Anahi POV
Repassei todos os relatórios aquela manhã. E nem um sinal de Dulce. Aquilo já estava realmente me incomodando. Eu vi o quão chateada ela ficou comigo na noite anterior, mas eu simplesmente não poderia fazer diferente. Estar brigada com ela era decretar meu dia como uma verdadeira droga. O clima ficava pesado, o tempo passava lentamente. E nada parecia ter graça. O que mais me incomodava é o fato de ela não ter aparecido até o momento, pois vê-la andando de um lado para o outro mesmo com seu mau humor evidente, me reconfortava por saber que ela estava ali, mesmo brava.
- Deus, você está com uma cara péssima. – May falou fazendo um carinho em meu braço.
Eu suspirei pesado, e encarei a morena que estava sentada ao meu lado.
- Isso porque Dulce não deu as caras hoje. – Mel falou enquanto cortava seu filé no pequeno prato.
Já era hora do almoço, estávamos reunidas no bistrô que sempre almoçávamos. De lá poderia ser ver o enorme prédio da Savinon Industry a nossa frente.
- Ela realmente está muito brava, não é?
- Ela provavelmente não quer nem olhar para minha cara, só isso explica não ter aparecido até agora. – Falei tristonha.
- Não fique assim, Náh. Logo vocês vão estar bem. – Sel falou de forma serena, e eu apenas abaixei a cabeça sobre a mesa.
- Não sei, você precisava ter ouvido a voz dela Sel, pura irritação.
- Nada que você não consiga resolver com uns carinhos. – A menor falou com um sorriso.
- Ou uma boa noite de sexo selvagem! – Exclamou Mel.
- Santo Deus, vou mandar benzer você Melany, e afastar o espírito sexual que te ronda.
Selena falou extremamente seria o que me fez rir. Aquelas duas sempre estavam nesse embate do divino e carnal. Dariam uma boa comedia.
- Meninas! Estamos em publico.
- Não sou eu, Náh. É Melany que não sossega.
- Alfredo dá conta de tudo isso? – May falou rindo.
- Ele dá sim viu. Acho que encontrei o cara certo. – A maior falou calmamente, suspirando ao fim.
Fizemos praticamente um coro com um extenso "Awnn"
- Vocês fazem um casal lindo! – Sel falou.
- Eu concordo viu.
- Ai meninas, preciso de um namorado. Não posso ser a única solteira do grupo. – May falou enquanto negava com a cabeça de forma tediosa.
- Logo Náh te fará companhia no quesito.
- Melany! – Sel exclamou.
- O que? Se ela não abrir os olhos vai perder a toda poderosa.
Bufei irritada, mas não por Melany falar aquilo e sim por saber que ela estava certa. Fiquei calada, e apenas tomei o restante do suco de laranja em meu copo. O movimento da avenida estava fraco, me perdi vendo duas garotas de mãos dadas com largos sorrisos. Parei para pensar em como seria se eu tivesse conhecido Dulce em minha adolescência. Pelo que eu saiba a mesma amava uma festa e eu? Eu sempre fui quieta demais. Típico não é mesmo? Nossos retratos não faziam jus a quem éramos hoje em dia.
- Veja quem chegou Náh! – May sussurrou para mim.
Estreitei os olhos vendo o carro de Dulce passar pela portaria do enorme prédio.
Um "Finalmente" saiu pela minha boca sem nem sequer eu notar. Me levantei rapidamente, tirando da carteira alguns dólares para pagar minha parte da conta.
- Jesus, calma. Ela não vai fugir! – May falou risonha.
- Eu que não sei disso. – Mel entrou na brincadeira.
Dei de ombros e bufei.
- Me deixem ok? Vou falar com Dulce. Nos vemos daqui a pouco meninas.
- Boa Sorte Náh. – Sel então disse.
Sai rapidamente do bistrô vendo minhas melhores amigas ficarem para trás em uma conversa entretida. No momento eu não estava muito animada, afinal estar brigada com Dulce nunca era bom. Suspirei pesado e franzi o cenho com o sol forte que fazia aquela manhã. A avenida estava movimentada, parei na calçada procurando uma brecha para atravessar em direção a Savinon Industry. E logo tive, corri para o outro lado e passei na portaria dando apenas um aceno ao segurança da entrada.
- Bom Dia Sra. Portilla. – Alfred falou com um sorriso.
