Taylor POV
Eu sorri olhando nos olhos de Giovanna que me encaravam inocentes. Era tão ingênua, mesmo depois de anos de aprendizagem Anahí ainda tinha dentro de si a ingenuidade para um mundo tão maquiavélico. Eu poderia sentir muito por isso, mas não cabia a mim perder a mulher. Não Anahi, ela era a fonte de poder e desejo da Imperium. Era seu corpo e sua dança que atraia diversos olhares e pessoas que tinham a ambição de possuir seu corpo. Como um diamante perfeitamente lapidado as mãos de Deus, ou do diabo por causa tamanho desejo.
- Eu sabia que você iria tomar a decisão certa, querida. - Falei de forma animada, fazendo ela sorrir.
- Seu ultimo pedido não é? Depois de tanto tempo me ajudando, eu me vi sendo muito injusta em não aceitar.
- Claro, você é uma garota maravilhosa, Giovanna. Fico bem triste em saber que vai sair da Imperium. Mas sei que está querendo outros caminhos para sua vida.
Anahí sorriu docemente, sentando no sofá macio, onde rapidamente me sentei também.
- Isso mesmo, tenho muitos planos. Mas saiba que sou extremamente grata por tudo que fez por mim, Taylor.
- Eu sei, minha querida. Não se preocupe com isso. Eu quero que saiba que as portas da Imperium sempre vão estar abertas para você.
- Você é uma mulher maravilhosa. Me ajudou tanto.
- Não poderia fazer menos, eu vi que precisava de mim naquele dia Anahi.
Olhamo-nos por alguns segundos, e então eu a puxei para um abraço calmo. A moça suspirou pesado, e me apertou contra si.
- Bom, querida já está muito tarde. Eu já vou, ligo para você amanhã para informar o dia do seu show.
Anahí se levantou e assentiu, enquanto caminhava em direção a saída. Gentilmente ela abriu a porta, me dando passagem. Trocamos mais um pequeno abraço e um simples boa noite para eu então me retirar dali.
Disquei para Beatrice assim que entrei em meu carro e sai do prédio de Anahí. Não demorou muito para que a mulher atendesse.
- Eu estou indo a sua casa, tenho novidades.
- Posso saber ao menos do que se trata? - Perguntou curiosa.
- Nossa vitoria está perto. Abra um champanhe, eu quero comemorar com você.
- Com todo prazer. - Foram suas palavras antes de desligar.
[...]
- Você está falando serio? - ela perguntou com um largo sorriso.
- Sim! Ela caiu feito uma patinha. Precisava ver como é agradecida a mim.
- Oh Deus, isso é maravilhoso! - Exclamou animada pegando as duas taças. - Precisamos brindar a isso.
Soltei um sorriso para a mulher que tinha os olhos brilhantes de tão alegre. Beatrice me estendeu a taça com o champanhe caro que ela havia comprado especialmente para aquela ocasião.
- Um brinde a nossa vitoria. - Disse ela erguendo a taça para o alto.
- Um brinde. - Falei fazendo o mesmo movimento que ela.
Tomei todo o liquido do recipiente, para em seguida deixar sobre a mesa.
- Temos que nos manter calmas. Vou ligar para ela amanhã e informar o dia da apresentação. Quando esse dia chegar, você vai dar um jeito de encontrar com Dulce e leva - lá a Imperium.
Alexa sorriu, mordendo os lábios. Eu poderia ver o quão eufórica ela estava.
- Ela vai pirar. - Disse se sentando no sofá da sala.
- Eu imagino. Dulce me parece muito possessiva. - Falei me juntando a ela.
- E é, instinto de empresaria não é mesmo? Gosta de mandar em tudo ao seu redor.
- Ela é muito arrogante.
- Gosto disso nela. Faz com que ela seja melhor do que os outros. Mas vai ficar tão magoada por sua doce vadiazinha estar mentindo.
Eu soltei uma risada fraca.
- Você vai está lá para consolar ela.
- Eu vou estar sim, da forma como ela me quiser.
- Posso sentir ciúmes disso, sabia?
Ela me fitou e riu.
- Dulce é muito boa no sexo. Mas gostei mais de você.
- Claro que gostou. - Falei me aproximando da mulher e tomando sua boca em um beijo.
- Eu só consigo pensar nas manchetes do jornais daqui a alguns meses. Eu estando ao lado de Dulce novamente, mas como sua esposa.
- Você adora isso não é mesmo? Dinheiro, fama.
Ela riu, e tomou o ultimo gole em sua taça de cristal fino.
- Amo. Você tem idéia do quanto Dulce é rica e poderosa? Ela é a melhor empresaria dos Estados Unidos. Dona de uma fortuna incalculável.
- Pelo que eu saiba, tudo é do pai dela ainda.
- Aquele velho maldito está quase para morrer, ou já o consideramos invalido. Vive esquecendo de tudo.
Soltei uma risada alta.
- Como assim?
- Ele tem mal de Alzheimer. Por isso teve que sair da presidência. É um inútil agora, como sempre. Nunca gostou de mim.
- Vai ver ele percebeu seus interesses.
- Não, porque ele é um rico metido a humilde. Deve ter adorado aquela vadiazinha da Anahí.
- Ouvi dizer que ela se deu muito bem com a família de Dulce.
- Uma pena, já que logo vai ser escorraçada pela mesma.
- Você não vale nada. - Falei com um sorriso, jogando meu corpo contra o dela em cima do sofá.
A mulher mordeu os lábios, e envolveu meu pescoço com os braços.
- E nem você, Taylor. - Disse antes de me beijar.
Anahi POV
Dias depois...
