Fanfic: A Stripper ---- Portinon ( ayd) | Tema: Anahí & Dulce
Anahi POV
Fiquei parada ao lado de Claire e Melany, vendo o helicóptero de Dulce decolar. Pela janela de vidro pude ver a mulher acenar com um belo sorriso no rosto. Nossa filha ergueu a pequena mão para acenar rapidamente em resposta. Logo o helicóptero se moveu, afastando-se do prédio da Savinon Industry. Eu suspirei pesado, com certa insatisfação. Recebendo um olhar atento de Melany, que sorriu fraco.
- Vamos lá, Náh! Não fique assim. – minha melhor amiga comentou na tentativa de me animar.
Eu odiava quando Dulce precisava viajar, odiava ficar longe de minha esposa. Nós duas éramos mulheres totalmente ocupadas. Apesar de trabalharmos relativamente no mesmo lugar, não nos encontrávamos muito. Ambas tínhamos cargos de importância, que exigiam muito de nossa atenção. Nos últimos tempos havíamos prometido passar mais tempo juntas, para curtir nossa filha e Mari. Como promessa, Dulce deixou claro que no final de semana do meu aniversario, que cairia no domingo, nossa família iria para a casa de campo juntamente de amigos e familiares mais próximos, tudo em uma grande comemoração para o meu aniversario de trinta e um anos. Os tempos passaram voando não é? Eu sei.
- Ai, Mel. Você sabe que eu não gosto quando ela viaja sem mim.
- Eu sei, você fica com essa cara toda vez que ela vai.
Ela riu, enquanto caminhava de volta para o elevador central. Segurei na mão de minha filha, conduzindo-a para dentro da caixa metálica.
- Mama não gosta de ficar sozinha. – Claire falou para Mel.
- Por isso que a senhorita vai dormir com ela! Viu o que sua mãe Dulce falou?
- Sim! Vou dormir na cama grande! – comemorou animada, me fazendo sorrir.
- Isso aí garota!
Melany estendeu a mão para que Claire batesse. As duas eram simplesmente grudadas, eu amava a relação carinhosa que existia entre ambas. Muitas vezes minha melhor amiga se disponibilizava para cuidar de minha filha quando Dulce e eu precisávamos viajar a negócios, e sinceramente, não havia melhor pessoa para cuidar dela. Depois do termino com Alfredo, Melany ficou por algum tempo sozinha. O que me deixou bem triste, eu amava a relação dos dois e sempre esperei um belo casamento. Mas com o passar do tempo descobrimos que a loira tinha outros interesses, e bem conhecidos. Na festa de casamento de Selena com Justin, Melany nos revelou juntamente a Maite que estavam tendo um relacionamento. Aquilo realmente havia sido a surpresa do ano, para todos nós. O clima inicialmente pesou, o que rendeu o afastamento de Alfredo, mas hoje em dia tudo era muito natural. O mesmo estava namorando uma bela canadense, e sempre vinha nos visitar.
- Onde está May? – perguntei ao sairmos do elevador.
- Ela está na Imperium. Disse que precisava pagar alguns fornecedores hoje!
- Não sei o que seria de mim sem May naquele lugar.
- Minha namorada é demais, eu sei. – falou convencida.
- Ela é, mas não fique se achando por isso Castro. Eu também tenho uma esposa maravilhosa.
- Você diz isso há anos, Náh. Não consigo esquecer.
Ficamos por alguns minutos em minha sala, enquanto eu resolvia alguns assuntos pendentes da Savinon Industry. Melany agora havia assumido o lugar de supervisora geral na filial de Miami, e contava com ajuda de Selena que controlava o financeiro. Honestamente, Dulce foi como um furacão, não só em minha vida, mas de todos ao meu redor. Em comparação com nossa situação há anos atrás, na qual Sel, Mel e eu vivíamos em um pequeno apartamento dividindo economias, hoje estávamos bem melhor do que imaginávamos. Com minha ascensão a presidência, eu me vi no dever de ajudar ambas as mulheres que me ajudaram por anos de minha vida. E Dulce não questionou, ela sabia a confiança que eu tinha em minhas amigas, ou melhor, em minhas irmãs. Hoje, não somente eu, mas todas vivíamos em uma situação financeira ótima.
- Que tal a gente almoçar no Le café? Fui lá semana passada, Gerald disse que está com saudade. – Mel falou.
Eu sorri e assenti brevemente.
- Tio Gerald! – Claire falou animada. – Nós vamos, não é? – perguntou enquanto empurrava os papeis e lápis de cor para longe.
- Vamos sim, meu amor. Pegue a bolsa da mamãe em cima do sofá.
A menor assentiu rapidamente, carregando minha bolsa até mim. Capturei dos braços da mesma, arrumando algumas coisas para colocar dentro.
- Vou chamar Sel, encontro você na entrada.
- Certo, vou descer com Claire. Vamos com Alfred!
- Tudo bem! – foram as únicas palavras que Mel falou ao sair de minha sala.
Caminhamos apressadamente em direção ao elevador. Claire esticou o braço até o painel, onde apertou o botão do primeiro andar. A pequena garota sorriu animada, ela adorava ir ao Le Café, Gerald sempre fazia questão de fazer todas suas vontades. O que rendia boas horas dentro do lugar.
- Nem pense que vai comer bobagens com o Tio Gerald, ok?
- Mas mama...
- Mas nada, mocinha. Agora você não tem sua mãe para te acobertar. – disse fazendo cócegas na mesma.
- Tenho tia Melany!
Franzi o cenho enquanto meneava com a cabeça negativamente. Claire colocou as mãos pequenas mãos sobre a boca, tentando conter uma risada sapeca. Meu Deus, Dulce treinou a menina perfeitamente bem. Antes que eu pudesse falar alguma coisa, as portas do elevador se abriram, libertando minha filha de qualquer sermão. A menor correu pela recepção da Savinon Industry até chegar em Alfred que estava na entrada. Ficamos esperando por alguns minutos, até ver Mel e Sel caminharem em nossa direção. Por uma fração de segundos lembrei de quando nos reuníamos todos os dias no bistrô, na esquina da Savinon Industry, para conversar sobre todos os tipos de assuntos que cercavam aquela empresa, inclusive, Dulce.