Sorri fraco e me aproximei do senhor que limpava o carro de Dulce.
- Ela está lá em cima?
- Sim senhora, subiu ainda pouco. Devo recomendar que tenha paciência. Ela não me parece em um dia bom.
"Foi o que imaginei" Dei de ombros, e agradeci ao senhor que apenas sorriu. Caminhei em passos largos até o elevador que me levaria até a enorme fera chamada Dulce María. Confesso que eu estava um tanto temerosa. Minha cabeça estava tão repleta de problemas que estava começando a ter uma espécie de crise de ansiedade. Uma inquietação seguidas de pensamentos em excesso não era uma coisa nada boa. Movi minha cabeça de um lado para o outro tentando relaxar, quando o bipe do elevador soou.
O som de meus saltos no chão ecoavam naquele lugar. Afinal, todos ainda estavam em horário de descanso. E Dulce tinha seu próprio andar no prédio. Respirei fundo antes de bater na enorme porta de madeira quando a mesma se abriu.
- Uwo! Náh! – Angel falou sorrindo.
Sorri fraco e recuei um passo.
- Entra ai! – Abriu espaço e eu entrei na sala.
Meus olhos rapidamente buscaram por Dulce, e a encontraram. A mesma estava sentada em sua cadeira presidencial com uma expressão bem seria. Ficamos todas em silêncios quando Angel se pronunciou.
- Vou deixar vocês sozinhas.
Dulce apenas assentiu. Angel caminhou até a saída.
- Pensei que não viria hoje. – Sussurrei.
- Só estava resolvendo alguns problemas com Angel hoje cedo, me desculpe não ter avisado.
- Não, tudo bem. – Dei de ombros e me aproximei. – Você está precisando de alguma coisa?
Dulce ficou alguns segundos calada e depois me fitou.
- Sim! Marque uma reunião com a Srta. Issartel.
Eu arregalei os olhos sentindo meu coração acelerar.
- Co-como? – Pisquei mais vezes do que o necessário.
- Isso mesmo que você ouviu. Quero fechar um acordo com a Issartel, e preciso que ela venha aqui. Algum problema?
- Dulce, você a odeia. Como quer fechar um acordo com ela?
Ela levantou de sua cadeira com um sorriso irônico, quase debochado. Caminhou em passos lentos até a vidraça de sua sala, seus olhos se mantiveram atentos ao movimento de carros lá embaixo. Parecia calma demais, enquanto eu estava prestes a explodir em nervoso.
- Negócios Srta. Portilla. Não temos escolha, ou temos?
- Você sempre tem escolha.
- Sim, eu sempre tenho. Mas quero fazer desse jeito. Então agilize isso para mim por favor. Não quero ter que esperar a boa vontade daquela mulher.
Eu fiquei parada, estática fitando Lauren que ainda permanecia distraída com a cidade. Minha respiração estava se alterando gradativamente, eu sentia um maldito frio na barriga e minhas mãos começaram a suar. A idéia de ter Keana e Dulce no mesmo lugar era catastrófica. Não poderia se esperar nada de bom dessa tal reunião.
- Anahí? – ela chamou.
- Sim? – Falei um tanto perdida.
- O que está esperando?
- E-eu já vou.
Dulce respirou fundo e se aproximou de mim. Parando a poucos centímetros do meu corpo. Eu nada falei, fiquei apenas parada olhando em seus olhos tão misteriosos. Eles tinham uma coloração mais escura, e mesmo assim ainda estavam lindos. Ela alternou o foco de meus olhos para minha boca, enquanto uma de suas mãos fizeram um carinho leve em meus rosto, eu quase agradeci por aquilo.
- Ainda estou chateada com você, por ontem. – sussurrou.
Eu suspirei pesado, dando de ombros.
- Eu sei, e sinto muito Dul. – Minha voz saiu baixinha.
Eu podia sentir ela me analisar lentamente.
- Vamos conversar sobre isso mais tarde.
Eu assenti.
- Agora vem aqui, me dê um beijo.
