Fanfic: The Duff - Adaptada Vondy (Finalizada) | Tema: Vondy
Capítulo 21
Eu tinha quase certeza de que Christopher não se aproximaria de mim na escola. Por que faria isso? Ele não sentiria minha falta... mesmo que eu quisesse, quisesse de verdade que ele sentisse. Ele não estava perdendo nada. Tinha muitas garotas para pôr em meu lugar, prontas e ansiosas para preencher quaisquer brechas que eu pudesse ter deixado em sua agenda. Então, não havia necessidade de um plano para me esquivar dele na segunda-feira de manhã.
Acontece que eu nem mesmo queria vê-lo. Se precisasse olhar para ele dia após dia, jamais conseguiria esquecê-lo. Jamais conseguiria seguir em frente. Para essa situação, eu realmente precisava de um plano, e já tinha um bem
alinhavado.
Passo 1: ficar distraída no corredor para o caso de ele passar por mim.
Passo 2: ficar ocupada na aula de inglês e nunca olhar para o lado dele na sala.
Passo 3: acelerar ao sair do estacionamento à tarde para não cruzar com ele.
Papai tornou o passo três possível ao consertar meu carro no domingo, então eu tinha certeza de que podia continuar a não ver Christopher. Em questão de semanas, poderia colocar nossa relação — ou a falta dela — fora da minha mente. Se não, bem, nós nos formaríamos em maio, e eu nunca mais teria que olhar para aquele sorrisinho convencido na vida.
Aquela era a teoria, de qualquer forma.
Mas, no momento em que o último sinal tocou na segunda-feira, eu soube que meu plano era uma porcaria. Não olhar para Christopher não era necessariamente o mesmo que não pensar em Christopher. Na verdade, passei a maior parte do dia pensando em não olhar para ele. Mas, então, acabei pensando em todas as razões pelas quais não devia pensar nele. Aquilo não tinha fim! Era de enlouquecer! Nada parecia me distrair.
Até a tarde de terça-feira.
Eu estava a caminho do almoço depois de uma aula longa e insuportável de organização política avançada quando aconteceu uma coisa que me deu exatamente a distração da qual eu precisava. Algo inacreditável e chocante. Algo incrível demais.
Pablo cruzou comigo no corredor.
— Ei — cumprimentou ele.
— Oi. — Fiz o meu melhor para soar pelo menos meio contente. — O que está rolando, Garoto de Harvard?
Pablo deu um sorriso e olhou para baixo, trocando os pés.
— Nada — disse ele. — Só tentando decidir sobre o que escrever para a redação dissertativa. O sr. Chaucer não foi muito específico. Sobre o que você vai escrever?
— Não tenho certeza — admiti. — Estou pensando em falar sobre o casamento gay.
— Apoiando ou se opondo?
— Ah, definitivamente apoiando. Quer dizer, o governo não tem direito de definir quem pode e quem não pode declarar seu amor pelo outro publicamente.
— Como você é romântica! — zombou Pablo.
Eu ri.
— Dificilmente. Não sou nem um pouco romântica, mas é pura lógica. Negar aos homossexuais o direito ao casamento infringe a liberdade e a igualdade deles. É completamente errado.
— É exatamente o que penso — concordou Pablo. — Parece que temos muito em comum.
— Acho que temos.
Andamos por alguns segundos em silêncio antes de ele perguntar:
— Então, você tem algum plano para o baile?
— Não — falei. — Eu não vou. Por que pagar duzentas pratas em um vestido, trinta em um ingresso, quarenta no cabelo e na maquiagem e mais um tanto para jantar, quando tudo o que você pode comer é uma salada sem molho porque tem que evitar parecer um cupcake em seu vestido bufante? Isso é meio ridículo.
— Entendo — disse Pablo. — Isso é uma pena... Eu estava me perguntando se você iria comigo.
