Fanfics Brasil - 16. The Duff - Adaptada Vondy (Finalizada)

Fanfic: The Duff - Adaptada Vondy (Finalizada) | Tema: Vondy


Capítulo: 16.

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Capítulo 16


Meu pai não estava melhor no dia seguinte.


Nem no outro.


Voltou ao trabalho no fim da semana, mas eu tinha certeza de que não era a única a notar as ressacas que levava consigo. Agora, parecia sempre haver cerveja ou uísque pela casa. Ele sempre estava desmaiado no sofá ou trancado no quarto. E nunca falava disso comigo. Como se eu não notasse. Eu devia ignorar aquilo? Fazer de conta que o problema não existia?


Queria dizer alguma coisa. Queria lhe pedir para parar. Dizer que ele estava cometendo um erro enorme. Mas como? Como é que uma garota de dezessete anos convence o pai de que sabe o que é melhor para ele? Se eu tentasse fazê-lo parar, ele podia ficar na defensiva. Podia imaginar que eu o havia abandonado também. Podia ficar com raiva de mim.


Como meu pai tinha parado de beber antes do meu nascimento, eu, de fato, não sabia muita coisa sobre o processo de desintoxicação. Sabia que ele teve um padrinho. Um sujeito alto e calvo de Oak Hill para quem minha mãe sempre mandava cartões de Natal quando eu era criança. Meu pai não falava mais dele, e eu tinha certeza de que, mesmo que tentasse, não conseguiria encontrar seu telefone. E, ainda que conseguisse, o que dizer? Como esse negócio de padrinho funcionava?


Eu me sentia impotente e inútil, e, mais do que qualquer coisa,


envergonhada. Sabia que, com minha mãe longe, cabia a mim fazer uma


tentativa. Só não tinha ideia de por onde começar.


Então, nas semanas que se seguiram à viagem da minha mãe para o


Tennessee, passei a maior parte do tempo evitando meu pai. Nunca vira papai


bêbado e, por isso, não sabia o que esperar. Tudo o que eu tinha para me basear


eram os trechos de conversa que ouvia quando criança. Papai tinha sido um cara


nervoso. Com um temperamento difícil. Não conseguia imaginar isso vindo do


meu pai, nem queria passar a conseguir em um futuro próximo. Então eu ficavano meu quarto, e ele ficava no dele.


Ficava tentando me convencer de que tudo ia passar. Enquanto isso, guardava o pequeno segredo dele comigo. Felizmente, minha mãe era crédula o suficiente para acreditar em mim, toda vez que eu dizia no telefone que tudo estava bem, apesar do meu pouco talento para o palco.


Sinceramente, achei que esconder meus segredos de Maite seria a parte mais difícil. Ela sempre conseguia ver através de mim, afinal. Primeiro tentei evitá-la, ignorando suas ligações e inventando desculpas quando ela me chamava para fazer alguma coisa. Acabei não ligando para conversar sobre a Noite das Garotas que ela mencionara no banheiro. Tinha certeza de que ela iria me bombardear de perguntas no instante em que me flagrasse sozinha e, por isso, tentava usar a coitada da Anahí, que não estava entendendo nada, como escudo protetor. Mas, depois de uma semana, comecei a ter a estranha sensação de que Maite era quem estava se mantendo afastada de mim.


Ela passou a me ligar cada vez menos.


Parou de perguntar se eu queria ir ao Nest nos finais de semana. Até trocou de lugar com Jeanine no almoço, sentando-se do outro lado da mesa — tão longe de mim quanto possível. Uma ou duas vezes eu até a flagrei me olhando de um jeito esquisito.


Queria saber qual era a droga do problema dela, porém fiquei com medo de confrontá-la. Sabia que, se falássemos daquilo, eu não seria capaz de continuar mentindo a respeito do meu pai. Não para ela. Mas aquilo era o segredo dele, a vergonha dele, não cabia a mim contar. Não deixaria que ninguém, nem mesmo


Maite, descobrisse.


Então fui obrigada a deixar rolar por um tempo aquela esquisitice suprema.


Foi Christopher quem me fez atravessar aquelas semanas. Uma parte de mim estava horrorizada comigo, mas o que eu poderia dizer? Precisava daquela fuga — daquele atordoamento — mais do que nunca, e ele estava a apenas alguns minutos de carro. Uma dose, três ou quatro vezes por semana, era tudo de que eu precisava para me manter sã.