Espreguicei-me devagar sentindo os lábios macios de Dulce na pele de minha costa. Ela distribuía pequenos beijos por toda aquela extensão de forma lenta e carinhosa, me fazendo agradecer Deus e o mundo por ter aceitado dormir em sua casa aquele dia. Estávamos completamente nuas aquela manhã, sendo cobertas apenas pelo edredom branquinho de sua cama, isso tudo devido aos acontecimentos da noite anterior. Já fazia alguns dias que Dulce eu não tínhamos tempo para ficarmos sozinhas, com tanto trabalho e preocupações estava cada vez mais complicado.
Porém, graças a sua persistência, a mulher de olhos castanhos decidiu que teríamos o final de tarde livre e que aproveitaríamos bastante. E foi exatamente o que fizemos. Passamos uma noite incrivelmente agradável, preparamos nosso jantar, assistimos um bom filme, e entre carinhos e muitos beijos aproveitamos aqueles momentos. Era incrível como eu me sentia em paz na presença dela. Como ela me fazia esquecer o mundo inteiro quando estávamos juntas.
- Não acha que está na hora da donzela acordar? - Dulce sussurrou em meu ouvido.
Me remexi devagar, negando com a cabeça. Ela riu baixinho e depositou um beijo em meu ombro.
- Não lembro de você ser tão preguiçosa assim Srta. Portilla.
- Isso se chama intimidade, agora você pode ver como sou de verdade.
- E eu ainda não tinha visto? - Perguntou com uma das sobrancelhas arqueadas.
- Hum, é. Já viu sim! Mas eu não estou com preguiça, eu só estou cansada - Exclamei virando de frente para ela.
Dulce deu de ombros e deitou sobre mim. Ficando encaixada entre minhas pernas, com a cabeça repousada sobre meu peito. Eu deslizei as mãos por sua costa lisinha em um carinho leve, ela tinha a pele tão macia e branquinha.
- Você que quis se cansar noite passada.
- Só eu, Savinon? Você não quis né? Acho que foi outra mulher que me arrastou para o quarto.
Dulce soltou uma risada e me encarou.
- Não, outra não. Só eu posso fazer isso. - Falou fingindo estar irritada.
- Só você Dulce, eu só quero você.
Falei fitando seus olhos que me encaravam de forma intensa, profunda. Eu amava quando os olhos de Dulce mudavam de cor, essa manhã estavam em um tom quase cinza.
- Eu também quero só você Annie. - Sussurrou, enquanto aproximava sua boca da minha.
Fechei os olhos no mesmo instante que senti seus lábios macios de encontro com os meus, de forma delicada ela beijou minha boca. Me fazendo suspirar ao sentir o contato de sua língua junto a minha. Ficamos assim por alguns minutos, quando ela terminou o beijo com pequenos selinhos.
- Eu te amo, já disse isso?
Eu sorri da maneira carinhosa com que ela havia falado.
- Eu também te amo, Dulce.
Ela me fitou por alguns segundos, e então levantou as sobrancelhas como se tivesse tido uma idéia.
- Quando esse momento turbulento passar, eu quero viajar com você.
- E a empresa? - Perguntei.
- Podemos deixar alguém de confiança por uns dias. Garanto que não vai fazer mal.
- O que vão dizer em saber que a secretaria viajou com a chefa?
- Não vão dizer nada, em breve você não será mais minha secretaria. - falou levantando da cama.
Meus olhos acompanharam seu corpo que se movia pelo meio do quarto. Aquela visão com certeza era uma das melhores ali, levando em consideração que Dulce estava totalmente despida.
- Vai me demitir?
Ela virou de frente, e sorriu. Enquanto vestia um moletom e sua calcinha azul.
- Vou. Tenho outros planos para você.
Eu semicerrei os olhos em sua direção e me ajoelhei na cama, segurando o lençol envolta do meu corpo.
- Posso saber quais?
- Isso é uma surpresa Srta. Portilla. - gritou já caminhando em direção ao banheiro.
- Nada disso, sente aqui. Vamos conversar.
Falei de onde estava, mas Dulce nem sequer me deu atenção. Planos para mim? Como assim? Se nem eu sabia? Levantei da cama, procurando minhas roupas pelo chão. Eu tinha a curiosidade de saber se era apenas eu e Dulce que sempre perdíamos as roupas pelo quarto depois de uma noite bem agitada. Acho que não. Peguei minha calcinha e sutiã que estava, jogadas ao lado da cama, quando ouvi meu celular tocar. Destravei o visor para atender, quando ouvi a voz de Taylor.
- Bom dia para a dançarina mais bela de minha boate. - A mulher falou em um tom animado.
Eu suspirei pesado e então respondi.
- Bom Dia, Taylor.
- Como você está, querida?
- Eu estou ótima, e você?
- Melhor do que nunca. Estou ligando para confirmar tudo com você. Está preparada para hoje?
Aquela pergunta me fez tremer, era minha ultima apresentação como Giovanna Puente , e a mais polemica. A escolha de dançar para Keana foi minha ultima alternativa, e apesar de tudo eu estava torcendo que no final desse certo. E que eu pudesse sair da Imperium sem nenhum tipo de problema, o que com toda certeza seria bem difícil.
- Acho que sim, estou um pouco nervosa.
- Não fique querida. Vai dar tudo certo para nós duas.
Eu sorri.
- É Claro que vai, não poderia ser diferente. - Soltei mostrando bom humor.
- Reservei um figurino lindo para você. Espero que goste.
- Nossa, isso tudo para agradar a cliente?
- Par encerrar com chave de ouro. - Ouvi em sua voz confiante. - Você merece isso como ninguém, Giovanna.