- Desculpe a demora, Náh. – Sel falou ao se aproximar, depositando um pequeno beijo em meu rosto.
- Não se desculpe, você não demorou nada.
- Nem tive como, Melany chegou gritando aos sete ventos que iríamos almoçar.
- Se não fosse assim, ela demoraria. Nós conhecemos você, Gómez.
Foi a vez de Mel falar em um tom que fingia seriedade. Eu sorri para ambas e assenti.
- Tenho que concordar com Melany.
Selena revirou os olhos, e retirou seu óculos de grau do rosto, colocando o mesmo dentro da pequena capa.
- Aonde vamos?
- Ao tio Gerald! – Claire falou animada.
- Hey pequena! Como está?
Selena se abaixou ficando na mesma altura que Claire, que beijou o rosto da maior com carinho.
- Sel chamando a Claire de pequena chega a ser cômico.
- Eu ouvi isso, Melany!
Soltei uma risada baixa, e caminhei para fora da Savinon Industry. Alfred se adiantou para abrir a porta do veiculo. Era uma Mercedes classe s, na cor preta. Dulce sempre exigente demais com seus carros, agora, nossos. Melany sentou na frente, ao lado de Alfred. Selena e eu sentamos atrás juntamente de Claire. Em pouco tempo chegamos ao Le Café, Claire de forma animada correu para dentro do estabelecimento sem nem sequer esperar por nós.
- Você pode almoçar onde quiser Alfred. Vou demorar um pouco aqui.
- Sim Sra. Portilla. – o senhor falou ao fechar a porta do carro. – Bom almoço!
- Pra você também.
Ao entrar no Le café, logo notei minha filha sentada em um dos bancos perto do balcão, ela conversava de forma entretida com Gerald que lhe falava algo.
- Bom dia, Gerald.
- Bom dia, menina Anahí. - O senhor falou bem humorado.
Já se fazia anos que o conheci, e o homem de cabelos grisalhos nunca perdia a simpatia. Sempre freqüentávamos seu café e restaurante, por ser um dos lugares favoritos de Dulce em toda Miami. E agora, era meu e de Claire também.
- Onde está Dulce?
- Teve que fazer uma viagem, sabe como é! Negócios.
- E essa sua carinha é por isso?
- É sim, tio. Minha mãe ta triste. – Claire falou se apoiando no balcão com os pequenos braços.
Gerald sorriu para a menor e logo me fitou.
- Ah Anahí, apesar de ruim. Eu fico feliz que esteja assim, isso mostra que não gosta de ficar longe de Dulce.
- Eu odeio!
- Imagino que sim! Mas aposto que ela também odeia ficar longe de você e dessa pequena aqui.
O homem levou a mão até os cabelos longos de minha filha, fazendo um carinho suave. Ouvi a voz de Mel e Sel ao fundo, estavam se aproximando de nós.
- Vou ver uma mesa boa para essas belas moças!
Mel sorriu, recebendo um abraço do senhor, que logo em seguida repetiu o ato com Sel.
- Já estava com saudade da comida daqui!
Sel murmurou seguindo logo atrás de Gerald que nos conduzia para o fundo do restaurante, na área mais aberta. Ficamos em uma espécie de varanda daquele lugar, bem próxima ao pequeno parquinho infantil que havia ali. Claire nem sequer pediu, apenas me olhou com aquele par de olhos castanhos suplicantes, e eu assenti com um sorriso.
- Ela ter puxado os olhos de Dulce realmente foi uma queda pra você. – Sel falou rindo enquanto se acomodava na cadeira ao meu lado.
- Penso nisso sempre que olho pra ela.
- Vou pedir a uma das meninas que venham atender vocês. – Gerald falou serenamente, enquanto repousava uma de suas mãos em meu ombro.
- Tudo bem! Mas depois sente conosco para conversar um pouco.
- Claro filha Com todo prazer. Tomamos um café todos juntos. E com Claire não se preocupe, vou mandar fazer um prato especial para ela!
- Muito obrigada, Gerald.
O homem assentiu e se afastou, deixando-nos a sós na mesa. A todo instante eu me permitia dar uma breve olhada em minha filha, que parecia se divertir no parquinho ao lado de outras crianças. Claire era uma criança muito facilmente sociável, tinha a enorme facilidade em se enturmar e arrumar amigos.
- Relaxe um pouco, ela está só brincando. – Mel falou tocando minha mão sobre a mesa.
- Só não quero que ela se machuque ou se suje toda.
- Quando pensaríamos que Anahí seria uma mãe tão protetora? – Sel perguntou rindo.
Encarei a mesma com o cenho franzido, e antes que eu pudesse falar alguma coisa, uma das funcionarias se aproximou. Demoramos poucos minutos para escolher nossos pratos, mas logo a moça jovial anotou nossos pedidos e se retirou.
- Nem venha com isso! Você tem até mais cuidado com Thomas!
- Náh, Thomas é um menino muito eufórico! Eu tenho que ter cuidado mesmo. Outro dia estava em cima do nosso cachorro brincando de cavalo.
- Aposto que foi idéia de Justin! – Mel falou em uma risada divertida.
- Nem me diga isso, Claire quer fazer a mesma coisa com Cronos.
- Eu não sei mais o que faço. Ele é adiantado demais para um garoto de cinco anos.
- Eu imagino! Claire com três anos e meio já é esperta demais.
- Vocês falando dos meninos assim me faz desistir de querer ter filhos!
Foi à vez de Melany falar um tanto amedrontada, o que nos fez rir.
- Pelo menos você vai poder se preparar antes de resolver ter um. Não é como Selena que pode ficar grávida de outro a qualquer momento.
- Isso é verdade! Algo me diz que Sel tem uma vida sexual muito ativa.
- Não vamos falar disso! – a menor falou tentando mudar de assunto.
- Sel, você lembra daquele livro? 50 tons de cinza! Fez alguma coisa com Justin? Chicote ou algemas?
