Fanfic: The Duff - Adaptada Vondy (Finalizada) | Tema: Vondy
Mini-Maratona: 5/5
Capítulo 10
Não achei que o sinal do fim das aulas fosse tocar algum dia. A aula de cálculo foi excruciantemente longa e chata, e a de inglês foi de acabar com os nervos. Eu me peguei olhando para Christopher do outro lado da sala diversas vezes, ansiosa para sentir os efeitos entorpecentes de seus braços, mãos e lábios novamente.
Só rezava para minhas amigas não perceberem. Anahí, é claro, acreditaria em mim se eu lhe dissesse que ela estava imaginando coisas; Maite, por outro lado... bem, por sorte Maite estava absorta demais na lição de gramática da sra. Perkins — ah, sim, até parece! — para olhar para mim. Ela provavelmente me interrogaria por horas e adivinharia tudo o que havia acontecido, enxergando bem através das minhas negativas. Eu realmente precisava cair fora daquela aula antes de ser descoberta.
No entanto, quando o sinal finalmente tocou, não tive pressa alguma de sair da escola.
Anahí passou pelo refeitório com seu rabo de cavalo loiro balançando atrás dela.
— Mal posso esperar para vê-lo!
— Já entendemos, Annie — disse Maite. — Você ama seu irmão mais velho. É fofo, de verdade, mas você disse isso hoje... vinte vezes? Trinta, talvez?
Anahí corou.
— Bem, não posso esperar.
— Claro que você não pode. — Maite sorriu para ela. — Tenho certeza de que ele ficará feliz de ver você também, mas talvez você devesse se acalmar só um pouquinho. — Ela parou no meio do refeitório e olhou para mim por cima do ombro. — Você vem, Dul?
— Não — falei, me agachando e mexendo nos cadarços dos meus sapatos. — Eu preciso... amarrar isto. Vocês vão indo, meninas. Não se atrasem por mim.
Maite me deu um olhar de quem entendia, antes de acenar com a cabeça e de empurrar Jessica para a frente. Ela começou uma nova conversa para distrair Anahí da minha desculpa lamentável.
— Então, conte-me sobre essa noiva. Como ela é? Bonita? Burra como um saco de batatas? Quero detalhes.
Esperei no refeitório uns bons vinte minutos, sem querer me arriscar a encontrar com ele no estacionamento. Como é engraçado que, menos de sete horas antes, eu estivesse evitando um cara completamente diferente... um que agora eu estava desesperada para ver. Tão doentio e estranho como poderia ser, eu mal podia esperar para voltar ao quarto de Christopher. De volta a minha própria ilha e refúgio particular. De volta ao meu mundo de fuga. Mas primeiro precisava esperar até que Paco Portilla dirigisse para fora do estacionamento.
Quando fiquei segura de que ele tinha ido embora, deixei a escola, puxando meu casaco com força em volta de mim. O vento de fevereiro batia no meu rosto enquanto andava pelo estacionamento vazio, e a visão do meu carro sem aquecedor não me trouxe nenhum conforto. Deslizei pelo banco do motorista, tremendo como louca, e dei partida no motor. O caminho de volta pareceu levar horas, embora a escola ficasse a apenas quatro quilômetros da minha casa.
Comecei a imaginar se poderia ir à casa de Christopher algumas horas mais cedo quando entrei na garagem e me lembrei do meu pai. Ah, que ótimo. O carro dele estava na garagem, mas ele não devia ter chegado em casa do trabalho ainda.
— Droga! — gemi, socando o volante e pulando como uma idiota quando a buzina tocou. — Droga! Droga!
Fui tomada pela culpa. Como pude esquecer de meu pai? O pobrezinho, solitário, isolado-em-seu-quarto? Fiquei preocupada ao pensar que ele pudesse ainda estar em seu quarto quando deixei o carro e caminhei com dificuldade pela frente de casa. Se ele ainda estivesse lá, será que eu teria de pôr a porta abaixo? E então... fazer o quê? Gritar com ele? Chorar com ele? Dizer a ele que mamãe não o merecia? Qual seria a resposta certa?
Mas papai estava sentado no sofá quando entrei, com uma tigela de pipocas no colo. Hesitei na porta, incerta sobre que diabos estava acontecendo. Ele parecia... normal. Não parecia que tinha chorado, ou bebido, ou qualquer coisa assim. Só parecia com meu pai, com seus óculos de lentes grossas e seu cabelo avermelhado e bagunçado. Do mesmo jeito que eu o via em qualquer outro dia da semana.
— Ei, Abelhinha — disse ele, olhando para mim. — Quer um pouco de pipoca? Tem um filme do Clint Eastwood...
— Hum... não, obrigada. — Olhei em volta da sala. Sem vidros quebrados. Sem garrafas de cerveja. Como se ele não tivesse bebido naquele dia, de forma alguma. Pensei se realmente era o que parecia. Se a recaída havia acabado. Será que recaídas funcionavam desse jeito? Não tinha a menor ideia. Mas eu não podia ajudar se duvidasse dele. — Papai, você está bem?