- Amor, você viu meu celular? - Dulce gritou do fundo
- Está com sua amada? Oh sinto muito, nos falamos a noite Giovanna. Até logo. - Taylor falou e depois desligou.
Taylor POV
- É bom você aproveitar bastante Dulce, logo você não vai mais ter essa oportunidade. - Falei animada ao desligar a ligação com Anahí.
- O que disse?
Keana perguntou franzindo o cenho em minha direção.
- Há! Nada, acabei de falar com a sua dançarina Srta. Issartel.
Keana abriu um largo sorriso, e caminhou com sua taça de champanhe até minha mesa.
- E está tudo certo para hoje?
- Sim! Claro! Eu prometi não é mesmo? Você terá Giovanna essa noite.
- Gosto de sua facilidade em conseguir as coisas, Taylor. Vejo que é maravilhoso fazer negócios com você.
Eu sorri confiante para a empresaria que mantinha um semblante arrogante porém eufórico. Aquela situação tanto para mim quanto para Keana era de extrema vitoria. Para mim por conseguir fazer Giovanna continuar na Imperium, com toda confusão que em breve acontecerá Dulce a demitiria da Savinon Industry e a mesma ficaria novamente sem ter onde trabalhar. Já para Keana, o simples prazer de conseguir algo tão importante para Dulce era digno de uma perfeita comemoração.
- Podemos continuar fazendo negócios sempre.
- Claro. Giovanna é bem difícil, e está debaixo das asas de Dulce, mas creio que com sua ajuda posso conseguir tê-la totalmente para mim.
- É Claro que consegue Srta. Marie. O reinado de Dulce está acabando.
- Eu espero realmente por isso. - Keana falou levantando a taça.
Fiz o mesmo gesto para selar nossa parceria. Até que ouvimos a porta se abrir, dando espaço para que Beatrice entrasse. A mesma arregalou os olhos por não esperar a presença de Keana naquele momento. Nos entreolhamos por breves segundos quando ela se aproximou.
- Não imaginei que estivesse com visitas. Estava passando aqui pela frente e resolvi te visitar. - A mulher falou com um sorriso amarelo.
-Não tem problema. Conheça a Srta. Marie.
Alexa se aproximou e estendeu a mão em um cumprimento.
- Keana essa aqui é...
- Beatrice Miller, eu sei. - Me cortou ao capturar a mão de Beatrice.
- Como me conhece? - A mulher perguntou rapidamente, no fundo se sentindo incomodada.
- Você é a ex noiva de Dulce. Estou certa?
Ela recuou e me fitou. Minha parceria com Keana não envolvia Beatrice, a mesma estava por trás de tudo, mas não queria ter nenhuma espécie de ligação para que no futuro aquilo não viesse a atrapalhar com Dulce.
- Está certa sim. Você é a dona da Issartel Enterprise, não é mesmo?
- Isso mesmo! Acho que já nos vimos em algum evento.
- Provavelmente.
- Bom meninas, eu preciso ir. Tenho mil coisas para resolver em minha empresa. Nos vemos a noite, Taylor.
- Vou ficar esperando.
- Bom Dia Srta. Miller. - Keana falou antes de se retirar.
Ficamos em silencio até ver a mulher descer as escadaria rumo ao salão principal.
- Droga! Porque não me avisou que ela estava aqui? - Perguntou irritada.
- Eu não lembrava que ela viria!
- Que ótimo!
Eu me aproximei da mulher, puxando pela sua cintura devagar.
- Não se preocupe com isso. Tudo vai dar certo. Keana está do nosso lado.
Ela me fitou por alguns longos segundos e suspirou aliviada.
- Tem razão. - Soltou com um sorriso. - Hoje é o grande dia, Taylor.
- O dia que vamos acabar com essa paixãozinha ridícula.
- Exatamente. Assim que Anahí chegar aqui, me mande uma mensagem, e eu irei atrás de Dulce.
- Vamos nos manter em comunicação. Mas enquanto isso, vamos comemorar um pouco da nossa vitoria. - Falei puxando a mulher para um beijo.
Melany POV
- Você pode parar?
Perguntei irritada. Anahí estava completamente ansiosa aquela tarde, ou melhor, o dia todo. Balançava a maldita perna seguidas vezes enquanto batia com a ponta da caneta em cima da mesa, aquilo estava me irritando. Ultimamente ela sempre estava assim, eu sabia exatamente o porquê e não a julgava por isso. Mas desespero não ia ajudar em nada.
- Eu estou nervosa, ok? - Sussurrou para mim.
- Eu sei, mas não vai adiantar de nada.
- É que você não entende Mel. - Exclamou virando de costa.
- Náh, eu sei que isso é difícil. Mas pense pelo lado bom, você vai sair da Imperium e vai poder viver com Dulce.
- Eu estou focando apenas nisso. Mas dançar para Keana não me agrada em nada.
- E porque diabos aceitou?
- Porque eu não tive escolha.
- Eu já disse a você o que penso. Tenho uma maneira bem fácil de resolver tudo isso.
- Bater nela não vai adiantar, você sabe não é?
Bufei, o que teria de mal? A mulher estava merecendo uma boa surra. E eu particularmente não me importaria de ser a pessoa a dá.
- Se você está dizendo. - Dei de ombros, e continuei a rabiscar a agenda azul de Anahí. - Que horas você vai?
- Em uma hora eu saio daqui.
- Não acha cedo demais?
- Taylor pediu que eu saísse mais cedo. Ela comprou um figurino novo, e quer conversar antes.
- Ela parece está incrivelmente interessada nessa sua dança hoje.
- É ultima não é?
Olhei para Anahí que sorriu. Taylor estava desistindo fácil demais, se eu não a conhecesse tanto diria até que era inocente. Mas com tantos anos de convivência eu sabia que aquela não seria a ultima dança. Ou até seria.