Ela falou abrindo um pequeno sorriso, enquanto suas duas mãos me puxavam pela cintura devagar, obrigando meu corpo a colidir contra o seu lentamente. Eu sorri devagar, até a sentir selar seus lábios nos meus. Eram tão macios e delicados, que minha única vontade era nunca mais parar. No inicio foi apenas aquele contato, nossos lábios degustando um do outro sem pressa. Mas como sempre, tudo no final ficava intenso. Dulce subiu uma das mãos que estavam em minha cintura, até minha nuca, deixando que a ponta de seus dedos fizessem um carinho leve naquela região. Sua língua de forma habilidosa contornou meu lábio inferior, pedindo passagem para entrar, e no mesmo instante dei. Dulce resfolegou assim que chupei a sua língua devagar, enquanto a mão que estava repousada em minha cintura se fechou em um aperto gostoso.
- É melhor eu ir marcar a reunião. – Falei sorrindo, logo ao soltar seus lábios.
Dulce mordeu os lábios e sorriu, com a respiração um tanto descompassada.
- Tudo bem, Náh.
Eu dei impulso para sair, mas a mulher novamente me puxou selando nossos lábios. Dessa vez foi mais rápido, nos soltamos rapidamente quando Angel entrou na sala.
- Já estão de namorinho outra vez. Graças a Deus. – Resmungou enquanto sentada no sofá do fundo da sala.
Dulce e eu soltamos uma risada.
- Serio, essa mulher quando está brigada com você é insuportável. Mau humor nível máster.
- Você é uma péssima amiga, eu já disse?
- Eu que sei Angel. Agora meninas, se me dão licença. – Falei me retirando da sala.
Apesar do clima com Dulce ter amenizado um pouco, não o suficiente porque a mesma deixou bem claro que queria conversar mais em outra hora. Eu permanecia nervosa, aquela maldita reunião não teria uma hora menos agradável para acontecer.
[...]
Andei de um lado para o outro naquele prédio. Talvez eu já tivesse olhado na portaria umas quinze vezes e nem um sinal de Keana. Dulce estava em sua sala em uma conversa entretida com Angel, assunto no qual era totalmente desconhecido para mim. Os problemas em minha cabeça impediam de aguçar até minha curiosidade.
- Você vai furar o chão. – Ouvi Mel falar em uma risada.
Olhei para ela de forma agoniada, e ela então se aproximou.
- O que está havendo?
- Dulce simplesmente marcou uma reunião com a Keana.
- Você tá muito fodida. – falou cada palavra pausadamente apenas para intensificar o quão ferrada eu estava com aquela situação.
- Nossa, muito obrigada. Eu nem sabia disso. – Debochei de mau humor.
- Meu Deus, não venha com grosserias.
Eu bufei e caminhei de um lado para o outro.
- Desculpe Mel, eu só estou nervosa.
- Eu sei, mas se acalme.
- Não tem como me acalmar. Essas duas juntas, é uma catástrofe.
- Então é bom estar preparada. A Issartel acabou de chegar.
Eu virei em direção à portaria quando o carro branco importado parou na entrada. Um de nossos seguranças rapidamente caminhou até o veiculo abrindo a porta do carro, por onde Keana desceu, ao seu lado havia uma moça muito elegante de aparência jovial e bela. Assim que a mulher me avistou abriu um largo sorriso, o que me deixou bem mais nervosa.
- Confesso que estou muito surpresa com esse convite. – Keana falou com um sorriso triunfante. – Anahí, essa é Lucy. – A mulher falou apresentando a moça ao seu lado.
- Então você é a tão famosa Anahí. – Disse de forma simpática.
- Famosa? Queria não ser. Eu garanto. Mas muito prazer, Lucy. Essa aqui é minha melhor amiga, Melany.
- Famosa até demais.
- Muito prazer.
As três se falaram rapidamente, até caminharmos em direção ao elevador que nos levaria ao andar principal.
- Keana..- Sussurrei.
- Sim?
- Por favor, não faça nada que vá estragar tudo. É só que estou pedindo.
Seus olhos me fitaram atentos, analisando provavelmente minha expressão quase desesperada.
- Estou aqui para negócios Anniezinha.
Foram suas palavras quando o bipe do elevador me assustou. As portas de metal se abriram rapidamente. Keana não demorou para caminhar até a sala de reunião, onde Dulce já estava esperando. Eu poderia ouvir tudo ao meu redor, a pressão que tomava conta de meu corpo era simplesmente avassaladora. O nervosismo fez minha boca secar, e minhas mãos soarem. Assumi a frente e caminhei, parando em frente a porta da sala de reunião. Respirei fundo, soltando uma lufada de ar quando senti a mão de Keana em minha cintura.
- Pronta?
Eu nada falei, abri a porta e entrei.