— Ah, estou bem — disse ele. — Acordei tarde hoje, então liguei para o trabalho e disse que estava doente. Não tirei nenhum dos meus dias de férias, então não é nada de mais.
Espiei a cozinha. O envelope ainda estava sobre a mesa. Intocado. Ele devia ter seguido meu olhar, ou adivinhado, porque disse, com um encolher de ombros:
— Ah, esses papéis estúpidos! Sabe, eles me colocaram em uma cilada. Eu finalmente pensei nisso e entendi que é tudo um engano. O advogado da sua mãe se aproveitou do fato de que, dessa vez, ela foi um pouco mais longe do que de costume e se adiantou.
— Você falou com ela?
— Não — admitiu papai. — Mas tenho certeza de que foi esse o problema. Deve ser. Nada para se preocupar, Abelhinha. Como foi seu dia?
— Foi bom.
Ambos estávamos mentindo, mas eu sabia que minhas palavras não eram verdadeiras. Ele, por outro lado, parecia genuinamente convencido. Como eu poderia relembrá-lo de que a assinatura de mamãe estava nos papéis? Como poderia trazê-lo de volta à realidade? Aquilo apenas o levaria de volta ao quarto... ou o faria procurar outra garrafa... e arruinaria esse momento de paz inventada.
E eu não queria ser aquela que ferraria a sobriedade do meu pai.
Ele estava em choque, decidi enquanto subia a escada para meu quarto.
Meu pai simplesmente estava em choque. Mas a negação não duraria para sempre. Com o tempo ele acordaria. Só esperava que fizesse isso com jeitinho.
Estiquei-me na cama com o livro de cálculo na minha frente, tentando fazer uma lição de casa que eu realmente não entendia. Meus olhos ficavam pulando para o relógio na minha mesa de cabeceira. 15h28... 15h31... 15h37... os minutos passavam, e os problemas de matemática se transformavam em padrões borrados de símbolos incompreensíveis, como runas ancestrais. Finalmente, fechei o livro com força e declarei minha derrota.
Isso era doentio. Eu não devia estar pensando em Christopher. Não devia estar beijando Christopher. Não devia estar dormindo com Christopher. Fala sério, há mais ou menos uma semana eu acharia horrível apenas falar com ele. Contudo quanto mais meu mundo girava, mais atraente ele se tornava. Não me interprete mal, eu ainda o odiava com paixão. Sua arrogância me dava vontade de gritar, mas sua habilidade de me liberar — ainda que temporariamente — dos meus problemas me deixava anestesiada. Ele era minha droga. Era mesmo muito doentio.
E ainda mais doentia foi a maneira como menti para Maite sobre aquilo quando ela ligou, às cinco e meia da tarde.
— Ei, você está bem? Ai, meu Deus, não posso acreditar que Paco voltou. Você está, tipo, surtando? Você precisa que eu vá aí?
— Não. — Eu estava nervosa, ainda espiando o relógio a cada poucos minutos. — Estou bem.
— Não guarde isso, Dul — pediu ela.
— Não estou guardando. Estou bem.
— Estou indo aí — disse ela.
— Não — falei rapidamente. — Não venha. Não tem por quê.
Houve silêncio por um segundo, e, quando Maite falou novamente, ela pareceu meio magoada:
— Certo... mas, quero dizer, mesmo que nós não falássemos de Paco, poderíamos só ficar juntas ou algo assim.
— Não posso — falei. — Eu, hã... — 17h33. Faltava uma hora para ir à casa de Christopher. Mas eu não podia contar aquilo a Maite. Nunca. — Acho que eu devia ir mais cedo para a cama esta noite.
— O quê?
— Fiquei acordada até muito tarde na noite passada assistindo, hã... um filme. Estou exausta.
Maite sabia que eu estava mentindo. Era muito óbvio. Mas ela não me questionou. Ao contrário, apenas disse:
— Bom... tudo bem, eu acho. Talvez amanhã? Ou neste fim de semana? Você realmente precisa falar disso, Dul. Mesmo que ache que não precisa. Só porque ele é o irmão de Anahí...
Pelo menos Maite pensava que eu estava mentindo para encobrir minhas questões com Paco. Eu preferia que ela pensasse assim a saber a verdade.
Meu Deus, eu era uma droga de amiga. Mas Christopher era algo sobre o qual eu precisava mesmo mentir. Para todos.
Quando as 18h45 finalmente chegaram, agarrei meu casaco e corri escada abaixo, já tirando as chaves do meu carro do bolso. Encontrei papai na cozinha, esquentando alguns Pizza Rolls no micro-ondas.
Ele sorriu para mim enquanto eu vestia minhas luvas.
— Ei, pai. — chamei. — Volto mais tarde.
— Aonde você vai, Abelhinha?
Ah, anh, boa pergunta. Esse era um problema que eu não tinha antecipado,
mas, quando tudo mais falhar, diga a verdade... ou parte dela, ao menos.