- Quem sabe.
O clima aquele dia estava tenso e misterioso. Eu estava pressentindo que hoje muita coisa iria acontecer. Talvez Anahí também estivesse sentido, por isso andava tão ansiosa e até mesmo distraída.
- Annie? Boa Noite Srta. Melany. - Dulce falou se aproximando de nós.
- Boa Noite Sra. Savinon.
- Oi Dul.
- Quero conversar um pouco com você, Meu amor. Pode vir a minha sala?
Anahí assentiu.
- Melany guarde minha agenda depois por favor. - Anahí falou antes de entrar na sala com Dulce.
Uma das persianas da sala de Dulce estava aberta, dando-me a pouca visão das duas juntas. Dulce estava encostada em sua mesa e Anahí em pé a sua frente. As duas pareciam concentradas em sua conversa. A empresaria segurava as duas mãos de Anahí enquanto a encarava no fundo dos olhos. Aquilo era evidente, pois a mesmas estavam bem próximas. Por sorte aquele andar era restrito, não era todo mundo que poderia subir até a presidência. Caso contrario a Savinon Industry já saberia do namoro de ambas as mulheres. O que eu achava já estar mais do que na hora, mas Anahí sempre dizia que tudo devia se encaixar antes do anunciado. Logo minha melhor amiga se tornaria uma Savinon.
Poderosa não é? Seria esposa da melhor empresaria dos Estados Unidos. Mas essa não era a melhor parte para Anahí, afinal dinheiro não era algo que chamava tanto a sua atenção. Porém, depois de tantos anos sofrendo com as amarguras da vida, ela teria a oportunidade de viver ao lado da mulher que tanto ama. Quem diria, há meses atrás as únicas noticias que eu tinha de Dulce María era sua forte personalidade forte e seu poder aquisitivo extenso. Há, e é claro sua arrogância. Mas com o tempo, e os efeitos de Anahí Giovanna aquilo havia mudado, e mudado para melhor.
As duas pareciam conversar de forma carinhosa, já que a todo instante Dulce fazia questão de acariciar o rosto da morena a sua frente. Anahí falava algo enquanto segurava as mãos de Dulce. Logo a mesma se aproximou, tocando a nuca de Anahí que se inclinou para receber o beijo.
Ai o amor me dava vontade de vomitar. - Falei para mim mesma, soltei uma risada pensando no quão louca estava ficando por falar sozinha. Me levantei da cadeira de Anahí e caminhei em direção ao elevador.
Olhei novamente e elas ainda se beijavam, mas nada muito carnal. Dulce beijava Anahí com toda calma do mundo, seus braços permaneciam envolvidos na fina cintura da latina que me parecia estar perdida ali.
Até que elas formavam um casal lindo, não é? A ciência poderia ser generosa e permitir que saísse filhos dali, já imaginaram o sexo?
- Mel, Mel. Você e esses seus pensamentos. - Disse para mim mesma ao entrar no elevador.
Anahi POV
Eu fechei os olhos devagar movendo meu pescoço de um lado para o outro tentando relaxar. Aquele com toda certeza seria um dos momentos mais tensos de todo meu tempo dentro da Imperium. Sai da Savinon Industry já havia quase uma hora, Dulce disse que iria ficar e revisar algumas papeladas que estavam faltando. Me senti culpada de deixa-la sozinha com tanto serviço, mas eu não tinha outra alternativa. Terminei de tomar um banho quente em meu camarim, estava apenas esperando o figurino que Taylor havia comprado.
Para agradar a Issartel ela estava realmente bem empenhada. A mesma estava atrasada quase meia hora e nem um sinal. Sequei meus cabelos e enrolei os mesmos. Diferente de Anahí, Giovanna Puente tinha uma aparência bem mais "selvagem" ou sensual eu poderia dizer. Eu gostava de mim assim, eu havia aprendido a conviver com meus dois lados. E sabia que não era a única, dentro de todo ser humano haviam faces desconhecidas para as outras pessoas. Que um dia seriam mostradas.
- Boa Noite, Boa noite! - Taylor falou animada, entrando em meu camarim.
Eu me levantei da poltrona e sorri para a mesma.
- Meu Deus, que cara é essa Náh? Está assim por ser a ultima dança? - Perguntou colocando minha roupa sobre a bancada.
- Claro, é um pouco difícil para mim.
- Sabe que pode desistir não é mesmo? Eu não vou me importar.
Eu sorri e caminhei em direção a minha roupa.
- Tem certas coisas que não tem mais volta, Taylor.
- Eu não concordo com você. Mas, tudo bem. - Ela falou se aproximando. - Veja, mandei fazer esta especialmente para você. Gosta de azul?
- Sim, eu amo.
- Otimo, você vai ficar maravilhosa. É um tecido leve, e muito fácil de tirar na hora do strip-tease.
Eu assenti, tirando a roupa de dentro da capa.
- É realmente lindo.
- Eu sabia que você ia gostar. Esse é um momento especial, sua ultima dança representa o fechamento desse ciclo.
Eu fitei Taylor que tinha os olhos brilhantes. Ela havia me ajudado tanto, eu poderia ver como evolui graças a ela.
- Eu vou dar o melhor de mim nessa dança.
Ela abriu um largo sorriso.
- Eu sei que vai, Giovanna. Você sempre é maravilhosa. A Issartel vai ficar maravilhada.
Eu abaixei a cabeça e respirei fundo.
- Vai ter mais alguém no salão?
- Não! Somente você e ela. Ela pediu que fosse assim, algo mais privado.
