Fanfic: << Eu Pego Esse Homem! >> TERMINADA
Fernando segurou Thalia pelos braços, com os dedos roçando perigosamente os seios dela, e instalou-a na cadeira estofada de uma mesa para dois diante de uma janela de onde se via o sol batendo no asfalto negro da rua.
Um jovem garçom se aproximou.
- Dois crepes de morango e chocolate, um bule de café, dois sucos de laranja, bacon, presunto, salsicha - Fernando pediu, sem olhar o menu. E, disse virando-se para Thalia: - Você gosta de carne?
- Acho que sim.
- Bacon para dois - Fernando disse ao garçom.
Depois de feito o pedido, ele falou:
- Vamos dar uma olhada nisto - e pegou a folha de papel.
Thalia deu uma guinada para frente, não para enxergar melhor: a cadeira atrás dela a tinha empurrado.
Ela se virou: um homenzarrão sentava-se à outra mesa, bem atrás dela. E ajeitava-se na cadeira sem nenhuma consideração por quem estava ao redor. Por fim, ele pareceu se acomodar.
Thalia sorriu para Fernando. Já ia falar quando sua cadeira foi novamente atingida por trás, fazendo-a esbarrar na prataria.
- Ei, o senhor aí. O senhor está incomodando a minha amiga.
O homem simplesmente o ignorou. Fernando repetiu o que havia dito, e o homem rebateu:
- Já ouvi.
Ela viu os olhos cinzentos de Fernando se inflamarem.
- Com licença, Thalia - ele disse; e foi na direção do homenzarrão.
Inclinou-se e falou algumas palavras no ouvido dele. Thalia tentou escutar, mas não ouviu nada. O homem, por sua vez, entendeu perfeitamente. Ficou sem graça e branco como um lençol. Seus lábios tremeram e seu queixo começou a bater. Enquanto Fernando se sentava de novo na cadeira, o homem saía em disparada do restaurante, como se seu traseiro estivesse em chamas.
- O que você disse pra ele? - Thalia quis saber.
- Disse que o pau dele estava pra fora - riu Fernando, dando de ombros.
- E isso o fez sair apavorado?
- Um pau pra fora pode ser bastante constrangedor.
- Qual é mesmo o seu negócio? Acabei esquecendo. - Thalia sabia que a família de Alfonso tinha dinheiro, mas não estava certa de onde vinha. Felizmente, bem administrado.
- Tenho uma frota de carros e limusines sediada em Manhattan, Staten Island e Newar - ele disse.
- Que ótimo - Thalia ficou perturbada, pensando: Ele tem conexões.
Fernando exibiu outra vez a folha de papel.
- Isto estava no chão, perto do balcão da recepção! Reconheci a letra do Poncho de cara! Afinal, trocamos cartas mensalmente, um hábito que começou quando ele foi para a faculdade. Chegamos a cogitar em substituí-las por e-mails, mas preferimos manter a tradição.
Fernando fez uma pausa.
- Ele deve ter deixado essa carta ontem e ela, passou a noite toda no chão.
- É bem possível - ela disse.
Ele abriu a folha sobre a mesa. Leu rapidamente o conteúdo e passou-a para ela.
Querido pai;
Depois darei as explicações, mas agora preciso passar um tempo sozinho.
Entrarei em contato com você assim que me sentir preparado. Não tente
me encontrar.
Desculpe.
Poncho
Thalia já tinha lido a carta para vetar as ambigüidades. E, na ocasião, aprovou a concisão. Mas agora que soubera da correspondência habitual entre pai e filho, achava que a carta devia ter sido mais pessoal, mais carinhosa. Sentiu uma inesperada ponta de ciúme. Ela e Anahí raramente trocavam palavras significativas - em cartas ou por qualquer outro meio.
- Você vê? Ele está bem. Está se preocupando por nada - disse Thalia.
Fernando releu a carta, dobrou-a e colocou-a no bolso.
- Por que diabos ele escreveria em folha de desenho, e ainda por cima com lápis de cera? Será que se escondeu num jardim de infância? E por que escrever em marrom? Ele odeia o marrom. E o amarelo. E mais ainda a combinação dessas duas cores. Ele não gosta de tons que evoquem funções biológicas.