- Finalmente, pensei que ia me fazer esperar a tarde toda. – Dulce falou virando em sua cadeira, localizada na cabeceira da mesa enorme.
Fiz um esforcinho pra me adiantar. Sabe que tenho muitos compromissos não é Savinon
Dulce sorriu debochado, e então se levantou. Caminhando graciosamente em nossa direção. Eu podia jurar que seus olhos estavam negros, de tão escuros, sua mandíbula estava trincada. Destacando firmemente suas linhas de expressão.
- Sei bem quais são.
- Boa Tarde para você também. – Keana estendeu a mão para ela.
Dulce franziu o cenho, e respirou fundo. Eu estava praticamente no meio de ambas as mulheres que se encaravam. Keana permaneceu com a mão estendida quando Dulce apertou firme.
- Boa Tarde Srta. Issartel.
- Meu Deus do céu, essa tensão aqui dentro está me dando vontade de beber. – Angel falou calmamente caminhando em direção a pequena bancada.
- Angelique? – A acompanhante de Keana falou.
Fazendo Angel virar em sua direção com uma cara espantada.
- Meu Deus, Lucy.
Angelique POV
Eu bufei irritada pela decima vez em menos de dez minutos, enquanto andava de um lado para o outro sem parar.
- Jesus, você pode parar de falar um pouco mulher?
Exclamei para Lucy que não ficava por um segundo quieta.
- Não, por culpa sua fomos expulsas da reunião.
- Só minha? Tem certeza?
- Obvio!
- Você se passa demais. – Falei virando de costa.
- O que quer dizer com isso?
- Quero dizer que você também tem culpa. Devíamos estar lá dentro. Tem noção do caos que pode acontecer ali?
- Só tenho noção do caos que está isso aqui.
A morena falou irritada, sentando no sofá da sala de Dulce. Lucy e eu começamos uma breve discussão de boas vindas dentro da sala de reunião, o que nos rendeu alguns olhares repreensivos de Keana e Dulce. As duas resolveram que seria melhor nós conversamos ou discutirmos em outro lugar. E agora eu estava aqui dentro da sala de Dulce, olhando para a mulher que eu não via há anos. Confesso que encontrá-la assim foi uma grande surpresa. Lucy estava bem diferente agora. Sua postura de mulher decidida e poderosa a deixava ainda mais bela. Os anos também deram o que ela não precisava. Beleza. Desde muito nova a morena foi dona de uma beleza incrível, o que com toda certeza foi um dos pontos importantes para eu me apaixonar.
Você deve estar pensando que seria muito improvável Angelique Boyer se apaixonar, não é mesmo? Eu não discordo disso, mas como Dulce. Eu também tinha meu ponto fraco, e ela se chama Lucia Hale.
Desde a época do colegial, ela foi a única garota que virou meu mundo do avesso. Eu sempre fui fogosa demais, corria atrás do primeiro rabo de saia que aparecesse. Até beijar Lucy.
" – Você vive pra correr atrás dessas garotas! – Lucy falou enquanto caminhava pela estrada de areia.
- Não é verdade, só as mais bonitas.
Falei andando atrás dela. Estávamos a caminho da casa de Dulce, onde estava acontecendo a maior festa daquele semestre. No inicio a ideia era de irmos de carro, mas para o nosso azar o mesmo deu prego no meio do caminho. O que rendeu a irritação da morena que caminhava a minha frente. Por algum motivo desconhecido ela já estava com um humor negro aquela manhã. O que eu considerava normal, Lucy tinha sempre esses repentes.
- Você acha todas as garotas da nossa sala bonitas, Angel?
- Ai, essa doeu. Eu não peguei todas, a metade talvez.
Lucy me encarou com uma expressão seria.
- Ok! Peguei 99 %.
- 99? Você pegou até a Dulce, consideramos 100.
- Dulce não vale, trocamos um beijo e vimos que aquilo não era para nós. Aquela vadia é minha irmã de coração. – Disse chutando a pedrinha na frente com a ponta de meu all star.
- Então, porque 99? – Perguntou confusa.
Dei alguns passos apressados e parei de frente para ela, impedindo que ela continuasse seu caminho. Lucy parou abruptamente, e me fitou confusa. Levando uma das mãos para retirar as mechas de seu cabelo no qual a ventania cuidava de bagunçar. Ela estava linda aquele dia, o sol batia em seu rosto deixando seus olhos castanhos claros. E sua expressão um pouquinho fechada.