Meu Deus, eu estava agindo como uma viciada. Talvez minha sanidade já tivesse me abandonado.


— O que você faria sem mim? — perguntou ele uma noite. Estávamos enrolados nos lençóis de cetim em sua cama gigante. Meu coração ainda estava acelerado enquanto eu voltava do êxtase do que acabáramos de fazer, e ele não estava ajudando ao deixar os lábios tão perto do meu ouvido.


— Viveria uma vida feliz... muito feliz — murmurei. — Eu poderia até... ser otimista... se você não estivesse por perto.


— Mentirosa. — Ele mordeu o lóbulo da minha orelha, de brincadeira. — Você seria totalmente infeliz. Admita, Duff. Sou o vento sob suas asas.


Mordi o lábio, mas não consegui conter a risada — bem na hora em que eu estava recuperando o fôlego.


— Você acabou de citar Bette Midler... na cama. Estou começando a questionar sua sexualidade, Christopher.


Christopher me olhou com um brilho desafiador nos olhos.


— Ah, é mesmo? — Ele deu um sorriso breve antes de levar a boca de volta à minha orelha e sussurrar: — Ambos sabemos que minha masculinidade nunca esteve em questão... Acho que você só está mudando de assunto porque sabe que é verdade. Sou a luz da sua vida.


— Você... — Lutei para achar as palavras enquanto Christopher encostava a boca na curva do meu pescoço. A ponta da língua dele desceu pelo meu ombro e fez meu cérebro ficar todo enevoado. Como eu podia discutir daquele jeito? — Você bem que queria isso. Estou apenas usando você, lembra?


A gargalhada dele foi abafada, junto da minha pele.


— Que divertido — disse ele, os lábios ainda roçando minha clavícula. — Porque tenho quase certeza de que seu ex já saiu da cidade. — Uma das mãos dele deslizou entre meus joelhos. — E, no entanto, você ainda está aqui, né? — Os dedos dele começaram a alisar a parte interna da minha coxa, dificultando minha busca por uma resposta. Ele pareceu gostar daquilo, porque riu de novo. — Acho que você não me odeia, Duff. Acho que você gosta muito de mim.


Contorci-me incontrolavelmente enquanto as pontas dos dedos de Christopher dançavam na parte interna da minha perna. Queria tanto discutir, mas ele estava enviando descargas elétricas para minha coluna.


Finalmente, quando achei que poderia explodir, a mão dele moveu-se para o meu quadril e ele afastou a boca do meu ombro.


— Ah, graças a Deus! — murmurei quando ele tirou uma camisinha da gaveta da mesinha de cabeceira, sabendo o que viria a seguir.


— Acho que é bom eu não me importar de ter você por perto — disse ele com um sorriso convencido. — Agora, deixe-me responder a essas questões que você diz que tem sobre minha sexualidade.


E minha mente enevoou-se de novo.


Mas eu não podia negar que as coisas estavam saindo do controle. Ficou dolorosamente claro para mim em uma tarde de sexta-feira que algo não estava certo.


A sra. Perkins estava entregando trabalhos antigos com as notas e conversando sobre um livro da Nora Roberts que tinha acabado de ler — totalmente alheia ao fato de que ninguém a escutava — quando parou ao lado da minha carteira. Ela me deu um amplo sorriso, meio bobo, como o sorriso de uma avó orgulhosa.


— Seu trabalho ficou ótimo — sussurrou para mim. — Uma abordagem bem interessante de Hester. Você e o sr. Rush são uma ótima dupla.


Em seguida entregou-me uma pasta de papel pardo, dando uma batidinha em meu ombro.


Abri a pasta enquanto a professora se afastava, um pouco confusa pelo que ela havia acabado de dizer. Dentro havia um texto que reconheci imediatamente. A fuga de Hester: uma análise por Dulce Saviñón e Christopher Uckermann. No canto superior esquerdo, a sra. Perkins havia escrito nossa nota com uma tinta vermelha vibrante: 9,8. Um A.