- Eu não acredito que você está perguntando isso, Meu Deus!
Soltei uma risada pelo nervosismo evidente que Selena transparecia.
- Está muito nervosa Sel! Você fez! – falei a acusando.
- Náh! – exclamou.
- Nossa, e eu pensando que Sel ainda era da igreja!
- Eu sou! O pastor inclusive sempre pergunta por vocês.
- Pensei que ele nunca mais fosse querer nos ver! Lembrar de Melany falando que a mulher do coral era gostosa foi trágico.
- Sinais claros do lesbianismo possuindo meu corpo.
- Nunca pensei Castro. – Sel falou com um risinho debochado.
- Não venha querer falar algo. Nunca sabemos de nosso futuro, vai que você se separa de Justin e resolve ter uma experiência maravilhosa de sexo com uma mulher? Sel você não faz idéia de como é gostoso fazer...
- Em nome do senhor Jesus Cristo, fique quieta. – disse a menor estendendo a mão para Melany.
Eu não conseguia controlar a vontade imensa de rir. Era como se os anos não tivessem passado, ainda éramos as três amigas mais loucas dessa Miami. Melany ainda vivia com seu amor disfarçado de implicância sexual em relação à Selena, e a mesma com seus ensinamentos cristãos. Vivíamos nesse joguinho que nos divertia, apesar de muitos absurdos falado, nós sabíamos que tudo não passava de elementos de nossa forte amizade.
- O que? Eu só ia falar que chupar...
- Chocada em Cristo! – Sel exclamou.
Antes que Melany pudesse completar a frase, eu rapidamente coloquei minha mão sobre sua boca, evitando possíveis olhares ao redor. Arregalei os olhos, controlando minha vontade de rir.
- Eu sei o que iria falar. É ótimo, mas fica quietinha Melany.
Melany franziu o cenho, e eu retirei a mão de sua boca. Ela se acomodou melhor na cadeira, e me fitou com uma expressão maliciosa.
- Então é ótimo? Sempre lesbica demais essa Anahí. Culpa de Dulce, a alfa.
- Eu sempre fui.
- Náh, preciso que concordar com Melany. Dulce aumentou de cinqüenta para cem por cento o nível de lesbicagem em você!
- Eu defendo você, e você me acusa?
- Trabalho com as verdades. – falou convencida.
Cortamos o assunto assim que uma das moças se aproximou, servindo nossos pratos delicadamente. Trocamos um olhar cúmplice, e creio que em um mesmo pensamento. "Será que ela ouviu nossa conversa?" Neguei com a cabeça, e acenei para Claire que de longe me viu. Ela sorriu e correu em direção a nossa mesa.
- Sente aqui do lado da mamãe. Gerald fez seu prato com muito carinho.
- Mama, o Liam disse pra mim que tem dois pais!
- Hum! É mesmo? E quem é Liam?
Claire se acomodou em uma das cadeiras ao meu lado, enquanto colocava seu prato perto da mesma. Gerald havia feito uma bela decoração no prato de minha filha, tudo bem colorido e arrumado em formato de uma carinha feliz.
- É o meu amigo, o conheci agora no parque. – disse ela pegando o garfo. – Ali está ele!
Olhei para o pequeno garoto que estava sendo empurrando no balanço por um homem alto e loiro, que eu julguei ser seu pai.
- Eu disse para ele que tenho duas mães! E ele me perguntou se era divertido como ter dois pais.
- E o que você disse?
- Disse que era muito legal! E que minhas mães brincam comigo todos os dias.
Eu sorri para a mesma, e depositei um beijo em seu rosto. Desde cedo, Dulce e eu ensinávamos a Claire que nesse mundo havia diversos tipos de família, e que todas eram tão bonitas e felizes como a nossa. Ela parecia ter entendido perfeitamente bem, e adorava a idéia, o que me deixava bem mais tranqüila. Nós sabíamos que ainda havia certa ignorância por parte das pessoas para com esse assunto, mas daríamos o melhor de nós para sempre deixar nossa filha com pensamentos abertos. O almoço transcorreu tranqüilo, entre uma conversa agradável e divertida. Melany tirava pequenas brincadeiras com minha filha, que parecia adorar. Enquanto Selena e eu conversávamos sobre alguns assuntos da Savinon Industry. Não demorou muito, e minhas amigas se despediram, de acordo com ambas, havia uma reunião importante do financeiro da empresa, e não poderiam se atrasar.
- Nós vemos depois, Náh. – ouvi Mel falar ao se afastar junto de Sel.
Levantei de minha cadeira, e caminhei para área ainda mais próxima do pequeno parque. Claire estava na gangorra junto do pequeno Liam, eles pareciam ter se dado bem. Me distrai por uma pequena fração de segundos, quando senti alguém se aproximar.
- Me sinto cada vez mais velho ao ver essa pequena. – Gerald falou ao parar do meu lado.
Tirei a atenção de minha filha, e fitei o velho homem de cabelos grisalhos. Ele vestia uma calça marrom, e uma camisa de botão branca e por cima um belo suéter azul. Gerald tinha a aparência daquele avô bobo, que fazia de tudo por seus netos e filhos, era no mínimo encantador para um homem como ele.
- Serio, em pensar que vi Dulce desse tamanho e agora vejo a filha dela é demais pra mim.
- Eu imagino. Dulce também era assim?
O homem assentiu, enquanto analisava Claire.
- Claire tem muito de Dulce, mas tem muito de você também! É incrível!
- Isso é maravilhoso de se ouvir! Sabemos que não daria pra ter uma combinação única entre Dulce e eu. Mas fizemos o melhor.
- Ela é perfeita, Anahí.
- Sim, ela é a melhor coisa da minha vida. Juntamente de Dulce e Mari é claro.
O senhor riu, e caminhou lentamente até o banco de mármore que havia ali. O Le café tinha um belo jardim em seu interior, o que dava um ar calmo e familiar, diferente da realidade ao lado de fora. Eu segui o caminho do mesmo, para sentar ao seu lado.
- Não pensam em ter outra criança? – perguntou curioso.