- Ele é advogado, não decorador de interiores - Thalia replicou.
Fernando riu.
- Você não é tão séria - ele falou, ao ver que ela não o acompanhava no riso.
- Será que os homens já se preocupam com essas coisas e eu nem notei? - disse Thalia, verdadeiramente confusa, Na verdade, fazia vinte anos que ela não observava os homens.
- Poncho não é advogado! - Fernando exclamou. - É cenógrafo e carpinteiro. Na Broadway e em outros teatros do país.
- Ele é advogado, sim - ela insistiu. - Lembro que ele disse que trabalhava para a família Newhouse.
- Ele é contratado do Newhouse Theater, do Lincoln Center - Fernando replicou. - Foi assim que ele e Anahí se conheceram. O Poncho é que fez os cenários de Anything Coe. Anahí dançava no coro.
- Sei que ela dançava. Vi a peça três vezes - ela frisou.
- O primeiro encontro deles foi na festa de estréia.
- Eu já sabia - disse Thalia. Mas não sabia. Ela não costumava prestar atenção nas coisas que Anahí falava sobre Alfonso... ou sobre qualquer outro namorado. Thalia tratava todos eles com indiferença, uma atitude que podia ser interpretada (pelos mais sensíveis) como rejeição. Já no ginásio, Anahí deixara de levar os namorados em casa. Na universidade, parou de falar sobre eles. E quando por acaso fazia comentários de sua vida afetivo-sexual, Thalia mudava abruptamente de assunto. Ela se negava a ouvir o que a filha dizia de seus relacionamentos, fingindo que não existiam. Acontece que Alfonso não pudera ser ignorado. Anahí praticamente o havia imposto.
- Alfonso se vestia como um advogado - disse Thalia ao se lembrar de que ele se apresentava de terno em muitos jantares em sua casa.
- Só estava tentando causar boa impressão em você - Fernando explicou.
Pois Alfonso tinha conseguido o oposto. Já no primeiro jantar que dera ao casal, Thalia o vira como um advogado desprezível de Manhattan, que tolerava com condescendência o provincianismo dela. Ele falou muito pouco, como se estivesse bem distante da conversa dela. E quase não tocou no jantar, como se estivesse acima da comida que ela servia. Thalia, então, lembrou-se da bandeja que tinha sido deixada no quarto de brinquedos na noite anterior. Ele raspou os pratos, ela pensou, sorrindo.
- Poncho nunca trabalhou em escritório - disse Fernando - É um construtor nato. Com doze anos de idade, ele aproveitou as férias para desmontar algumas cadeiras velhas que iam para o lixo, e com a madeira construiu uma casa na árvore. Ainda me lembro que depois de sair da cidade nas sextas-feiras e dirigir até nossa casa em East Hampton, sempre o encontrava martelando numa plataforma em cima da árvore. Ele tinha inventado um sistema movido por uma corda que alçava as tralhas todas até a árvore. Fez tudo isso sem que ninguém o ensinasse. Fiquei pasmo. E ele continua a me surpreender. Com algumas ferramentas e uma pilha de sucata, é capaz de construir a Torre Eiffel.
Fernando estava radiante. Como se orgulhava do filho! Thalia se perguntava se Fernando soubera das agressões que Anahí sofrera desde que conhecera Alfonso, o construtor talentoso tão bom com as ferramentas.
- Sua esposa é falecida? - Thalia perguntou.
Fernando ficou surpreso com a rápida mudança no rumo da conversa.
- É, sim. Ouvi dizer que o seu marido morreu num terrível acidente, não é?
- `Alguns dizem que foi `terrível` - ela replicou. - Outros dizem que foi `providencial`.
- Então nós dois somos viúvos - ele concluiu.
- Meu marido morreu durante o processo de assinatura do divórcio. Na verdade, me sinto divorciada.
- E quando foi isso? - ele quis saber.
- Há dez anos - ela disse. - E quando sua esposa faleceu?
- Há dois anos - ele disse.