Não consegui deixar de sorrir para a folha de papel. Havia mesmo passado apenas um mês e meio desde que tínhamos escrito aquilo juntos no quarto de Christopher? Desde a primeira vez que tínhamos transado? Pareciam décadas. Milênios. Olhei através da sala para ele, e meu sorriso se apagou.


Ele estava falando com Louisa Farr. Não, não apenas falando. Falar envolve apenas a vibração das cordas vocais, e estava acontecendo bem mais que isso. A mão dele estava no joelho dela. As bochechas dela estavam ficando vermelhas. Ele estava sorrindo para ela, com aquele sorriso fofo e convencido.


Não! Sorriso repugnante. Desde quando eu achava que aquela exibição de arrogância era fofa? E o que era aquele aperto esquisito que eu sentia no peito?


Desviei o olhar quando Louisa começou a mexer no colar, um sinal definitivo de flerte.


Vadia.


Estremeci, surpresa e meio preocupada. O que havia de errado comigo? 


Louisa Farr não era uma vadia. Claro que ela era uma líder de torcida patricinha — era cocapitã do Esquadrão das Magrinhas —, mas Maite nunca tinha nada de ruim a dizer sobre ela. A garota estava apenas conversando com um cara gato. Todas nós faríamos o mesmo. E Christopher não era comprometido ou algo assim. Ele não tinha vínculos com ninguém.


Como eu...


Ai, meu Deus!, pensei, dando-me conta do que aquele aperto no peito devia significar. Ai, meu Deus, estou com ciúme. Estou louca de ciúme! Merda!


Decidi que estava doente. Com febre ou TPM ou qualquer coisa que prejudicava 


gravemente minha estabilidade mental. Não havia motivo no mundo para que eu tivesse ciúme de um conquistador como Christopher cantando outra pessoa. Quer dizer, era da natureza dele. O mundo poderia parar de rodar se Christopher não flertasse com pobres garotas ingênuas. Por que ficaria com ciúme? Aquilo era ridículo. Ou então eu devia estar doente. Precisava estar.


— Está se sentindo bem, Dulce? — perguntou Anahí. Ela girou na cadeira para olhar para mim. — Você parece chateada. Está irritada ou algo assim?


— Estou bem — falei, mas estava trincando os dentes.


— Certo — disse Anahí. Ela era tão fácil de enrolar quanto minha mãe. — Olha, Dulce, acho que você devia mesmo conversar com Maite. Ela está meio aborrecida, e acho que vocês duas precisam conversar abertamente. Quem sabe hoje? Depois da aula?


— É... pode ser. — Mas eu não estava escutando. Estava ocupada demais, inventando formas de mutilar o rostinho perfeito de Louisa.


TPM. Era definitivamente um caso grave de TPM.


Saí da sala assim que o sinal tocou. Minha cabeça ia explodir se eu tivesse que ouvir a risadinha infantil de Louisa, toda ai-estou-tão-feliz-que-você-esteja-flertando-comigo-Christopher, mais uma vez. Quem importava se ela era tão magrinha quanto meu dedo mindinho e tinha seios do tamanho de bolas de basquete? Eu podia apostar que o QI dela era 27.


Pare! pensei. Louisa nunca fez nada comigo. Não tenho o direito de pensar essas coisas... mesmo que ela seja uma idiota.


Joguei minhas coisas dentro do armário e corri para o refeitório, ansiosa


para escapar do prédio da escola. Estava tão preocupada em não pensar no meu ciúme induzido pela TPM que nem vi Pablo até derrapar e parar a poucos passos dele.


— Com pressa? — perguntou.


— Um pouco. — Suspirei. — Desculpa por quase atropelar você.


— Não tem importância. — Ele começou a brincar com os óculos, nervoso.


— Mas se importa de diminuir um pouco o ritmo? Queria falar com você.


Não estava tão surpresa. Pablo e eu nos tornáramos amigos nas últimas duas semanas. Basicamente, conversávamos na aula de organização política avançada, mas, de qualquer forma, era um claro progresso. Na verdade, eu até estava me sentindo um pouco confortável perto dele. Apesar de meu coração ainda se agitar um pouco quando ele entrava na sala, não achava mais que ficaria sem voz.


— Claro — respondi. Pelo menos isso me daria outra coisa em que pensar


por alguns minutos.


Ele sorriu e seguiu caminhando ao meu lado.