Certo, eu não tinha previsto aquilo. De jeito nenhum. Nunca. Pablo Lyle, o garoto por quem eu tinha tido uma queda por anos, queria me chamar para o baile? Ai, meu Deus. Ai, meu Deus! E eu tinha desprezado completamente a instituição dos bailes do ensino médio como uma otária sabe-tudo. Praticamente tinha rejeitado o convite de Pablo, sem qualquer intenção. Ah, droga. Eu era uma idiota. Uma completa idiota. E agora eu estava sem palavras. O que tinha acabado de dizer? Precisava pedir desculpas ou retirar o que tinha dito, ou...
— Mas tudo bem se você se sente assim — disse Pablo. — Sempre achei que o baile era um rito de passagem sem sentido, então temos a mesma opinião.
— Hum, sim — comentei, parecendo uma idiota.
Ah, alguém me dê um tiro agora!
— Mas — pressionou Pablo — você se opõe a encontros normais? Aqueles sem vestidos bufantes e saladas horrendas?
— Não. Eu não tenho problema com encontros.
Minha cabeça estava girando. Pablo tinha me chamado para sair. Era um encontro! Eu não tinha tido um encontro de verdade desde... Na verdade, eu nunca tinha tido um encontro de verdade. A menos que você considere uns amassos com Paco no fundo de um cinema um encontro. Eu não considerava.
Mas por quê? Por que Pablo ia querer sair comigo? Eu era uma Duff. Duffs não têm encontros. Não os verdadeiros. E ainda assim ali estava Pablo, contra todas as probabilidades. Talvez ele fosse um homem melhor do que a maioria. Exatamente como eu sempre imaginara nos meus sonhos de garota estúpida, infantil e comum. Ele não era vazio. Não era orgulhoso. Não era convencido nem vaidoso. Um perfeito cavalheiro.
— Isso é bom — disse ele. — Nesse caso... — Eu podia dizer que ele estava nervoso. Seu rosto estava enrubescendo, e ele olhava fixamente para os sapatos e brincava com os óculos. — Sexta-feira? Você gostaria de sair comigo na sexta-feira à noite?
— Eu gostaria...
Então o inevitável aconteceu. Pensei no imbecil. No babaca. No pegador. Na única pessoa que poderia estragar esse momento. Sim, eu tinha uma queda por Pablo Lyle. Como não poderia ter? Ele era doce, e charmoso, e esperto... Mas meus sentimentos por Christopher iam muito além disso. Eu saí da paixonite da piscina de bolinhas direto para o profundo oceano das emoções, infestado de tubarões. E, se você me perdoar a metáfora dramática, eu era uma péssima nadadora.
Mas Maite tinha me dito para seguir em frente, e ali estava Pablo, me jogando uma boia e se oferecendo para me salvar do afogamento. Eu seria estúpida se não aceitasse. Só Deus sabia quanto tempo poderia levar antes de outro resgate aparecer.
E, puxa, Pablo era adorável.
— Eu gostaria muito — respondi, esperando que minha pausa não o tivesse assustado demais.
— Ótimo. — Ele soou aliviado. — Pego você às sete na sexta-feira.
— Legal.
Nós nos separamos no refeitório, e acho que eu saltitei — sim, saltitei, como uma criancinha — até a mesa do almoço, meu mau humor tinha sido totalmente esquecido.
E ele permaneceu esquecido.
Pelo resto daquela semana, não pensei em como não devia estar pensando em Christopher. Não pensei em Christopher, de modo algum. Nenhuma vez. Meu cérebro
estava muito cheio de pensamentos do tipo: Que roupa devo vestir?, e devo arrumar meu cabelo? Todas as coisas com as quais nunca tinha me preocupado. Olha, que coisa surreal!
Mas aquelas eram as coisas em que Maite e Anahí eram experts, então elas vieram comigo para casa na sexta-feira à tarde, ansiosas para me transformar em uma Barbie gigante. Se eu não estivesse tão nervosa por causa do encontro, teria ficado horrorizada por ver minhas convicções feministas sendo atacadas por todo aquele embonecamento e pela animação delas.