— Estou indo à casa de Christopher Uckermann. Estamos escrevendo um trabalho pra aula de inglês. Não vou chegar tarde em casa nem nada. — Ah, por favor, pensei. Por favor, não deixe minhas bochechas ficarem vermelhas.
— O.k. — disse papai. — Divirta-se com Christopher.
Corri da cozinha antes que meu rosto irrompesse em chamas.
— Tchau, papai!
Praticamente corri até meu carro e tentei com muito, muito empenho, não acelerar quando cheguei à avenida. Eu não ia receber minha primeira multa por causa de Christopher Uckermann. Em alguma coisa era preciso ter limite.
Até porque eu já tinha ultrapassado uma série de limites.
Mas o que exatamente eu estava fazendo? Sempre debochei de garotas que transavam com Christopher, e ainda assim aqui estava eu, virando uma delas. Disse a
mim mesma que havia uma diferença. Aquelas garotas achavam que tinham uma chance com Wesley; elas o achavam sexy e atraente — o que, de um jeito estranho, eu acho também. Elas acreditavam que ele era um cara bom, que podiam domá-lo, contudo eu sabia que ele era um babaca. Eu só queria o corpo dele. Sem compromisso. Sem sentimentos. Eu só queria o barato.
Aquilo me tornava uma viciada e uma vadia?
Meu carro parou na frente da casa gigantesca, e eu decidi que meus atos eram perdoáveis. As pessoas com câncer fumavam maconha com fins medicinais; minha situação era bem similar. Se eu não usasse Christopher para me distrair, enlouqueceria, então na verdade estava me poupando da autodestruição e de uma pilha de contas de terapia.
Atravessei o caminho que levava até a casa e toquei a campainha. Um segundo depois, a tranca fez um clique e a maçaneta girou. No instante em que o rosto sorridente de Christopher apareceu na porta, eu sabia que, independentemente da minha decisão, essa coisa toda era errada. Repugnante. Nojenta. Doentia.
E completamente excitante.
...Vondy...
Autor(a): Srta.Talia
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Capítulo 11 Meu cabelo desarrumado denunciava que tínhamos transado. Encarei meu reflexo no espelho e tentei alisar a bagunça que eram as ondas ruivas em minha cabeça. Christopher vestia suas roupas atrás de mim. Aquela era, definitivamente, uma situação em que eu não me imaginava envolvida. — Eu não me i ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 36
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Vondy Forever❤ Postado em 29/02/2020 - 01:10:05
Adorei essa web do começo ao fim, e gostei do final o Pablo incentivando ela ir encontrar com o Christopher, e uma pena ela ter terminado, pode deixar que eu vou dar uma olhada nas suas outras webs, e também, vou aguardar você vim com novas histórias para gente, abraços fica com Deus...
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Vondy Forever❤ Postado em 27/02/2020 - 18:21:27
Ai que lindo eu também amei essa declaração super fofa do Christopher, tomara que a Dulce acorde para vida e fique com ele, continua...
Nat Postado em 28/02/2020 - 16:00:51
Continuei! :)
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Vondy Forever❤ Postado em 27/02/2020 - 15:28:28
No aguardo pelo quatro capítulos..
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lariiidevonne Postado em 27/02/2020 - 10:55:16
Já quero mais cinco haha
Nat Postado em 27/02/2020 - 14:49:59
Postei um já! :)
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Vondy Forever❤ Postado em 26/02/2020 - 20:33:21
Humm a Dulce já esta toda apaixonadinha pelo Christopher, só que não admite. Essa vó do Christopher e inconveniente mesmo, por mais que a Dulce e ele esteja tendo um caso, ela jamais poderia tratar a garota dessa forma. Ainda bem que ele a defendeu, continua....
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vondy_sienpre Postado em 25/02/2020 - 17:08:59
Mulher cade tu? Estou aqui no aguardo.
Nat Postado em 26/02/2020 - 19:25:34
Ah, desculpa ter sumido! Passei muito mal, mas já postei e cap. é bem grandinho! :)
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Vondy Forever❤ Postado em 22/02/2020 - 03:19:12
Continua, finalmente a mãe da Dulce apareceu..
Nat Postado em 26/02/2020 - 19:24:03
Continuei! A mãe dela apareceu e já chegou virando a vida da Dulce de cabeça para baixo! :)
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vondy_sienpre Postado em 21/02/2020 - 21:29:12
Aaaaaa, uma pena q só segunda para mais. Divirta-se noq tens q fzr no feriado. Beijos.
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vondy_sienpre Postado em 20/02/2020 - 19:52:49
Continuaaaa, to amando a fic... <3
Nat Postado em 20/02/2020 - 21:03:13
Continuei! S2
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Vondy Forever❤ Postado em 19/02/2020 - 13:07:30
Continua flor...
Nat Postado em 19/02/2020 - 18:43:52
Continuei, amore! :)