— Você consegue guardar um segredo? — perguntou quando chegamos ao refeitório, onde o corpo estudantil estava reunido esperando o último sinal da tarde, que liberaria todo mundo.


— Quase sempre. Por quê?


— Lembra quando eu faltei à aula há algumas semanas? No dia seguinte ao Dia dos Namorados?


— Aham. Acho que foi o pior dia da vida do sr. Chaucer — respondi. — Pensei que o cara fosse chorar quando se deu conta de que não tinha ninguém ali para fazer a maior parte do trabalho dele.


Pablo riu, mas apenas um pequeno riso, e contou:


— Faltei à escola... bem, para uma entrevista. — Tirou um envelope grande da parte interna do casaco e sussurrou: — Eu me candidatei para Harvard. Acabei de receber a carta-resposta hoje de manhã.


— E por que é um segredo?


As bochechas dele ficaram rosadas, da forma mais bonitinha possível.


— Não quero ser humilhado se não for aceito — justificou ele.


— Você vai ser.


— Você não tem como saber.


— Tenho sim.


— Gostaria de ter tanta confiança em mim mesmo quanto você tem.


— Ah, fala sério, Pablo — falei, séria. — Todos os grandes políticos, como senadores e presidentes, vão para universidades incríveis. Você vai ser um grande político, então eles têm de deixá-lo entrar. Além disso, você é um dos caras mais inteligentes do último ano. Você vai ser o orador da turma, não vai?


— Vou — concordou Pablo, franzindo a testa para o envelope. — Mas... mas é Harvard.


— E você é Pablo. — Dei de ombros. — Mesmo que não tenha entrado, há um milhão de outras universidades que dariam tudo pra ter você. Mas isso não importa, porque eu sei que você entrou. Faça um favor a si mesmo e abra a carta.


Pablo parou no meio do refeitório e sorriu para mim.


— Viu? — disse ele. — É por isso que eu queria que fosse você que estivesse


comigo quando eu abrisse. Eu sabia que você...


Eu o interrompi.


— Apesar de eu estar segura que as próximas palavras que você vai dizer serão incrivelmente gentis, tenho cem por cento de certeza de que você está enrolando. Abra a carta, Pablo. Mesmo uma rejeição é melhor do que ficar patinando nesse inferno. Você vai se sentir melhor depois de ter lido.


— Eu sei. Eu...


— Agora falei com firmeza.


Pablo rasgou o envelope, e eu me dei conta de como aquilo era estranho. Ele tinha vindo até mim para discutir algo tão íntimo. Para ter apoio. Para se sentir encorajado. Meses antes, em janeiro, eu jamais teria imaginado que diria para Pablo Lyle abrir a carta de aceitação dele na universidade. Jamais teria imaginado que falaria com ele, ponto.


Uau, como tudo pode mudar...


Da melhor forma possível, claro.


Ele tirou a folha de papel do envelope rasgado com dedos trêmulos e começou a ler. Fiquei observando os olhos dele passando pela página e se arregalando. Seria alegria ou dor? Choque, talvez? Surpresa por ter entrado ou surpresa por não ter?


— Então?


— Fui... Fui aceito. — Pablo deixou cair a folha de papel, que flutuou graciosamente até o chão. — Dulce, eu entrei! — Ele me agarrou pelos ombros e me puxou contra o peito para me abraçar.


Isso era outra coisa que eu jamais teria esperado que acontecesse, lá atrás, em janeiro.


— Eu disse que você ia entrar — respondi, abraçando-o de volta.


Por cima do ombro dele, avistei Maite e Anahí caminhando pelo refeitório. Estavam olhando para mim enquanto passavam pelo aglomerado de alunos; viram-me nos braços de Pablo. Mas por algum motivo a expressão no rosto delas não refletia a alegria que eu sentia. Jessica parecia meio triste, mas Maite… bem, ela parecia simplesmente furiosa.


Por quê? O que estaria acontecendo com ela? Com as duas.


Pablo me apertou antes de me soltar e se abaixar para pegar a carta do chão.


— Não posso acreditar. Meus pais não vão acreditar!


Desviei os olhos das minhas amigas enquanto elas desapareciam atrás de um grupo de calouros e voltei minha atenção para o garoto radiante à minha frente.


