita, fingindo esse nível de preocupação agora, depois de ela passar anos voando atrás dele como uma pipa, simplesmente tentando se manter no alto.
Autor(a): wermelinnger
Este autor(a) escreve mais 6 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
— Onde estão os pôsteres do Christopher? — Estou deitada na cama da Maite, com o Hector enroscado na minha barriga, ronronando mais que o normal. Faço carinho em suas costas macias e coço atrás da orelha. Maite fecha a porta do quarto, onde dois pôsteres do Christopher, lindo e sexy, estão grudados com fita dupl ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 22
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
ponnyyvida Postado em 06/04/2020 - 02:10:09
Aí mds, eu não aguento esse meu casal (ponny) *_* Tomara que apareça logo a Dul, pra fazer o Christopher largar do pé da Anyzinha e deixar ela todinha pro Alfonso *_* Continuaaaaa <3
wermelinnger Postado em 07/04/2020 - 08:24:05
Hummm muita coisa para acontecer ainda hahaha
-
ponnyyvida Postado em 01/04/2020 - 10:06:33
O Christopher não muda mesmo, continua sendo um garanhão kkkkk Continuaaa
wermelinnger Postado em 01/04/2020 - 12:32:55
Aí ele é terrível! Continuado ...
-
ponnyyvida Postado em 27/03/2020 - 22:55:54
Amo essa fanfic <3 Posta maiss
wermelinnger Postado em 28/03/2020 - 07:42:45
Que boom! Vou postar
-
ponnyyvida Postado em 27/03/2020 - 22:55:23
Aí, você tá sumidinha :(
wermelinnger Postado em 28/03/2020 - 07:42:32
Oiii to mesmo :( Mas vou tentar aparecer mais prometo
-
ponnyyvida Postado em 05/03/2020 - 21:55:20
Aaaaa continua <3
wermelinnger Postado em 27/03/2020 - 16:12:26
continuando
-
ponnyyvida Postado em 01/03/2020 - 01:07:12
Aí rolou beijo ponny *_* *_* perfeitosss <3 O Christopher vai ter que correr atrás do preju se quiser conquistar a Any hihihi Continuaa <3
wermelinnger Postado em 01/03/2020 - 19:22:10
Rolooou eles são fofos né? Vamos ver o que vai acontecer nesse show
-
ponnyyvida Postado em 29/02/2020 - 17:12:10
Aaaa quero só ver oq vai dar esse show ;) Continuaaaa
wermelinnger Postado em 01/03/2020 - 07:43:00
Aiii vai acontecer algumas coisinhas nesse show :X
-
ponnyyvida Postado em 21/02/2020 - 18:37:44
Tadinha da Any, essa madrasta dela é péssima :/ Posta maisss
wermelinnger Postado em 28/02/2020 - 23:42:29
Vergonha alheia com essa madrasta
-
ponnyyvida Postado em 21/02/2020 - 15:16:44
Aaaa estou amando a história *_* Continuaaa <3
wermelinnger Postado em 21/02/2020 - 17:18:44
Aiii que bom que está gostando *-*
-
bola Postado em 19/02/2020 - 11:33:47
Estou adorando a história + confesso que quero que a Dul entre logo heheh
wermelinnger Postado em 19/02/2020 - 12:57:20
Hahaha ainda vai demorar um pouquinho... mas vai valer a pena a espera