Meus olhos acompanharam o semblante do senhor, que parecia torcer por uma resposta positiva de minha parte.
- Pensamos nisso, na verdade Dulce anda pedindo isso com muita freqüência. – deixei que um breve sorriso escapasse de meus lábios.
- Eu imagino que sim! Menina Anahí, você transformou Dulce de uma maneira incrível!
- Ela me transformou também.
- Eu acredito muito nisso. Mas acho que a mudança que fez nela foi bem maior! Eu sabia que Dulce era uma mulher doce, apesar daquela capa de durona. Mas uma mãe tão cuidadosa assim? Nunca pensei!
Gerald tinha razão, ninguém esperava aquela versão de Dulce. Bom, na verdade eu sempre esperei, e não me surpreendi em nada. Eu sempre senti que Dulce era mais do que todos viam. Sempre soube que por trás daquela capa de mulher forte e imponente, havia uma esposa doce e carinhosa. Dulce era uma mistura perfeita, cada detalhe que compunha sua personalidade, seu corpo, seu jeito de ser, era perfeito para mim. Como uma fusão de qualidades e defeitos, que unidos se transformavam na mais bela criação de Deus. Ao pensar na pessoa na qual o destino colocou em minha vida, para segurar em minha mão e enfrentar qualquer situação que se opusesse contra mim. Ela era, e sempre seria a melhor de todas.
Flash Back On.
"- Acha que dá pra sentir alguma coisa? – Dulce perguntou curiosa enquanto colocava a mão em minha barriga.
Soltei um sorriso largo ao vê-la tão ansiosa por um sinal de nosso bebê. Estávamos deitadas no sofá de nosso apartamento. Depois de um dia exaustivo na Savinon Industry, resolvemos ficar em casa e assistir um filme. Mari estava na casa dos pais de Dulce, em uma espécie de férias improvisada pelo Sr. Savinon. Então, Dulce e eu tínhamos a casa inteira somente para nós.
- Amor, eu estou com poucos meses. Não dá pra sentir nada ainda.
Ela franziu o cenho, fazendo uma careta emburrada. Levei a mão até os seus cabelos, acariciando as madeixas de Dulce. Eu estava sentada no sofá, e minha esposa estava deitada, com a cabeça repousada sobre minhas coxas. Ela fechou os olhos ao sentir meus carinhos, e suspirou pesado.
- Quando acha que vamos poder sentir o bebê mexer?
- Não sei, acho que com uns quatro ou cinco meses.
- Nossa, vai demorar muito! – reclamou me fazendo rir.
- Que pressa!
- Eu só quero sentir o bebê aí.
Dulce abriu os olhos e me fitou, virou seu corpo de bruços no sofá para então se aproximar mais. Com delicadeza ela levantou uma parte de minha blusa, e deslizou a palma da mão em minha barriga.
- O que acha que vai ser? - perguntou de forma pensativa.
Ela estava linda aquela noite, vestia um short jeans, uma camiseta branca de tecido macio, tudo muito simples. Mas Dulce não precisava de absolutamente nada para ficar linda, ela já era.
- Eu não sei.
- Ah, vamos lá Annie! Não acredito que não faz idéia.
- Bom, eu acho que será uma menina.
- Serio?
Eu assenti rapidamente.
- Eu também acho que será. Normani disse que acha que será um menino.
- Melany também!
- Bom, não importa o que seja. Eu vou amar da mesma maneira! – minha esposa falou enquanto fazia um carinho suave com a ponta dos dedos em minha barriga.
- Mesmo?
- Claro, amor.
Dulce ergueu seu corpo, e sentou ao meu lado no sofá, dobrando as pernas para se acomodar mais próxima de mim.
- Você não faz idéia do quão feliz e animada eu estou por você estar grávida, Annie. Meu Deus, eu tenho a sensação que vou explodir de tanta felicidade só de pensar que vamos ter um bebê juntas.
- Eu também estou, Dul. Muito!
- Nós vamos ser muito felizes com esse bebê aí, tenho certeza!
- Promete? – meus olhos se fixaram nos dela, que me fitavam esperançosos.
- Eu prometo, meu amor."
Flash Back Off.
Ouvi a risada alta de minha filha que corria em minha direção, a mesma já estava suando pela frenética brincadeira com os outros. Ela se aproximou, colocando as mãos sobre minhas pernas, enquanto tagarelava sem parar sobre como se divertiu ali. Nós conversamos mais alguns minutos com Gerald, que mostrava interesse nas historias de Claire. Depois nos despedimos do mesmo, e voltamos com Alfred para nossa casa.
[...]
- Vamos mocinha, pra cama. – disse ao conduzir minha filha até o quarto.
- Mãe, não quero.
- Já está ficando tarde, e Mari já esta deitada lá.
- Vamos dormir todas juntas?
- Vamos sim! Quero as duas comigo.
Entramos no quarto, estava frio, a ponto de me fazer arrepiar. Claire correu até a cama, onde Mari já estava sentada, enrolada com o edredom grosso na cor branco.
- A cama de vocês é imensa! – minha irmã exclamou ao deitar na mesma.
- Dulce gosta de espaço.
- Não sei porque, vejo vocês dormindo juntas e sempre estão agarradas.
Olhei para minha irmã, deixando que um sorriso involuntário escapasse de meus lábios. Ela tinha razão, Dulce tinha a mania de sempre querer dormir agarrada a mim, talvez por isso eu sentia tanta falta de ter minha esposa junto a mim nas noites na qual ela viajava.
- É bom dormir assim, mas agora chega de papo!
- Podemos ver filme?
Olhei para ambas que tinham um olhar suplicante em minha direção. Soltei um suspiro pesado e assenti. Logo estávamos todas debaixo das grossas cobertas da cama, enquanto assistíamos a um filme de animação que Mari havia escolhido. Claire estava exausta, tivemos uma tarde animada entre brincadeiras na piscina, ela não demoraria a pegar no sono. Levei a mão até as madeixas onduladas da pequena garota, iniciando um carinho suave, que a fez suspirar. Claire se acomodou mais próximo de meu corpo, provavelmente em busca de calor. O quarto estava escuro, e frio, o que ajudava naquele clima que logo embalaria o sono de minha pequena. Eu não prestava atenção no filme, já havíamos visto aquele uma dezena de vezes, mas as duas adoravam e eu não iria me opor a vê-lo. Meus pensamentos vagaram pela minha esposa, quando ouvi meu celular tocar.