As meninas me obrigaram a experimentar, tipo, vinte produções diferentes (odiei todas) antes de se decidirem por uma. Dei piruetas em uma saia preta na altura do joelho e numa blusa turquesa, que revelava o suficiente para que se adivinhasse a curva dos meus seios pequenos. Depois elas passaram o resto do tempo usando uma chapinha no meu cabelo cacheado. Levou duas horas — e, a propósito, não estou exagerando — para alisá-lo completamente. Já eram 18h50 quando minhas amigas me posicionaram na frente do espelho para examinar o trabalho delas.
— Perfeita — anunciou Maite.
— Fofa! — concordou Anahí.
— Está vendo, B — disse Maite. — Toda aquela bobagem de Duff é ridícula. Você está supergostosa agora.
— Que... ahn, que negócio de Duff é esse? — perguntou Anahí.
— Não é nada — falei.
— Dul acha que ela é a feia do grupo.
— O quê? — gritou Anahí. — Dulce, você realmente acha isso?
— É bobagem.
— Ela acha — disse Maite. — Ela me disse.
— Mas você não é, Dulce! — insistiu Jessica. — Como pôde pensar isso?
— Jessica, não se preocupe com isso — falei. — Não é nada...
— Eu sei — disse Maite. — Não é uma coisa estúpida? Ela não é gostosa, Annie?
— Ela é supergostosa.
— Viu, Dul. Você é supergostosa.
Suspirei.
— Obrigada, meninas. — Hora de mudar de assunto. — Então, hum, como vocês vão pra casa? Não posso levar vocês, já que Pablo vai me apanhar em dez minutos. Seus pais vêm buscá-las?
— Ah, não — disse Anahí. — Não vamos embora.
— O quê?
— Vamos estar aqui quando você voltar do seu encontro — informou Maite.
— Então vamos ter uma superfesta do pijama pra contar tudo, em homenagem ao primeiro grande encontro da nossa Dul.
— Siiiiiiim! — cantarolou Anahí.
Olhei para elas com cara de tonta.
— Vocês não estão falando sério.
— A gente parece estar brincando? — perguntou Maite.
— Mas o que vocês vão fazer enquanto eu estiver fora? Vocês não vão ficar
entediadas ou algo assim?
— Você tem TV — relembrou Anahí.
— E é tudo de que realmente precisamos — disse Maite. — Nós já falamos com seu pai. Você não tem opção.
A campainha tocou antes que eu pudesse continuar argumentando, e minhas amigas praticamente me empurraram escada abaixo. Assim que chegamos à sala de estar, elas começaram a alisar minha saia e a ajustar a gola da minha blusa, tentando maximizar a quantidade de decote que eu mostrava.
— Você vai ter um encontro tão legal... — Maite suspirou feliz, ajeitando o cabelo atrás da minha orelha. — Você vai superar o Christopher sem demora.
Meu estômago se contraiu.
— Shhh... Maite... — sussurou Anahí.
Eu sabia que Maite contara a história toda para ela, mas Jess não tinha feito nenhum comentário a respeito, o que eu agradecia. Eu realmente gostaria de manter minha mente tão longe de Christopher quanto possível.
Eu não falava com Christopher desde a manhã em que deixara a casa dele. Ele tinha tentado falar comigo uma ou duas vezes depois da aula de inglês. Eu apenas o evitava, começando a conversar com Anahí ou com Maite e correndo para fora da sala de aula o mais rápido possível.
— Ai, meu Deus, me desculpe! — disse Maite, mordendo os lábios. — Eu não pensei... — Ela pigarreou de um jeito estranho e coçou a cabeça, bagunçando o cabelo curto.
— Divirta-se! — disse Anahí, dissipando o clima desagradável. — Mas, você sabe, não se divirta demais. Meus pais podem não gostar tanto de você se eu precisar pagar sua fiança na cadeia.