- Doença longa e terminal?
- Ataque cardíaco - ele esclareceu. - Ela estava fazendo compras na Pottery Barn, no Soho.
- Que coincidência! - exclamou Thalia. - Meu marido também estava em frente à Pottery Barn do Short Hares Mall quando... morreu.
Finalmente, chegaram os crepes, o café e os derivados de porco solicitados. Fernando acrescentou leite ao seu café e se serviu de salsichas.
- Olha esses crepes! - ele exclamou, sorrindo radiante para Thalia, com uma expressão de gula que antecipava o prazer da refeição. Thalia também se flagrou sorrindo. Ele era um homem bom. Cheio de amor paterno, de apreço pelos prazeres simples e de autoconfiança. A despeito de seus sentimentos por alguns membros da família de Fernando, ela gostava dele. Mas gostava até certo ponto. Afinal, aprisionara o filho dele.
- Você volta hoje pra cidade? - ela indagou enquanto cortava o crepe.
Ele bateu no bolso onde estava o papel.
- Agora que já tive notícias de Poncho, não tem mais sentido continuar aqui.
- Tenho certeza de que logo você receberá notícias dele.
- Você fala como se soubesse de alguma coisa - ele disse de supetão.
- Só estou sendo positiva - ela gaguejou. - Pensando pra cima. Sou assim mesmo! Uma eterna otimista!
- Não estou gostando nada do papel amarelo e do lápis de cera marro - Fernando falou enquanto mastigava o bacon. - A colcha desaparecida. O champanhe no chão. Tudo isso me preocupa.
Ele apertou os lábios, abaixando a cabeça, e se fixou no prato. Thalia notou que ele não havia perdido um só fio de cabelo, que exibia a mesma tonalidade preta dos cabelos de Alfonso, exceto pelo grisalho nas têmporas. E calculou a idade dele em torno dos quarenta e cinco anos, embora ele aparentasse ter menos.
- Poncho sabe se virar - Keith falou enquanto cortava a metade de um crepe, engolindo-a de uma só mordida.
- Isso não passa de preocupação natural de pai - Thalia afirmou.
- Se Poncho estiver em perigo, ele se safa. Ele é engenhoso
- Aposto que não está correndo perigo - disse Thalia.
- Poncho tinha oito anos de idade no dia em que ficou trancado no banheiro, - Fernando comentou. - Com uma tesourinha de unha, ele cortou uma toalha, uniu as tiras e desceu pela fachada de nossa casa da rua West 86. Alice, minha esposa, ouviu o barulho e deu de cara com ele na parede como se fosse um gato. Não preciso me preocupar. Se ele tiver os instrumentos certos nas mãos, qualquer coisa, um garfo, uma faca, escapa até de Alcatraz.
Thalia suou frio. O pedaço de crepe bateu no seu estômago como uma pedra.
Toda vez que Ninel levava comida para Alfonso, deixava facas, garfos e colheres de aço inoxidável com ele.
- Acabei de lembrar que preciso fazer algumas coisas. Tenho que ir embora. Muito obrigada pela refeição - ela falou, levantando-se bruscamente. Com passos largos, saiu do Coq et Boule, atravessou o saguão, voou até a Volvo estacionada e disparou cantando os pneus, e quase bateu no fusca verde que descia pela via de acesso do hotel.
Autor(a): narynha
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ONDE SE METEU O TAL CACHORRO?, Anahí se perguntava. Tinha procurado por tudo quanto é canto, pelo jardim, pelo bosque e pelas cercanias. Enquanto subia pelo caminho que dava para a entrada principal da mansão, ela pensou que talvez o cachorro tivesse passado mal com toda aquela comida que Ninel lhe dera, ou se cortara ao morder o prato de porcelana (por ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 89
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nathmomsenx Postado em 09/06/2013 - 17:19:03
Perfeita a web <3
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kikaherrera Postado em 24/04/2010 - 21:55:47
Final perfeito como todas as outras.
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rss Postado em 24/04/2010 - 20:29:51
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kikaherrera Postado em 24/04/2010 - 03:17:33
A Annie e a Thalia são loucas.
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