Devagar me levantei da cama para não despertar minha filha que havia pegado no sono. Depois de um sono perdido, Claire dormiria pela madrugada, e isso era tudo que eu menos queria. Capturei o aparelho em cima do criado mudo, e corri para uma área mais afastada do quarto.
- Alô?
- Saudade da sua esposa? – Ouvi a voz de Dulce soar pelo outro lado da linha.
- Não sei, deixe-me pensar.
- O que?
Soltei uma risada baixa, enquanto caminhava para a varanda de nosso quarto.
- Claro que estou, meu amor. Pensei que não iria me ligar.
- Desculpe, Annie. Eu cheguei ao hotel agora. Ficamos o dia todo no filial daqui e depois Alfredo me levou para jantar junto de outras pessoas.
- Outras pessoas?
Ela suspirou do outro lado da linha, provavelmente estava sorrindo.
- Sim, umas canadenses lindas sabe? – provocou.
Mordi os lábios, e caminhei para o outro lado da varanda. Eu sabia que Dulce estava brincando em me provocar, mas eu não conseguia não me irritar com a hipótese de ter mulheres dando em cima de minha esposa.
- Eu acho bom você ter se comportado, Savinon.
- Me comportei, fiquei pensando em uma latina maravilhosa na qual sou casada. – seu tom de voz foi sedutor, merda, eu adorava.
- Não tente me amansar.
Ela riu.
- Adoro você bravinha assim, Annie. Sinto vontade de beijá-la, pena que não posso.
- Uma pena mesmo, vou beijar outra então! – revidei com um tom sarcástico.
- Anahí Savinon, nem pense em tal hipótese. – soltou em um tom serio, e mandão.
Suspirei ao ouvi-la. Dulce agora era menos ciumenta que antes, talvez porque agora nossa relação se baseava em total confiança. Mas ainda sim tinha seus momentos de ciúmes, que modéstia parte eu amava. Ciúmes saudável é sempre bem vindo, não?
- Então não demora pra voltar. Já sinto sua falta.
- Amanhã de tarde eu já vou estar de volta, amor.
- Tudo bem, vou esperar você na Savinon Industry.
- Por mim tudo bem! Onde está minha babe girl? Estou com saudades já.
Sorri pela forma melancólica na qual ela se referiu a nossa filha. Dulce e Claire viviam grudadas o tempo todo, sempre abraçadas ou trocando carinho.
- Ela está dormindo, amor. Você ligou muito tarde. Mas posso acordá-la.
- Não, não precisa. Deixa ela dormir, sabemos que se acordar agora, não dorme tão cedo. – soltou com um riso baixo e abafado.
- Isso é verdade. Mas pode ligar amanhã para falar com ela!
- Eu ligo sim. Agora eu vou dormir que estou bem cansada, e imagino que você também.
- Eu estou, muito. Claire e Mari tiraram todas minhas energias. – falei sentindo meu corpo pesar.
- Amanhã tiro o restante. – sua voz saiu baixa, quase rouca.
- Vou esperar por isso. – retruquei com malicia. – Mas vai dormir, descanse pra fazer o que tem que fazer amanhã e voltar logo.
- Tudo bem Srta. Portilla! Como ordenar. – fingiu estar seria, e depois riu. – Boa noite, meu amor. Durma bem e dê um beijo em Mari e Claire por mim. Amanhã estou de volta.
- Pode deixar comigo. Boa noite, meu bem. Eu te amo.
- Eu também te amo, minha Annie. – foram suas palavras antes de desligar.
Voltei para dentro do quarto em passos lentos, eu não queria despertar ambas as garotas que dormiam profundamente em minha cama. Na ponta dos pés me aproximei da cama, deixando o celular novamente sobre o criado mudo, para então voltar ao meu lugar. Dulce me fazia falta naquela cama, nesse momento ela estaria deixando eu me acomodar em seu corpo, enquanto acariciava meus cabelos de leve. É incrível como você passa a ser dependente de alguém quando ama, talvez seja um processo involuntário, a outra pessoa acaba sendo seus pilares para sustentar os momentos mais bobos até os mais sérios. Cada detalhe de seu cotidiano acaba se interligando com o do outro, em uma mensagem clara que estaremos sempre ligadas. Peguei o controle da televisão, para deslizar a mesma. O quarto ficou completamente escuro e silencioso, agora eu só conseguia ouvir a respiração de ambas as meninas ao meu lado. Mari dormia no canto, enrolada com o edredom, enquanto Claire abraçava o pequeno unicórnio que Dulce havia dado a ela. Beijei o rosto de minha filha levemente, antes de me juntar mais a ela.
"Eu sentia as mãos de Dulce acariciar minha barriga em gesto delicado e carinhoso. Eu estava sentada sobre nossa cama, encostada sobre o amontoado de travesseiros macios feito por minha esposa, que estava ao meu lado sentada com um sorriso bobo nos lábios. Ela tinha dois pequenos sapatinhos cor de rosa nos dedos, que usava para fazer uma espécie de caminhada sobre minha barriga.
- Vamos lá, babe girl! Eu quero sentir você mexer. – sussurrou mais próximo de minha barriga.
Se havia uma coisa que Dulce amava, era conversar com nossa filha. Eu estava no oitavo mês de gestação, logo teríamos o prazer de conhecer a nova integrante de nossa família.
- Sabe que isso é um pouco incomodo não é? – perguntei rindo.
- Desculpe, Annie! Mas eu adoro sentir ela mexer. Já reparou que ela sempre o faz quando estou conversando com ela?
Eu assenti sorrindo, para então capturar rapidamente a mão de Dulce, colocando em uma região de minha barriga. Os olhos de Dulce brilharam ao sentir a mesma mover-se ali.