Eu me afastei de Taylor, caminhando até o barzinho que havia ali dentro. Eu precisava de uma boa quantidade de álcool para me dar coragem para aquele momento. Despejei em um pequeno copo um pouco do uísque, no qual tomei logo em seguida. O liquido desceu em minha garganta causando um calor dentro de mim. Deus, eu não sabia como Dulce gostava tanto daquilo.
- Você me parece tensa, Anahí. Aconteceu algo? - Perguntou desconfiada.
- Não! Claro que não, só estou nervosa. - Falei rapidamente tentando passar total segurança.
- Vai dar tudo certo, Anahí. Essa será uma noite para nunca ser esquecida. - Suas palavras saíram carregadas, fazendo meus ombros pesarem.
Eu suspirei pesado, e tomei o restante do liquido em meu copo. Olhei no visor do celular, e percebi que faltava apenas uma e meia hora.
- Eu vou terminar de me arrumar. Tenho um bom tempo ainda.
- Claro! Não se apresse. E Fique maravilhosa. - Taylor falou, soltando uma piscada antes de sair de meu camarim.
Aquele literalmente seria um dia para nunca ser esquecido.
Beatrice POV
Sai do meu carro que estava estacionado em frente ao enorme prédio da Savinon Industry. A noite estava fria em Miami devido ao forte temporal, ajeitei o sobretudo em meu corpo e corri até a entrada principal do prédio. O movimento estava fraco aquele horário, a maioria dos funcionários já haviam ido embora. Graças a uma boa gorjeta um dos funcionários me deixou avisada que Dulce ainda estava lá dentro, em sua sala principal. Lugar que seria bem difícil de chegar.
Me aproximei lentamente do segurança na entrada, um homem alto e forte vestido totalmente de preto.
- Boa noite Sra, deseja alguma coisa? - Perguntou educado.
- Sim, eu preciso falar com Dulce María.
- A Sra. Tem hora marcada?
Eu revirei os olhos e bufei.
- Não meu querido, eu sou a noiva dela.
O homem arqueou uma das sobrancelhas, me olhando dos pés a cabeça.
- Pode me passar seu documento com foto por favor?
Eu assenti, revirando minha bolsa para entregar minha identidade. Na qual o rapaz tratou de levar até o sistema e verificar minha entrada.
- Desculpe Sra. Miller. Mas sua entrada esta bloqueada.
- Como assim bloqueada? Meu querido, você sabe com quem está falando?
- Desculpe, senhora mas..
- Mas nada! Você sabe que eu posso demitir você não é?
O rapaz ficou um pouco agoniado, piscou mais vezes do que deveria.
- Eu posso voltar a verificar seu documento se quiser. - Disse ele tentando me acalmar.
Eu não tinha tempo para toda aquela enrolação.
- Eu quero que você ligue direto para o escritório de Dulce.
- Eu não tenho essa permissão, nem sei o numero.
- Mas que diabos de funcionário é você?
Um outro homem, agora mais velho se aproximou assim que viu toda a situação.
- Algum problema?
- Sim, eu estou querendo falar com minha esposa e esse homem não me deixa entrar.
- Sua esposa é? - Perguntou curioso.
- Dulce María, a dona disso tudo aqui.
O homem arregalou os olhos, e trocou um olhar com segurança ao seu lado.
- Posso verificar seu documento.
- Meu Deus! Outro! Ligue para o escritório dela agora se não quer que eu arrume um bom escândalo!
O senhor apenas assentiu e caminhou em direção à recepção. Eu o segui logo depois, vendo o mesmo ao telefone por alguns minutos. Até que por fim ele desligou e voltou até mim.
- Eu falei com a Sra. Savinon e bom, ela permitiu sua entrada.
- O que? - perguntei surpresa.
- Ela permitiu sua entrada Sra.
Deus realmente estava do meu lado aquele dia. Dulce permitir minha entrada tão facilmente aquela hora da noite só poderia ser algo divino. Eu acordei de meus pensamentos e passei ao lado do senhor feito um furacão, não dando tempo nem para o mesmo falar alguma coisa. Fiquei alguns minutos que pareciam intermináveis dentro daquele elevador, quando as portas de metal se abriram no andar de Dulce. Eu respirei fundo e sai do mesmo, notando que tudo ali estava silencio demais. A não ser pelo barulho da chuva lá fora, e de meus saltos batendo sobre o piso frio. As luzes estavam todas acesas, e mesmo assim os raios faziam um enorme clarão naquele lugar. Parei a frente da porta da sala de Dulce, e puxei todo o ar para meus pulmões.
- Vamos lá Beatrice, você consegue. - Disse a mim mesma antes de entrar na sala de Dulce.
- Posso saber que diabos está fazendo arrumando confusão na portaria do meu prédio? - Suas palavras saíram irritadas e rudes, essa era a Dulce que eu conheço.
- Boa noite para você também Dul.
Ela revirou os olhos e bufou.
- O que faz aqui? - Perguntou me encarando.
- Obrigada por ter me deixado entrar. Posso sentar?
Dulce franziu o cenho, provavelmente estranhando meu acanhamento.
- Sente-se.
Eu assenti e me sentei, deixando minha bolsa de lado sobre a poltrona.
- Me diga o que você quer, e não demore. Eu ainda quero sair essa noite. - Ela falou virando de costa para mim, enchendo seu copo com uísque e pedras de gelo.
- Vai sair com sua namorada?
Ela permaneceu parada, então devagar levantou o copo até seus lábios, molhando um pouco com o álcool.
- Sim, com ela mesma.
- Acho que não vai ser possível. - Falei calmamente.
Ela virou em minha direção com o cenho franzido.
- Posso saber por quê? - Perguntou enquanto se encostava na bancada atrás de si.