— Se eles conhecerem você um pouquinho, Toby, eles vão acreditar, sim — falei. — Todos nós sabemos que você está destinado a grandes coisas, e faz muito tempo. Quer dizer, eu sei disso há anos.


Pablo pareceu surpreso.


— Anos? Mas a gente só começou a se falar de verdade há algumas semanas...


— Mas somos da mesma turma desde que éramos calouros — expliquei. — Não precisávamos conversar para que eu soubesse que você era incrível. — Dei um sorriso e uma batidinha nas costas dele. — E você acabou de provar que eu estava certa. — O sinal tocou, e eu me voltei para as portas que davam para o estacionamento dos alunos. — Até mais, Pablo. Parabéns!


— Até. Obrigado, Dulce.


Quando passei pela porta dupla, fiquei pensando se não tinha falado demais. Será que eu tinha me denunciado como aprendiz de perseguidora? Cara, tomara que não. A última coisa que queria era assustar o pobre rapaz, após menos de um mês de amizade. Isso realmente faria de mim uma perdedora.


Estava prestes a abrir a porta que levava ao estacionamento dos alunos quando um “hum-hum” alto chamou minha atenção. Me virei e vi Maite encostada no armário de troféus quase vazio da escola, com os braços cruzados sobre o peito. O jeito como os olhos dela se estreitaram me irritou de cara.


— O que foi? — perguntei.


Ela me lançou um olhar de reprovação e deixou os braços cair.


— Nada — resmungou. — Esquece!


— Maite, o que você...?


— Agora não, Dul. — Ela deu meia-volta e começou a se afastar de mim, batendo os pés. — Tenho treino de torcida.


Minhas mãos foram automaticamente para o quadril.


— O que há de errado com você? — perguntei. — Você está sendo grossa comigo.


Ela parou e olhou para mim por cima do ombro.


Eu estou sendo grossa? Você me ignora, e eu é que sou grossa? Qual é, Dulce! — Balançou a cabeça. — Não importa. Não vou ter essa conversa agora. Não quando a gente devia ter conversado há dez minutos, como você disse a Annie. Suponho que estivesse ocupada demais pendurada no pescoço daquele nerd para...


— Criticar Pablo me parece bastante grosseiro, Maite — respondi. Ela não podia falar aquilo! Ela sabia que eu gostava dele. Sabia que fazer com que ele prestasse atenção em mim era importante! Maite sabia e, mesmo assim, estava me enchendo por causa disso? — Você está agindo como uma líder de torcida patricinha e esnobe.


Os olhos dela faiscaram, e por um instante pareceu que ela ia me bater. Realmente pensei que fosse entrar em uma briga de puxões de cabelo com minha melhor amiga, como em um reality show de garotas, bem ali, na frente da porta do estacionamento.


Mas Maite se afastou. Sem uma palavra. Sem nem um som. Ela apenas caminhou na direção do ginásio, me deixando com raiva e completamente confusa.


Eu já tinha brigado com Maite; é inevitável que isso aconteça quando se é amiga há tanto tempo quanto éramos. No entanto aquela discussão realmente me irritou, sobretudo porque eu não sabia qual era o problema. Saí furiosa para o estacionamento, tentando imaginar o que podia ter feito para merecer todo aquele drama. Claramente eu desencadeara aquilo de alguma forma.


E é claro que as coisas pareciam ficar cada vez melhores.


Meu carro não deu partida. Tentei uma vez e outra, porém continuei sem resposta. A bateria estava completamente arriada.


— Droga! — gritei, batendo com o punho no volante. Não era disso que eu precisava. Será que meu dia não tinha sido ruim o suficiente? Será que minha vida não estava ruim o suficiente? Era como se nada, nunca, desse certo. — Droga! Merda! Que inferno! Ligue, seu pedaço de...


— Problemas com o carro, Duff?


Parei no meio dos xingamentos para lançar um olhar indignado à sombra que me incomodava. Abri a porta e disse a Christopher:


— A porcaria do meu carro não quer ligar.


Foi então que vi a garota ao lado dele. Magrinha. Seios grandes. Não era Louisa Farr. Essa garota era mais bonita. Tinha o rosto redondo e suave e o cabelo castanho cacheado se espalhava pelos ombros, além de grandes olhos cinzentos. Muito mais bonita do que eu, claro. Talvez alguma caloura que só tivesse precisado dar uma olhada no sorriso sexy de Wesley e no seu carro reluzente, antes de se oferecer. De novo, senti aquela pontada de ciúme. Apenas TPM.