- Ei meu amorzinho. Mamãe está louca para ver você, sabia? Hoje compramos seu berço e seu carrinho. Eu queria verde, mas sua mãe escolheu rosa. Espero que goste!
Minha esposa falou bem próxima a minha barriga, como se contasse um segredo para o bebê. Claire, como nós havíamos escolhido, empurrou minha barriga lentamente, causando aquela pequena pontadinha.
- Ela deve ter gostado, mexeu bastante. – disse para Dulce que sorriu.
A mulher se aproximou mais, agora se deitando parcialmente sobre a cama. Dulce acariciou mais uma vez, para em seguida depositar um beijo na região. Eu sentia meu peito encher com uma sensação maravilhosa, um sentimento inexplicável. A felicidade evidente de Dulce contagiava quem quer que fosse, ninguém ali estava tão feliz como ela por eu estar grávida. Ela fazia todas minhas vontades e meus desejos, não importa a hora e nem o lugar. Ela cuidava de mim como se eu fosse à melhor coisa de sua vida.
- Estamos tão ansiosas para ter você, babe girl. Aposto que vai inundar esse apartamento de tanta felicidade. Vai me fazer uma mamãe boba, e de Anahí uma mãe amorosa e responsável. Porque sinceramente, responsável eu não serei.
Talvez os hormônios da gravidez estivesse me afetando mais do que o esperado. Eu sentia meus olhos lacrimejarem com a cena, Dulce se colocou entre minhas pernas, enquanto conversava entretida com nossa filha que ainda estava em minha barriga.
- Mas não se preocupa não, vamos arrumar um jeito de escapar dos sermões. Eu prometo!
- Já está ensinando isso para nossa filha, Savinon? – perguntei fingindo estar seria.
- Ela tem que nascer preparada para enfrentar as regras nessa casa. Logo terá mais uma para aumentar a bagunça que Mari, Cronos e eu fazemos.
- Eu estou ferrada com vocês aqui!
Dulce prendeu o riso e ergueu seu corpo, ficando da minha altura.
- Está mesmo viu. – ela se aproximou mais, a ponto de deixar seu nariz roçar lentamente sobre o meu. – Mas vai amar, eu tenho certeza.
- Vou?
Ela tinha os olhos fechados, enquanto roçava seu rosto no meu. Eu suspirei e sorri.
-Vai sim! Vamos ter a melhor família de todo esse mundo!
Eu abri os olhos e me deparei com aquele par de olhos castanhos, bem a minha frente, estavam em uma tonalidade clarinha e brilhante. Eu sorri para ela, que fez o mesmo antes de roçar seus lábios nos meus.
- Nós vamos.
- Sim, meu amor. Eu prometi que te faria feliz e eu vou!
- Você já faz, Dulce. Fez-me a mulher mais feliz de todas.
Ela depositou um beijo em meus lábios e sorriu.
- Eu te amo, te amo mais do que você pode imaginar, Anahí."
-
" – Meu Deus! E agora? – Dulce perguntou claramente nervosa.
- Dulce, fica tranqüila ok? Respira. – Mel tentou acalmá-la.
Vi minha esposa caminhar de um lado para o outro, com um semblante nervoso e preocupado. Eu não conseguia tranqüilizá-la, a bolsa havia estourado e minhas contrações estavam ficando cada vez mais freqüentes. Alfredo me segurou no colo, caminhando para o estacionamento. Dulce caminhava atrás, juntamente de Melany e Angel.
- Savinon pelo amor de Deus! Quem está tendo um bebê agora é a Anahí. Então calma.
- Angel, é a minha mulher que está tendo a nossa filha! Como eu vou ficar calma?!
Se eu não sentisse tanta dor, eu poderia rir da situação. Mas aquele não era o melhor momento. Sentei-me no banco de trás do carro, e logo Alfredo assumiu o volante. Melany se pôs ao seu lado e Dulce ao meu.
- Porra, isso é horrível. – falei alto ao sentir a forte contração.
Dulce me fitou assustada, mas segurou minha mão de forma delicada. Eu apertei mais do que deveria, pois vi sua mão branca ficar vermelha em questão de segundos.
- Calma, meu amor.
Dulce por mais nervosa que estivesse, tentava passar toda a calma do mundo para mim.
- Náh, respira! Respira bem forte! – Mel gritou.
- Deus! – exclamei alto, segurando minha barriga.
- Eu vou passar mal. – Dulce sussurrou.
- Não, amor. Você não pode passar mal agora. Ai! – disse nervosa.
Dulce estava mais pálida do que o normal, se é que isso era possível. Ela me fitava assustada e ao mesmo tempo preocupada, eu sabia que aquilo era totalmente diferente do que ela esperava. Nós havíamos marcado a cirurgia para ter o bebê, mas Claire resolveu se adiantar aquela amanhã.
- Alfredo pelo amor, acelera esse carro! – gritei.
- Nós temos que chegar logo.
- Caralho, que nervoso! – Mel exclamou.
Ao chegarmos ao hospital fomos logo atendidas, em pouco tempo eu estava dentro da sala de parto, sentindo aquela dor infernal tomar conta de todo meu corpo. No inicio, Dulce se recusou a assistir, disse que desmaiaria lá dentro e atrapalharia tudo. Mas no final, lá estava ela, segurando em minha mão, pedindo carinhosamente para que eu fizesse força e respirasse fundo. Eu sentia minha vista embaçar em meio à dor descomunal que me fazia gritar.
- Respira fundo, meu amor. Falta pouco, vai.
- Eu não consigo mais, meu Deus, Dulce! – grunhi de dor, apertando sua mão. Eu sentia as lagrimas escorrerem pelo canto de meus olhos.
- Consegue sim! Falta bem pouco, nossa filha vai nascer, Annie.
Não demorou muito, e o choro da criança inundou todo aquele cômodo. Eu repousei minha cabeça sobre a maca, sentindo meu peito subir e descer rapidamente. Abri os olhos e fitei o sorriso de Dulce em minha direção.
- Eu te amo. – sussurrou antes de soltar minha mão.