- Dulce, primeiro eu quero que saiba que estou aqui como sua amiga.
Ela soltou uma risada alta carregada de sarcasmo.
- Amiga? O que você quer Beatrice? Dinheiro? Se for, eu te dou uma quantia, mas me deixe em paz. - falou dando de ombros enquanto tomava um grande gole de sua bebida.
- Oh, não me ofenda assim. Você sabe que não quero seu dinheiro, jamais quis. - Falei com um tom triste.
Ela ficou calada, me analisando minuciosamente. Dulce era maquiavélica, esperta demais. Pegava as intenções no ar, por isso eu tomaria todo o cuidado para que nada pudesse atrapalhar meus planos.
- Então, a que devo a honra de sua presença há essa hora? - Perguntou ainda com aquele sorrisinho irritante.
- Eu estou aqui para abrir seus olhos, mais uma vez Dulce.
- Há não! De novo não Beatrice. Se for para falar de mal Anahi, por favor, se retire. - Ela disse se afastando.
- Dulce, não seja tola. Apenas me escute. - Exclamei.
- Eu não tenho nada para ouvir de você. Eu nem queria você aqui agora. - Falou de forma rude.
- É muito ruim ouvir essas coisas de você, sabia? Eu te amo Dulce, e estou aqui passando por cima de meu orgulho em nome desse amor. - Disse calmamente, tentando passar um ressentimento que eu não tinha nem um pouco.
A expressão do rosto dela suavizou, então a mulher de olhos castanhos assentiu e se sentou a minha frente. Pigarreando para então falar:
- Pois bem, vou te dar alguns minutos para falar.
Eu assenti, passando a ponta dos dedos em minhas "lagrimas" que teimavam em cair.
- Dulce, eu sei que você não me ama mais, que não quer me ver novamente. Mas eu gosto muito de você e jamais vou aceitar que te façam mal.
Ela nada falou, ficou totalmente calada. Com os olhos vidrados em mim. Com uma expressão que eu facilmente caracterizaria como tedio.
- Sei que namora a Anahí, e que aparentemente esta feliz com ela.
- Eu sou muito feliz com ela. - Me cortou rapidamente.
- Eu sei, mas ela não merece você. E nunca vai merecer.
Ela bufou e tomou um pouco do seu uísque.
- E posso saber o porquê?
- Porque ela esta te enganando Dulce! - Soltei rapidamente.
- Meu Deus, Beatrice. Isso é uma doença. - Disse forma calma, me encarando como seu tivesse algum mal.
- Não amor, não é. É a verdade, você não consegue ver porque está apaixonada. Mas Anahí mente, e te trai com outra mulher.
Ela negou com a cabeça e soltou um riso sem o menor humor.
- Você está louca. Tem ideia do que está acusando? Anahí não é esse tipo de mulher.
- Não estou! E posso provar que ela é sim.
- Pode provar? - Perguntou desacreditada.
- Sim! Eu posso!
- Pois bem, como pode provar isso?
Eu respirei fundo, e a encarei.
- Posso provar porque sei que nesse exato momento Anahi está naquela boate imunda dançando para a Issartel.
Dulce ficou paralisada, me encarando de forma confusa. Talvez tentando assimilar o que eu havia acabado de falar. Eu poderia rir de sua cara naquele instante, mas teria que manter a compostura de uma boa mulher.
- Da onde você inventa essas coisas, Beatrice? - Ela perguntou rindo.
Eu bufei.
- Eu não estou inventando. É a verdade. Durante esse tempo todo elas estão juntas Dulce.
Ela assentiu, e tomou mais um gole do sua bebida.
- E como sabe disso?
- Acho que percebeu que andei sumida, não é?
Ela assentiu.
- Eu estava tentando ver uma maneira de provar para você que Anahí não é o que você pensa. E em uma dessas vezes frequentei a boate na qual ela dança. E tive as informações que ela estava com uma mulher, logo pensei ser você é claro. - Tomei folego e continuei - Mas não, eu vi Keana Marie lá dentro, e por pura curiosidade passei a conversar com ela. E de forma distraída ela me contou que estava conseguindo a melhor dançarina daquele lugar.
A expressão do rosto de Dulce que antes sorria sem humor, agora estava seria. Me encarava prestando atenção minuciosamente no que eu falava.
- Tem muitas dançarinas naquele lugar Beatrice. E não só Anahí.
- Nós duas sabemos que a melhor ali, se chama Giovanna Puente. E foi exatamente esse nome que ela falou. Assim que eu soube, tentei puxar mais informações para ajudar você. Mas não consegui muita coisa. - Disse tristonha - Até que no começo dessa semana me deparei com Keana, tomamos um café e ela me contou que finalmente havia conseguido. Giovanna faria um show exclusivo para ela, essa noite.
- E você acreditou? Keana mente!
- Obvio que acreditei.
- Essa mulher esta mentindo, meu Deus! - Dulce exclamou incomodada.
- Ela não tem motivos para mentir. Agora já Anahí, vejo que tem muitos não é?
- Ela não mente para mim. - Seu tom de voz saiu rouco, e bravo.
- Ela mente sim, e esta mentindo agora.
- Não está, pare de tentar me envenenar contra ela! Eu não vou voltar para você.
- Eu não estou, apenas quero abrir seus olhos para deixar de uma vez essa mulher que te engana. Eu não acredito que não consegue ver. Vai mesmo aceitar que ela fique te traindo com a sua pior inimiga? Porque que eu me lembre, Keana sempre quis roubar tudo que é seu. E com Giovanna não seria diferente.