Eu ri. Só Anahí poderia nos salvar desses momentos constrangedores com tanta graça e animação.
Olhei para Maite e pude ver uma faísca de medo em seu olhar. Ela queria que eu seguisse em frente depois de Christopher, porém eu sabia que ela estava preocupada. Preocupada que eu a deixasse de lado novamente. Preocupada que
Pablo a substituísse.
Mas ela não tinha nada com que se preocupar. Isso era totalmente diferente do meu relacionamento com Christopher. Eu não estava mais fugindo. Não da realidade. Não das minhas amigas. Não de coisa alguma.
Sorri para tranquilizá-la.
— Vai! Vai! — Anahí esganiçou, seu rabo de cavalo loiro balançando
enquanto dava pulinhos excitados.
— Isso! — disse Maite, sorrindo de volta para mim. — Não deixe o garoto esperando.
Elas me empurraram até a porta e desapareceram escada acima em uma nuvem de risadas e cochichos.
— Loucas — resmunguei, balançando a cabeça e lutando contra um sorrisinho.
Respirei fundo e abri a porta.
— Ei, Pablo.
Ele estava parado na minha varanda, fofo como sempre, em um blazer azul-marinho e uma calça cáqui. Ele parecia um Kennedy. Com seu corte de cabelo tigelinha. Pablo me deu um grande sorriso que deixou à mostra todos os seus dentes de marfim.
— Oi — respondeu ele, adiantando-se para ficar bem na minha frente. Ele tinha esperado por mim apoiado no batente. — Foi mal. Decidi esperar. Ouvi risadinhas.
— Ah. — Olhei por cima do ombro. — Sim. Desculpa por aquilo.
— Uau. Você está linda, Bianca!
— Não, não estou — falei, totalmente envergonhada. Nenhum cara, a não ser meu pai, jamais tinha dito uma coisa assim para mim.
— É claro que está — disse ele. — Por que eu mentiria?
— Não sei. — Ah, uau, eu era uma tonta. Por que não podia simplesmente aceitar um elogio? E se eu o afugentasse antes mesmo de começarmos o encontro? Nossa, isso seria uma droga. Limpei a garganta e tentei fingir que não estava secretamente com vontade de me estapear.
— Então, estamos prontos pra ir? — perguntou Pablo.
— Sim.
Saí de casa e fechei a porta atrás de mim. Toby pegou meu braço e me conduziu pela calçada até seu Taurus prateado. Ele até abriu a porta do passageiro para mim, como os meninos fazem naqueles filmes antigos. Muito educado. Eu não podia deixar de pensar, de novo, por que no mundo um cara como ele estaria interessado em mim. Ele enfiou a chave na ignição e se virou para me dar outro sorriso. O sorriso dele era, definitivamente, seu melhor atributo. Então sorri de volta, sentindo pequenas borboletas voando dentro do meu estômago.
— Espero que você esteja com fome — disse ele.
— Faminta — menti, sabendo que estava nervosa demais para comer.
***
Na hora em que saímos do Giovanni’s, um pequeno restaurante italiano em Oak Hill, eu já estava um pouquinho mais à vontade. Meus nervos estavam se assentando, e até havia conseguido comer uma tigela pequena de espaguete ao molho sugo. Estávamos rindo e conversando, e eu estava me divertindo tanto que não queria que o encontro acabasse quando Pablo pagou a conta. Para a minha sorte, pois ele se sentia da mesma maneira.
— Sabe — disse ele enquanto os sininhos da porta ressoaram atrás de nós. — São apenas nove e meia. Eu não tenho de levar você pra casa ainda... a menos que você queira ir, e nesse caso, tudo bem, claro.
— Não — falei. — Não estou com pressa de voltar pra casa. Mas o que você quer fazer?