— Você quer uma carona? — perguntou ele.


— Não — respondi depressa. — Vou ligar para... — Mas para quem eu ligaria?


Minha mãe estava no Tennessee. Meu pai, no trabalho. Maite tinha treino de torcida. Não que isso importasse. Ela estava chateada comigo, de qualquer modo, e ela e Annie contavam com os pais — ou comigo — para levá-las de carro. Quem viria me buscar?


— Vamos, Duff — disse Christopher, abrindo um sorriso. — Você sabe que quer vir comigo. — Ele abaixou-se para olhar nos meus olhos. — Qual é a pior coisa que pode acontecer?


— Estou bem. — Não havia nenhuma possibilidade de eu andar no mesmo carro que Christopher e sua última conquista. Nada disso. Sem chance.


— Não seja ridícula. Você pode chamar alguém depois. Não faz sentido ficar parada no estacionamento até escurecer. Só preciso deixar a Belinda primeiro, e depois posso levar você pra casa.


Belinda, pensei. Então é esse o nome da vadia.


Foi aí que algo no fundo da minha mente deu um clique.


Ai, meu Deus! Belinda era a irmã dele! Olhei para a garota de novo, pensando como era que não tinha percebido. Cabelo castanho cacheado, olhos cinza-escuros, muito atraente. Idiota. A semelhança era óbvia. Eu era mesmo uma besta.


Christopher passou o braço por cima de mim e tirou a chave da ignição.


— Certo — falei, sentindo-me significativamente melhor. Peguei meu chaveiro de volta e larguei-o dentro da bolsa. — Vou pegar minhas coisas. — Assim que apanhei tudo de que precisava, tranquei as portas e segui Christopher até o carro, facilmente visível, já que era o único Porsche do estacionamento.


— Agora, Duff — disse Wesley quando sentou no lugar do motorista. Eu sentei atrás, para que Amy, que aparentemente era do tipo calado, pudesse ficar do lado do irmão —, isso quer dizer que você vai ter de admitir que eu, de vez em quando, faço coisas boas para os outros.


— Nunca disse que você não fazia coisas boas — respondi enquanto tentava me acomodar no espacinho do assento de trás. Caramba, para um carro tão sofisticado, o Porsche não tinha lugar nenhum para as pernas. Tive que sentar de lado, com os joelhos levantados. Tão desconfortável! — Você faz. Mas só quando lhe traz alguma vantagem.


Christopher deu um risinho irônico.


— Ouviu isso, Belinda? Dá pra acreditar no que ela pensa de mim?


— Tenho certeza que Belinda sabe como você é.


Christopher ficou quieto.


Belinda riu, mas parecia meio nervosa.


Ela não falou muito durante o trajeto, embora Christopher fizesse várias tentativas de incluí-la na conversa. Primeiro, fiquei imaginando que fosse por minha causa, porém não demorou muito para que eu percebesse que ela era apenas tímida. Quando paramos na frente da casa ampla e antiquada, que eu sabia que devia ser da avó de Christopher, Belinda olhou para trás e disse baixinho, antes de sair do carro:


— Tchau. Prazer em conhecê-la.


— Ela é meiga — comentei.


— Ela precisa sair da concha. — Christopher suspirou enquanto a observava entrar depressa na varanda. Quando desapareceu dentro da casa (não era uma quase-mansão, mas, claramente, a avó também tinha dinheiro), ele olhou para mim. — Você pode vir pra frente se quiser.


Assenti e saí do carro. Abri a porta do passageiro e sentei no assento que Belinda tinha acabado de deixar. Bem na hora em que fechei o cinto de segurança, ouvi Christopher soltar um gemido baixo.


— Qual é o problema? — perguntei, erguendo os olhos. Mas tive minha resposta antes que ele pronunciasse uma palavra.


Uma mulher na casa dos sessenta anos tinha acabado de deixar a casa e vinha na direção do carro. A avó de Christopher, sem dúvida. A avó de Christopher, que o detestava. Não era de admirar que ele parecesse querer se esconder. Fiquei um pouco tensa enquanto observava a senhora, que estava muito bem-vestida, com um suéter salmão e uma calça de vincos perfeitos, aproximar-se do carro a passos largos.