Claire chorava escandalosamente, me fazendo sorrir fraco. Dulce se aproximou do medico que colocava o bebê em uma pequena manta azul. Da forma mais cuidadosa possível, Dulce acomodou nossa filha nos braços pela primeira vez. Você não faz idéia do quanto aquele momento era importante para mim, para nós. Ver a mulher da minha vida segurando nossa filha, com aquele sorriso largo e os olhos marejados era o melhor momento de nossa vida. Eu vi algumas lagrimas escorrerem pelo rosto de minha mulher, que sussurrava algo para nossa pequena bebê.
Eu suspirei pesado, fechando e abrindo os olhos lentamente. Quando então minha esposa se aproximou de mim.
- Ei mamãe, dê boas vindas a nossa bebê.
Eu não me contive, deixei que as lagrimas caíssem em pura emoção. Claire foi gradativamente cessando seu choro saudável, enquanto eu encarava seu rostinho avermelhado.
- Seja bem vinda, meu amor. – sussurrei, recebendo um sorriso de Dulce."
Acordei com o sol batendo em meu rosto, enquanto sentia meu corpo ser chacoalhado sobre o colchão. Claire pulava na cama em pura animação. Mari ria no canto, ao lado de Cronos que tentava puxar o lençol.
- Meu Deus, vocês só podem estar brincando comigo!
- Mama! – Claire gritou se jogando em cima de mim. – Bom dia! – sussurrou manhosa, depositando um beijinho em minha bochecha.
- Posso saber que animação é essa? – perguntei sonolenta.
- Tia Sel disse que Thomas quer brincar!
- E..?
- Disse que está vindo aqui para buscá-la.
Sentei na cama devagar, coçando meus olhos que com dificuldade estavam abertos.
- Sou a ultima a saber?
Mari deu de ombros com um sorriso.
[...]
Eu tinha um amontoado de pastas sobre a mesa. Todas elas ainda precisavam ser devidamente analisadas para aceitar ou não os projetos. Mas confesso que naquele dia eu não estava com paciência, já se passava das cinco e eu não tive nenhum sinal sequer de Dulce. Eu havia ficado praticamente a manhã inteira na Savinon Industry, e depois ainda passaria na Imperium para deixar o contrato com o novo fornecedor que Normani havia arranjado. Bufei irritada, enquanto tomava uma dose de uísque em meu copo.
Não acredito nisso, Dulce!
Me distrai por uma fração de segundos com a vista da tarde lá fora, já estava escurecendo e se formando uma noite maravilhosa. Quando ouvi meu celular vibrar sobre o vidro da mesa. Me movi rapidamente na esperança de ser Dulce, mas o nome de May reluziu sobre a tela do Iphone.
- Oi May.
- Nossa, que empolgação é essa? Esperava ao menos ser atendida com um "Olá rainha"
Soltei uma risada involuntária ao ouvi-la.
- Estou de mau humor, não me faça rir.
- O que houve?
- Dulce! Aquela...
- Ei, nada de xingar a esposa. – May falou seria. – Isso só vale na cama.
- Idiota. O que quer?
Me virei na cadeira giratória, voltando meu corpo diante a mesa.
- Quero saber se vem aqui. Eu só estou esperando você vir para assinar esse contrato. Eu disse que ele vem aqui amanhã cedo.
- Não posso assinar isso amanhã cedo? Ainda tenho que passar na casa de Sel para pegar Claire e Mari. – resmunguei mau humorada.
- Nada disso! Avisei você desde cedo, Portilla.
- Eu sei, eu iria passar aí com Dulce depois de sair da Savinon Industry. Mas aquela idiota não deu sinal.
- Acha que aconteceu algo?
- Não! Liguei para Alfredo, e ele disse que ela estava assistindo o projeto de alguns fornecedores do Canadá.
- Então ela não volta hoje?
- Não, e se voltar vai dormir no sofá.
May soltou uma risada do outro lado da linha.
- Duvido, você deve estar morrendo de saudades dela.
- Estou, mas agora minha raiva é maior.
- Não fique assim! Vem, vamos sair hoje. Eu, você e Mel.
- Não estou no clima, May. Fora que não quero ficar segurando vela para vocês duas.
- Deixe de ser rabugenta. Vai ser divertido, prometo que não ficaremos contando migalhas na frente dos pobres.
- Você está tão engraçada hoje Perroni.
- Sempre sou, querida. Agora é serio, esperamos você aqui na Imperium.
- Vou pensar.
- beijinhos. – disse ela antes de deslizar.
Joguei o celular sobre a mesa, quando ele novamente tocou. Bufei pensando no que May havia esquecido de me falar, era sempre assim. Capturei o celular mais uma vez, agora vendo o nome de Dulce.
- Oi meu amor. – disse ela em um tom baixo, quase culpado.
- Diga, Dulce. – cortei seria.
- Annie, eu sei que está brava comigo. Mas olha, vou no primeiro horário amanhã.
- Você tinha prometido vir hoje, Savinon!
- Eu sei, mas eu tive imprevistos aqui.
- Otimo, muito bom. – falei irritada.
- Amor, não fica assim..
- Eu não estou nada, Dulce. Agora vê se termina o que tem pra fazer aí e pega o primeiro vôo amanhã.
- Farei isso. O que vai fazer hoje?
- Vou sair com as meninas. Alguma boate, sei lá.
- Como é que é? – perguntou ela um tanto seria.
- Exatamente o que eu ouviu. Mas não se preocupe, Claire vai ficar com Sel. Eu vou com Mel e May.
- Anahí..
- Eu estou ocupada agora, nós nos falamos amanhã.
- Você vai mesmo ficar com raiva por algo que eu não tenho culpa?
- Tchau Dulce.
Desliguei a ligação e joguei o celular longe. Dulce sabia o quanto eu odiava quando marcávamos algo e ela não conseguia ir. Sempre tentava me fazer esquecer com seus carinhos, mas nem sempre davam certo. Principalmente quando ela estava e quilômetros longe de mim.
As horas se passaram rapidamente, em meio a tanto trabalho nem notei que já estava escuro.
Deus.