— Bem, podemos caminhar — sugeriu Pablo. Ele gesticulou para a calçada que corria ao lado da rua movimentada. — Não é muito empolgante, mas podemos olhar as vitrines, ou conversar, ou...
Eu sorri para ele.
— Andar parece divertido.
— Que ótimo.
Ele me deu o braço, e começamos a caminhar pela calçada bem iluminada.
Passamos por algumas lojas pequenas antes de um de nós falar. Graças a Deus, Pablo abriu a boca primeiro porque, embora eu não estivesse mais tão nervosa quanto antes, não tinha a menor ideia do que poderia dizer para não soar como uma completa idiota.
— Bem, já que você sabe tudo sobre minha situação na faculdade, quero saber sobre a sua. Você já se candidatou para algum lugar? — perguntou ele.
— Sim. Já me candidatei a duas, mais ou menos, mas ainda não escolhi. Acho que estou meio que procrastinando.
— Você sabe em que quer se graduar?
— Provavelmente em jornalismo — falei. — Mas... não sei. Sempre quis ser repórter do New York Times. Então me candidatei a algumas universidades em Manhattan.
— A Grande Maçã — disse ele, concordando. — Ambiciosa.
— Sim, bem, me imagino terminando como aquela garota em O diabo veste Prada — falei. — Uma perdedora trabalhando em alguma revista de moda estúpida quando tudo o que eu realmente quero fazer é escrever sobre eventos mundiais ou entrevistar congressistas revolucionários... como você será.
Ele me lançou um olhar.
— Ah, você não seria uma perdedora.
— Que seja. — Eu ri. — Você consegue me imaginar escrevendo sobre moda? Um setor no qual uma pessoa que usa tamanho 40 é considerada gorda?
De jeito nenhum. Eu acabaria me suicidando.
— Algo me diz que você seria boa em qualquer coisa que tentasse — arriscou ele.
— Algo me diz que você está me bajulando um pouquinho, Pablo.
Ele deu de ombros.
— Talvez, mas não demais. Você é bem boa, Dulce. Você fala de um jeito sincero, não parece temer ser você mesma, e é democrata. Para mim, isso torna você incrível.
Então eu corei. Alguém pode me julgar?
— Obrigada, Pablo.
— Não há nada pelo que me agradecer.
Uau. Pabblo era perfeito ou o quê? Fofo, educado, engraçado... e ele gostava de mim, por alguma razão desconhecida. Era como se tivéssemos sido feitos um para o outro. Como se ele tivesse a peça do quebra-cabeça que se encaixava na minha. Será que eu poderia ser mais sortuda?
Uma brisa fria de março estava soprando, e comecei a me arrepender de ter deixado Maite e Anahí me vestirem. Elas nunca tinham sido sensíveis às estações quando o assunto era roupa. Minhas pernas nuas estavam congelando (elas não tinham me deixado usar meia-calça), e o tecido fino da minha blusa definitivamente não me protegia do vento. Tremi e cruzei os braços em torno de mim mesma em um esforço para me aquecer.
— Ah, tome — disse Pablo. Ele tirou o blazer, bem como dizem que os garotos deveriam fazer, e o segurou para que eu o vestisse. — Você deveria ter me dito que estava com frio.
— Estou bem.
— Não seja boba. — Ele me ajudou a vestir as mangas. — Honestamente, eu preferiria não namorar um picolé.
Namorar? Quero dizer, este era um encontro, mas estávamos namorando agora? Eu nunca tinha namorado ninguém, então não estava realmente certa. De qualquer forma, ouvi-lo dizer aquilo me deixou muito feliz... e estranhamente nervosa ao mesmo tempo.
Pablo me virou de frente para ele e arrumou o blazer em volta de meu pescoço e dos meus ombros.
— Obrigada — murmurei.
Estávamos na frente de uma velha loja de antiguidades. Suas vitrines estavam iluminadas pelas luzes de luminárias extravagantes e antiquadas, como aquelas da sala do meu avô. O brilho se espalhava pelo rosto anguloso de Pablo, fazendo a armação de seus óculos reluzir e destacando seus olhos amendoados...que estavam fixos em mim.