Dulce fechou os olhos e se levantou em um solavanco. Negou com a cabeça seguidas vezes enquanto andava de um lado para o outro. Bingo! Estava dando certo, eu sorri ao ver sua expressão confusa. Mas parei assim que ela me fitou.
- Isso não é verdade, eu não tenho motivos para acreditar em você!
- E tem motivos para acreditar em Anahí? Ela mentiu na primeira vez, não custa nada mentir agora!
- Porra! Ela não está me enganando! - Dulce esbravejou batendo forte sobre a mesa.
Eu abaixei a cabeça, dando de ombros. Sentindo todo meu corpo tremer. A fúria estava tomando conta de seu corpo, seus olhos.
- Eu estou aqui como sua amiga Dulce, se quiser podemos tirar a prova. Ligue para Anahí, pergunte a ela onde está e que horas volta.
- Eu confio nela, não preciso disso.
- Não deveria confiar em uma mentirosa de quinta.
- Lave a boca para falar de minha mulher, eu não te dou esse direito! - praticamente gritou.
Era evidente como ela estava ficando desconcentrada. Como aquela gama de informações havia afetado seus pensamentos, e era exatamente assim que eu a queria. Uma Dulce possessiva e descontrolada.
- Saia daqui!
- Eu não vou sair.
- Saia agora!
- Meu Deus, ligue! Veja, acredite em mim! Eu estou sendo sincera.
- Eu vou ligar apenas para te provar que está errada. - Ela falou rapidamente, capturando seu celular sobre a mesa.
Seus movimentos eram rápidos, e brutos. Dulce discou a primeira vez, mas pelo visto ela não atendeu. Troquei um olhar com ela que apenas negou com a cabeça tentando novamente.
- Oi Annie! - Ela falou soltando uma forte lufada de ar.
Droga, droga! A maldita havia atendido.
- Estou ligando para saber onde está, eu pensei da gente sair juntas agora.
Dulce ficou calada, provavelmente ouvindo o que a mulher tinha a dizer. Eu juro que sentia meu coração acelerado, aquele era um momento crucial para que tudo desse certo. Eu respirei fundo, tentando controlar toda a emoção que tomava conta de mim.
- Sim, eu entendo. Tudo bem. - Ela me fitou. - Nos falamos amanhã então Anahí. Um beijo.
Bingo!
Dulce abaixou o celular e encarou o chão. Seu semblante era serio, confuso. Eu fiquei calada, apenas a fitando.
- Ela disse que não pode, que está com a irmãzinha, que a mãe deixou ela lá de surpresa. - Disse devagar, como quem estivesse sendo obrigada a aceitar o que realmente acontecia ali.
- Ela está mentindo para você, você sabe disso não é?
Dulce nada falou, caminhou até a enorme vidraça de sua sala, vendo o temporal que caia lá fora. Eu destravei o visor do celular, vendo uma mensagem de Taylor.
" Daqui a meia hora Giovanna vai começar a dançar, se apresse."
Porra, eu tinha que ser mais insistente. Levantei-me da poltrona e me aproximei dela.
- Dulce..
- Não encoste em mim. - Esbravejou.
- Eu sei que é difícil, mas você precisava saber.
- Eu não disse que acredito em você, Beatrice. Você sempre odiou a Anahí, tem todos os motivos para estar mentindo para mim.
- Mas não estou! Eu quero o seu bem, e literalmente ele não é ao lado daquela vagabunda. Porra! Você não consegue ver? Eu estou aqui depois de toda humilhação que você me fez passar te ajudando! E ainda é ingrata assim? Por uma mulherzinha que está querendo apenas o seu dinheiro! Acorda Dulce, Anahí é uma vagabunda, que se deita com quem lhe oferece dinheiro.
Ela me fuzilou com os olhos, soltando uma forte lufada de ar. Eu recuei um passo quando ela segurou em meu braço com força, causando uma certa dor.
- Não fale de Anahi dessa forma, ou eu não respondo por mim. - Suas palavras eram rudes, e cortantes. - Você não tem a autoridade para chama-la desse jeito, e acho bom você pensar muito bem antes de falar alguma coisa aqui. - Seus olhos eram diabólicos, furiosos. Dulce apertava meu braço com força, me fazendo grunhir de dor.
- Você está cega de amor, meu Deus. Olhe toda essa situação! Se quer tanto que eu te de uma prova concreta. Venha comigo. - Falei me soltando.
- Para onde? Eu não vou a lugar nenhum!
- Para a boate Dulce! Você vai ver a sua amada dançando para aquela mulherzinha.
Ficamos por cerca de alguns minutos nos encarando. Dulce travava dentro de si uma batalha entre acreditar ou não. O que confesso estar me dando medo, mas eu sabia que no final eu ganharia. O instinto possessivo da Savinon falaria mais alto, como sempre falou.
- Tudo bem, eu vou. Mas saiba que se isso não for verdade. Eu vou acabar com você.
- Você vai me agradecer por isso no final de tudo Dulce, e eu vou estar aqui como sempre para te ajudar. Mas se não for nada disso que estou falando, eu sumo de sua vida para sempre.
Ela meneou com a cabeça negativamente e pegou sua bolsa saindo porta a fora.
Keana POV
As poucas luzes me davam certa dificuldade para caminhar pelo corredor para sala privada da Imperium. A boate aquela noite estava com um movimento fraco, talvez fosse pela ausência de Giovanna no palco principal. Alguns empresários importantes estavam espalhados por ali, sendo rodeados por mulheres lindas vestidas com minúsculas lingeries. Todas muito bem preparadas para algo a mais, pelo que soube pelas más línguas, a maior parte das dançarinas da Imperium também eram prostitutas. Quesito esse onde a mais desejada não se encaixava. Giovanna mantinha a fama de intocável, eu só queria saber até quando.