Christopher abaixou o vidro quando ela chegou perto o suficiente para escutá-lo.


— Olá, vovó Uckermann. Como vai?


— Não brinque comigo, Christopher Alexander. Estou furiosa com você. — Mas ela não parecia furiosa. A voz dela tinha um tom alto e suave. Sedosa. Parecia uma velhinha muito doce, mas as palavras não combinavam com sua aparência.


— O que foi que eu fiz dessa vez? — perguntou Christopher com um suspiro. — Usei os sapatos errados? Ou o carro não está limpo o bastante? Que imperfeição minúscula você vai jogar na minha cara hoje?


— Sugiro que evite usar esse tom comigo — disse ela, com a voz menos intimidante que se possa imaginar. Aquilo seria engraçado se Christopher não parecesse tão infeliz. — Viva sua vida como quiser, mas deixe Belinda fora disso.


— Belinda? O que foi que eu fiz com Belinda?


— Sinceramente, Christopher — disse a avó com um suspiro dramático. — Por que não deixa Belinda pegar o ônibus? Não aprovo que você dirija com ela e suas — fez uma pausa — amigas no banco traseiro. — Ela olhou por cima de Christopher, fixando os olhos nos meus por um instante antes de voltar para o neto. — Não quero que elas sejam uma influência negativa para sua irmã.


Por um segundo, fiquei confusa. Eu era uma aluna excelente. Nunca tinha arrumado nenhum tipo de encrenca. E, no entanto, essa mulher pensava que eu, de alguma forma, prejudicaria sua preciosa neta.


De repente me dei conta.


Ela achava que eu era uma das vadias de Christopher. Achava que eu era uma garota vulgar com quem ele ia para a cama. Christopher tinha me contado que a sua avó desaprovava seu “estilo de vida”. Detestava que ele ficasse com muitas garotas. E, me vendo no banco traseiro, ela simplesmente tinha suposto que eu era outra vadia com quem ele dormia.


Desviei os olhos, olhando pela janela para evitar ver a expressão de desagrado no rosto da velha senhora. Sentia-me magoada e furiosa.


Ainda mais porque sabia que era verdade.


— Isso não é da sua conta! — rosnou Christopher. Eu nunca tinha visto Christopher tão aborrecido. — Você não tem o direito de destratar minha amiga, e certamente não é você quem vai decidir o que faço com minha própria irmã. Você devia me conhecer o suficiente para saber que não faria nada para prejudicá-la, apesar de você tê-la convencido do contrário. Não sou o monstro que você diz a ela que eu sou, sabia?


— Acho que eu deveria buscar Belinda na escola, depois de hoje.


— Vá em frente — respondeu ele. — Mas você não vai me manter afastado dela. É minha irmã, e minha mãe e meu pai vão ter um ataque se eu contar a eles que você está tentando desfazer nossa família, vovó.


— Sinto dizer que sua família já está desfeita, meu caro.


Ouvi um zumbido, o que indicava que Christopher estava fechando a janela, e o motor acelerou. Observei enquanto a velha senhora caminhava de volta para casa. Depois, cantando os pneus, Christopher deu ré na entrada da casa e entrou a toda na rua. Preocupada, dei uma olhada para ele, sem saber o que dizer. Por sorte, ele falou primeiro:


— Sinto muito. Não sabia que minha avó ia sair. Ela não devia ter tratado você assim.


— Está tudo bem — respondi.


— Não, não está. Ela é uma bruxa.


— Isso eu entendi.


— E a pior parte é que ela está certa.


— Sobre o quê? — perguntei.


— Sobre nossa família — disse ele. — Está certa. Está desfeita. Há muito tempo. Minha mãe e meu pai estão sempre longe, e minha avó conseguiu ficar entre mim e Belinda.


— Belinda ainda ama você.


— Talvez — murmurou ele. — Mas ela me vê de outra forma. Minha avó convenceu-a de que sou um babaca imprestável. Notei o jeito como Belinda me olha agora. Como se estivesse triste. Como se estivesse decepcionada comigo. Ela acha que sou uma pessoa péssima.