Seus dedos ainda estavam pousados na gola do blazer. Então sua mão deslizou do meu ombro para meu maxilar. Seu polegar passou pelo meu rosto, indo e vindo, vez após vez. Ele se inclinou em minha direção vagarosamente, me dando tempo suficiente para impedi-lo se eu quisesse. Sim, até parece! Como se eu sonhasse em fazer uma coisa dessas...
E ele me beijou. Não foi um beijo ousado, mas também não foi só um selinho. Foi um beijo de verdade. Gentil e doce e longo. O tipo de beijo que eu queria compartilhar com Pablo Lyle desde que tinha quinze anos, e foi exatamente o que sempre imaginei que seria. Os lábios dele eram macios e quentes, e o jeito como eles se moveram contra os meus fez as borboletas na minha barriga esvoaçarem furiosas.
Certo. Eu sei, eu sei. Acho um pavor quando casais de namorados ficam se agarrando em público, mas nossa. Eu estava distraída demais para me importar com quem quer que estivesse nos observando. Então, sim, eu pus minhas convicções de lado por um segundo e joguei meus braços em volta do pescoço dele. Quero dizer, eu podia voltar para minha cruzada contra amassos em público pela manhã.
***
Eu me esgueirei para dentro de casa às onze naquela noite e encontrei papai esperando por mim no sofá. Ele sorriu e colocou a TV no mudo.
— Ei, Abelhinha.
— Oi, papai. — Fechei e tranquei a porta da frente. — Como foi sua reunião do AA?
— Estranha — admitiu papai. — É estranho estar de volta... mas vou me acostumar. E você? Como foi seu encontro?
— Incrível. — Suspirei. Meu Deus, eu não conseguia parar de sorrir. Papai provavelmente ia pensar que eu tinha passado por uma lobotomia ou algo assim.
— Isso é bom — disse papai. — Me diga novamente, com quem foi que você saiu? Desculpe. Não consigo me lembrar do nome dele.
— Pablo Lyle.
— Lyle? — repetiu papai. — Você está falando do filho de Chaz Lyle? Ah, isso é ótimo, Abelhinha. Chaz é um bom homem. Ele é o diretor de tecnologia de uma empresa no centro e sempre vem à loja. Família maravilhosa. Estou contente de saber que o filho dele é um garoto bacana também.
— Ele é — falei.
O som de passos veio do alto da escada, e nós dois olhamos para o teto.
— Ah... — Papai balançou a cabeça e olhou de volta para mim. — Eu quase me esqueci delas. Elas ficaram suspeitamente quietas a noite toda.
— Sim — falei. — Acho que eu deveria subir antes de Maite ter um aneurisma. Vejo você pela manhã, pai.
— Certo — respondeu meu pai. Ele alcançou o controle remoto e aumentou o volume da televisão. — Boa noite, Abelhinha.
Dancei até metade da escada antes de papai me chamar novamente.
— Ei, Abelhinha?
Parei e me inclinei contra o corrimão, olhando para baixo, para a sala de estar.
— Sim?
— O que foi que aconteceu com o Christopher?
Congelei, me sentindo engasgar um pouquinho.
— O... o quê?
— Seu amigo. Aquele que, hã... estava com você naquela noite.
Ele olhou para mim do sofá, arrumando seus óculos.
— Você não fala muito sobre ele.
— Não saímos mais juntos — falei, usando aquela voz que deixava claro que ele não devia fazer perguntas. Todas as adolescentes conhecem aquela voz e a usam com seus pais com frequência. Normalmente, a ordem não dita é acatada. Meu pai me amava, mas ele sabia que era melhor não analisar o drama da minha experiência do ensino médio.
Meu pai era esperto.
— Ah... eu só estava imaginando...