- Srta. Marie! - Taylor acenou no fundo.
Soltei um sorriso largo e me aproximei.
- Olá Taylor.
- Fico feliz que tenha chegado, estava a sua espera.
- Eu não poderia faltar nesse momento tão importante, não é mesmo?
- Claro! - Ela segurou em meu braço devagar. - Vou levar você até a sala privada. Reservamos a melhor de toda boate, creio que esse momento merece.
- A merece sim, algo histórico! - Falei animada.
- Com toda certeza será. - Ela falou olhando em meus olhos.
Caminhamos rapidamente pelos corredores da Imperium, onde havia varias salas. Taylor apenas apontou onde seria a minha. Eu assenti brevemente, e me dirigi até o cômodo. O lugar tinha pouca iluminação como o restante da boate, mas da porta eu já poderia ver o mini palco que havia ali dentro. No centro um poste de pole dance, e no chão alguns seguimentos de luzes para indicar os limites onde a dançarina poderia pisar. Na parte de baixo, um sofá aparentemente confortável de canto, e no centro uma cadeira com uma mesa ao lado. Um pequeno barzinho onde eu rapidamente me aproximei, servindo de uma boa taça de champanhe. Peguei a garrafa fina e coloquei dentro do balde de gelo sobre a mesa, sentando ao lado da cadeira estofada. Admito que tudo aquilo estava me deixando em pura euforia, aquela noite com toda certeza seria muito animada.
Tomei uma quantidade do champanhe quando os holofotes começaram se mover, eu respirei fundo encarando o palco que ainda estava em uma escuridão sem fim. Os alto falantes começaram a dar indícios que a musica estava prestes a começar. Eu me ajeitei na cadeira, servindo minha taça com mais um pouco da bebida alcoólica. Quando o holofote paralisou sobre o corpo da mulher em cima do palco, a musica começou.
Giovanna Puente moveu lentamente seu corpo de um lado para o outro no inicio lento da musica que tocava ao fundo. Ela virou, dando alguns passos para frente até o poste onde segurou lentamente. Ficando de costa para mim. A musica ganhou uma batida forte e sensual, dando embalo à forma como seu quadril começou a se mover. Por Deus, ela realmente era incrivelmente sexy. A morena tinha os cabelos extremamente ondulados, em seu rosto uma mascara negra para esconder sua identidade que já não era tão secreta assim para mim. Quando ela havia se tornado tão fodidamente sexy desse jeito? Pensei ao vê-la rebolar de forma sensual junto do bastão de inox do centro do palco. Anahí agora era dona de um corpo definido, e repleto de curvas perfeitamente sinuosas.
Eu engoli em seco, para logo em seguida tomar um grande gole da minha bebida. Giovanna virou de frente enquanto dançava, deslizando as mãos por seu corpo maravilhoso. Ela em nenhum momento me encarava, ou sequer colocava os olhos sobre mim. Mas ao contrario dela, os meus estavam vidrados no corpo daquela latina. Era realmente um show de hipnose, tudo ao redor dela se tornava sinônimo de desejo e luxuria. Ela tinha todas as armas para desarmar qualquer ser humano que caia pelo desejo. Suas duas mãos pousaram sobre o bastão, e com força ela suspendeu seu corpo, e para meu espanto aquilo parecia ser fácil demais para ela. Giovanna tinha a perfeita habilidade com o pole dance, seu corpo se movia com a delicadeza de um felino manhoso. Eu neguei com a cabeça, vendo a morena soltar as duas mãos que começaram a passear por seu corpo devagar.
Suas expressões eram provocantes e sexys, ela se entregava aquilo de forma inexplicável. Como se aquele momento a doce Anahí se extinguisse daquele corpo, deixando apenas a imponente Giovanna. Agora sim eu sabia o motivo dos atos possessivos de Dulce, a stripper era de enlouquecer até a pessoa mais forte e concentrada. Com o movimento sensual de seu corpo, ela acionava todos os seus sentidos, te deixando a beira de um precipício chamado cobiça, luxuria.
Com toda certeza aquelas habilidades haviam sido feitas pelos demônios, pois tudo nela lhe jogava para um pecado carnal. Giovanna desceu do pole dance, e rebolou. Movendo para cima e para baixo o enorme volume traseiro. Santo cristo, eu poderia dizer que estava me sentindo quente ao assistir aquilo? Seu corpo se esfregava devagar no bastão de inox, enquanto o jogo de luz parecia deixar o momento em câmera lenta. Eu literalmente me sentia em outro mundo, Giovanna levou as duas mãos ao cabelo e rebolou para mim. Sua boca estava entreaberta deixando sua expressão quase prazerosa, uma de suas mãos passou pelo tecido da pequena blusa na qual ela começou a tirar.
A morena retirou o tecido de seu corpo jogando para longe, e caminhou na direção da pequena passarela, mais próxima de mim. Ali foi a primeira vez que nossos olhos se encontraram, Giovanna tinha o ar arrogante e prepotente. A stripper se ajoelhou, e me encarou para em seguida tirar a segunda parte de sua roupa. Porra, ela era fodidamente gostosa. E estava praticamente de quatro agora, movendo seu corpo de forma puramente sensual.
Não, não, não..
Eu estava em uma espécie de bolha naquele momento, a musica alta, o jogo de luz, a bebida e a mulher a minha frente em um conjunto me fizeram esquecer de tudo, mas como tudo não poderia ser perfeito. Alguém teria que estourar tudo aquilo.
Foi quando senti uma movimentação atrás de mim e quando me virei Dulce caminhou em nossa direção como um furacão.
- Está gostando de brincar com sua irmãzinha, vagabunda?!
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