— Sinto muito — falei baixinho. — Se eu soubesse, não teria feito aquela brincadeira sobre você só fazer coisas boas por... por vantagens.


— Não tem problema. — Ele reduziu um pouco a velocidade do carro. — Sinceramente, você está certa. E minha avó também. Eu apenas não queria que Belinda me visse assim.


Não consegui resistir ao impulso de pousar minha mão sobre a de Christopher, que estava no câmbio. A pele dele era quente e macia, e eu conseguia sentir a sua pulsação regular sob a palma da minha mão. Esqueci a droga do meu carro e minha briga com Maite. Só queria que Christopher sorrisse de novo. Até aquele sorriso arrogante bastava para mim. Eu odiava que ele estivesse tão magoado com a possibilidade de perder o respeito da irmã. Queria confortá-lo. Gostava dele.


Ai, meu Deus. Gostava mesmo?


...Vondy...


Fofuríneas, desculpe ter sumido! Estava viajando , por isso não pude postar! Eu voltei segunda-feira, mas peguei uma gripe que me deixou de cama, por isso não consegui postar ontem! Espero que tennham aproveitado o feriado e que possam me perdoar pelo sumisso!  Vou tentar postar pelo menos mais um hoje!


Comentem y Favoritem!


Besos y Besos, Líndezasas!!!S2


 



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Autor(a): Srta.Talia

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Capítulo 17 Dez minutos mais tarde, o Porsche parou na entrada da minha casa. Peguei minhas coisas e alcancei a maçaneta. — Obrigada pela carona. — Um olhar para trás por cima do ombro me mostrou que Christopher ainda estava emburrado. Bem, que se dane! Por que não? — Você pode entrar se quiser. Meu pai ainda não ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 36



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  • Vondy Forever❤ Postado em 29/02/2020 - 01:10:05

    Adorei essa web do começo ao fim, e gostei do final o Pablo incentivando ela ir encontrar com o Christopher, e uma pena ela ter terminado, pode deixar que eu vou dar uma olhada nas suas outras webs, e também, vou aguardar você vim com novas histórias para gente, abraços fica com Deus...

  • Vondy Forever❤ Postado em 27/02/2020 - 18:21:27

    Ai que lindo eu também amei essa declaração super fofa do Christopher, tomara que a Dulce acorde para vida e fique com ele, continua...

    • Nat Postado em 28/02/2020 - 16:00:51

      Continuei! :)

  • Vondy Forever❤ Postado em 27/02/2020 - 15:28:28

    No aguardo pelo quatro capítulos..

  • lariiidevonne Postado em 27/02/2020 - 10:55:16

    Já quero mais cinco haha

    • Nat Postado em 27/02/2020 - 14:49:59

      Postei um já! :)

  • Vondy Forever❤ Postado em 26/02/2020 - 20:33:21

    Humm a Dulce já esta toda apaixonadinha pelo Christopher, só que não admite. Essa vó do Christopher e inconveniente mesmo, por mais que a Dulce e ele esteja tendo um caso, ela jamais poderia tratar a garota dessa forma. Ainda bem que ele a defendeu, continua....

  • vondy_sienpre Postado em 25/02/2020 - 17:08:59

    Mulher cade tu? Estou aqui no aguardo.

    • Nat Postado em 26/02/2020 - 19:25:34

      Ah, desculpa ter sumido! Passei muito mal, mas já postei e cap. é bem grandinho! :)

  • Vondy Forever❤ Postado em 22/02/2020 - 03:19:12

    Continua, finalmente a mãe da Dulce apareceu..

    • Nat Postado em 26/02/2020 - 19:24:03

      Continuei! A mãe dela apareceu e já chegou virando a vida da Dulce de cabeça para baixo! :)

  • vondy_sienpre Postado em 21/02/2020 - 21:29:12

    Aaaaaa, uma pena q só segunda para mais. Divirta-se noq tens q fzr no feriado. Beijos.

  • vondy_sienpre Postado em 20/02/2020 - 19:52:49

    Continuaaaa, to amando a fic... <3

    • Nat Postado em 20/02/2020 - 21:03:13

      Continuei! S2

  • Vondy Forever❤ Postado em 19/02/2020 - 13:07:30

    Continua flor...

    • Nat Postado em 19/02/2020 - 18:43:52

      Continuei, amore! :)


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