- Porque eu ainda não peguei você.
Ficamos em silencio por alguns segundos, apenas nos olhando. E pela primeira vez eu pude notar o quão linda Lucy era. Na verdade, eu já havia notado que ela tinha um puta corpo, mas prestado atenção em sua real beleza.
- E nem vai. – Falou desviando de minha direção para continuar a caminhada.
Eu sorri, e novamente corri para sua frente. Fazendo ela bufar.
- O que foi?
- Por que foge de mim?
- Eu não estou fugindo. Só quero chegar logo na casa de Dulce. – Ela novamente tentou desviar.
- Ainda acho que está fugindo.
- Eu não tenho motivos para fugir! – Falou de forma alterada.
- Sempre que falo da gente se pegar você fica assim. O que foi? Tem medo de se apaixonar?
Lucy me encarou por alguns segundos, e soltou uma risada alta. Me deixando confusa, e meio irritada.
- Você bebeu? Nunca que eu iria me apaixonar por você.
- E porque não?
- Porque você não faz meu estilo de garota. É cafajeste demais. – Lucy falou saindo da minha frente para continuar seu caminho.
Eu respirei fundo. Aquilo realmente havia me incomodado. Como assim eu não era o estilo de garota dela? Todo mundo queria me pegar.
- Ainda acho que tem medo de gamar em mim.
- Não tenho.
- Tem sim.
- Não tenho! – Falou brava, parando a minha frente.
Seus olhos castanhos me fuzilavam.
- Então prova.
Lucy semicerrou os olhos e para minha surpresa agarrou em minha nuca, puxando meu rosto contra o seu. Apenas fechei os olhos quando senti seus lábios colidirem contra os meus com força. No começo eu fiquei sem reação, eu não estava acreditando naquilo.
Deus, ela estava...
Me beijando.
Eu acordei pra vida, e agarrei na cintura da morena. Beijando da maneira mais intensa que conseguia. Lucy suspirou pesado, abrindo espaço para que minha língua invadisse sua boca rapidamente. Por Deus, ela tinha o melhor beijo desse mundo."
- Meu Deus! Você ouviu isso? – Lucy perguntou assustada.
- O que? Onde? – Perguntei quase perdida.
- Isso Angel! Dulce esbravejando lá dentro. Será que elas estão brigando?
Eu arregalei os olhos e caminhei até a porta, parece que o tom alterado se acalmou.
- Acho que elas se acalmaram.
- Essa reunião de negocio está mais para vale tudo.
- Nem tente se meter, a briga de Keana e Dulce é algo grande demais. – Falei sentando ao seu lado.
- E acha que eu não sei? Essas duas me dão nos nervos.
Eu fiquei alguns segundos apenas olhando pra Lucy.
- Porque está me olhando assim?
- Por nada. – Disse me levantando. – Você só está diferente.
- Diferente como? Isso é bom ou ruim?
- Você está linda Lucy, mais do que antes.
Acho que ficamos nos encarando por longos minutos até Dulce entrar furiosa em sua sala.
- Eu tento ser paciente, mas essa mulher não colabora! – Esbravejou furiosa.
- Dulce! Se acalme. – Anahí entrou logo em seguida, para depois Keana.
- Eu estou muito calma, Portilla.
- Você que se irrita fácil demais! – Keana disse revirando os olhos.
- Escute bem, você quer ou não fechar o acordo comigo?
Por Deus, se Dulce pudesse com toda certeza estaria pulando no pescoço da mulher a sua frente. Mas tinha certeza que minha melhor amiga estava se controlando demais para não fazer isso. Keana sorriu e se aproximou, ficando a menos de meio metro longe de Dulce. Aquilo estava me dando um certo medo, Dulce parecia furiosa demais. Keana sabia exatamente como provocar a mulher, e o meio mais fácil disso estava a sua frente: Anahí.
- Tudo bem Savinon, fechamos o acordo.
Eu pude ver Anahí suspirar aliviada quando Dulce se afastou.
- Meninas, se acalmem. – Lucy falou serenamente.
- Eu estou super calma. Tem que pegar um suco de maracujá pro vulcão humano ai.
Dulce revirou os olhos assim que Keana terminou de falar.
- Já que fechamos nosso acordo, podemos encerrar essa reunião. Não quero ficar olhando pra sua cara muito tempo.