— Dulce! — A porta do meu quarto se abriu, e Anahí, vestida com um pijama laranja fluorescente, deu um pulo para fora. Ela correu até metade do caminho escada abaixo e me agarrou pelo braço. — Chega de nos fazer esperar! Venha nos contar tudo.
A excitação de Anahí quase tirou a menção de papai a Christopher da minha cabeça.
Quase.
— Boa noite, sr. Saviñón! — gritou Anahí enquanto me arrastava para meu quarto.
Depois de alguns degraus, meus pés retomaram a dança, e eu me lembrei que tinha acabado de ter o melhor encontro de todos, com o cara dos meus sonhos. Me senti contagiada pela alegria inebriante que as minhas melhores amigas expressaram assim que entrei no quarto. Dando gritinhos, pulando, me animando... Eu tinha o direito de me sentir feliz com aquilo. Mesmo nós, os cínicos, merecemos uma noite de folga de vez em quando, certo?
...Vondy...
Autor(a): Aila
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Capítulo 22 Meu bom humor durou tanto tempo que chegou até a tarde de segunda-feira. Quer dizer, o que havia no mundo para me irritar? Nada. As coisas voltaram ao normal em casa. Minhas amigas não me arrastavam para o Nest fazia semanas. Ah, sim, e eu tinha acabado de ter um encontro com o garoto perfeito. Quem poderia reclamar? — Acho que nunca ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 36
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Vondy Forever❤ Postado em 29/02/2020 - 01:10:05
Adorei essa web do começo ao fim, e gostei do final o Pablo incentivando ela ir encontrar com o Christopher, e uma pena ela ter terminado, pode deixar que eu vou dar uma olhada nas suas outras webs, e também, vou aguardar você vim com novas histórias para gente, abraços fica com Deus...
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Vondy Forever❤ Postado em 27/02/2020 - 18:21:27
Ai que lindo eu também amei essa declaração super fofa do Christopher, tomara que a Dulce acorde para vida e fique com ele, continua...
Nat Postado em 28/02/2020 - 16:00:51
Continuei! :)
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Vondy Forever❤ Postado em 27/02/2020 - 15:28:28
No aguardo pelo quatro capítulos..
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lariiidevonne Postado em 27/02/2020 - 10:55:16
Já quero mais cinco haha
Nat Postado em 27/02/2020 - 14:49:59
Postei um já! :)
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Vondy Forever❤ Postado em 26/02/2020 - 20:33:21
Humm a Dulce já esta toda apaixonadinha pelo Christopher, só que não admite. Essa vó do Christopher e inconveniente mesmo, por mais que a Dulce e ele esteja tendo um caso, ela jamais poderia tratar a garota dessa forma. Ainda bem que ele a defendeu, continua....
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vondy_sienpre Postado em 25/02/2020 - 17:08:59
Mulher cade tu? Estou aqui no aguardo.
Nat Postado em 26/02/2020 - 19:25:34
Ah, desculpa ter sumido! Passei muito mal, mas já postei e cap. é bem grandinho! :)
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Vondy Forever❤ Postado em 22/02/2020 - 03:19:12
Continua, finalmente a mãe da Dulce apareceu..
Nat Postado em 26/02/2020 - 19:24:03
Continuei! A mãe dela apareceu e já chegou virando a vida da Dulce de cabeça para baixo! :)
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vondy_sienpre Postado em 21/02/2020 - 21:29:12
Aaaaaa, uma pena q só segunda para mais. Divirta-se noq tens q fzr no feriado. Beijos.
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vondy_sienpre Postado em 20/02/2020 - 19:52:49
Continuaaaa, to amando a fic... <3
Nat Postado em 20/02/2020 - 21:03:13
Continuei! S2
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Vondy Forever❤ Postado em 19/02/2020 - 13:07:30
Continua flor...
Nat Postado em 19/02/2020 - 18:43:52
Continuei, amore! :)