Arrumei minhas coisas, colocando tudo dentro de minha bolsa. Peguei meu celular que estava jogado sobre o sofá de minha sala, notando algumas ligações perdidas. Todas de Dulce. Não fiz questão de abrir as notificações, eu não queria dar o braço a torcer e responder suas ligações e dizer que minha irritação era saudade. Ao invés disso deixei o aparelho no modo silencioso e continuei meu caminho. Era oito da noite, e eu estava a caminho da Imperium, onde May e Mel me esperavam. Vi a tela do meu celular reluzir, então peguei o mesmo vendo uma mensagem de Dulce.
"Espero que sua irritação passe, e você me ligue. Eu estou com saudades também. Eu amo você."
Rolei os olhos e larguei o celular mais uma vez.
- Idiota, ridícula, te odeio. – xinguei, mas em pensamentos murmurava que a amava e sentia saudades.
Estacionei meu carro em frente ao prédio da Imperium. Aquela noite estava fechado, por algum tipo de manutenção que eu não tinha conhecimento. Mas não me importei, Normani sabia muito bem o que fazia daquele lugar, tanto é, que era a melhor casa noturna de todo o centro de Miami. Sai de meu carro, notando o carro de Mel estacionado bem ao lado, já deviam estar me esperando. Caminhei até a entrada, que estava aberta.
O lugar parecia completamente vazio, o silencio era total. Eu apenas ouvia o barulho de meus saltos contra o piso de madeira do corredor. Os aquecedores naquela área deviam estar desligados, o frio me fez acomodar melhor o sobretudo bege em meu corpo. Caminhei lentamente até a entrada do salão principal da Imperium. Hoje a boate era muito mais sofisticada que há anos atrás, tudo da melhor qualidade possível. No centro havia um balcão oval imenso, no centro ficava um pequeno palco com um porte de pole dance, para as pessoas assistirem ao show enquanto bebiam ali. No fundo, o palco principal ainda me era familiar, agora com muito mais glamour é claro. Franzi o cenho ao notar os refletores ligados, com certeza haviam esquecido de desligar. Cruzei o salão lentamente, quando um canhão de luz se acendeu sobre uma mesa, uma única mesa de frente para o palco principal. Sobre ela havia um balde de metal, com uma garrafa que eu julgava ser champanhe, e duas taças. Olhei em volta, tentando ver quem estava ali.
- Melany? Maite? – Chamei, mas não tive resposta.
Eu respirei fundo, e me aproximei da mesa iluminada pelo canhão. Sobre ela um pequeno envelope. Peguei o pedaço de papel, retirando o cartão que havia dentro. E com letras perfeitamente desenhadas e familiares.
"Hoje faremos diferente. Eu serei sua Stripper, Anahí Giovanna. – Candy."
Antes que eu pudesse pensar no que estava acontecendo ali. O canhão de luz se acendeu no centro do palco principal, sobre o corpo da bela mulher. Meu coração acelerou em batidas violentas e frenéticas. Eu conhecia aquele corpo melhor do que ninguém. E ele estava agora encostado no bastão de pole dance. Ela tinha a cabeça arqueada para trás, deixando que seus longos cabelos caíssem em suas costas como uma bela cascata. Um sobretudo vermelho, saltos e uma mascara.
Eu engoli em seco, estática.
- Dulce
O próximo capítulo será o último meus amores .
Autor(a): Lene Jauregui
Este autor(a) escreve mais 4 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Anahi POV Eu simplesmente não conseguia acreditar no que estava vendo, era ela, ou melhor, era Candy. A mulher segurou com uma de suas mãos o bastão de aço, enquanto lentamente caminhava ao redor do mesmo. Sobre a luz branca do holofote, eu podia ver a silhueta de Dulce se mover graciosamente em sintonia com o som que inun ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 92
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tryciarg89 Postado em 28/07/2023 - 14:47:45
Simplesmente linda,ameiii demais essa história, parabéns escritora
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aleayd Postado em 08/09/2021 - 22:06:51
Olá! Desculpe atrapalhar os comentários, mas estou passando aqui para deixar o link de uma fic que estou escrevendo. Se puderem dar uma passada lá, eu ficaria muitíssimo feliz! A fic é Portiñon. Até pq sou apaixonada por esse trauma. https://fanfics.com.br/fanfic/61398/o-poder-de-um-grande-amor-portinon
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juuhfdiniz Postado em 06/04/2020 - 22:12:31
Eu só tenho a agradecer por ter terminado essa história fantástica, eu realmente amei e quero parabenizar vc *-*! Beijos
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raylane06 Postado em 03/04/2020 - 19:05:41
Adorando
Lene Jauregui Postado em 03/04/2020 - 20:07:17
Fico muito feliz amoré
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raylane06 Postado em 01/04/2020 - 00:19:11
Cadê vc
Lene Jauregui Postado em 01/04/2020 - 15:25:59
Atualizei amoré, Desculpa a demora
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raylane06 Postado em 31/03/2020 - 12:31:57
nao consigo le ta cortando ...
raylane06 Postado em 31/03/2020 - 13:52:15
Consegui pelo celular.
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juuhfdiniz Postado em 31/03/2020 - 12:20:17
Amei, perfeito, maravilhoso, divino! Continua por favor, está sensacional. Meus parabéns
Lene Jauregui Postado em 01/04/2020 - 15:26:54
Fico felizona por vc ter gostado amoré. Isso me incentiva
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raylane06 Postado em 30/03/2020 - 14:58:26
Próximo capítulo e show..
Lene Jauregui Postado em 31/03/2020 - 11:59:57
É isso, postado amoré. Espero que goste
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leticiaklyn Postado em 30/03/2020 - 14:09:00
Como assim? Aaaah posta mais por favor!!
Lene Jauregui Postado em 31/03/2020 - 11:59:28
Postado amoré, agora tudo vai fazer sentido
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juuhfdiniz Postado em 30/03/2020 - 12:10:59
Kkkkkkkk amei, amei, amei! Perfeito, mas quero a explicação
Lene Jauregui Postado em 31/03/2020 - 11:58:41
Postado amor, tudo explicado.