- Você sempre muito gentil Dulce.
- Faz parte do meu carisma.
- Cuidado pra no final não se dar mal.
- Keana! – Anahí repreendeu.
Joguei um olhar para Lucy que rapidamente entendeu. Levando sua melhor amiga para longe da minha.
Anahi POV
Graças a Deus a reunião teve fim, e todos ficamos vivos. Nunca pensei que um simples acordo fosse tão difícil para ser fechado. Dulce e Keana eram como duas energias radioativas que juntas causavam um estrago. Eu estava caminhando sobre um fio, e teria que ter muito cuidado para não cair.
- Eu não suporto essa Keana, que distancia dela. – falou irritada, enquanto enchia seu copo com uísque.
- Tá bom, agora se acalme. Ela já até foi embora. E levou Lucy junto.
- Mesmo assim! Ainda estou entalada com tudo que ela fala, o ar debochado. Meu Deus.
Eu fiquei calada, apenas fitando aquela situação.
- Esqueça ela Dul!
- Difícil, uma pedra no meu sapato. – falou irritada, e depois me fitou. – Angel, se importa de me deixar um pouquinho a sós com Anahí?
- Não, claro que não. Eu preciso realmente de ar. A volta de Lucy mexeu comigo.
- Eu imagino, vamos conversar muito sobre isso depois.
- Vamos mesmo. Até depois meninas. – Angel falou saindo da sala.
Eu estava perto da vidraça, olhando para o movimento de pessoas lá embaixo. Algo que me tirasse da confusão no qual minha cabeça estava. Até que senti as mãos de Dulce em minha cintura, apertando devagar. Eu suspirei pesado, sentindo meu corpo tenso.
- Está tudo bem, meu amor? – Dulce sussurrou em meu ouvido.
Eu abaixei a cabeça, soltando uma forte lufada de ar.
- Sim, eu só fico um pouco temerosa com essas coisas.
- Que coisas? – Dulce perguntou calmamente, depositando um beijo em meu ombro.
- Com essas suas reações. Você fica alterada demais Dulce.
- Tem medo? – Ela perguntou se afastando.
Eu me virei em sua direção, vendo ela se deslocar até sua mesa, na qual se encostou.
- Não é medo, é só receio.
- Não tem porque ter receio Meu Amor. Estamos bem, não estamos?
Eu assenti.
- Vem aqui. – Pediu com um sorriso fraco.
Eu devagar me aproximei dela, sentindo seu braço me envolver.
- O acordo com a Issartel está fechado, não vou ficar tratando diretamente com ela. Fica tranquila, não será hoje que vou mata-la. – falou rindo.
- Não tem graça.
Ela comprimiu os lábios, forçando para controlar o riso.
- Você acha que sou alguma psicopata Annie?
- Meu Deus Dulce! Claro que não. – Falei tentando me afastar, mas a mulher me puxou com força, fazendo minha costa colidir contra seu corpo. Eu fechei os olhos quando senti os lábios quentes e macios de Dulce em minha nuca.
- Então relaxa. Sei que sou impulsiva. Mas não sou louca.
- Eu nunca pensei isso.
- Mesmo assim, te amo demais para fazer algo ruim, Annie. Eu só odeio essa tal de Keana.
Eu engoli em seco, e suspirei. Tudo dentro de mim estava virado de avesso. Eu sentia medo, nervoso, tesão. Tudo explodindo dentro de mim como fogos de artifícios que queimavam em meu interior.
- Eu sei, mas não liga pra ela.
- Não vou ligar, Annie. – falou, virando meu corpo de frente para o seu.
Ela olhou no fundo dos meus olhos de forma tão intensa que eu pude me sentir fraca.
- Eu só quero que você fique longe dela, você sabe que tenho ciúmes. E nós duas sabemos a fama que ela tem.
- C-claro, tudo bem Dulce.
El abriu um sorriso, e beijou meus lábios calmamente.
- Você é a única coisa que me acalma. – Disse com os lábios próximos aos meus.
- Eu te amo, Dulce. Não se esqueça disso.
Ela me fitou, e depois sorriu.
- Eu também te amo Anahí.
[...]
Caminhei em passos lentos pelo estacionamento da Savinon Industry até meu carro. "Meu carro" Dulce realmente havia ganhado a batalha, e eu aceitado o bendito carro. Neguei com a cabeça ao lembrar, e entrei no veiculo. Essa noite Angel pediu que Dulce saísse com ela, de inicio eu me senti um tanto incomodada, queria ter ela comigo aquela noite. Mas sabia que Boyer precisava de uma amiga para desabafar, depois de toda confusão Dulce me contou que Lucy Hale foi o único amor de Angel, e que sua volta realmente havia mexido com ela. Era engraçado pensar em Angel apaixonada, uma coisa um tanto inédita.
Mas ela tinha grandes motivos é claro, a tal Lucy era uma mulher linda e simpática, me parecia ser muito inteligente e com uma boa influencia. Pelo visto a noite de conversa seria longa, e eu apenas queria colocar a cabeça no travesseiro e dormir. Acalmar o furacão de pensamentos no qual me encontrava. Dirigi devagar pelas ruas de Miami, tentando relaxar antes de chegar em casa. Eu estaria sozinha já que Selena e Melany resolveram sair entre casais. Eu poderia ser uma pessoa normal e sair assim com Dulce, não é mesmo? Mas acho que Deus não quis assim.
- Obrigada ai Deus. – Resmunguei.
Entrei no estacionamento do meu prédio, e logo me encaminhei para o meu apartamento. Uma ducha quente era tudo que eu estava precisando aquela noite. Tirei as chaves da bolsa e destranquei a porta. Logo retirei meus sapatos pisando no chão frio. Jesus, não tinha uma sensação melhor do que essa, ou melhor. Tinha sim.
Joguei minha bolsa sobre o sofá e caminhei em direção ao meu quarto quando o interfone tocou.
- Meu Deus, nem cheguei e já tem visitas. – Exclamei irritada, voltando para sala.
Abri a porta em um solavanco, dando de cara com Taylor.
- Hey Anahi! – Falou ela sorrindo.
Eu encarei a loira sem falar nada.
- Não vai me convidar para entrar?
- Oh! Sim, claro. Entre. - Disse meio confusa, dando espaço para que a mulher entrasse em meu apartamento.
Ela adentrou o comodo calmamente, analisando tudo dentro dele de forma minuciosa.
- É um belo apartamento. Mas creio que quando for morar com Dulce será um bem maior.
- Não tenho planos de morar com Dulce ainda, estamos apenas namorando. Quer beber alguma coisa?
- Uma agua. – Disse sentando no sofá da sala. – Desculpe ter vindo sem avisar, Anahi.
A mulher falou mais alto, já que eu estava na cozinha pegando seu copo com agua. Eu respirei fundo e voltei ao mesmo comodo que ela.
- Não tem que se desculpar, Taylor. Pode vir sempre que quiser.
A mulher sorriu pegando o copo de minha mão. E eu devagar sentei ao seu lado.
- Mas então, a que devo a honra da visita?
Ela levantou as duas sobrancelhas e sorriu, enquanto colocava o pequeno copo de agua sobre a mesinha da sala.
- Acho que deve imaginar não é? Eu estou aqui atrás de minha preciosa resposta, querida.
- Já? Quase não me deu tempo para pensar, Taylor. – Falei me levantando.
- Amahi, meu amor. Você não precisa pensar tanto, é algo tão simples. Uma ultima ajuda a sua amiga aqui.
Eu sorri para ela.
- Não é tão simples, eu já disse a você que não quero problemas.
- E você não terá. Será apenas um particular para Keana, nós iremos manter o sigilo. Tudo muito profissional. Eu jamais iria querer atrapalhar seu romance com Dulce. – Falou com um tom calmo, e reconfortante.
Eu me virei de costa para ela, e neguei com a cabeça como se quisesse me manter firme.
- Sei que não, você é uma ótima pessoa para mim, Taylor.
- Ainda bem que sabe, sempre vou querer o melhor para você.
A loira se aproximou devagar, e me puxou em um abraço calmo. Demoramos alguns minutos daquele jeito, eu sentia uma angustia dentro de mim, algo que me incomodava profundamente. Mas eu sabia que aquilo era o melhor a se fazer.
- E então, minha querida, o que me diz? Você aceita?
Eu abri os olhos, e fitei a mulher a minha frente. Pensando no quão grande era o passo que eu estava dando sobre o pequeno fio que me segurava.
- Sim, eu aceito. Eu vou dançar para a Issartel.
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E antes de todo mundo querer me matar! Não parem de ler a fic, as coisas vão se encaixar.
